TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM, “PUBLICIDADE INFANTIL EM QUESTÃO NO BRASIL”, PEGO DE SURPRESA CANDIDATO ALIENADO PELO CONSUMO.

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Muitos candidatos a uma vaga nas universidades que participaram do Exame do Ensino Médio (Enem) foram pegos de surpresa pelo tema da redação: A Publicidade Infantil em Questão no Brasil. Uma surpresa facilmente entendível: estes candidatos são verdadeiros agentes vorazes dos produtos oferecidos pelos meios de comunicação através da publicidade.

Como esses candidatos tiveram a infância dominada pelas ofertas das mercadorias expostas pelos meios de comunicação através da publicidade, e como se toraram oralmente seus devoradores, para eles esse processo de alienação não era pernicioso para suas existências. Daí não duvidarem de sua importância na construção de suas consciências sociais. Resultado: foram formados no mundo alienado do carrossel da publicidade da sociedade de consumo, como já mostraram os filósofos Marcuse e Adorno.

Cresceram, fisicamente, alienados afetiva e cognitivamente do verdadeiro objetivo da publicidade inserida no estágio da infância. O que prova que os adultos que lhes dominavam, pais, parentes, professores, não tinham qualquer senso analítico do perigoso mundo em que eram imobilizados pelos objetos psicodélicos anestesiantes da indústria de consumo. Uma existência rodeada pelos objetos oferecidos por Xuxa, Eliana, Mara, Angélica, Sérgio Malandro, Hulk, e outros duendes responsáveis, pelo assalto a mente infantil. Foram condensados no mundo narcísico onde não existe a crítica da objetividade com alteridade mutante, já que o prazer psicodélico dos objetos insensibiliza os sentidos e a razão.

Agora, quando Enem lhes apresenta três textos motivadores para auxiliar na redação, um que pergunta se a publicidade infantil deve ser proibida no Brasil, outro infográfico sobre a publicidade para criança no mundo e, por fim, outro sobre a criança como consumidor do futuro, eles desatinam. Não podem escrever sobre o que não se encontra fora deles, já que estão colados em seus mundos narcísicos, do prazer fabricado com significante: o enunciado do vazio.

Como a busca do fora é realizada pelo impulso do desejo do que falta, como diz Lacan, e como estão aprisionados em um eu narcisado que não escapa de si, não podem escrever a redação. Resultado: nenhuma angústia até janeiro, quando as notas serão divulgadas.   

 

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