UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Arles, 24 de março de 1889
OS GRANDES MESTRES DA LITERATURA

CAMILLE  LEMONNIER




Van Gogh continua se recuperando. Neste tempo ele lembra dos amigos e tem as leituras como sua fiel companheira:

“Acho Signac bem calmo e dizem que ele é tão violento; ele me deu a impressão de ser alguém que tem firmeza e equilíbrio, eis tudo. Raramente ou nunca eu tive com um impressionista uma conversa de ambas as partes tão sem desacordos ou choques aborrecidos. Assim é que ele foi ver Jules Dupré e o reverencia. Sem dúvida você contribuiu para que ele viesse a melhorar um pouco meu moral, obrigado por isto. Aproveitei a minha saída para comprar um livro: “Os da Gleba”, de Camille Lemonnier. Já devorei dois capítulos- é de uma nobreza, de uma profundidade! Aguarde, eu o enviarei. É a primeira vez depois de muitos meses que eu pego um livro na mão. Isto me diz muito e me cura consideravelmente.”

Antoine-Louis-Camille Lemonnier ou apenas Camille Lemonnier foi um famoso poeta, escritor, contista e crítico de arte belga, sendo uma das personalidades na renascença literária francesa no séc. XIX, visto que viveu uma considerável parte de sua vida em Paris.

Nascido em 24 de Março de 1844 na cidade de Ixiles, filho do advogado da Corte de apelo, Louis-François, e de Marie Panneels, que morreu jovem, deixando os filhos ao cuidado da avó. Desde criança já toma gosto pela leitura, e cria seu próprio almanaque.

Em 1861 ele faz um preparativo para a faculdade de direito de Bruxelas, na qual nunca conseguiu terminar, o que fez ele se tornar um funcionário público.

Ele escreveu críticas literária no Salão de Arte de Bruxelas. Ele participou de um círculo de intelectuais, pintores e artistas franceses sendo amigo de Victor Hugo, Émile Zola, Félicien Rops, Alphonse Daudet, Os irmãos Goncourt, Gustave Flaubert, Guy de Maupassant entre outros.Apesar de sua afinidade com o naturalismo ele foi o mentor de grupo de jovens belgas.

Em 1871 ele se casa com Julie-Flore Brichot com quem teve dois filhos. Ele passa a trabalhar nos anos seguintes como crítico da revista L’Art Universel, onde passa também a publicar alguns de seus contos.

Ele escreveu sua primeira novela em 1881, “Um macho” sofreu influência do naturalismo de Émile Zola, o livro virou um escândalo na Bélgica, mas um sucesso em Paris. Assim como seus outros trabalhos é uma obra de grande violência, descrevendo os personagens em seus extintos e paixões, além dos conflitos trabalho e capital abordados em outras novelas, além de mostrar a pobreza rural e urbana.

Ainda em 1881 ele se separa de sua mulher, casando novamente dois anos depois como Valentine Collart, a sobrinha de Constantin Meunier. Em 1888 ele publica um estudo sobre Courbet, Stevens, Rops chamado “Os pintores da vida” ganhando o prêmio quinquenal de Literatura (Prix quinquennal de littérature pour La Belgique). Ele foi condenado a pagar direito de propriedade por ter um conto sido considerado plágio.

Em 1889 aparecem os contos intitulados Ceux de la glèbe que seguirá uma série de obras de contos e romances como um ensaio sobre seu sogro Meunier (1904), ensaio sobre Alfred Stevens e a escola belga de pintura (1906), L’Hallali, (1907), Édénie (1912) entre outros.

Ele morreu em 13 de Junho de 1913 em Bruxelas.


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Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

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