Gonzaguinha é mais do que o filho de Luiz Gonzaga e Odaléia Guedes. Foi mais que um simples cantor romântico. Foi o criador do Movimento Artístico Universitário com Aldir Blanc. Com letras engajadas em um projeto de transformação artístico-social do Brasil teve várias letras censuradas, mas sempre deu um jeito. Era um moleque que com sua alegria, calma e esperança. Gonzaguinha soube amar seu povo e sua terra com um senso político que poucos possuem.
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“E ai, vai o trem
no sobe serra, desce serra nesta terra
Vai carregado de esperança amor,verdades e outros ades
Tantos males pra onde vai?
Quem quer saber
O trem é uma música de 1969, uma música muito difícil, complexa, já ousa alguma coisa… uma ironia que é uma das minhas marcas, uma das minhas maneiras. Eu sou uma pessoa realmente irônica, eu sou um gozador, um grande gozador. E a gente fala nestes ades todos nas felicidades, etc que vão por aí e fala nisso pra quem quer saber disso. Já naquele tempo em 69, um período bastante difícil da nossa vida… 68,69 era bravo e eu venci o festival universitário e ninguém entendia nada. As pessoas queriam uma música popular, que todo mundo entendia. E minha música venceu já eleita pelos compositores e eu fiquei olhando aquele pessoal vaiando. E tinha um cara no meio da platéia que eu nunca vou me esquecer a vida toda, ele no meio da platéia pulava, gritava, ele levantava o braço. Eu fiquei olhando pra ele, me fixei nele no meio daquela vaia e pensava aquele cara tá parecendo um gorila, gente que loucura. A gente vive este tempo assim e ele é o próprio gorila, pulando bestificado, ele está louco. E Luizinho Eça, grande maestro que me ensinou muita coisa, do lado assim: Canta! Canta! e eu falei Luizinho calma estou olhando o cara, você ja viu ele parece um gorila, gente olha só. No meio do festival eu fazendo estas coisas. Eu sempre fui meio assim calmo.
(Comportamento Geral) é a marca daquele LP de 73 ‘Comportamento Geral’, ela começou e acabou, exatamente como no show que eu fiz na Cruzada, la no Rio de Janeiro, um show que era pra ser da temporada de um mês e acredito que não tenha levado nem 5 dias. O nome do espetáculo era últimos dias e os últimos dias nunca foram tão poucos dias. Eu geralmente ia pra fazer meu espetáculo, encontrava um aviso da censura federal e ia ver o show do Chico Buarque de Hollanda com o MPB-4, eu adorava o Chico Buarque de Hollanda, então aproveitava e ia ver o chico… Aqueles dias eram… acho que a coerência das coisas. A gente acreditava numas coisas que as pessoas não acreditavam evidentemente e a gente batalhava por aquilo que a gente acreditava e lutava por aquilo e evidentemente a gente tinha uma série de problemas. Eles não queriam mas a gente fazia, fazia como faria hoje se preciso fosse meu amor…Com certeza e na verdade eu continuo fazendo por que a gente continua na verdade lutando no dia a dia por uma qualidade melhor de vida, um relacionamento mehor entre as pessoas para acabar com estes desequilíbrios sociais. A gente que uma cultura, ou seja continuamos batalhando por tudo isto, vamos continuar até a hora que nós conseguirmos. Quanto a relação de censura é uma coisa que a gente não vai entender jamais os critérios que passa pela cabeça de uma pessoa que assume esta postura. Eu só lembro coisas engraçadas como ir a censura discutir sobre uma letra e um censor de repente no meio da nossa discussão gritar pro outro: Ei fulano de tal, esta palavra aqui não pode não, né… Eu dizia responde não, não precisa responder.- Mas como não precisa…. Não, não responde não pode deixar que eu mesmo veto. Aí eu peguei o lápis e vetei a letra da música. Deixa que eu me veto, tá tudo tranquilo. Eu na verdade tenho muitos títulos vetados… as maiorias das minhas músicas vetadas foram gravadas por que muleque do morro de São Carlos, a gente consegue o que quer de uma maneira ou de outra com muita calma, com muita paciência.”
Gonzaguinha em uma foto clássica que se tornou capa do LP ao vivo “Cavaleiro Solitário”.
Uma foto com a junto ao pai e as companheiras. Conifira a versão preto e branco também
Luiz Airão junto com MPB=4, Fagner e Gonzaguinha. Foto repleta de talentos
Gonzaguinha com António José
Foto com Clara Nunes e Adoniran Barbosa feita no histórico encontro dos 70 anos do sambista organizado por Fernando Faro com participação de MPB-4, Djavan, Elis Regina e Carlinhos Vergueiros. A idéia era sair um LP, mas sairam registros