Archive for Junho, 2020

LEI ALDIR BLANC GARANTIRÁ SOBREVIVÊNCIA PARA PRODUTORES CULTURAIS DA AMAZÔNIA

Junho 30, 2020

30/06/2020

O artista Muka Souza, em Belém (Foto de Roberta Brandão)

LIVE FESTA DE SÃO PEDRO

Junho 29, 2020

DOCUMENTÁRIO DE DENIS CURI RESGATA A VIDA E OBRA DE OSWALDO FRANÇA JUNIOR, UM MINEIRO

Junho 29, 2020
VIOMUNDO 

Diário da Resistência

Documentário de Denis Curi resgata vida e obra do escritor Oswaldo França Júnior, um mineiro; assista

29/06/2020.

por Geraldo Elísio*, especial para o Viomundo

Se estivesse vivo, o escritor mineiro Oswaldo França Júnior completaria 84 anos no próximo dia 21 de julho.

Natural da cidade do Serro, interior de Minas Gerais, ele teve a vida ceifada prematuramente num acidente de carro, em 10 de junho de 1989, na estrada Belo Horizonte-João Monlevade.

Aos 17 anos de idade, ele ingressou na Aeronáutica.

Porém, em 1964, teve a carreira bruscamente interrompida pelo golpe militar.

Era então piloto da Força Aérea Brasileira (FAB).

Ele outros colegas receberam a ordem de bombardear a sede do governo do Rio Grande do Sul — o Palácio Piratini, em Porto Alegre.

O alvo era Leonel Brizola.

De lá, o trabalhista comandava a “Cadeia da Legalidade”.

Porém, um grupo de sargentos esvaziou os pneus das aeronaves e a ação não foi cumprida.

Oswaldo França Júnior teve a patente de oficial da FAB cassada pela ditadura militar.

A FAB perdeu um piloto. A literatura brasileira ganhou um autor internacionalmente reconhecido.

Sua obra foi traduzida na Alemanha, Estados Unidos, União Soviética, França e Checoslováquia.

Oswaldo França Júnior foi um escritor profícuo.

Publicou, pelo menos, 14 romances, entre os quais Viúvo, seu primeiro livro,  O Homem de Macacão, Os Dois Irmãos, O Passo-Bandeira, As Laranjas Iguais (contos) e Recordações de Amar.

Mas certamente o mais famoso é Jorge, o Brasileiro, lançado em 1967.

Considerado um clássico da literatura brasileira, o romance ganhou prêmios nacionais e internacionais.

Jorge, o Brasileiro foi levado para a televisão.

Carga Pesada, série da TV Globo (exibida originalmente de 2 de maio de 1979 e 2 de janeiro de 1981) que contava as aventuras dos caminhoneiros Pedro (Antônio Fagundes) e Bino (Stênio Garcia), era baseada no romance de Oswaldo França Júnior.

Depois, em 1988, Jorge, o Brasileiro foi para o cinema pelas mãos do diretor Paulo Thiago.

As gerações mais jovens — inclusive de mineiros — desconhecem França Júnior.

Por isso, ainda mais nesses tempos bicudos, é muito oportuno recuperarmos esse autor.

Em boa hora, em 2015, o veterano cineasta mineiro Denis Curi resgatou em documentário a vida e a obra de França Júnior.

Com curso na New York University, Denis Curi teve trabalhos elogiados por Martin Scorcese, George Stone e David Burrey.

Com 45 minutos de duração, eu convido para assistirem o  documentário Oswaldo França Júnior. Está na íntegra, no topo.

*Geraldo Elísio é jornalista e crítico de cinema.

BRUNO OLIVEIRA*: O SEGREDO DO SECRETO, BASEADO EM BAUDRILLARD PARA ESQUECER FOUCAULT, COM MÚSICA DO FILÓSOFO MARCOS JOSÉ

Junho 28, 2020

Bruno Oliveira é crítico literário, músico, poeta e multimídia.

A música encontra-se no CD … E esses Filósofos Malditos…, gravado em 2011 pelo filósofo Marcos José e foi distribuído grátis para possibilitar estudos metafilosóficos. 

JACKSON DO BANDEIRO: O PUXA SACO

Junho 27, 2020

CLÁUDIA SOARES*: POBRE, NEGRO, GAGO, EPILÉTICO: MACHADO DE ASSIS TEVE QUASE TUDO CONTRA SI

Junho 27, 2020
MEMÓRIA

Autor de romances marcados na história da literatura brasileira completou 181 anos de nascimento no último domingo (21)

Cláudio Soares*
Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Machado de Assis
Escritor é autor de obras como “Dom Casmurro”, “Memórias póstumas de Brás Cubas”, entre romances, peças, contos e poemas – Reprodução

Não era o triunfo acachapante que fascinava o escritor Joaquim Maria Machado de Assis. Cético até a espinha, o autor de “Dom Casmurro” soube exercitar como poucos “a arte das conveniências e das meias palavras”. Para muitos dos seus contemporâneos, Machado foi um homem estranho, singular, misterioso e perturbador. Sua figura retraída e tensa tinha alguma coisa de paradoxal, de desconcertante, de aparente contraste entre a pessoa e o artista. 

Como aquelas “pessoas que parecem nascer errado, em clima diverso ou contrário ao de que precisam” (a frase é do próprio autor, um grande frasista), pessoas que lhes sendo possível sair de um clima adverso para outro que lhes seja mais adequado, parece que foram restituídas a si próprias, ao seu próprio destino, Machado de Assis teve quase tudo contra si, em uma sociedade desigual e cruelmente injusta. 

 Negro, pobre, gago, epilético, ainda assim, o escritor conseguiu se transformar no nome de maior peso na literatura brasileira, sendo o mais completo e complexo dos nossos artistas.

 

Talvez o único de nossa desgarrada literatura, a ter características de verdadeiro clássico universal. Ainda que seja praticamente impossível “extraí-lo” dos nossos antecedentes naturais. Filho dos trópicos, Machado se sentia aborrecido pelo excesso e pela opulência da nossa paisagem. Acabou por fixar o seu objeto de estudo na alma humana: má, infiel, mentirosa, canalha, de uma canalhice atroz, expressão autêntica da natureza humana.  

Machado de Assis foi um homem que, segundo Rui Barbosa (que também tinha o dom da palavra), “prosava como o Frei Luiz de Souza e cantava como Luiz de Camões”. Certamente, nenhum outro escritor brasileiro foi tão estudado e por ângulos tão diversos como esse carioca nascido no Morro do Livramento, na Gamboa, Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839.

Foi homem de muitos amigos, mas apenas no sentido da discreta amizade que lhes permitiu: sem dedicação ou intimidade maiores que a dos comentários “não polêmicos”. João Ribeiro, escritor e folclorista sergipano, membro da Academia Brasileira de Letras, acreditava que para Machado de Assis, “os amigos não passavam de necessidades de diálogo, alguma coisa melhor do que falar sozinho”. 

Vale registrar que Machado detestava os elogios (“insuportáveis”) de homens “derramados”. Ainda assim, não são poucos os relatos de quem o conheceu pessoalmente enfatizando a sua “quase inverossímil doçura social”, contrastando fortemente com um autor que, como poucos, soube manusear a pena da amargura e da dissimulação. 

A grande verdade é que o “bruxo” foi um analista impiedoso, “sádico” até, que soube expor cruelmente um niilismo central nas coisas humanas, além de cultivar cuidadosamente, na vida, formas amáveis e requintadas de sociabilidade, como a indulgência, a discrição e a cortesia.

 Soube ser graciosamente pessimista e triste. O entusiasmo, aliás, era para ele algo repugnante.

 

Machado de Assis fez bem quase tudo que empreendeu em literatura. Soube, como o italiano Dante Alighieri, atravessar o seu inferno, com um ceticismo cáustico, “suportando com paciência, a dor do próximo” e, com estoicismo, a sua própria dor. Mas, pagou um preço caro por sua “serenidade” impositiva. 

Pela enfermidade e pelo pensamento, penetrou no mundo subterrâneo da alma humana, atravessando as sombras frias, encarando o desespero mudo, a solidão severa, a revolta sem ilusão. Soube extrair das páginas de sua própria vida e obra o sorriso melancólico, a tristeza patética e a dúvida pusilânime.

Sem raízes

O poeta Jorge de Lima, autor de Invenção de Orfeu (1952) lembrou em um artigo que quando Machado de Assis morreu, Joaquim Nabuco, seu amigo, escreveu uma reprimenda a José Veríssimo, famoso crítico literário da época: 

“Seu artigo no Jornal do Commercio está belo, mas esta frase causou-me arrepio: mulato. Eu pelo menos só vi em Machado de Assis, o grego. Não teria chamado Machado de mulato e penso que nada lhe doeria mais do que essa síntese. Rogo-lhe que tire isso, quando reduzir os artigos a páginas permanentes”. 

Para Nabuco, Machado era um cidadão “branco” em vida e “alvíssimo” depois de morto. Essa visão “esquizofrênica”, pode ter sido reforçada pelo próprio autor das Memórias Póstumas de forma conscientemente ou inconscientemente (mais difícil de acreditar). 

Enquanto pode, Machado evitou toda e qualquer tentativa de devassa de sua história familiar, inclusive a humildade de sua filiação, que poderiam, talvez, ter lhe proporcionado as melhores páginas da sua literatura. Não deixa de ser um incômodo, ainda, que Machado tenha escrito tão pouco sobre os negros. 

O seu passado, Machado de Assis matou no esquecimento. Pouco ou nada falou de Maria Leopoldina, sua mãe, nem de Francisco de Assis, seu pai, ou de sua irmã (morta precocemente, aos 4 anos de idade). Afastou-se por completo de Maria Inês da Silva, sua madrasta, que após a morte de Francisco, terminou de criá-lo. Machado se aristocratizou como um intelectual do seu tempo, um homem amargo, desencantado, fatigado, enjoado do seu século. 

Para Jorge de Lima, “o ambiente morno, a calmaria podre, o desinteresse pelo coletivo e pelo universal” que foram o “câncer” do tempo de Machado de Assis, não permitiram que a obra deste “homem excepcional” (uma expressão de José Veríssimo) fosse ainda maior. 

Por sua vez, João Ribeiro constatou em Machado de Assis uma insensibilidade “absoluta” pela dor humana, um egoísmo “sem limites”, uma “esquiva vivacidade” nas suas “inconstâncias de espírito”. Todos os heróis machadianos possuem uma “pequenez” de alma, temperada com “pequenas canalhices da desforra”.

Para o escritor José Lins do Rego, Machado foi um “escritor sem raízes” e jamais serviria de modelo se dele quiséssemos tirar um retrato do seu povo, mesmo que fosse da elite brasileira. Segundo Zé Lins, Machado foi um homem de imaginação, mas de uma imaginação aristocrática, sendo por isso, um homem à parte em nossas letras: “uma força viva e imaginativa, num país onde se procura descobrir imaginação na opulência verbal de José de Alencar”. 

O poeta carioca Ronald de Carvalho, ao contrário, considerava Machado um escritor sem transbordamentos de imaginação, sendo a sua riqueza “toda interior”, muito mais intensa que extensa, de um “colorido sóbrio e preciso”. Para a escritora Lúcia Miguel Pereira, a vida de Machado de Assis, toda processada sob o signo do espírito modesto, digno e desinteressado, completa a sua obra, fazendo do autor, além de um valor intelectual, um precioso valor moral. 

Alfredo Pujol, crítico literário, um dos primeiros a se dedicar ao estudo da obra de Machado de Assis, o chamou de:

 alma recolhida e solitária, nutrida das suas tristezas íntimas, envolta em sombras da dúvida. Um poeta da vida interior, enclausurado no seu sonho, estranho à agitação que o rodeava. 

 

Há também aqueles (“homens derramados”) que lhe chamaram (ainda em vida) de “o chefe da literatura nacional” ou ainda de “clássico verdadeiro”, pela forma, pelo minucioso estudo da língua e pelo escrupuloso cuidado com que se apartava de tudo que lhe parecesse dissonância.

Nascido, há 181 anos, na cidade do Rio de Janeiro, de onde pouco se afastou por toda a vida, ali cresceu em condições precárias, como tantos e tantos brasileiros. Pobre, sem recursos, sem família, Machado de Assis foi um “self-made man”, formou-se por sua própria educação, com a mais vasta leitura, tudo pelo esforço próprio. Sua experiência de vida, certamente, o moldou. 

Não por acaso, o mesmo João Ribeiro (aqui, já citado), certa vez, ao concluir que “não há na nossa literatura, páginas mais profundamente imorais e perigosas que as de alguns contos de Machado de Assis”, o comparou, de forma “oblíqua e dissimulada”, ao poeta alemão Heinrich Heine (“o último dos românticos”). 

Assim, escreveu João Ribeiro: 

“Ludwig Boerne (escritor alemão) disse que Heine era como um ratinho que havia cavado galerias subterrâneas inumeráveis; acossado num ponto, ele escorregava por outro. Era impossível apanhá-lo. Só se a crítica fosse um gato, dizia Boerne. Mas, nesse caso, o sr. Heine é muito mais rato do que poderá ser gato a mais acelerada crítica”. Concluiria, então, Ribeiro: “Não sei que imagem se possa aplicar com mais adequada justeza a Machado de Assis, pelos sorvedouros que cava de subentendidos”.

*Escritor, jornalista e editor dos Clássicos Hiperliteratura

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Rodrigo Durão Coelho e Eduardo Miranda

AVE GIL, QUE A FÉ NÃO COSTUMA FALHAR

Junho 26, 2020

E, aí, a fé no Brasil foi renascendo, na enorme generosidade de um povo que, esmagado por séculos de iniquidade, não perdeu a fé, o lirismo, a solidariedade.

O ignaro Almirante Balaão saiu das entranhas das histórias medievais e invadiu o Brasil, espalhando seu ar pestilento por todos os quadrantes da pátria.

Primeiro, foram os jornais que passaram a espalhar seu discurso de ódio. Depois, os partidos políticos. O ódio se espalhou pelos bares e chegou nas famílias, despertando os piores instintos, promovendo a discórdia e o ódio.

Nos tribunais, juízes vingadores disparavam dardos flamejantes sobre quem ousasse discordar. Procuradores contaminados pela imoralidade de Balaão mandavam prender pessoas como quem prendia escravos em galés, e saíam faturando em palestras imorais. Nas periferias prosseguia o exercício macabro de executar jovens negros.

De repente, parecia que o país soçobrava, a esperança da democracia racial que nunca se fez afundava de vez, a própria ideia de Nação se esvaía. Os defensores dos vulneráveis, dos direitos eram soterrados por toneladas de palavrório vazio, de Ministros do Supremo anunciando o novo Iluminismo, forjado na carne viva dos vulneráveis.

A oposição se debatia em brigas de egos e da desconfiança de quem foi apunhalado pelas costas. 

Nesse momento, de enorme penumbra, as primeiras luzes da manhã mostraram um enorme carrossel surgindo nos céus do Brasil e mostrando o caminho. Eram os heróis da música popular brasileira se unindo em torno do guru maior, Gilberto Gil, celebrando seus 78 anos.

E, aí, a fé no Brasil foi renascendo, na enorme generosidade de um povo que, esmagado por séculos de iniquidade, não perdeu a fé, o lirismo, a solidariedade.

Feliz aniversário, Gilberto Gil, que a fé não costuma falhar.

VÍDEO: GLORINHA GADELHA E SIVUCA: FEIRA DE MANGAIO

Junho 25, 2020

WALNICE NOGUEIRA GALVÃO: DOCUMENTÁRIO DE THOMAZ FARKAS NA QUARENTENA

Junho 25, 2020

 

Documentários de Thomaz Farkas na quarentena

por Walnice Nogueira Galvão                                                                    

Para nossa sorte, existe um portal chamado Canal Thomaz Farkas, que traz biografias, filmografia, ficha técnica de cada um dos filmes à nossa disposição, afora indicações sobre como e onde encontrá-los: ali mesmo. Seria difícil aquilatar hoje o impacto e a relevância dessas realizações, que amealharam prêmios nacionais e internacionais. Vejamos o perfil da empreitada.

Ali deram seus primeiros passos os principais nomes de nosso cinema e foram gravados dezenas de filmes sobre variados aspectos da vida brasileira. Resultaram  34 curtas e médias-metragens – Brasil Verdade (4 filmes, 1965) e A condição brasileira (19 filmes, 1969) – , completadas por mais alguns avulsos. Até hoje impregnar-se de suas imagens é experiência obrigatória na formação de futuros cineastas.

Um primeiro gostinho já fora servido aos fãs por Brasil Verdade (1965), que aglutina quatro médias-metragens de altíssimo nível: Memória do cangaço, de Paulo Gil Soares;  Subterrâneos do futebol, de Maurice Capovilla; Nossa escola de samba, de Manuel Horácio Giménez; e Viramundo, de Geraldo Sarno. Mas isso constituiu apenas uma amostra.

Iniciativa sem paralelo em nossa cinematografia,  compreendeu no total, em sua extensão que iria até os anos 80, pouco mais de trinta curtas e médias metragens. Concebido antes do golpe militar com o objetivo de testemunhar a reforma agrária, reajustaria seus alvos e passaria a filmar o país e seus habitantes, especialmente os pobres, com um cuidado que raiava ao etnográfico. O acervo de imagens dos sertanejos e do sertão que flagraram, longe do pitoresco e do piegas, se tornaria inesquecível e realçaria esse complexo simbólico. A produção de todos coube a Thomaz Farkas, que também dirigiu alguns e foi diretor de fotografia de vários.

A eles devemos registros inestimáveis de costumes e rituais, de protocolos de trabalho ou de devoção. Fixaram memórias “ao vivo”: seu impacto visual e cultural teve efeito de revelação para quem os assistiu. Vêem-se ali a vida do sertanejo, as cantorias, as procissões e as rezas, a fabricação de instrumentos de trabalho, as caçadas, os plantios, o carpir e a colheita, a labuta no cabo da enxada, o curandeiro e as moléstias, a sociabilidade e o lazer, a fé e a esperança, as tradições, as lendas e crendices, a religiosidade, a criação artística e outros fenômenos de nível simbólico, a perseverança em condições de vida ínfimas.

Serviram de primeiras armas para estreantes talentosos e dedicados, que se tornariam cineastas de primeira plana, dando chance a iniciantes, desarvorados em meio à implantação da ditadura, que a muitos deles, inclusive o produtor, atingiu. Exerceram influência única sobre o desenvolvimento da cinematografia brasileira, quando vararam o país entre o final dos anos 60 e o início dos 70, realizando um projeto mas também abrindo-se ao imprevisto, ao que encontrassem pelo caminho.

Integraram o Ciclo  Sergio Muniz, produtor executivo, Geraldo Sarno, Maurice Capovilla, Paulo Gil Soares, Eduardo Escorel e Affonso Beato, que seria diretor de fotografia de Glauber Rocha e faria carreira internacional como parceiro de Pedro Almodóvar. Participaram Francisco Ramalho Jr. e Guido Araújo, o das Jornadas de Cinema da Bahia. Jorge Bodansky chegou a fotografar uns poucos. Vlado Herzog começou na equipe mas não continuou, porque foi assumir estágio na BBC de Londres.

E tem mais. Quando dos festejos do IV Centenário de S.Paulo em 1954, Thomaz Farkas filmara, mas sem som, alguns minutos de um show da Velha Guarda, criada e liderada por Almirante. A sonorização foi iniciativa do Instituto Moreira Salles, que convocou José Ramos Tinhorão, fono-audiólogos e leitores de lábios, e mais a reserva técnica da casa, para restaurar o som. E é assim que hoje podemos ver e ouvir Pixinguinha, a flauta de Benedito Lacerda, a perícia de João da Baiana no prato-e-faca, Donga com sua indefectível gravata lavallière, o próprio Almirante, sem falar em outros. Todos de terno, impecáveis em sua elegância, verdadeiros dândis que eram, tocando, cantando e tracejando firulas “no pé”. Para nossa sorte ainda mais completa, o filminho está incluído no Canal Thomaz Farkas.

Walnice Nogueira Galvão é Professora Emérita da FFLCH-USP

QUADRILHA JUNINA TRADIÇÃO DE PERNAMBUCO

Junho 24, 2020