Archive for Maio, 2019

BLOG DA EDITORA RECORD: SOBRE LUTAS E LÁGRIMAS, DE MÁRIO MAGALHÃES

Maio 31, 2019

Do Blog da Editora Record

O ano em que o Brasil flertou com o apocalipse

As consequências de 2018 serão tantas no futuro que, na opinião do autor, o ano tão cedo não vai terminar. Daqui a meio século, é provável que a memória trate 2018 no Brasil conferindo-lhe a mesma relevância com que, 50 anos mais tarde, recordou-se de 1968. O jornalista e escritor Zuenir Ventura, autor do clássico ‘1968 – O Ano Que Não Terminou’, costuma se referir ao objeto do seu livro como um personagem, tamanha a envergadura histórica que aquele ano ganhou. Mário Magalhães afirma que 2018 também é personagem. Por isso, classifica Sobre Lutas e Lágrimas como uma biografia. Começa com o Réveillon da vereadora Marielle Franco e se encerra com a iminência da posse de Jair Bolsonaro. O terceiro protagonista é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes (14 de março), a prisão de Lula (7 de abril) e a facada em Bolsonaro (6 de setembro) são momentos dramáticos dessa história.

O lançamento será no dia 10 de junho, às 18h, na livraria Da Vinci, no Rio. Estão ainda confirmadas as noites de autógrafos em São Paulo (Livraria Cultura, do Conjunto Nacional), no dia 11, às 19h, e em Salvador (Livraria Cultura, do Salvador Shopping), no dia 13, às 19h. 

Os relatos de Magalhães foram escritos a quente, no olho do torvelinho. O livro reconstitui a gênese do “kit gay”, a mentira que mais influenciou uma eleição presidencial no Brasil; a caçada a macacos, como se fossem transmissores da febre amarela; as iniciativas medievais contra a vacina; o fenômeno do feminicídio; a volta da censura; a Copa do Mundo em que Neymar caiu; a ascensão da extrema direita; o surto chamado “Ursal”; a intervenção militar no Rio de Janeiro; o drama do suicídio, de índios a jovens urbanos; as ações do movimento Escola Sem Partido; a paralisação dos caminhoneiros; a militância política do Doutor Bumbum; a politização da Justiça e a judicialização da política; o incêndio no Museu Nacional; a violência física no processo da eleição; as fake news como instrumento para iludir os eleitores; o WhatsApp como meio de difusão de falsidades; as estratégias e os confrontos decisivos entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad; a nostalgia pela ditadura e os ataques aos direitos humanos; o “#EleNão” e outras resistências ao obscurantismo; a ilusão do vira-voto; a história do clã Bolsonaro; os entreveros na fronteira com a Venezuela; o legado de Michel Temer; o “Ninguém solta a mão de ninguém”. Em suma, nas palavras impressas em Sobre Lutas e Lágrimas, as histórias de “um país castigado por dores e inflamado por paixões”. 

Quem perdeu episódios do ano em que a polarização política conflagrou o Brasil terá a chance de conhecê-los. Que os viveu os verá/lerá passados a limpo, mês a mês, semana a semana, dia a dia. O livro alinha os fatos cronologicamente. O autor combina ensaio, reportagem, artigo e crônica. Analisa, mas se dedica muito mais a contar _e muitas vezes emocionar. “É um livro indignado, em um tempo que exige indignação”, escreveu Mário Magalhães.

Sua narrativa se opõe à “história oficial” dos vencedores da eleição. Mas é crítica também com os derrotados: “Lula e seus pares se prepararam para a eleição como o general que se arma para a próxima guerra supondo que ela mimetizará a anterior”. E compartilha, no calor dos acontecimentos, o espanto: “Talvez pesquisadores do comportamento, do poder, da mente e da alma jamais cheguem a uma conclusão sobre que mal se abateu sobre nós, para tanta gente acreditar que o prefeito Haddad distribuíra às creches mamadeiras com o bico em forma de órgão sexual. Ou que legalizaria a pedofilia”.

Sobre lutas e lágrimas é um retrato feito quando 2018 se desenrolava. É uma fonte de informação e análise para entender o ano que passou e avaliar as suas consequências, que relaciona passado e presente, de olho no futuro. É um documento para a história.

A ideia do livro nasceu quando Mário Magalhães escrevia colunas de periodicidade semanal para o site The Intercept Brasil. Muitos desses textos reaparecem, retrabalhados, no livro. Mas os capítulos mais importantes e mais longos são absolutamente inéditos, como a introdução “(“O ano que tão cedo não vai terminar”), o balanço do país no fim de dezembro (“Sequelas”) e os relatos sobre a incandescente reta final do primeiro (“Tsunami eleitoral”) e do segundo turnos (“‘Ninguém solta a mão de ninguém’”).

Sobre Lutas e Lágrimas – Uma Biografia de 2018, como o título sintetiza, é uma grande reportagem, entre o épico e o lírico, do ano que o Brasil jamais esquecerá.

Mário Magalhães é jornalista e escritor. Formou-se na Escola de Comunicação da UFRJ. Trabalhou nos jornais Tribuna da Imprensa, O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo, diário em que foi repórter especial, colunista e ombudsman. Recebeu 25 prêmios jornalísticos e literários no Brasil e no exterior, entre eles Every Human Has Rights Media Awards, Prêmio Esso de Jornalismo e Prêmio Jabuti. É autor da biografia ‘Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo’.

Trechos em destaque

O LIVRO

“Estas páginas não são obra de um cientista político ou social, apesar de análises de numerosos acadêmicos e pensadores serem citadas amiúde para iluminar circunstâncias sombrias. Conto o que testemunhei, vivi, senti e pensei. Os passeios históricos, idas e vindas cronológicas, prestam-se a cotejar retóricas e ações do presente com pregações e práticas do passado, sobretudo de regimes totalitários e movimentos antidemocráticos. Para incorporar valores de outrora, não é preciso ser batizado como Benito, vir ao mundo na Emília-Romanha e envergar camisas pretas.” 

BOLSONARO

“Jair Messias Bolsonaro mastiga palavras e engole letras ao falar. Dá trabalho a quem transcreve seus discursos emendar os fragmentos de frases em que sílabas são descartadas no caminho como o palito de um Chicabon. Sua prosódia peculiar contém um cacoete verbal ao fim das orações, indagando se está ok. Ouve-se “taoquei?” (ou “talquei?”). Na juventude, ele embolsou alguns caraminguás elaborando palavras cruzadas para o jornal O Estado de S. Paulo, do qual anos antes tinha sido entregador. Exprime-se como se pronunciasse idiomas de tom imperativo, desses em que uma declaração de amor soa como ordem para o pelotão de fuzilamento atirar. O capitão reformado do Exército repete como um velho disco de vinil empenado que sua política externa não terá “viés ideológico”, contradizendo em seguida suas palavras, ao descrever o que será o Itamaraty ideologizado pelo desvario.”

MARIELLE

“Na quarta-feira 14 de março, a vereadora estava gripada. Monica também, com febre. A conjuntivite pegara Luyara. Na sexta, Maddox faria 12 anos. O cachorro que Marielle dera com menos de um mês de vida para a companheira era alvinegro, “por uma ser preta e a outra ser branca”, relembraria Monica. O cão ganhou o nome de um filho da atriz Angelina Jolie. No domingo, elas receberiam amigos para a inauguração do jardim de 1,95 metro de largura por 8 metros de comprimento que Monica fizera para Marielle na casa da Tijuca onde moravam com Luyara. Marielle não sobreviveu para o aniversário de Maddox, nem para a festa do jardim. Ela e o motorista Anderson Gomes foram assassinados dentro de um Agile. O papa Francisco e Lula telefonaram para confortar a família. Bolsonaro silenciou sobre o atentado.”

A JUSTIÇA NA ELEIÇÃO

“Na reta final, a Justiça reentrou em cena, a três dias do pleito. Em pelo menos duas dezenas de instituições de ensino superior, numa dúzia de estados, fiscais dos tribunais eleitorais apreenderam faixas e panfletos. Os juízes argumentaram que havia propaganda ilícita em dependências públicas. Na Universidade Federal de Campina Grande, recolheram na associação dos docentes cópias do “Manifesto em defesa da democracia e da universidade pública”. Na uff, no prédio da Faculdade de Direito, desafixaram uma bandeira com a inscrição “antifascista”. A juíza que ordenou a ação escreveu que a bandeira “possuiria conteúdo de propaganda negativa” contra Bolsonaro. No sábado, a ministra Cármen Lúcia suspendeu a repressão nas universidades. Ponderou que, “sem liberdade de manifestação, a escolha é inexistente. […] O processo eleitoral transforma-se em enquadramento eleitoral, próprio das ditaduras”. Na véspera, o tse atendera pedido de Bolsonaro para remover um vídeo crítico a ele em que crianças reproduzem frases repugnantes do candidato.”

USTRA, O ÍDOLO

“No discurso da derrota, Haddad disse que “a vida é feita de coragem”. Em seu primeiro pronunciamento como eleito, na internet, Bolsonaro afirmou que “não poderíamos mais continuar flertando com o socialismo, com o comunismo e com o populismo e com o extremismo da esquerda”. Ele será o oitavo presidente pós-ditadura. O segundo, eleito diretamente, a ter apoiado o regime de 1964 (o pioneiro foi Collor). O primeiro capitão a governar o país (antes houve marechal, general e, em juntas, almirante e brigadeiro). No meio da multidão que se aglomerou diante do condomínio onde o deputado mora distinguiu-se a bandeira “Ustra vive!”

RBA: EM DEFESA DA DEMOCRACIA, ARTISTAS SE REÚNEM EM SP NO FESTIVAL LULA LIVRE

Maio 31, 2019
MOBILIZAÇÃO
Evento será realizado neste domingo (2), a partir das 13h, na Praça da República. Emicida, Criolo, Ilú Obra de Min, Anelis Assumpção e Dead Fish são algumas das mais de 30 atrações confirmadas
 Política.
RICARDO STUCKERT

“Lula Livre é um grito pela libertação do Brasil”, destaca presidente da CUT, Vagner Freitas em entrevista à Rádio Brasil Atual

São Paulo – O som pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será reverberado por mais de 30 artistas que participarão de mais uma edição do Festival Lula Livre, movimento cultural e político em defesa da democracia e contra a prisão política. O evento será realizado neste domingo (2), na Praça da República, região central de São Paulo, a partir das 13h.

Entre os nomes de artistas e grupos já confirmados, estão Emicida, Rael, Criolo, Baiana System, Aíla, Dead Fish, Chico César, Filipe Catto, Mombojó, Odair José, Otto, Thaíde, Junu, Everson Pessoa, Unidos do Swing, Francisco El Hombre, Arnaldo Antunes, Slam das Minas, Bia Ferreira, Doralyce Soledad, Lirinha, Ilú Oba de Min, André Frateschi e banda, Márcia Castro, Zeca Baleiro, Isaar, Junio Barreto, Fernanda Takai, MC Poneis, Tulipa, Chico Chico e Duda Brack, Mistura Popular, Triz, Anelis Assumpção e Drik Barbosa.

O evento é organizado pelo Instituto Lula, frentes Povo sem Medo e Brasil Popular e o Comitê Nacional Lula Livre, para marcar mais de um ano da prisão do ex-presidente que, desde abril de 2018, cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, além de chamar atenção para atual situação política do país.

“A prisão política de Lula simboliza a onda de retrocessos no país”, justifica a organização, citando o fim da política de valorização do salário mínimo, o apoio às ações de cunho intervencionista na Venezuela, a perseguição aos professores e o contingenciamento na educação, o aumento da letalidade policial e a ascensão de milícias.

Para fortalecer a mobilização que une arte e música, os realizadores abriram ainda uma campanha de financiamento virtual.

Manifesto O Som pela Liberdade

Assim como na 1ª edição do Festival Lula Livre nos Arcos da Lapa, no centro do Rio de Janeiro, que contou com a presença de mais de 60 mil pessoas, a edição paulistana do festival também traz um manifesto elaborado por artistas, intelectuais e representantes de movimentos sociais e políticos, como Chico Buarque, Martinho da Vila, Leonardo Boff e Leci Brandão, entre centenas de outros.

O documento diz que “lutar pela liberdade de Lula é enfrentar o caos. É desatar o nó da garganta que está no sufocando. É encarar os irresponsáveis que puseram o Brasil à deriva, exigir justiça e democracia, dignidade e direitos”.

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, ressalta na edição desta sexta-feira (31) do Jornal Brasil Atual a importância do Festival Lula Livre como um “instrumento da luta pela manutenção dos direitos dos trabalhadores”. “Bolsonaro entrou para cumprir o interesse norte americano de fazer um Brasil colônia”, critica, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria. “Por isso que o ‘Lula Livre’ é um grito pela libertação do país”, destaca.

Aquecimento

Para aquecer o público que sairá às ruas neste domingo em defesa da democracia e pela liberdade do ex-presidente Lula, a organização preparou uma playlist que reúne as canções dos mais de 30 artistas que estarão presentes. O material coletado pelo DJ Campos pode ser conferido por meio da plataforma de streaming Spotify.

LUCIANO HORTÊNCIO: ETIQUETAS, EM SOLIDARIEDADE A AGNALDO TIMÓTEO

Maio 30, 2019

por Luciano Hortencio

Agnaldo Timóteo, aos oitenta e três anos, foi surpreendido por um derrame cerebral, quando se preparava para um show na Bahia. Segundo informações da internet, está consciente e teve uma pequena melhora, porém seu quadro clínico é instável.

Trago aqui, em solidariedade e homenagem ao grande intérprete, ETIQUETAS, composição conhecida e cantada por todos, até por aqueles que torcem o rosto e a taxam de brega.

Poderia até ser brega, mais é imprescindível em uma boa noite de boemia: “Arranca as etiquetas, rasga o preço, mas vem por Deus pra me fazer feliz.”

 

Agnaldo Timóteo – ETIQUETAS – Eduardo Lages – Carlos Colla.

Álbum: Agnaldo Timóteo – Sonhar Contigo.

Ano de 1981.

Coisas que o tempo levou.

BRASIL DE FATO: PREMIADO NO EXTERIOR E ATACADO NO BRASIL, AUDIOVISUAL MOVIMENTA QUASE 0,5 DO PIB

Maio 30, 2019

CULTURA

DESMONTE

Cena do filme "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles - Créditos: Divulgação

Cinema nacional floresce e ganha destaque dentro e fora do país enquanto amarga cortes e ataques do governo

​​​​​​​Antonio Biondi, especial para o Brasil de Fato

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

Maio de 2019.

Cena do filme “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles / Divulgação

Entre os anos de 2007 a 2013, o setor audiovisual brasileiro cresceu a números dignos de economia chinesa. Gerando investimentos e empregos de forma crescente, o setor experimentou um crescimento médio de 8,8% ao ano no período — bastante superior ao da economia do Brasil em geral. Hoje, os valores gerados pelo audiovisual já representam quase 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, que corresponde à soma das riquezas produzidas anualmente pelo Brasil. Esse meio ponto significa algo próximo a R$ 43 bilhões de receita por ano.

Enquanto o impasse entre o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) não chega a uma definição que permita ao setor audiovisual seguir seu crescimento, o país conquistou no final de maio (24 e 25), dois prêmios inéditos no Festival de Cannes, na França, um dos mais prestigiados do mundo – demonstrando a consolidação do cinema do país, ao menos lá fora.

O filme Bacurau, dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, foi vencedor do Prêmio do Júri, que é tido como a terceira categoria mais importante do evento francês. ‘A vida invisível de Eurídice Gusmão’, de Karïm Aïnouz, por sua vez, recebeu o prêmio relativo à mostra Um Certo Olhar do festival. Em ambos os casos, trata-se da primeira conquista do Brasil na história do festival nessas categorias.

Kleber Mendonça falou ao jornal O Estado de S. Paulo sobre a importância da vitória, em meio aos ataques do governo Bolsonaro sobre a cultura brasileira – que dizem respeito ao conflito atual entre Ancine e TCU, corte de verbas da Petrobras e Caixa para o setor e ao próprio fim do Ministério da Cultura. “Estamos vivendo um momento desmonte no Brasil e esse filme acabou abrindo uma boa conversa internacional. Tenho muito interesse em saber como (os brasileiros) vão reagir a ele. O filme, aqui, ganhou a imagem de objeto de resistência.”

>>Essa matéria faz parte de um especial sobre o audiovisual brasileiro. A primeira, Impasse entre TCU e Ancine paralisa concessão de novos incentivos a setor audiovisual, pode ser lida aqui<<

A premiação aos filmes brasileiros em Cannes contrasta com a crise enfrentada pelo setor audiovisual do país neste início de 2019. O impasse entre TCU e Ancine relaciona-se — ao menos oficial e tecnicamente — a como deve se dar a prestação de contas das produções financiadas com recursos da agência, bem como  a fiscalização delas por parte da Ancine. Fontes entrevistadas pelo Brasil de Fato, contudo, questionam não só a eficácia das determinações do TCU, mas também as motivações reais de fundo.

A paralisia — ou a mera diminuição do ritmo — dos repasses feitos pela Ancine impacta o setor de forma substancial. Estima-se que em 2018 tenham sido movimentados mais de R$ 1,25 bilhão em recursos da agência no apoio a produções e iniciativas do setor. E, embora a crise tenha se instalado a partir de uma decisão do próprio TCU, o tribunal convocou a diretoria e servidores da Ancine a dar explicações sobre por que a paralisação dos repasses teria ocorrido.

Cíntia Domit Bittar, da diretoria da Associação de Produtores Independentes (API), destaca a importância crescente do setor para o Brasil (confira alguns dados na tabela abaixo), ressaltando ser uma área que produz não somente riquezas, empregos e renda, mas gera também cultura, cidadania, identidade e até soberania nacional.

“Em outros países, o cinema é realmente tratado como um assunto de soberania nacional”, aponta a diretora da API. “Através do cinema, um país é representado lá fora em eventos importantíssimos. O Brasil vem tendo uma participação histórica nos últimos anos, especialmente em 2019, em festivais internacionais como Cannes e Berlim. Isso é um reflexo desses anos de políticas públicas em prol do fomento e desenvolvimento do setor”.

“O setor audiovisual é não só multidisciplinar, como atinge vários outras áreas da economia: ele consegue movimentar aproximadamente 70 outros setores” explica a diretora da API. “Quando a gente faz um filme, ativa diversas prestações de serviços. Estamos falando de transporte, de hotelaria, de costura, de refeição… Uma série de itens”.

Ela reforça que o setor interage economicamente com vários setores. Em outras palavras, faz a economia girar. “Dinheiro que chega na nossa mão, não fica na nossa mão. É um dinheiro que circula. E que ainda volta uma parte para o governo em forma de imposto”. Ao ano, são cerca de R$ 3 bilhões em impostos diretos e indiretos que voltam para o caixa do Estado.

João Brant, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo e ex-secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC) entre 2015 e 2016, destaca três dimensões principais para afirmar a importância do setor: “Primeiro, uma dimensão simbólica, em seguida, uma dimensão cidadã – de direitos culturais, de acesso a uma produção audiovisual brasileira –, e, por fim uma dimensão econômica, com resultados muito positivos”. No campo da dimensão simbólica, ele destaca, por exemplo, a relevância de o país produzir filmes e séries nacionais, de a população brasileira poder fazer filmes e outras produções sobre si e de se assistir no cinema e na TV.

Luta, raça e fé

Viviane Ferreira, presidente da Associação dxs Profissionais do Audiovisual Negro (Apan) afirma que “tem sido uma briga insana, nos últimos anos, construir experiências pontuais de políticas de ações afirmativas no setor audiovisual”. “Só a partir dessas políticas é que empresas vocacionadas para o conteúdo identitários tem tido a possibilidade de acessar recursos do Fundo Setorial do Audiovisual”, pontua Ferreira.

De acordo com ela, no quadro político atual – agravado pelo impasse entre Ancine e TCU, a paralisia da Agência e o desmonte de um sistema em que já haviam identificado de que forma as ações afirmativas poderiam contribuir para seu aprimoramento, “podem expulsar por completo empresas vocacionadas para conteúdos identitários do mapa do mercado audiovisual nacional”.

Viviane acrescenta que, por se tratar de uma entidade mista, que representa profissionais negros pessoas físicas e também empresas vocacionadas para conteúdo identitário, os associados da Apan acabam sendo atingidos de duas formas diferentes pelo cenário de crise atual: “primeiro, as pessoas físicas, associadas à Apan, são impactadas pelo desemprego, visto que muitas produções estão sendo canceladas no país; segundo, as pessoas jurídicas estão sendo asfixiadas pela paralisação da Agência, visto que seus projetos estão parados em função do não repasse de recursos”.

O jovem diretor de cinema Wesley Gabriel, lamenta o impasse e os cortes, uma vez que “o setor do audiovisual estava crescendo nesses últimos anos”. “Foram [alguns] dos [anos] em que mais se produziu cinema no país, em que mais se assistiu a filmes brasileiros. E agora há o medo de que isso possa não acontecer mais com essa nova gestão”.

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O filme “Fusca azul”, de Wesley Gabriel. (Divulgação)

Integrante do Kinoférico, coletivo com forte atuação na periferia de Guarulhos (SP), ele ressalta que a importância do setor para a periferia ainda vem muito por meio de projetos sociais, e que o próprio Kinoférico surgiu a partir de um projeto social de comunicação comunitária: o ComCom Pimentas.

“A proposta do Kinoférico é justamente a de aprender fora e trazer aqui para dentro. Porque a ideia é que a periferia mesmo faça os seus próprios filmes, conte as suas próprias histórias”, diz Gabriel. WG, como também é conhecido na sua área, lançou recentemente o filme Fusca Azul, seu segundo filme. O primeiro, No Rolê, recebeu dois prêmios e foi exibido em Portugal.

“A periferia se vê na tela e pensa que também pode. A gente vê a periferia fazendo um filme e ganhando prêmios em grandes festivais. E isso faz com que a gente acredite que também consiga produzir”, relata.  

Ele destaca, por fim, que a periferia sempre produziu “de uma forma que fosse ‘nóis’ por ‘nóis’, na raça mesmo, na guerrilha, na vontade de fazer. A gente nunca dependeu muito de Ancine ou de editais para produzir filmes”.

Fragilidades e fortalezas

Mesmo com a independência da produção periférica, é inegável a necessidade de fomento. Mais do que isso: de democratização das verbas. Sobre essa questão, a produtora cultural Eneide Gama lembra que “a periferia é sempre o elo mais fraco desta corrente” e que “somos muito sensíveis a qualquer sussurro de corte de verbas”. Ela frisa que “existe não só na periferia mas em toda sociedade uma gama imensa de trabalhadores na área” e que o atual impasse entre Ancine e TCU se reflete “em mais milhares de pessoas capacitadas que se vêem sem nenhuma oportunidade de trabalho.”

Em sua área de atuação mais constante, a zona sul de São Paulo (SP), a partir de 2016, as atividades culturais (as verbas, os projetos, tudo), foram sendo gradativamente encerradas até que muito pouco sobrevivesse. O registro é dramático: “todos os trabalhadores estão desempregados ou dando aula como oficineiro voluntário. Falta comida, pensão, a habitação está difícil. Famílias estão acabando. Os moradores da comunidade morando em situações ainda piores”.

O cineasta Fábio Rodrigo, diretor dos premiados Lúcida Kairo, destaca a importância do audiovisual em outros aspectos para o país e para a periferia, e como isso muitas vezes pode incomodar os governantes de plantão. (Arquivo Fabio 5). “O cinema e o audiovisual revertem dinheiro pro país, então se um governo paralisa um setor que dá lucro pro país, certamente tem objetivos claros com isso”.

Cena de Kairo, de Fábio Rodrigo. (Divulgação)

Ele acrescenta que, para a periferia, o audiovisual exerce um papel de ajuda no pensamento crítico e de estimular a discussão de assuntos importantes.  “Bolsonaro e seu circo não querem isso”, afirma o diretor e criador do projeto “Ira Negra”. “Muita gente que está há muito tempo ganhando dinheiro público para produzir audiovisual também não quer, nunca quis algo nesse sentido e que poucos levam seus filmes a preços acessíveis e lugares acessíveis para essa camada da população. Então, eu não passo pano”.

Marina Pita, do Conselho Diretor do Intervozes (Coletivo Brasil de Comunicação Social), avalia que “um setor que já tomou muito banho de água fria, sabe que é preciso se preparar para o pior”. Ela ressalta que a situação atual prejudica diversos aspectos importantes do setor, com demissões e cancelamentos de projetos, impacto real na vida dos trabalhadores e trabalhadoras da cultura, além de outros muitos efeitos negativos para a economia.

“Sem incentivo público, toda uma política de descentralização da produção, de editais para garantia da diversidade de gênero e raça em cargos altos do setor audiovisual também vai por água abaixo. Isso significa que o reforço para que grupos a quem tradicionalmente se negou o acesso ao audiovisual estejam mais uma vez desamparados.” O resumo da ópera é que “perde a diversidade cultural e a pluralidade de vozes nas comunicações. É muito triste”, lamenta.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira

AQUILES RIQUE REIS: O REI MORREU! VIVA O REI!

Maio 29, 2019

 Aquiles Rique Reis

O rei morreu! Viva o rei!

por Aquiles Rique Reis

Foi com grande satisfação que recebi o CD Mr. Bossa Nova – Quarteto do Rio & Roberto Menescal (selo Mins), o primeiro do Quarteto do Rio, grupo vocal e instrumental integrado por Leandro Freixo (piano e voz), Fábio Luna (batera, flauta e voz), Neil Teixeira (arranjos, baixo acústico e voz) e Elói Vicente (arranjos, guitarra e voz) – todos ex-integrantes do inesquecível Os Cariocas.

Após a morte do maestro Severino Filho (1928-2016), maestro e arranjador de Os Cariocas, eles foram avisados pela família que não poderiam continuar usando esse nome. Diante da impossibilidade, autonomearam-se Quarteto do Rio.

Bem… vamos lá: Roberto Menescal vestiu a camisa, esteve no estúdio e deu toques de classe e beleza às músicas escolhidas, todas dele com parceiros: solou, fez arranjos e cantou.

A tampa abre com “Ela Quer Sambar” (RM e Paulo Sérgio Valle). O arranjo de Neil Teixeira tem o violão na intro. Vem um uníssono supimpa. Abrem vocal. A guitarra de RM pontifica no intermezzo. Volta o uníssono. Logo é a vez de o vocal retornar. Até que, em uníssono, vem o final.

“Nós e o Mar” (RM e Ronaldo Bôscoli). O arranjo é de Menescal, que se vale de uma das marcas registradas dos arranjos de Severino Filho: ao final de uma frase melódica, na última sílaba do verso, um glissando leva do uníssono ao vocal. Antes do final, ainda rola mais vocal.

“Ah, Se Eu Pudesse” (RM Ronaldo Bôscoli) tem arranjo de Neil Teixeira. Com o piano, a flauta baixo “engorda” a intro. Até que o violão puxa a primeira parte da bossa nova. Composição que exprime, digamos, a essência da filosofia do gênero. A flauta baixo se reapresenta, entrega o lance pro vocal e finalizam.

Em “O Barquinho” e “Você” (ambas de RM e Bôscoli), num bonito arranjo de Eloi Vicente, todo à capella, o Quarteto demonstra que, se a faixa anterior seria a “essência da filosofia” da BN, essas duas são a própria filosofia do gênero que conquistou o Brasil e o mundo, seja vocalizando ou em uníssono (eles têm um belo uníssono). Com um cânone, as vozes conduzem ao final. Meu Deus!

“A Morte de Um Deus de Sol” (RM e Bôscoli) tem arranjo de Neil Teixeira, baixo e batera, esta com um prato “harmônico”. Sim, “harmônico”, pois ele se ajunta a um acorde vocal e tudo soa como se ele, o prato, fosse uma quinta voz. Logo o solo cabe ao baixo, que, com a guitarra, conduz a um vocal esperto. Coisa fina.

“A Volta” (RM e Bôscoli) tem arranjo belo e simples de Eloi Vicente. O vocal é cantado com rara perfeição. O piano improvisa. A guitarra, idem. A batera vai nas vassourinhas. O uníssono soa bem. A dinâmica é assertiva. O baixo tem o seu espaço, e arrasa. Muito bonito!

Com arranjo de Eloi Vicente, a tampa fecha com “Bye, Bye Brasil” (RM e Chico Buarque). A melodia vem em uníssono. A guitarra de Menescal sobrevoa e, lá do alto, observa Leandro, Fábio, Neil e Elói. Ela chora por não ver mais Severino Filho; mas sorri ao sacar que o Quarteto do Rio veio para ficar.

“O rei morreu! Viva o rei!”

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4

BRASIL DE FATO: EM PETROLINA, CLUBE DE LEITURA SE REÚNE PARA ESTUDAR POLÍTICA

Maio 29, 2019

LITERATURA

Desde 2018, o Clube do Livro da Expressão Popular lê mensalmente livros com temas voltados à educação, economia e mais

Vanessa Gonzaga

Brasil de Fato

29 de Maio de 2019.

A Expressão Popular foi fundada em 1999 em São Paulo por um grupo de militantes de vários movimentos populares - Créditos: Divulgação
A Expressão Popular foi fundada em 1999 em São Paulo por um grupo de militantes de vários movimentos populares / Divulgação

Vivendo e observando um momento muito agitado da conjuntura política no Brasil, um grupo de professores, estudantes e servidores públicos de Petrolândia, no Sertão do São Francisco, decidiu estudar coletivamente para entender melhor os acontecimentos. Foi a partir dessa iniciativa que surgiu o Clube do Livro da Expressão Popular. O clube leva o nome da editora que publica os livros lidos pelo grupo. 

A Expressão Popular, fundada em 1999 em São Paulo por um grupo de militantes de vários movimentos populares, especialmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), já tem mais de 500 livros publicados e tem como objetivo impulsionar a formação política e ideológica de militantes de esquerda. Nascida num momento de derrotas da esquerda mundial, a iniciativa também impulsionou a criação de escolas de formação política. Uma das principais vantagens da editora em relação às outras é os preços baixos dos livros, que pagam basicamente a produção e a mão de obra, o que barateia e deixa as obras bastante acessíveis. Dentro das publicações, há leituras voltadas a política, economia, história, educação, direito, comunicação, agroecologia, gênero, diversidade sexual e questões de raça e etnia, além das leituras infantis. 

É a partir do Clube do Livro, uma política de assinatura e fidelização dos clientes com baixos preços para a aquisição mensal de livros, que a leitura do clube é escolhida. O professor Daniel Filho, que faz parte do grupo, explica:  “O objetivo inicial era compreender todo esse processo que a gente vive no país. Além disso, a Expressão Popular é uma editora que publica textos importantes. Daí surgiu a ideia de assinar o Clube do Livro que a Expressão oferece e daí nos encontramos mensalmente para socializar as leituras e impressões”.

Os encontros acontecem mensalmente, sempre na biblioteca pública da cidade. A cada mês, a leitura é a que é enviada pela editora. O grupo, que começou com 5 pessoas, hoje recebe um público maior, mesmo com os desafios “Ás vezes a entrega do livro atrasa para algumas pessoas. O principal desafio é fazer com que o livro chegue para todos ao mesmo tempo. A gente espera que todos os membros tenham feito a leitura para marcar os encontros. Os encontros vêm crescendo por serem abertos, quem media os debates são as pessoas que participam do clube, mas ele é aberto para toda a comunidade, então sempre aparecem novas pessoas para participar dos debates e alguns se interessam em assinar o Clube do Livro”, explica Daniel.

Nos encontros, já foram debatidos livros como “As veias abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano; “Agronegócio e indústria cultural”, de Ana Manuela Chã; “A reforma empresarial da educação – Nova direita, velhas ideias”, de Luiz Carlos de Freitas e “Amazônia – riqueza, destruição e saque”, de Gilberto de Souza Marques. O próximo encontro do grupo acontece no dia 3 de junho. As leituras da vez serão “Apontamentos para a teoria do autoritarismo” e “Reflexões sobre a construção de um instrumento político” do sociólogo e político Florestan Fernandes. O encontro inicia às 19h na Biblioteca Pública Municipal Barão de Mauá, que fica na Av. dos Três Poderes, 872, Centro.

Edição: Monyse Ravenna

CARLOS MOTTA: MUITA FESTA PARA OS 80 ANOS DE RICARDO TACUCHIAN

Maio 28, 2019

Compositor e regente dos mais prestigiados do país e membro da Academia Brasileira de Música, Ricardo Tacuchian (foto) chega aos 80 anos – mais de 50 de carreira – com vitalidade sobrando e diversas comemorações ao longo do ano, desde estreias nacionais ao registro de sua obra em diversos CDs, com previsão de lançamento até o fim deste ano.

Tocada em praticamente todos os países da Europa e das Américas – cerca de 2 mil apresentações ao vivo – sua obra acaba de chegar também na China, no Quindao Grand Theatre, onde “Pimenta Malagueta” foi aplaudida de pé, no último dia 5, com a perfeita leitura do violinista Alessandro Borgomanero.

No Rio, as festividades já começarão no fim deste mês: seu “Quarteto de Cordas Nº 5” será apresentado pelo Quarteto Radamés Gnattali, no dia 31 de maio, na Sala Cecília Meireles, e, em seguida, “Cinco Miniaturas para viola e piano”, na leitura do Duo Burajiru, no Planetário da Gávea, dia 1º de junho. No dia 5 de maio, a Sala Cecília Meireles volta a ecoar sua música, no  Espaço Guiomar Novaes, com o Quarteto Kalimera apresentando o seu “Quarteto de Cordas nº 1 “Juvenil”.

Em um ano marcado por profundos cortes no meio da música clássica (e no cultural, como um todo), é de se louvar a estreia nacional de sua “Sinfonia das Florestas” na Sala Cecília Meireles, já confirmada para julho, dia 12, com a Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, sob regência de Tobias Volkmann. Escrita em 2012 em quatro movimentos para orquestra sinfônica e solo de soprano, a obra só foi apresentada fora do país, em 2013, quando teve sua estreia mundial na Espanha, pela Orquesta Sinfónica del Conservatorio Superior de Música de Castilla-León. Apesar de reportar-se às florestas brasileiras, “Sinfonia das Florestas” é, na realidade, uma metáfora de todas as florestas do mundo que correm perigo de desaparecer. Várias de suas obras exploram a temática ecológica da “Sinfonia das Florestas”, como “Dia de Chuva” (1963), “Estruturas Verdes” (1976), “Terra Aberta (1997) e “Biguás” (2009), entre outras.

Ao longo do ano, estão previstos diversos registros fonográficos de suas composições: “Pimenta Malagueta”, para violino solo, estará no CD do grupo Imago Mundi; a pianista Martha Marchena fez a gravação de “Il fait du soleil” para a Radio Nacional de Espana/Radio Clasica; o Duo Burajiru lançará um disco com sua obra completa para viola; “Gengibre” ganhará o registro no CD de Philip Doyle (trompa solo); e o saxofonista Pedro Bittencourt fará sua leitura para “Delaware Park Suite” (para saxofone e piano).

Em agosto, a Banda Sinfônica Paulista apresentará outras de suas peças, no Teatro Luiz Gonzaga, na capital paulista: “Nova Friburgo” (dobrado), “Fátima” (valsa) e “Festa de Quintal” (maxixe). Já em outubro, o Encontro Fred Schneiter de Violão deste ano, no Rio, será dedicado a Tacuchian: sua obra “Paráfrase IV” será a peça de confronto do concurso. Durante o evento, está programada a primeira audição mundial de sua “Sonata para Violão”, executada por Mario da Silva. No fim do ano, o barítono Marcelo Coutinho fará um recital integralmente dedicado à música vocal do compositor.

Ricardo Tacuchian é regente e compositor. Graduado em piano, composição e regência pela UFRJ e doutor em composição pela University of Southern California. Sua obra (com mais de 250 títulos) já foi tocada no Brasil e em praticamente todos os países da Europa e das Américas, em cerca de 2 mil apresentações ao vivo, além de programas radiofônicos, no Brasil, Estados Unidos e Europa. As principais orquestras brasileiras incluem sua obra em seus programas.

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A bibliografia geral sobre ele abrange inúmeros itens entre livros, dicionários, Llivros de referência, artigos em revistas especializadas, dissertações de mestrado e teses de doutorado, de várias partes do mundo. Seu nome é verbete do Grove Music Dictionary II (2001), do Baker’s Biographical Dictionary of Musicians, 9th edition (2000) e do Die Musik in Geschichte und Gegenwart, MGG (2007), entre outras obras internacionais.

Nas comemorações pela passagem de seus 75 anos, a Biblioteca Nacional e a Academia Brasileira de Música lançaram, respectivamente, os livros “Ricardo Tacuchian e sua Obra”, Catálogos e Notas Biográficas” (E. Higino e V. R. Peixoto, organizadoras. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2014), e “Ricardo Tacuchian e o Violão” (Humberto Amorim, Rio de Janeiro: ABM, 2014).

Sua Discografia alcança mais de 100 fonogramas em cerca de 50 diferentes CDs, inclusive gravações lançadas nos Estados Unidos, além das antigas gravações em LP (vinil). Dentre as posições que já exerceu destacam-se as de Professor Titular da UFRJ e da UniRio, professor visitante da State University of New York at Albany e da Universidade Nova de Lisboa, consejero del Centro de Estudios Brasileños de la Universidad de Salamanca,  bolsista da Capes, CNPq, Other Minds, Appolon Stiftung, Fulbright Commission e da Rockefeller Foundation.

Tacuchian regeu o maior conjunto instrumental de toda a história da música brasileira: uma banda com 2 mil instrumentistas (Rio de Janeiro: Praça da Apoteose, 15/12/1985). Foi Regente Titular da Orquestra da UniRio (2002-4) e, em 2004, regeu, na cidade do Porto, um concerto coral sinfônico, todo ele dedicado à sua própria obra. Foi eleito, em 1981, membro da Academia Brasileira de Música, da qual foi presidente em duas ocasiões. É também membro da Academia Brasileira de Arte. (Informações da assessoria de imprensa)

BRASIL DE FATO: EM PE, FESTIVAL PELA VIDA DAS MULHERES ALERTA PARA MORTE MATERNA

Maio 28, 2019

FEMINISMO

Programação acontece até 01 de junho em vários bairros do Recife e em outras cidades pernambucanas

Da Redação

Brasil de Fato | Recife (PE)

28 de Maio de 2019.

Programação tem atividades com ações reflexivas, formativas, artísticas e culturais - Créditos: Mídia Ninja
Programação tem atividades com ações reflexivas, formativas, artísticas e culturais / Mídia Ninja

Recife e outras cidades pernambucanas sediam o Festival pela Vida das Mulheres, em referência ao Dia de Nacional de Combate à Morte Materna, celebrado nesta terça (28).  A programação iniciou na segunda-feira, dia 27 de maio, e segue até 01 de junho, com ações reflexivas, formativas, artísticas e culturais. Aproveitando o período em que no Brasil se discute a morte materna como violação dos Direitos Humanos das mulheres. O evento amplia a reflexão sobre a necessidade de políticas de atenção integral à saúde sexual e reprodutiva e sobre a maternidade como uma escolha livre.

A ação é uma realização da Frente Nacional contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto – PE.  Edições do Festival também acontecem em outras cidades como Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. Exibição de filmes e vídeos, cineclube, apresentação de espetáculos, rodas de diálogo, oficinas, panfletagem e seminários integram a programação. 

 

Alguns eventos programados:

Terça-feira (28/05)

Panfletagem em escolas e roda de conversa com adolescentes  (Recife e Olinda)

20h – Roda de Diálogo no Sindicato dos Bancários.

Quarta-feira (29/05)

9h – Seminário Pela Vida das Mulheres, Auditório Ênio Guerra/ALEPE, Recife/PE.  

17h às 19h – Fórum de Serviços de Aborto Legal de Pernambuco, Madalena, Recife-PE.

Quinta-feira (30/05)

10h – Oficina Ingriane – Fórum Online pela Justiça Reprodutiva, Casa Forte, Recife-PE.

19h – Espetáculo  #MedusaMusaMulher, Espaço Jambo Azul, Soledade. Entrada R$ 5,00.

Sexta-feira (31/05)

09 às 11h30 – Cine debate no CFCH/UFPE – sala de defesa 3º Andar

– A boneca e o silêncio, de Carol Rodrigues 

– Clandestinas, de Renata Corrêa 

– Mundo Real – Utopia brasileira, do Mulheres no audiovisual PE (MAPE) 

18h – Cineclube Curta, Centro de Cultura Luiz Freire, Olinda/PE.

Sábado (01/06)

18 às 20h – Espaço Infantil com Palhaço Gambiarra e várias atividades de expressão artísticas para crianças.

20h – Apresentações de cantoras, bandas e da Batucada Feminista do FMPE

Edição: Monyse Ravenna

REDE BRASIL ATUAL: ELZA SOARES RECEBE TÍTULO DE DOUTORA HONORIS CAUSA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Maio 27, 2019
RECONHECIMENTO
Essa foi a primeira vez que uma artista mulher e negra, ligada à música popular, recebeu essa distinção na universidade. Cantora é uma das vozes mais eloquentes do país contra o racismo
   -Destaques da home, Cidadania   
FLÁVIO DUTRA

Elza arrancou aplausos da plateia quando bradou: “que minha raça se sinta orgulhosa. Sabemos o que significa estar em uma universidade. Represento aqui meus antepassados escravos com muito orgulho”

São Paulo – A cantora Elza Soares recebeu ontem (26) o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Essa foi a primeira vez que uma artista mulher e negra, ligada à música popular, recebeu essa distinção na universidade. Elza é uma das lendas da canção brasileira e uma das vozes mais eloquentes na luta contra o preconceito, a discriminação e o racismo.

De acordo com o Estatuto da Universidade, esse título é outorgado a personalidades que tenham se distinguido na vida pública ou na atuação em prol do desenvolvimento da Universidade, do progresso das ciências, das letras e das artes. E Elza Soares, segundo a universidade, preenche esses requisitos: tem-se dedicado a difundir a música popular brasileiradesde os anos 60.

“Em quase 60 anos de carreira, a compositora e cantora levou sua musicalidade e seu profissionalismo ao Brasil e ao mundo. Sua voz – negra, feminina, suingada, rasgada – representa muitas outras mulheres e homens negros do país que, mesmo nascidos e vivendo com as marcas de um processo histórico de exclusão e preconceito étnico-racial, resistem, lutam, vencem em suas carreiras e carregam outros em suas conquistas”, afirma a UFRGS em nota sobre o título, divulgada em seu portal.

A cerimônia foi interrompida várias vezes por aplausos e gritos de reconhecimento a Elza, que, muito emocionada ao receber o título, disse “não tenho muito o que falar porque estou chorando o tempo todo, e só não fico em pé porque a minha coluna não permite. Só sei dizer obrigada, obrigada, obrigada. Obrigada, meus amores”.

Elza também arrancou aplausos da plateia quando bradou: “que minha raça se sinta orgulhosa. Sabemos o que significa estar em uma universidade. Represento aqui meus antepassados escravos com muito orgulho”.

Para o reitor da UFRGS, Rui Oppermann, entregar a Elza o título de Doutora Honoris Causa representa o reconhecimento da universidade pela sua contribuição na arte e na cultura brasileira, mas é, sobretudo, “por sua posição corajosa, incisiva e intransigente na superação do racismo”.

Após a entrega da distinção, sugerida pelo Departamento de Difusão Cultural e proposta pelo Instituto de Artes, com aprovação unânime em sessão solene do Conselho Universitário da UFRGS, o compositor, ensaísta e professor José Miguel Wisnik deu sequência ao evento com uma conversa sobre o que é essencial para a vida. O diálogo trouxe uma reedição do projeto Coisas Essenciais da Vida, que em 2003 reuniu os dois artistas para falar sobre música e arte em geral. Para encerrar, dezenas de fãs aguardaram por um autógrafo da cantora em sua biografia, ‘Elza’, escrita pelo jornalista Zeca Camargo.

Com informações do portal da UFRGS

RBA: ATO NO TEATRO OFICINA E PLAYLIST NO SPOTIFY FAZEM ESQUENTA PARA FESTIVAL LULA LIVRE

Maio 27, 2019
MÚSICA E POLÍTICA
Nesta terça (28), artistas e líderes políticos fazem ato-manifesto, em São Paulo. Festival será realizado no domingo (2)
   Política
JENNIFER GLASS/DIVULGAÇÃO

Zé Celso e o Teatro Oficina, que apresentam montagem de ‘Roda Viva’ até o final de junho, recebem prévia do festival

São Paulo – A preparação para o Festival Lula Livre, marcado para o próximo domingo (2), tem um encontro com personalidades do meio artístico e político nesta terça-feira (28), em São Paulo. Um ato-manifesto reunirá artistas e personalidades políticas, no Teatro Oficina, em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O “esquenta” terá presenças de Taciana Barros, da Gang 90, Edgard Scandurra, ex-Ira, Guilherme Boulos (MTST e Frente Povo sem Medo), João Pedro Stédile (MST e Frente Brasil Popular), Erica Malunguinho (deputada estadual Psol-SP), Marianna Dias (UNE), Preta-Rara (rapper), José Celso Martinez Corrêa (dramaturgo) e Sérgio Vaz (Cooperifa), entre outros. O evento reúne diversas formas de arte e cultura para, segundo os organizadores, “somar em um grito potente pela liberdade de Lula, contra o desmonte da cultura, contra censuras de qualquer tipo”, a partir das 18h.

O Teatro Oficina é onde se encena a montagem do espetáculo Roda Viva, texto original de Chico Buarque de 1968 adaptado por José Celso Martinez Corrêa para os dias atuais – o próprio Zé Celso dirigiu o elenco de meio século atrás. A montagem contemporânea está com a temporada prorrogada até o final de junho.

“Artistas, fazedores e produtores de cultura estão na linha de tiro da mordaça e da censura que tenta impor esse governo de homens cruéis. Todas e todos nós, porém, somos também a voz de Lula. Vozes que se unem para defender a liberdade de Lula e a nossa própria – nossa liberdade de existir, de produzir, pensar, dançar, de amar”, diz a convocação.

Outro aquecimento para o evento pode ser feito por meio da plataforma de streaming Spotify. Uma playlist feita por Dj Campos reúne canções de artistas que estarão presentes no Festival Lula Livre, como Criolo, Otto, Tulipa Ruiz, Zeca Baleiro, Emicida, Fernanda Takai, Arnaldo Antunes e Chico César.

O festival ainda segue na campanha de financiamento. Dezenas de artistas doaram seu trabalho para a realização do festival e, para garantir a estrutura do evento, a organização abriu a vaquinha virtual. As doações a partir de R$ 10 podem ser feitas com cartão de crédito ou boleto bancário. Confira aqui.