Archive for Fevereiro, 2013
Photo Graphein: Misha Gordin
Fevereiro 28, 2013Devir/dançar
Fevereiro 28, 2013
Nosso devir / dançar continua seu movimento constante na descoberta da arte da dança que baila conjuntamente com outras manifestações. E neste novo ano traremos muitos mais movimentos ligados arte buliçosa dançante.
Hoje traremos a dança a partir de um cinema bastante especial e que trata metalinguisticamente a dança. Ou seja trata a dança pela dança, ou como se faz um espetáculo de dança em um fime de dança. Embora não seja um dos clássicos da dança este cinema traz um bom diretor e uma atriz que é bastante ligada a dança. Mas o melhor é as histórias parte documentais parte ficção de uma companhia de dança.
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Uma companhia de dança é mais do que uma estrutura contábil-administrativa-burocrática que deve responder a um mercado. Uma companhia de dança abarca a possibilidade criativa da produção de movimentos que na retina gerem 0 novo como possível.
Deste modo o dançarino não mantem com esta companhia uma mera relação entre burguês-proletário, patrão-empregado. Não se nega que existe em alguns casos a exploração, porém no meio desta relação empregatícia o empregado que é o artista tem toda a capacidade de não se alienar de sua força (não de trabalho, mas de criação) e modificar e ampliando sua relação com o mundo. Mesmo com uma coreografia já ensaiada o dançarin@ traz em sua leveza a produção e a cada espetáculo atualiza afetivamente seu bailado.
CINESQUIZO E DEVIR/DANÇAR
ENUNCIAM
DE CORPO E ALMA
Titulo Original: The Company/ Das Company
Ano: 2003
Elenco: Neve Campbell ( Loretta ‘Ry’ Ryan), Malcolm McDowell (Alberto Antonelli), James Franco (Josh), Barbara E. Robertson (Barbara Robertson), William Dick (Edouard), Susie Cusack (Susie), Marilyn Dodds Frank (Mrs. Ryan), John Lordan ( Mr. Ryan) e dançarinos/companhia do The Joffrey Ballet of Chicago
Sinopse (Resumo da História do Filme) : Um olhar de dentro do mundo do de uma companhia de balé . O filme foi produzido com a colaboração completa do Joffrey Ballet of Chicago, que contaram histórias dos bailarinos que se transforam ao entrar em contato com a dança. Campbell interpreta Loretta “Ry”, uma talentosa mas conflituosa dançarina prestes a se tornar a estrela de uma trupe de Chicago com co-fundador da companhia e um dos coreógrafos de maior destaque no país. Josh ocupa parte do tempo de Ry como o namorado que não está envolvido com a dança.
Com uma sequência de abertura vibrante como mostra o vídeo acima, este cinema do diretor Robert Altman conta com a produção, roteiro e atuação como atriz principal da canadense Neve Campbell. A primeira vista pode-se questionar o porque de Altman colocar uma história Neve Campbell, uma atriz com uma carreira hollywoodiana com filmes industrialmente péssimo (desculpem a redundância) como Panico, em uma de suas últimas produções? Foi um equívoco? Não.
Talvez sabendo que Campbell desde criança foi bailarina se juntando inclusive ao National Ballet School of Canada, porém não pode seguir carreira por diversas lesões como a retirada de um joanete de seu dedão e problemas nas juntas. Daí mais uma vez pode-se questionar se a escolha de Altman não foi para deixar ilusoriamente um sonho de Campbell ser encenado e tornado realidade em uma grande companhia de balé. Mais uma vez errado. Neve realmente teve uma carreira não muito cativante como atriz porém ela passou neste cinema o amor pela dança, este mundo mágico (e real) que cria e destroi realidades. Não é nenhuma forma de tentar reviver a ilusão. Tanto que mesmo não se tornando uma bailarina profissional, Neve continuou durante sua carreira de atriz se dedicando a dança e indo para a barra do batente, algo que fica claro em sua performance excelente como bailarina nas cenas.
A Companhia é bem mais do que o espaço físico ou suas decisões. A companhia de dança é um corpo não estático que utiliza de seus elementos e planos de ação a partir do talento dos coreografos e bailarinos para a produção.
De fato o trabalho de Altman/Campbell é quase (no sentido de sua amplitude de situações) um documento sobre o cotidiano produzido em uma grande companhia de Ballet. Vemos diversas situações comuns como desentendimentos do diretor da companhia com coreografos por causa de uma parte da coreografia, famílias de dançarinos que se desentendem devido a troca nos papéis, coreografos que tem que mudar o espetáculo pois o diretor da companhia gentilmente mostra que o sonho do coreógrafo tem de ser feito, mas com certas modificações que sejam rentáveis pela companhia, etc.
Em uma das cenas vemos uma bailarina que quebra (ou ao menos sofre uma lesão grave) com seu pé após um salto. Ao sentir a ausência de apoio e já percebendo que perderia o papel ocorre a inevitável queda. Porém além da queda física há a queda da produção seguida do medo de não poder mais dançar. Os presentes ficam sem reação. Altman coloca a câmara em um plongée, mostrando do alto a bailarina que se torna pequena. Seus pensamentos, frustrações a levam para cima da realidade que se impôs. Os spots de luz ainda focam a bailarina cuja a formosura esta rente ao chão.
Por ser uma dança de movimentos precisos, no balé erros podem ser onerosos a uma carreira de anos. A bailarina aceita seus limites porém é constantemente forçada a ultrapassa-los. É necessário uma tênue linha entre a prudência e a ousadia. Dançar se jogando no escuro abismo do palco que recebe quem dança e aguarda os acasos de seus passos.
Quando aparece a cena da primeira apresentação quando Ry dança sentimos na dança que ocorre durante a tempestade o sentimento leve da bailarina, que entrega todo o seu corpo a dança das ondas, assim como o marinheiro entrega a vida e solta o remo durante a tempestade.
Nesta forma livre, seguindo apenas os movimentos coreográficos do mar, a bailarina pode se entregar a criar movimentos que se intercalem e faça ela sentir toda ao furor da arte que circula dentro de si.
No espetáculo final vemos que entre as tomadas do palco aparecem a camera em travelling pelas coxias e durante toda esta parte dos “bastidores” ouvimos a composição de vozes, e movimentos dos produtores, cenografos, técnicos, sonoplastas para que o espetáculo continue vivo no coração do palco. Assim Altman nos envolve nestas periferias que não se ve da plateia, mostrando que assim como a companhia os espetáculos são um todo dinâmico, vivo que nasce de ideias que vai envolvendo todo o corpo da companhia e se torna real nos movimentos artísticos dos corpos dos bailarinos.
Kinemasófico: O mundo dos pequeninos
Fevereiro 27, 2013O kinemasofico deste domingo reuniu com muita alegria as crianças e jovens do Novo Aleixo em Manaus em um novo kinemasóficos. E desta vez houve uma festa de aniversário do presidente afinado para as crianças e como cinema deste encontro foi projetado as imagens novas da nova produção do Studio Ghibli no cinema
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O Kinemasófico é um vetor cinematográfico que a Afin realiza todos os domingos à boca da noite, contando com um curso artístico (teatro, cinema…), sempre com a apresentação ao final da atividade de um cinema. Mais informações, clique aqui.
Tréplicas, réplicas…
Fevereiro 27, 2013Ache as 70 milhões de tréplicas…
Eram três mil violas a bordo…
Fevereiro 25, 2013…quando chegaram:
três mil violas e ainda poucas
para chorar saudades de Portugal e poucas
para o canto que me espuma no sangue
porque mi corazón de trovar non se quita
herdei todas as violas
são minhas as violas
são minhas as guitarras, os violões
a harmônica de Gesú Mello, a rabeca de Josa e a flauta
e o berimbau que Pedro Simão tocava nos dentes em Ipueiras
são minhas as violas: no formal de partilha me tocaram
três mil violas da maruja e me tocaram
as saudades e as penas de amor e o desafio
e a gemedeira
do bojo delas
e a louvação dos valentes;
e três mil violas não bastam
para o canto dos machos à janela das fêmeas
no pais dos Mourões:
!que poucas
para a endeixa de amor que ao teu ouvido
mi corazón
de trovar non se quita!
Gerardo Mello Mourão n’O País dos Mourões, 1972
Photo graphein: Karen Kuehn
Fevereiro 25, 2013A música nordestina de Jorge Mello do repente a canção
Fevereiro 24, 2013
Dos United States of Piauí para todos os continentes mostrando que a arte brasileira tem que ir pra toda gente, seja ela mais comum, ou então bem diferente, tocando em um bom baião, o xote que vem no matulão, cordel, coco, maracatu, rojão martelando o repente
A Palestina vai ao Oscar. E é detida no aeroporto
Fevereiro 23, 2013O filme palestino ‘5 Broken Cameras’ é um dos indicados ao Oscar de melhor documentário estrangeiro. Mas seu diretor, Emad Burnat, a esposa Soraya e o filho Gibril foram detidos na terça (19) ao desembarcarem no aeroporto de Los Angeles, onde participariam da premiação. Acabaram levados para uma área fechada nas dependências do aeroporto e submetidos a interrogatório.
Baby Siqueira Abrão para Carta Maior
Emad Burnat, diretor de ‘5 Broken Cameras’ [5 câmeras quebradas], filme indicado ao Oscar de melhor documentário estrangeiro, foi detido na noite de 19 de fevereiro ao desembarcar no aeroporto de Los Angeles, Califórnia, para participar da festa do cinema de Hollywood. Ele, a esposa Soraya e o filho Gibril, de 8 anos – que também participam do filme –, foram levados para uma área fechada nas dependências do aeroporto e submetidos a interrogatório. Segundo as autoridades de imigração, Emad não tinha em seu poder o “convite apropriado para o Oscar”, seja lá o que isso for.
Emad enviou uma mensagem, pelo celular, a Michael Moore, o polêmico documentarista de ‘Tiros em Colombine’, ‘Fahrenheit 11 de setembro’ (filme que questiona a versão oficial do atentado ao World Trade Center) e um dos diretores da Academia de Hollywood. Moore denunciou a detenção a seus 1,4 milhão de seguidores no Twitter e acionou o pessoal da Academia, que por sua vez contatou advogados para cuidar do caso. “Pedi a Emad que repetisse meu nome várias vezes aos oficiais da imigração e que lhes desse meus números de telefone”, disse Moore. “Parece que eles não conseguiam entender como um palestino podia ter sido indicado ao Oscar”, completou, irônico.
Moore também deixou claro que faria o que estivesse a seu alcance para impedir a deportação que ameaçava a família Burnat. E foi bem-sucedido, porque uma hora e meia depois eles foram libertados. “Mas só poderão ficar em Los Angeles uma semana, até o Oscar”, esclareceu Moore. E, de novo com ironia, acrescentou: “Bem-vindos aos Estados Unidos!”
Para Emad, a detenção não é nenhuma novidade. “Quando se vive sob ocupação militar, sem nenhum direito, esse é um acontecimento diário”, declarou. O filme ‘5 Broken Cameras’ é o resultado de sete anos de trabalho de Emad, que comprou a primeira câmera quando Gibril nasceu e passou a registrar tudo o que acontecia em sua vila natal, Bil’in, na Cisjordânia sob ocupação militar de Israel. Ajudado pelo israelense Guy Davidi, que esteve ao lado da resistência de Bil’in desde os primeiros dias, foi responsável pelo pós-roteiro de ‘5 Broken Cameras’ e figura como codiretor, Emad fez um documento fundamental para a compreensão, pelo público externo, do cotidiano palestino sob ocupação. O título do filme faz referência às cinco câmeras que o exército israelense inutilizou ao atingi-las com tiros. Numa dessas ocasiões o equipamento salvou a vida do diretor – a câmera deteve a bala atirada na direção da cabeça de Emad.
Cineasta por acaso – e por necessidade
Emad Burnat nunca pensou em se tornar cineasta. Foi a necessidade de registrar a ocupação – para proteger os vizinhos, pois os soldados, receosos de um dia enfrentar o Tribunal Penal Internacional, evitam agir com muita violência diante das câmeras –, de mostrar ao mundo, pela internet, a realidade na Palestina, até poucos anos atrás oculta pela narrativa sionista, e de ter provas para apresentar aos tribunais de Israel, aos quais o exército conta histórias implausíveis mas levadas a sério, que levaram Emad a filmar.
Ele comprou sua primeira câmera em 2005, ano do nascimento de Gibril, para gravar seu crescimento e a vida em família. Mas era impossível limitar-se a temas domésticos numa vida sob ocupação militar. As incursões noturnas dos soldados, os ataques aos moradores durante as manifestações não violentas, as prisões, as invasões dos colonos, a construção do primeiro muro e seu desmantelamento em 2011, bem como a execução do segundo muro, tudo era muito impactante no cotidiano de Bil’in e merecia ser registrado.
Essa opinião era compartilha por Guy Davidi, professor de cinema, que em 2005 passou a ir com frequência à vila palestina e chegou a morar lá por alguns meses, para sentir como era viver sob ocupação. Guy produziu alguns curtas sobre Bil’in, onde filmou, entre 2005 e 2008, ‘Interrupted streams’ [‘Fluxos interrompidos’], sobre o confisco das fontes de água palestinas por Israel. Muitas vezes Emad e Guy filmavam juntos as manifestações, os ataques dos soldados, as detenções. Corriam os mesmos riscos. Tornaram-se amigos.
Foi ao longo desses anos que Emad começou a pensar em reunir seu material num longa-metragem sobre a resistência em Bil’in. Estimulado pela família, pelos amigos e por Guy, ele conseguiu tocar o projeto. Só não esperava o sucesso que se seguiu ao lançamento. Cineasta por intuição, Emad ganhou o respeito e a admiração de seus pares ao redor do mundo.
Referência ao Brasil e vários prêmios
Uma das cinco câmeras quebradas exibe um adesivo da bandeira brasileira, símbolo também presente na porta da casa da família Burnat, em Bil’in – um modo de demonstrar o carinho que eles sentem por nosso país. Soraya, esposa de Emad, é palestina criada no Brasil. O casal e os filhos mais velhos falam um português impecável e sem sotaque.
‘5 Broken Cameras’ é o primeiro filme palestino a concorrer a um Oscar. Além de muito elogiado pela crítica, vem tendo uma trajetória de sucesso em todo o mundo. Em 2012, foi indicado para o ‘Asian Pacific Screen Award’ e ganhou o prêmio de melhor documentário no ‘Jerusalem Film Festival’; o de melhor diretor de documentário no Sundance (também foi indicado para o Grande Prêmio do Júri desse festival), nos Estados Unidos, e o Busan Cinephile, do Busan International Film Festival, da Coreia. Em 2011 recebeu o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio Especial do Público no International Documentary Film Festival Amsterdam (IDFA), na Holanda. A. O. Scott, crítico de ‘The New York Times’, considerou-o uma “comovente e rigorosa obra de arte”.
Ele tem razão. No documentário, com sensibilidade, Emad funde sua vida e a de sua família com a história da ocupação de Bil’in. É uma história comum à maioria dos milhões de palestinos que nasceram nos hoje dezenas de vilarejos – eram mais de 500 antes que os sionistas os tomassem à força, nos anos 1940 – que circundam as 11 cidades da Cisjordânia, compondo as regiões distritais daquela parte do Estado da Palestina.
Com texto de Guy Davidi, e narrado por Emad, o filme nos conduz pelas belas paisagens de Bil’in, mostrando a chegada dos agrimensores israelenses para a medição das terras que seriam confiscadas; as reuniões entre os moradores e o pessoal do grupo Anarquistas Contra o Muro, de Israel, que conseguiu o mapa com o traçado do muro e se uniu aos bilainenses para boicotá-lo; os primeiros enfrentamentos com o exército israelense; as prisões, a progressão dos desafios e da violência, a consolidação da resistência, o apoio internacional à luta não violenta de Bil’in.
Há cenas geniais, como a do grupo de moradores que barra o avanço dos soldados na área urbana da vila com instrumentos de percussão improvisados, numa “bateria” ruidosa e criativa. Há também cenas difíceis, em que Emad se vê obrigado a filmar a prisão dos irmãos e de um vizinho, um menino, e cenas trágicas, como o assassinato de Bassem Abu-Rahmah, o Fil, até aquele momento um dos líderes da resistência e um dos protagonistas do filme. A sequência é dolorosa, embora o público seja poupado das tomadas mais dramáticas.
O documentário leva o público a participar do cotidiano de Bil’in e a vivenciar um pouco do que significa estar submetido a uma ocupação militar. Trata-se de documento histórico, denúncia viva dos abusos cometidos pelo exército sionista. Por isso mesmo, a cena em que o pequeno Gibril, mal se sustentando em seus primeiros passos, oferece um ramo de oliveira a um dos soldados israelenses – que o aceita, com um sorriso culpado e sem jeito – surpreende e enternece. Num momento assim não há como deixar de questionar o mal que os sionistas têm feito aos seres humanos que vivem de um lado e de outro do muro. Não fossem eles, provavelmente palestinos de todas as religiões teriam continuado a conviver em harmonia na Palestina histórica. Os inimigos e a discórdia vieram de fora. Será possível neutralizá-los e resgatar a antiga harmonia, dessa vez juntando ao antigo grupo os cidadãos de Israel, como propõem palestinos e israelenses que defendem a existência de um único Estado, democrático e secular, com direitos iguais para todos?
O impacto nos jovens de Israel
É difícil responder a essa indagação sem levar em conta as alianças do sionismo e seu papel decisivo nas finanças internacionais, na indústria bélica e na tecnologia nuclear. O movimento praticamente domina os setores estratégicos sobre os quais se desenrola o teatro do mundo. É ele que cuida do caixa, do lucro, da produção e do roteiro do espetáculo. Por isso, o combate não se restringe à ação dos sionistas na Palestina. Eles se espalham cada vez mais, controlando governos, territórios e ramos de atividades nos cinco continentes.
Mas é em Israel que seu controle se estende a toda a sociedade. Lá, o sistema educacional garante apoio e submissão aos princípios sionistas nesta e nas futuras gerações. Assim, quem nasce em Israel aprende, desde a infância, que os palestinos são “árabes que vivem em território israelense” – e inimigos. A maior parte dos livros didáticos faz pouca referência à Palestina – nos mapas, por exemplo, Cisjordânia e Gaza são mostradas como território de Israel – e a sua história. A grande maioria dos jovens israelenses não sabe que seu país ocupa outro, e tem de seu exército uma visão heroica e romântica, fabricada pela propaganda sionista.
Contribui para essa ilusão um programa muito comum nos feriados e nos fins de semana em Israel: os pais costumam levar os filhos pequenos a locais onde são expostos equipamentos de guerra, que as crianças podem experimentar, e veículos nos quais elas entram e fingem controlar. Tudo sob o olhar complacente da família e diante das explicações de jovens soldadas e soldados. Para entender como essa indústria da violência funciona, assista ao vídeo produzido pelo israelense Itamar Rose: http://youtu.be/Qp67KehlVGU.
Não é de admirar, portanto, que as crianças de Israel desenvolvam a ideia de que a solução de seus problemas – ou daquilo que lhes é ensinado como “problema” – passa pela via militar. Foi para desfazer essa crença que Guy Davidi decidiu mostrar ‘5 Broken Cameras’ a um grupo de jovens em Israel e filmar suas reações. Suas expressões, durante a exibição do documentário, dizem muito sobre a revelação de como é a vida dos palestinos: indicam surpresa, choque, consternação, revolta, compaixão.
Diante dessa experiência, Davidi resolveu elaborar um projeto maior: levar ‘5 Broken Cameras’ ao público israelense em sessões que permitam reflexões e debates sobre a ocupação, a violência imposta aos palestinos de maneira direta e aos israelenses de modo indireto, o dia a dia dos cidadãos dos dois lados do muro, o próprio muro, o questionamento ao papel do exército e à ideologia dos soldados – que, como eu mesma pude comprovar nas muitas conversas que travei com eles, têm dos palestinos e dos árabes uma imagem deturpada, assimilada em uma existência inteira de educação dirigida e controlada. Conheça a surpreendente experiência de Guy Davidi com os jovens israelenses: http://youtu.be/i1wEszQYEzg.
Será que a arte pode promover compreensão e tolerância, aproximando duas populações separadas pela agenda bélica e expansionista das autoridades sionistas? Será que a mudança necessária pode começar da base de ambas as sociedades, as únicas instâncias portadoras de legitimidade para isso? É uma aposta ousada, a dos diretores de ‘5 Broken Cameras’. Aguardemos os resultados.