Archive for Fevereiro, 2013

Photo Graphein: Misha Gordin

Fevereiro 28, 2013

Misha Gordin human agony

Devir/dançar

Fevereiro 28, 2013

Nosso devir / dançar continua seu movimento constante na descoberta da arte da dança que baila conjuntamente com outras manifestações. E neste novo ano traremos muitos mais movimentos ligados arte buliçosa dançante.

Hoje traremos a dança a partir de um cinema bastante especial e que trata metalinguisticamente a dança. Ou seja trata a dança pela dança, ou como se faz um espetáculo de dança em um fime de dança. Embora não seja um dos clássicos da dança este cinema traz um bom diretor e uma atriz que é bastante ligada a dança. Mas o melhor é as histórias parte documentais parte ficção de uma companhia de dança.

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Uma companhia de dança é mais do que uma estrutura contábil-administrativa-burocrática que deve responder a um mercado. Uma companhia de dança abarca a possibilidade criativa da produção de movimentos que na retina gerem 0 novo como possível.

Deste modo o dançarino não mantem com esta companhia uma mera relação entre burguês-proletário, patrão-empregado. Não se nega que existe em alguns casos a exploração, porém no meio desta relação empregatícia o empregado que é o artista tem toda a capacidade de não se alienar de sua força (não de trabalho, mas de criação) e modificar e ampliando sua relação com o mundo. Mesmo com uma coreografia já ensaiada o dançarin@ traz em sua leveza a produção e a cada espetáculo atualiza afetivamente seu bailado.

CINESQUIZO E DEVIR/DANÇAR

ENUNCIAM

DE CORPO E ALMA

The company Robert Altman 2003 The Joffrey Ballet of Chicago 4

Titulo Original: The Company/ Das Company

Ano: 2003

Elenco: Neve Campbell ( Loretta ‘Ry’ Ryan), Malcolm McDowell (Alberto Antonelli), James Franco (Josh), Barbara E. Robertson (Barbara Robertson), William Dick (Edouard), Susie Cusack (Susie), Marilyn Dodds Frank (Mrs. Ryan), John Lordan ( Mr. Ryan) e dançarinos/companhia do The Joffrey Ballet of Chicago

Diretor: Robert Altman

País: Estados Unidos/Alemanha
Duração :112 minutos
The company Robert Altman 2003 The Joffrey Ballet of Chicago

Sinopse (Resumo da História do Filme) : Um olhar de dentro do mundo do de uma companhia de balé . O filme foi produzido com a colaboração completa do Joffrey Ballet of Chicago, que contaram histórias dos bailarinos que se transforam ao entrar em contato com a dança. Campbell interpreta Loretta “Ry”, uma talentosa mas conflituosa dançarina prestes a se tornar a estrela de uma trupe de Chicago com co-fundador da companhia e um dos coreógrafos de maior destaque no país. Josh ocupa parte do tempo de Ry como o namorado que não está envolvido com a dança.

Com uma sequência de abertura vibrante como mostra o vídeo acima, este cinema do diretor Robert Altman conta com a produção, roteiro e atuação como atriz principal da canadense Neve Campbell. A primeira vista pode-se questionar o porque de Altman colocar uma história Neve Campbell, uma atriz com uma carreira hollywoodiana com filmes industrialmente péssimo (desculpem a redundância) como Panico, em uma de suas últimas produções? Foi um equívoco? Não.

Talvez sabendo que Campbell desde criança foi bailarina se juntando inclusive ao National Ballet School of Canada, porém não pode seguir carreira por diversas lesões como a retirada de um joanete de seu dedão e problemas nas juntas. Daí mais uma vez pode-se questionar se a escolha de Altman não foi para deixar ilusoriamente um sonho de Campbell ser encenado e tornado realidade em uma grande companhia de balé. Mais uma vez errado. Neve realmente teve uma carreira não muito cativante como atriz porém ela passou neste cinema o amor pela dança, este mundo mágico (e real) que cria e destroi realidades. Não é nenhuma forma de tentar reviver a ilusão. Tanto que mesmo não se tornando uma bailarina profissional, Neve continuou durante sua carreira de atriz se dedicando a dança e indo para a barra do batente, algo que fica claro em sua performance excelente como bailarina nas cenas.

The company Robert Altman 2003 The Joffrey Ballet of Chicago 2

A Companhia é bem mais do que o espaço físico ou suas decisões. A companhia de dança é um corpo não estático que utiliza de seus elementos e planos de ação a partir do talento dos coreografos e bailarinos para a produção.

De fato o trabalho de Altman/Campbell é quase (no sentido de sua amplitude de situações) um documento sobre o cotidiano produzido em uma grande companhia de Ballet. Vemos diversas situações comuns como desentendimentos do diretor da companhia com coreografos por causa de uma parte da coreografia, famílias de dançarinos que se desentendem devido a troca nos papéis, coreografos que tem que mudar o espetáculo pois o diretor da companhia gentilmente mostra que o sonho do coreógrafo tem de ser feito, mas com certas modificações que sejam rentáveis pela companhia, etc.

The company Robert Altman 2003 The Joffrey Ballet of Chicago 5

Em uma das cenas vemos uma bailarina que quebra (ou ao menos sofre uma lesão grave) com seu pé após um salto. Ao sentir a ausência de apoio e já percebendo que perderia o papel ocorre a inevitável queda. Porém além da queda física há a queda da produção seguida do medo de não poder mais dançar. Os presentes ficam sem reação. Altman coloca a câmara em um plongée, mostrando do alto a bailarina que se torna pequena. Seus pensamentos, frustrações a levam para cima da realidade que se impôs. Os spots de luz ainda focam a bailarina cuja a formosura esta rente ao chão.

Por ser uma dança de movimentos precisos, no balé erros podem ser onerosos a uma carreira de anos. A bailarina aceita seus limites porém é constantemente forçada a ultrapassa-los. É necessário uma tênue linha entre a prudência e a ousadia. Dançar se jogando no escuro abismo do palco que recebe quem dança e aguarda os acasos de seus passos.

The company Robert Altman 2003 The Joffrey Ballet of Chicago 3

Quando aparece a cena da primeira apresentação quando Ry dança sentimos na dança que ocorre durante a tempestade o sentimento leve da bailarina, que entrega todo o seu corpo a dança das ondas, assim como o marinheiro entrega a vida e solta o remo durante a tempestade.

Nesta forma livre, seguindo apenas os movimentos coreográficos do mar, a bailarina pode se entregar a criar movimentos que se intercalem e faça ela sentir toda ao furor da arte que circula dentro de si.

No espetáculo final vemos que entre as tomadas do palco aparecem a camera em travelling pelas coxias e durante toda esta parte dos “bastidores” ouvimos a composição de vozes, e movimentos dos produtores, cenografos, técnicos, sonoplastas para que o espetáculo continue vivo no coração do palco. Assim Altman nos envolve nestas periferias que não se ve da plateia, mostrando que assim como a companhia os espetáculos são um todo dinâmico, vivo que nasce de ideias que vai envolvendo todo o corpo da companhia e se torna real nos movimentos artísticos dos corpos dos bailarinos.

Kinemasófico: O mundo dos pequeninos

Fevereiro 27, 2013

O kinemasofico deste domingo reuniu com muita alegria as crianças e jovens do Novo Aleixo em Manaus em um novo kinemasóficos. E desta vez houve uma festa de aniversário do presidente afinado para as crianças e como cinema deste encontro foi projetado as imagens novas da nova produção do Studio Ghibli no cinema

O MUNDO DOS PEQUENINOS

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Título Original: Kari-gurashi no Arietti (The secret world of Arriety)
Ano: 2012 (Melhor animação no Awards of Japan Academy, OFCS Award, Chicago Film Critics Association, Golden Trailer)

Diretor: Hiromasa Yonebayashi
Personagens: Os pequeninos Arrieti,  Pod, Spiller, os humanos Shawn, Haru, gatos, natureza.

País: Japão

Duração : 94 minutos

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Sinopse (Resumo da História do Filme) : Arriety é uma pequenina que mora com sua família dentro da casa de um humano. Por serem muito pequeninos eles temem ser vistos pelos humanos e sobrevivem de pequenos objetos que os humanos deixam pela casa, daí serem conhecidos como pegadores. Na primeira coleta de Arriety com o pai ela é vista por um jovem humano, o garoto Shawn, que é muito solitário e em breve fará uma cirurgia para tratar uma doença no coração. Mesmo sabendo que é perigoso a pequenina insiste em uma conhecer e ser amiga deste humano, e nesta tentativa passará por muitas aventuras. Será que esta amizade desproporcional vai dar certa, e mostrar que o amigo supera todas as barreiras?
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O Kinemasófico é um vetor cinematográfico que a Afin realiza todos os domingos à boca da noite, contando com um curso artístico (teatro, cinema…), sempre com a apresentação ao final da atividade de um cinema. Mais informações, clique aqui.

Tréplicas, réplicas…

Fevereiro 27, 2013

Ache as 70 milhões de tréplicas…

PRODUÇÃO COLETIVA ARTE OCUPA MANAUS DEVOLVE A PRAÇA AO PÚBLICO

Fevereiro 26, 2013

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A não-cidade de Manaus sempre foi governada por pessoas tristes que tentaram e continuam tentando de todas as formas manter a população resignada e improdutiva. As produções pseudo (ou somente e raramente) artísticas foram sempre direcionadas a uma cultura-valor (aquela que adiciona valor aos que tem acesso a ela, em uma relação social de poder como expõe Guattari) para uma classe mediana e improdutiva.

Como já discutimos anteriormente Manaus é uma não cidade pois dificilmente se encontra artistas, vemos apenas aqueles que são dependentes do Estado para produzir suas pirações. Assim os poucos se mostram interessados muitas vezes esbarram nesta realidade deprimente e não conseguem ir muito adiante.

Porém quando diversas pessoas da sociedade civil organizada, cidadãos comuns como qualquer outro decide deixar esta realidade opressora de lado, acreditar na sua capacidade produtora independente de qualquer auxilio do estado e ir para a rua mostrar sua arte, sua voz, sua presença no mundo.

Esta foi a idéia do Arte Ocupa Manaus, uma ocupação de um dos espaços urbanos para que seja devolvido a produção e presença coletiva. Assim esta ocupação foi dar vida a não-cidade de Manaus que através das desadministrações políticas da cidade temos um verdadeiro cemitério a céu aberto. É só andar pelo Centro da cidade para perceber uma história de abandono da população pelos governantes e que por isto deve-se ocupar o espaço público para oxigenar as veias da não cidade.

Assim diversos grupos e artistas de rua decidiram ocupar no domingo da semana passada (17) a Praça Dom Pedro II, localizada ao redor da Antiga Prefeitura e do INSS. A recente reforma da praça com seu coreto e fontes pintados não escondem todo a deprimente realidade que a cidade se encontra, sem os serviços básicos principalmente nas quebradas do mundaréu onde estão as Zonas Norte e Leste.  Porém diversas expressões de amazonenses produtivos, que não sofrem do sentimento de inferioridade imobilizante sobre outros povos (principalmente pelos mais ativ@s paraenses, maranhenses, piauienses, etc) e nem deixam ser deglutidos pela inoperancia do governo e dos artistofastros (falsos artistas).

E rolou a moçada da capoeira, do grafite, do freestyle, do rap, do samba, da poesia, das artes plásticas, dos malabares, do circo, e muitas outras atividades artística. Conversamos com os dois propositores do evento, a ativista Renatinha Peixe-boi e o Grafiteiro Raiz, que deram o início no evento que juntou mais de 200 pessoas em um encontro gostoso, produtivo, que aumentou a potência de agir de cada um que foi para conhecer somar e multiplicar este evento que foi o primeiro de vários outros a vir.

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Eu acho que eu só consegui dá o enter nas idéias que já estavam no coração e nas idéias de muita gente, não só como em um espaço físico, mas no espaço do irreal, do intocado que está dentro de cada um, na possibilidade de fazer e ajudar de fato o irmão com coisas boas. Como por exemplo uma pintura de parede que pode modificar a vida de uma criança que está observando a arte de pintar a parede quando ela poderia está observando o cara alí fumando oxi. Então a idéia foi quando a gente veio pintar uma parede e quando a gente viu estavamos cercados pelas pessoas da comunidade, interessadas pela pintura, falando sobre as necessidades que são necessidades comuns de todo mundo: necessidade a cultura, a liberdade de expressão, de um espaço físico adequado para utilizar. Este aqui é o ponto de prostituição mais famoso da cidade, no entanto é em frente a primeira prefeitura, o prédio do INSS onde as pessoas ficam na fila pra receber um benefício. Então é mostrar que a gente não precisa de mais nada, não precisa de grandes estruturas para resolver nossos próprios problemas. Somos nós que vamos resolver os problemas, não vai ser o governo, não vai ser o dinheiro, vai ser boas ações. Só o fato de a gente estar aqui neste domingo hoje compartilhando, tenho certeza que vai nascer muita coisa boa .Pretendiamos fazer primeiro este encontro em uma mansão. A gente tava saindo de um centro cultural e foi passando na frente desta casa, a gente viu a porta aberta e pensou vamos invadir e fazer um centro cultural. Aí a gente foi entrando e vendo a grandiosidade da casa, cheia de mármore, com piscina, gigante. A gente chegou lá e pensamos em ocupar pra fazer uma exposição com o grafite, por a galera é isto aí, não tem medo de polícia, sabem muito bem dos direitos que defendem quando vão pra rua pintar. Só que a idéia foi crescendo e fomos ficando mais preocupada com a estrutura física, se poderia suportar a quantidade de pessoas. E no dia seguinte viemos aqui nesta parte de trás e a comunidade foi chegando e apreciando.” Renatinha Peixe-Boi

Os grafiteiros Hulk e Raiz

Os grafiteiros Hulk e Raiz

Os movimentos aqui em Manaus tem esperado muito das atitudes governamentais. Os skatistas não constroem mais suas rampas pra andar de skate. Então a gente reuniu esta moçada para a galera dar o que tem de melhor. E você está vendo que faltou alguns movimentos, isto por que os movimentos ainda estão fracos. Olha o grafite aí que veio, pintou tudo por que a galera realmente é independente. Mas temos que agradece a galera que fez mesmo, por que quem está aqui pra somar é a galera que temos que acreditar, tem que fortalecer, todo mundo tá tendo seu espaço aqui, isto não está custando nada, não tem nada com dinheiro, a gente está fazendo tudo na força de vontade. A gente quer mesmo é que a galera abra os olhos, por que se a gente diz que a arte salva, vamos provar isto, não vamos ficar esperando ações e atitudes de outras pessoas. E que massa que vocês estão fazendo esta entrevista, que possam divulgar, compartilhar, estar conhecendo uma galera que não conhecia pois é para promover uma união geral. Eu estou só feliz, os caras da polícia estão meio incomodados andando pra caramba, tomara que eles não pegue a galera do bomb que está fazendo uns riscos alí.” Raiz

Dando um rolê pela praça logo sentia a diversidade deste grande evento e um dos grupos que logo encheu o espaço de uma forte cultura multicentenária e história foi o pessoal da capoeira do Mestre Xangô que veio do São Jorge para mostrar esta expressão afro em conjunto com seu trabalho social e conversou com a moçada do bloguinho sobre o evento e da praça ser ocupada com arte.

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Meu nome é José Carlos, sou o Mestre Xangô, presidente e mestre do Grupo Manaus Capoeira e sou morador do bairro de São Jorge há 41 anos. Este trabalho que a moçada está fazendo aqui é uma maneira de fazer uma pequena manifestação e se direcionar as pessoas que se preocupam muito com coisas pequenas, quando tinham outras coisas a se preocupar como a cultura, a dança, a arte, como as outras manifestações que são feitas em Manaus e fora dela por amazonenses que sairam pra divulgar já que aqui não tem espaço.

Nosso trabalho é um trabalho social no bairro de São Jorge, na quadra da Igreja de São Dimas, onde a única coisa que a gente cobra todo ano é o boletim escolar, se tiver ruim no colégio não treina e só volta quando estiver melhor. E como os meninos não querem perder o espaço onde treinam eles dão 100% no colégio. Por isto eu sempre digo que você tem que estudar e manter o esporte sim e dizer sempre não as drogas, mas sem nunca discriminar ninguém. A gente tem pouca divulgação no nosso bairro. Este evento que estamos fazendo podia estar cheio por que é um trabalho gratuito e esta manifestação devia ter em toda praça pública inclusive em datas como no dia 20 de novembro [Dia da Consciência Negra] que a cada ano que se passa está diminuindo mais, as pessoas quase não estão indo pras manifestações por que não está havendo uma atividade cultural e o que tem muitas vezes não tem nada a ver com a cultura afro ou negra. Por isto dentro dos bairros, das comunidades, as praças tem que estar limpa e aberta para a cultura. Estão utilizando as praças hoje, mas não tem espaço para as crianças, que é um direito delas ao lazer, ao esporte, a cultura que está dentro do ECA. Estão enchendo as praças de brinquedos onde ninguém pode mais brincar e se quiser brincar tem que pagar, enquanto a praça é pública. E assim todas tem que estar abertas para cultura.” Mestre Xangô

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Além dos malabares que deixaram a praça com um aspecto alegre e lúdico estava presente o palhaço Curumim que encheu a praça de gargalhada da criançada e transeuntes que não resite a leveza do artista palhaço. Em uma conversa com o bloguinho o artista Rosival que recebe o palhaço Curumim falou sobre sua participação e da expressividade que este encontro tem para todos os cidadãos.

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O palhaço curumim se sente honrado de poder vim numa praça como esta que tem todo um histórico em Manaus. Histórico em prostituição, de abandono e tudo mais. Então este movimento vem exatamente para resgatar a questão do espaço público que precisa ser cuidado. Então para o palhaço Curumim é extremamente importante que além deste lugar aqui a gente poder levar para outros lugares, porque Manaus está carente disto, carente de arte. E quando a gente fala de arte não é só o palhaço, mas arte com toda sua plenitude: levar as crianças, levar as vovós, os vovôs, levar todo mundo. Manaus precisa ocupar seus espaços, colocar arte, dar vida, por que Manaus precisa de vida. Neste domingão de chuva que está maravilhoso dá vontade de a gente sair pulando por estas praças. Adoro praça e este espaço veio a calhar e este movimento é que Manaus precisa acordar. Mais importante que os grandes eventos, o poder público também precisa investir na arte lá no bairro, lá na periferia, isto está faltando, valorizar isto, enquanto expressão da comunidade. É por isto que eu sou palhaço e é por isto que eu sou mambembe para ir a outros lugares.” Palhaço Curumim

A moçada do grafite se fez presente em mais um encontro artístico que contou com mais de 20 grafiteiros e considerados do Bomb com gente da antiga como Buiu, Rogério Arab, Paradise, Blur, Mega, e vários outros. Abaixo vemos um registro histórico da moçada com alguns grafiteiros que estiveram presentes desde o início do evento e que sempre trocaram suas experiências, amizade e estilos artísticos.

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Conversamos com alguns grafiteiros que nos falaram deste grande encontro de grafiteiros e dos mais diversos artistas urbanos.

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Eu acho muito válido em um domingo destes, ainda mais no Centro, eu amo pintar no Centro e é muito massa. Reunir toda esta galera, todo mundo aqui num domingão, sempre desenvolvendo a arte e quebrando estes mitos que arte é isto ou aquilo. Tudo é arte. Ela é vandal, é subversiva, mas é arte. Um artista se liberta, não importa o material, faz, aprende, se supera. Alguém tem que fazer os trabalhos para ficar melhor.” Paradise

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Sou o escritor Soor que estou na rua na atividade e na minha opinião é um projeto muito bom que o cara vai trabalhando. É a arte que na vista de muitas pessoas é vista como vandalismo, mas o pessoal tem que saber diferenciar o vandalismo da arte de rua, que vem da arte da cultura urbana. É uma boa reunir a galera pra pintar no final de semana, estar se distraindo e convido toda rapaziada que puder vim ver nosso trabalho. Melhor do que estar envolvido em droga nós estamos com este trabalho que está tirando muitos jovens usuários de droga e trazendo aqui para o mundo da arte” SOOR

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É bom que não é só o grafite aqui hoje como em geral é, tem todos estilos: o circo, grafite, artes plásticas. Isto no meu conhecimento é uma novidade. Bom estar mandando este grafite com a galera interagindo pra caramba, mesmo tendo só alguns espaços, a galera distanciada mas o clima está bom demais, tudo perfeito. Um dos melhores eventos da cidade e a idéia é se encontrar mais vezes durante o ano fazendo em outros lugares. ” Buiu

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Também marcaram presença o pessoal do Freestyle, estilo de rima com base no rap, onde se tem que criar as rimas na hora. Os participantes fizeram mais uma Competição de Freestyle Amazonas e mandando muito bem. Os competidores se superavam para não perderem na rima do adversário, e assim tinham que usar sua capacidade para mandar sempre uma rima melhor.

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E como a produção não parava em todos os cantos da praça muitos aproveitaram para ficar também durante a tarde, quando também foram chegando novas expressões para mostrar e trocar experiências com a rapaziada que já estava presente.

O pessoal do Mestre Xangô aproveitou para cair no samba de raiz e deixar a praça com ainda mais alacridade. Chegaram também vários poetas e mais grafiteiros que começaram a ocupar todo o Centro e seus espaços abandonados, alguns há mais de uma década.

E no agradável passeio pelo centro de Manaus vimos as cores encher Manaus da vivacidade das cores. Encontramos nesta caminhada pelos arredores do Centro as talentosas representantes  do grafite feminino e trocamos uma idéia com as belas Lori e Hippie Greeny que deixavam sua arte sobre a cinzas telas que eram transformadas em pulsações  visuais.

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Na verdade este evento foi bom por que fazia muito tempo que não rolava algo assim que reunia todo mundo pra fazer uma ação assim. E fazer aqui no centro pra todo mundo se rever por que tinha muita gente que pintava há muito tempo atrás e que já tinha dado um tempo e com este evento se empolgou de novo e aí está aqui pintando e isto é muito legal. Pra mim fazer este trabalho é deixar um pedacinho meu no muro, então o que eu sinto eu deixo alí, independente do que eu sinto ou não, se estou mais feliz ou mais triste, tudo eu deposito alí pra não descontar em ninguém. É uma forma de eu liberar um sentimento preso em mim.” Lori- Arte sem limites (ASL)

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Achei este evento muito bom por que tinha tempo que o pessoal não se encontrava. E o lugar está bem deteriorado, então dar uma cor para um muro totalmente sem vida é bem bacana. E não é só o grafite, são vários movimentos juntos, por isto acho que deveria ter mais. Participar de um evento assim é muito bom para o nosso crescimento, por que é uma coisa que vai ficar podemos fazer de novo e a gente vem retoca, faz diferente, sempre procurando evoluir. “Hippie Greeny

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Acima vemos um dos grandes nomes do grafite e do bomb manauara, o sempre presente Blur que também apareceu para expor sua arte no Centro.

Abaixo vemos diversas telas (paredes) sendo ocupadas e criando um fluxo artístico que alimenta as veias esclerosadas da não-cidade de Manaus. Alguns lugares como os interiores de uma casa abandonada, terrenos baldios serviram de suporte para que a arte penetrasse em suas estruturas já bastante empedernidas

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A arte das grafiteira Meg e Poly

O artista grafiteiro Broly

O artista grafiteiro Broly

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O estilo do bomb/grafite de Vapor

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No fim  da tarde agentes da Guarda Municipal apareceram para admoestar os grafiteiros por estarem utilizando de um espaço público e que foi relegado pelo poder público. Prédios como o antigo prédio do exército (foto acima) que se encontra há tempos abandonado e teve suas entradas cimentadas e percebe-se diversas plantas que se aproveitaram do abandono para crescerem nos espaços limites da construção.

Os agentes tentaram impor a idéia de que o ato de grafitar era vandalismo e que não tinha nenhuma diferença da pichação. O que prova o desconhecimento da lei de Crimes Ambientais que no seu artigo 65 diferencia e legaliza o grafite. O que os ocupantes estavam fazendo nada mais foi do que dar vida a um espaço afuncional e devolve-lo ao espaço público. Assim aos grafiteiros, cidadãos ativos não podem ser negado a liberdade de sua expressão artistica ainda mais como intervenção urbana.

Porém em um estado que onde a liberdade é tolida, a criação é desincentivada e os jovens marginalizados dificilmente se entenderá a expressividade do grafite e de uma produção como Arte Ocupa Manaus. Por isso mais vezes todos verdadeiros artistas que trazem seu talento ao mundo e as ruas continuarão a ocupar a cidade e novos eventos logo surgirão para que Manaus um dia possa vir a ser uma cidade, já que o possível já está dentro do coração da arte manauara.

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Eram três mil violas a bordo…

Fevereiro 25, 2013

…quando chegaram:
três mil violas e ainda poucas
para chorar saudades de Portugal e poucas
para o canto que me espuma no sangue
porque mi corazón de trovar non se quita
herdei todas as violas
são minhas as violas
são minhas as guitarras, os violões
a harmônica de Gesú Mello, a rabeca de Josa e a flauta
e o berimbau que Pedro Simão tocava nos dentes em Ipueiras
são minhas as violas: no formal de partilha me tocaram
três mil violas da maruja e me tocaram
as saudades e as penas de amor e o desafio
e a gemedeira
do bojo delas
e a louvação dos valentes;
e três mil violas não bastam
para o canto dos machos à janela das fêmeas
no pais dos Mourões:
!que poucas
para a endeixa de amor que ao teu ouvido
mi corazón
de trovar non se quita!

Gerardo Mello Mourão n’O País dos Mourões, 1972

Photo graphein: Karen Kuehn

Fevereiro 25, 2013

Karen Kuehn2

A música nordestina de Jorge Mello do repente a canção

Fevereiro 24, 2013

 

 

 

 

 

 

Dos United States of Piauí para todos os continentes  mostrando que a arte brasileira tem que ir pra toda gente, seja ela mais comum, ou então bem diferente, tocando em um bom baião, o xote que vem no matulão, cordel, coco, maracatu, rojão martelando o repente

A Palestina vai ao Oscar. E é detida no aeroporto

Fevereiro 23, 2013

O filme palestino ‘5 Broken Cameras’ é um dos indicados ao Oscar de melhor documentário estrangeiro. Mas seu diretor, Emad Burnat, a esposa Soraya e o filho Gibril foram detidos na terça (19) ao desembarcarem no aeroporto de Los Angeles, onde participariam da premiação. Acabaram levados para uma área fechada nas dependências do aeroporto e submetidos a interrogatório.

Baby Siqueira Abrão para Carta Maior

Emad Burnat, diretor de ‘5 Broken Cameras’ [5 câmeras quebradas], filme indicado ao Oscar de melhor documentário estrangeiro, foi detido na noite de 19 de fevereiro ao desembarcar no aeroporto de Los Angeles, Califórnia, para participar da festa do cinema de Hollywood. Ele, a esposa Soraya e o filho Gibril, de 8 anos – que também participam do filme –, foram levados para uma área fechada nas dependências do aeroporto e submetidos a interrogatório. Segundo as autoridades de imigração, Emad não tinha em seu poder o “convite apropriado para o Oscar”, seja lá o que isso for.

Emad enviou uma mensagem, pelo celular, a Michael Moore, o polêmico documentarista de ‘Tiros em Colombine’, ‘Fahrenheit 11 de setembro’ (filme que questiona a versão oficial do atentado ao World Trade Center) e um dos diretores da Academia de Hollywood. Moore denunciou a detenção a seus 1,4 milhão de seguidores no Twitter e acionou o pessoal da Academia, que por sua vez contatou advogados para cuidar do caso. “Pedi a Emad que repetisse meu nome várias vezes aos oficiais da imigração e que lhes desse meus números de telefone”, disse Moore. “Parece que eles não conseguiam entender como um palestino podia ter sido indicado ao Oscar”, completou, irônico.

Moore também deixou claro que faria o que estivesse a seu alcance para impedir a deportação que ameaçava a família Burnat. E foi bem-sucedido, porque uma hora e meia depois eles foram libertados. “Mas só poderão ficar em Los Angeles uma semana, até o Oscar”, esclareceu Moore. E, de novo com ironia, acrescentou: “Bem-vindos aos Estados Unidos!”

Para Emad, a detenção não é nenhuma novidade. “Quando se vive sob ocupação militar, sem nenhum direito, esse é um acontecimento diário”, declarou. O filme ‘5 Broken Cameras’ é o resultado de sete anos de trabalho de Emad, que comprou a primeira câmera quando Gibril nasceu e passou a registrar tudo o que acontecia em sua vila natal, Bil’in, na Cisjordânia sob ocupação militar de Israel. Ajudado pelo israelense Guy Davidi, que esteve ao lado da resistência de Bil’in desde os primeiros dias, foi responsável pelo pós-roteiro de ‘5 Broken Cameras’ e figura como codiretor, Emad fez um documento fundamental para a compreensão, pelo público externo, do cotidiano palestino sob ocupação. O título do filme faz referência às cinco câmeras que o exército israelense inutilizou ao atingi-las com tiros. Numa dessas ocasiões o equipamento salvou a vida do diretor – a câmera deteve a bala atirada na direção da cabeça de Emad.

Cineasta por acaso – e por necessidade

Emad Burnat nunca pensou em se tornar cineasta. Foi a necessidade de registrar a ocupação – para proteger os vizinhos, pois os soldados, receosos de um dia enfrentar o Tribunal Penal Internacional, evitam agir com muita violência diante das câmeras –, de mostrar ao mundo, pela internet, a realidade na Palestina, até poucos anos atrás oculta pela narrativa sionista, e de ter provas para apresentar aos tribunais de Israel, aos quais o exército conta histórias implausíveis mas levadas a sério, que levaram Emad a filmar.

Ele comprou sua primeira câmera em 2005, ano do nascimento de Gibril, para gravar seu crescimento e a vida em família. Mas era impossível limitar-se a temas domésticos numa vida sob ocupação militar. As incursões noturnas dos soldados, os ataques aos moradores durante as manifestações não violentas, as prisões, as invasões dos colonos, a construção do primeiro muro e seu desmantelamento em 2011, bem como a execução do segundo muro, tudo era muito impactante no cotidiano de Bil’in e merecia ser registrado.

Essa opinião era compartilha por Guy Davidi, professor de cinema, que em 2005 passou a ir com frequência à vila palestina e chegou a morar lá por alguns meses, para sentir como era viver sob ocupação. Guy produziu alguns curtas sobre Bil’in, onde filmou, entre 2005 e 2008, ‘Interrupted streams’ [‘Fluxos interrompidos’], sobre o confisco das fontes de água palestinas por Israel. Muitas vezes Emad e Guy filmavam juntos as manifestações, os ataques dos soldados, as detenções. Corriam os mesmos riscos. Tornaram-se amigos.

Foi ao longo desses anos que Emad começou a pensar em reunir seu material num longa-metragem sobre a resistência em Bil’in. Estimulado pela família, pelos amigos e por Guy, ele conseguiu tocar o projeto. Só não esperava o sucesso que se seguiu ao lançamento. Cineasta por intuição, Emad ganhou o respeito e a admiração de seus pares ao redor do mundo.

Referência ao Brasil e vários prêmios

Uma das cinco câmeras quebradas exibe um adesivo da bandeira brasileira, símbolo também presente na porta da casa da família Burnat, em Bil’in – um modo de demonstrar o carinho que eles sentem por nosso país. Soraya, esposa de Emad, é palestina criada no Brasil. O casal e os filhos mais velhos falam um português impecável e sem sotaque.

‘5 Broken Cameras’ é o primeiro filme palestino a concorrer a um Oscar. Além de muito elogiado pela crítica, vem tendo uma trajetória de sucesso em todo o mundo. Em 2012, foi indicado para o ‘Asian Pacific Screen Award’ e ganhou o prêmio de melhor documentário no ‘Jerusalem Film Festival’; o de melhor diretor de documentário no Sundance (também foi indicado para o Grande Prêmio do Júri desse festival), nos Estados Unidos, e o Busan Cinephile, do Busan International Film Festival, da Coreia. Em 2011 recebeu o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio Especial do Público no International Documentary Film Festival Amsterdam (IDFA), na Holanda. A. O. Scott, crítico de ‘The New York Times’, considerou-o uma “comovente e rigorosa obra de arte”.

Ele tem razão. No documentário, com sensibilidade, Emad funde sua vida e a de sua família com a história da ocupação de Bil’in. É uma história comum à maioria dos milhões de palestinos que nasceram nos hoje dezenas de vilarejos – eram mais de 500 antes que os sionistas os tomassem à força, nos anos 1940 – que circundam as 11 cidades da Cisjordânia, compondo as regiões distritais daquela parte do Estado da Palestina.

Com texto de Guy Davidi, e narrado por Emad, o filme nos conduz pelas belas paisagens de Bil’in, mostrando a chegada dos agrimensores israelenses para a medição das terras que seriam confiscadas; as reuniões entre os moradores e o pessoal do grupo Anarquistas Contra o Muro, de Israel, que conseguiu o mapa com o traçado do muro e se uniu aos bilainenses para boicotá-lo; os primeiros enfrentamentos com o exército israelense; as prisões, a progressão dos desafios e da violência, a consolidação da resistência, o apoio internacional à luta não violenta de Bil’in.

Há cenas geniais, como a do grupo de moradores que barra o avanço dos soldados na área urbana da vila com instrumentos de percussão improvisados, numa “bateria” ruidosa e criativa. Há também cenas difíceis, em que Emad se vê obrigado a filmar a prisão dos irmãos e de um vizinho, um menino, e cenas trágicas, como o assassinato de Bassem Abu-Rahmah, o Fil, até aquele momento um dos líderes da resistência e um dos protagonistas do filme. A sequência é dolorosa, embora o público seja poupado das tomadas mais dramáticas.

O documentário leva o público a participar do cotidiano de Bil’in e a vivenciar um pouco do que significa estar submetido a uma ocupação militar. Trata-se de documento histórico, denúncia viva dos abusos cometidos pelo exército sionista. Por isso mesmo, a cena em que o pequeno Gibril, mal se sustentando em seus primeiros passos, oferece um ramo de oliveira a um dos soldados israelenses – que o aceita, com um sorriso culpado e sem jeito – surpreende e enternece. Num momento assim não há como deixar de questionar o mal que os sionistas têm feito aos seres humanos que vivem de um lado e de outro do muro. Não fossem eles, provavelmente palestinos de todas as religiões teriam continuado a conviver em harmonia na Palestina histórica. Os inimigos e a discórdia vieram de fora. Será possível neutralizá-los e resgatar a antiga harmonia, dessa vez juntando ao antigo grupo os cidadãos de Israel, como propõem palestinos e israelenses que defendem a existência de um único Estado, democrático e secular, com direitos iguais para todos?

O impacto nos jovens de Israel

É difícil responder a essa indagação sem levar em conta as alianças do sionismo e seu papel decisivo nas finanças internacionais, na indústria bélica e na tecnologia nuclear. O movimento praticamente domina os setores estratégicos sobre os quais se desenrola o teatro do mundo. É ele que cuida do caixa, do lucro, da produção e do roteiro do espetáculo. Por isso, o combate não se restringe à ação dos sionistas na Palestina. Eles se espalham cada vez mais, controlando governos, territórios e ramos de atividades nos cinco continentes.

Mas é em Israel que seu controle se estende a toda a sociedade. Lá, o sistema educacional garante apoio e submissão aos princípios sionistas nesta e nas futuras gerações. Assim, quem nasce em Israel aprende, desde a infância, que os palestinos são “árabes que vivem em território israelense” – e inimigos. A maior parte dos livros didáticos faz pouca referência à Palestina – nos mapas, por exemplo, Cisjordânia e Gaza são mostradas como território de Israel – e a sua história. A grande maioria dos jovens israelenses não sabe que seu país ocupa outro, e tem de seu exército uma visão heroica e romântica, fabricada pela propaganda sionista.

Contribui para essa ilusão um programa muito comum nos feriados e nos fins de semana em Israel: os pais costumam levar os filhos pequenos a locais onde são expostos equipamentos de guerra, que as crianças podem experimentar, e veículos nos quais elas entram e fingem controlar. Tudo sob o olhar complacente da família e diante das explicações de jovens soldadas e soldados. Para entender como essa indústria da violência funciona, assista ao vídeo produzido pelo israelense Itamar Rose: http://youtu.be/Qp67KehlVGU.

Não é de admirar, portanto, que as crianças de Israel desenvolvam a ideia de que a solução de seus problemas – ou daquilo que lhes é ensinado como “problema” – passa pela via militar. Foi para desfazer essa crença que Guy Davidi decidiu mostrar ‘5 Broken Cameras’ a um grupo de jovens em Israel e filmar suas reações. Suas expressões, durante a exibição do documentário, dizem muito sobre a revelação de como é a vida dos palestinos: indicam surpresa, choque, consternação, revolta, compaixão.

Diante dessa experiência, Davidi resolveu elaborar um projeto maior: levar ‘5 Broken Cameras’ ao público israelense em sessões que permitam reflexões e debates sobre a ocupação, a violência imposta aos palestinos de maneira direta e aos israelenses de modo indireto, o dia a dia dos cidadãos dos dois lados do muro, o próprio muro, o questionamento ao papel do exército e à ideologia dos soldados – que, como eu mesma pude comprovar nas muitas conversas que travei com eles, têm dos palestinos e dos árabes uma imagem deturpada, assimilada em uma existência inteira de educação dirigida e controlada. Conheça a surpreendente experiência de Guy Davidi com os jovens israelenses: http://youtu.be/i1wEszQYEzg.

Será que a arte pode promover compreensão e tolerância, aproximando duas populações separadas pela agenda bélica e expansionista das autoridades sionistas? Será que a mudança necessária pode começar da base de ambas as sociedades, as únicas instâncias portadoras de legitimidade para isso? É uma aposta ousada, a dos diretores de ‘5 Broken Cameras’. Aguardemos os resultados.

Photo Graphein: Ellen Von Unwerth

Fevereiro 22, 2013

Ellen von Unwerth Marrakech Market