Archive for the ‘Histórias musicais’ Category

EXPRESSÕES DA MÚSICA POP AFRICANA

Janeiro 14, 2015

170940_139067636153441_107355562657982_245436_4548542_oJá alguns anos, a música pop africana vem apresentando novas revelações de compositores e cantores que são considerados como importantes não só em seu continente, mas também no mundo musical internacional.

A última década confirma essa realidade como o número maior de artistas africanos ocupando importantes lugares na parada de sucesso internacional. E o fato mais importante é que a música africana tem caído no agrado popular mundial não por ser de origem de um continente ainda tido por alguns como exótico. Não, essa música africana, embora guarde alguns desses corpos, é traspassada por outros signos-musicais que se encontram em outros territórios-musicais.

O exemplo fica bem compreendido quando se escuta obras de compositores e compositoras cantadas por cantores e cantoras de Uganda, Nigéria, África do Sul, Mali, entre outros territórios, como David Adelek, Rokia Traoré, Bukola Elemide, Innocent Ujah Idibia, Peter Okoye e Paul Okoy. Goldfish, Tiwa Savage, Nneka, Radio & Weasel.

Diante dessa estética-musical-africana, esse Esquizofia decidiu apresentar, durante toda a semana, para vocês alguns vídeos onde esses artistas mostram seus talentos. Hoje começamos com a voz e a performance da nigeriana Bukola Elemide, cujo apelido é Asa, que significa em yorubá, águia, no single Dead Again.

Ouvidos e olhos despertos!

 

ODAIR JOSÉ, O CRIADOR DO ROCK PSICODÉLICO E COMCEITUAL, CANTA PARA SEXTA-FEIRA SANTA

Abril 18, 2014

Hoje, dia 18, sexta-feira santa o momento máximo do culto religioso, segundo a ordem da dogmática-sagrada, nada como apresentar um signo-musical sagrado-profano que trata desse tema da hagiografia produzida pelo cristianismo.

E ninguém melhor, no mundo urbano, para exaltar a concepção que os elementos míticos e mitológicos transcreveram historicamente do sagrado do que aquele que é conhecido como o criador do rock psicodélico e conceitual brasileiro, Odair José. Segundo personagens importantes da crítica roqueira Odair José, com seu álbum inicial O Filho de Maria e José, pode ser considerado o criador do rock psicodélico e conceitual do Brasil. Um álbum que já preconizava o que viria depois. Um dos compositores nacionais mais gravados pelos roqueiros vanguardistas.

 Odair José, apesar das opiniões preconceituosas que rondavam os meios de comunicação da década de 70, catalogando-o como “cantor das empregadas domésticas”, como coisa que essas trabalhadoras não tivessem inteligência e sentidos para opinar sobre seus interesses pessoais, foi um dos compositores mais perseguidos pela censura não só a censura do regime militar, mas também a do patrulhamento exercida por alguns ouvintes que o tomavam como cantor de puteiro. Eufemisticamente considerado cantor de lupanar. Em época de análise dos 50 anos da implantação da ditadura no país não se pode deixar de fora um olhar sobre Odair José.

Como Odair José cantava de certa forma o cotidiano, que por si só é uma forma de ditadura já que preserva o modelo comportamental da sociedade capitalística, ele teve obras suas censuradas. Os costumes de uma classe média alienada foram tocados pelo compositor. Principalmente sua falsa moral. Aí sua forma de protesto em plena a ditadura. Mesmo assim, essa classe que vive de caras e bocas, não entendia. O convincente exemplo encontra-se registrado no momento em que ele participava do Festival da Phillip. No momento em cantava “Vou tirar você desse lugar”, os alienados o vaiaram acreditando que era uma ofensa às suas ”sensibilidades”. Entretanto, Caetano Veloso, que também participava do festival promovido pela gravadora, subiu ao palco e começou a cantar junto com ele. Logo, logo os infelizes silenciaram. “Vocês merecem é violão na cara!”. Lembrança do fato que o cantor e compositor, Sérgio Ricardo, em um festival de música MPB, jogou seu violão na plateia que o vaiava.

Daí, que nessa sexta-feira, pega bem, pelo menos, mostrar uma letra que ele cantava na década de 70 e que fora muito bem propagada pelo rádio, território de comunicação verdadeiramente democrático, em virtude do som não se fechar na casa do ouvinte, mas se propagar para as casas vizinhas. Quantos não aprenderam músicas escutando o rádio da vizinha. Aliás, o rádio era o grande companheiro dos cantores antes da ditadura da televisão. E, hoje, a ditadura da internet. Vamos nessa, esquizofílico.

Na sexta-feira santa

Eu lhe procurei

Fui na sua casa

E não lhe encontrei.

Minha mãe dizia:

“Filho pode esperar

Um dia ele volta

E o mundo vai salvar”.

A onde você foi?

Cadê a sua cruz?

Venha me dizer:

Quem é você Jesus.

Inquietante e angustiante pergunta de Odair José: “Quem é você, Jesus?” Poucos sabem, porque não o querem real, mas tão somente mitificado e mistificado. Daí não poderem saber que é esse Homem. Quando Odair José se inquieta, em querer saber, é porque ele já tem uma variável que escapou do sistema que aprisionou esse Homem, Jesus.

Feliz Páscoa, moçada! 

 

O ARTISTA PAULO VANZOLINI E SUA PRODUÇÃO QUE NÃO MAIS SE ATUALIZA

Maio 1, 2013

Paulo Vanzolini Tv

“Eu sou Paulo Vanzolini / Animal de muita fama / Eu tanto corro no seco / Como na vargem de lama / Mas quando o marido chega / Me escondo embaixo da cama”

“Improvisação do Dr. Paulo Emílio Vanzolini, Diretor do Museu Zoológico de São Paulo, antes de partir mais uma vez para Harvard. (…) Profissionalmente, ele se diz apenas biólogo. Médico, jamais clinicou. Preferiu seguir pesquisando e ensinando. Pode um tal “homem das ciências” ser um bom sambista? Sem ter feito a pergunta, o Brasil inteiro ficou sabendo a resposta, quando ouviu aquele esplêndido Volta por Cima” Chico Buarque na contra-capa do primeiro LP com músicas de Vanzolini.

Artista é aquele que em sua produção cria novas formas que apenas seus olhos conseguem ver ou passam batida pelos olhos dos meros cidadãos comuns. Criar é algo essencial para o artista, que em suas produções cria pois se sente vivo fazendo isto. Pouco importa a remuneração, como diria Pessoa “O que é Necessário é criar.

Vanzolini é dono de muitas histórias. Médico, biólogo e um grande músico. A música para ele sempre foi nos momentos de alegria e construção coletiva de amizades e conhecimentos. Vanzolini foi muito além do seus grandes sucessos como Ronda, Volta por Cima, Capoeira do Arnaldo, Praça Clovis, Amor de trapo e farrapo. Paulo amava a música e usava de suas composições para jogar com a existência, com a vida boêmia, com as grandes amizades que tinha com gente de várias gerações de cidadãos, artistas, poetas, músicos, jornalistas, entre outros. 

 Vanzolini sempre usou a arte como uma produção em seu lazer e logo se tornou um expoente do samba paulista. Amigo de Marcus Pereira e Luiz Carlos Paraná frequentava o bar Jogral, do qual também era sócio. Abaixo vemos uma foto do livro de Marcus e uma descrição do amigo.

Paulo Vanzolini Jogral

“Sobre Paulo Vanzolini contavam-se histórias curiosas que ilustravam a sua polimórfica personalidade, doublé de boêmio, sambista e cientista. Paulo Vanzonlini passou a ser uma das atrações do “Jogral” [bar de Marcus Pereira, Luis Carlos Paraná e também Paulo Vanzolini]. Assíduo como poucos, Paulo saía do Museu de Zoologia do qual era diretor e ia para o “Jogral” onde cantava, participava de desafios, contava estórias e declamava, recebendo o cachê modesto de sua cachaça com gelo”  Marcus Pereira, Música: está chegando a vez do povo. A história do Jogral

Compor era uma atividade lúdica para Vanzolini que no meio de seus estudos em zoologia fazia músicas sem nunca pensar em gravar. O amante da noite teve sua primeira música gravada por Inezita Barroso, e depois uma legião de artistas gravaram sua música.

Com uma voz marcante, mas para muitos não muito bem recebida, Vanzolini conta que os próprios músicos não gostavam da ideia que ele cantasse as músicas. Seu primeiro LP foi gravado pelo embrião dos DMP, sendo um brinde de natal da Marcus Pereira Publicidade lançado como “Discos do Jogral”. Na fala abaixo Marcus Pereira como ocorreu a gravação deste que veio a ser o precussor dos Discos Marcus Pereira. 

“Paulo Vanzolini, depois dos aborrecimentos que teve com Volta por Cima, decidiu não mais gravar e divulgar seu trabalho de boca em boca. Logo depois nos conhecemos, propus fazermos um disco, ele me respondeu rispidamente. Nossas relações se estreitaram depois com o apadrinhamento do Carlos [Paraná], e eu me senti seguro para voltar ao assunto. E perguntei um dia: “Paulinho, vamos fazer um LP? E ele respondeu: “Com você faço qualquer negócio”. Como contei antes, Paulo já era legendário, sendo praticamente inédito. Suas músicas têm lugar seguro e de destaque em qualquer antologia de nossa música popular, por mais rigorosa e limitada que seja a seleção. O Carlos e eu resolvemos então gravar um disco com as músicas do Paulinho. Faltava arranjar dinheiro e eu convenci uma empresa, a “Independência S.A.”, que era cliente da minha agência a patrocinar o disco e distribuí-lo como brinde de fim de ano.  Seu diretor principal, Antônio Carlos de Paula Machado, era meu amigo e sensibilizou-se com a proposta. O que escondi de Antônio Carlos era que o brinde era muito mais para nós, para a nossa alegria, do que para os clientes da empresa dele. A produção do disco foi do Carlos, escolhemos junto o repertório e os intérpretes. […] O disco foi gravado em outubro de 1967, os arranjos foram feitos por Toquinho e Portinho, seu título é “Paulo Vanzolini, onze sambas e uma capoeira.” Do mesmo livro citado acima.

Paulo VAnzolini No rio das Amazonas

Pela gravadora Eldorado, Paulo gravou em 1981 o LP “Paulo Vanzolini por ele mesmo” onde finalmente pode soltar sua voz rouca em seus sambas e uma capoeira. Posteriormente Vanzolini lançou pouca coisa inédita, mas em 2003 a gravadora Biscoito Fino lançou a caixa com 4 cds que trazia uma grande parte de suas composições cantadas pelo próprio Vanzolini.

Agora com o fim da produção deste cientista, músico e artista, resta recordar sua boa e alegre música que sempre com humor cantou e cantará muitas existências. 

Simpósio e recitais marcam no Rio os 150 anos de nascimento de Ernesto Nazareth

Março 20, 2013

da Agência Brasil

Não importa se eles são de formação erudita ou popular, mas, para muitos músicos brasileiros de hoje, uma das influências mais marcantes é a obra do carioca Ernesto Nazareth (1863-1934), que nasceu há 150 anos, no dia 20 de março. Considerado um dos formadores da identidade musical brasileira, ao lado de Chiquinha Gonzaga e outros compositores surgidos ainda no século 19, Nazareth deixou 211 composições, muito bem elaboradas, segundo os estudiosos de sua obra.

São valsas, polcas, tangos brasileiros – que abriram caminho para o choro – e diversos outros gêneros. Jacob do Bandolim (1918-1969), um dos mestres do choro, considerava Ernesto Nazareth o Chopin brasileiro. Guardião do acervo do compositor de Odeon e Apanhei-te Cavaquinho, o Instituto Moreira Salles (IMS) comemora o aniversário com dois eventos na cidade: um recital do pianista André Mehmari, hoje (19), às 20h, e um simpósio, amanhã (20) e quarta-feira (21), com quatro painéis, às 11h30 e às 15h30.

O Simpósio Ernesto Nazareth – 150 Anos reunirá especialistas brasileiros e estrangeiros na obra do compositor e será aberto ao público, com distribuição de senhas meia hora antes de cada mesa-redonda. Os ingressos para o recital estão à venda na sede do IMS, na Rua Marquês de São Vicente, 476, na Gávea, zona sul do Rio.

Além disso, o site www.ernestonazareh150anos.com.br, criado pelo IMS, que entrou no ar em 20 de março de 2012, dando início à contagem regressiva do sesquicentenário, traz novidades, como um depoimento de Jacob do Bandolim sobre Nazareth e informações sobre todos os eventos relacionados aos 150 anos do compositor.

O pesquisador Alexandre Dias é um dos coordenadores do site, que contém uma linha do tempo elaborada por Luiz Antonio de Almeida, biógrafo de Nazareth e herdeiro honorário do compositor. “Nazareth teve quatro filhos, mas nenhum neto. Diniz era o último filho que ainda estava vivo na década de 1980. Naquela época, Luiz Antonio, com apenas 14 anos, começou a pesquisar a vida do compositor e se tornou amigo de Diniz, que acabou doando a ele o acervo, adquirido anos depois pelo IMS”, conta Alexandre.

O site traz também uma discografia, que procura catalogar as gravações feitas no mundo inteiro das músicas do Nazareth. No momento, são mais de 2.700, das quais cerca de 2.300 estão disponíveis para serem ouvidas online, na íntegra. “Temos também toda a obra dele em partituras, para download na versão original, para solo de piano, e dezenas de músicas adaptadas para a versão em melodia e cifras. Isso facilita a leitura das partituras por grupos de choro”, explica o pesquisador.

Ernesto Nazareth nasceu em uma casa modesta, no bairro do Santo Cristo, na zona portuária do Rio. O pai era um ex-despachante aduaneiro e a mãe, pianista, foi a responsável por sua iniciação musical. Ele começou a compor aos 14 anos de idade e a primeira música, a polca-lundu Você Bem Sabe, foi dedicada ao pai.

“Nazareth começou a se apresentar profissionalmente em 1878. Nessa época, era o piano que mandava na cidade do Rio de Janeiro. A cidade chegou a ser chamada por um escritor de ‘pianópolis’. Para ouvir música, as famílias, mesmo as de poucos recursos tinham em casa um piano”, conta o biógrafo Luiz Antonio de Almeida.

Pianista profissional, Nazareth vivia de música, tocando em bailes, casamentos, batizados e cinemas, tanto nas salas de espera quanto acompanhando filmes mudos. “Quando surgiu o rádio, ele foi logo chamado para tocar em vários programas. Só entrou em declínio quando os pianistas começaram a ser substituídos pelas gravações”, diz Luiz Antonio, autor de uma biografia ainda não publicada, resultado de 37 anos de pesquisas.

As circunstâncias da morte do compositor continuam sendo um mistério. Vitimado pela surdez, que lhe causou perturbação mental, Nazareth acabou sendo internado, primeiramente no Instituto Neuro-Psiquiátrico, na Praia Vermelha, e depois na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. Em fevereiro de 1934, saiu para um passeio pelas alamedas do sanatório e desapareceu. Depois de alguns dias, seu corpo foi encontrado nas águas de uma represa, na mata próxima à colônia. “Nazareth sofria de sífilis, que afetou seu sistema nervoso, causando a surdez”, informa o biógrafo.

No depoimento reproduzido no site, Jacob do Bandolim dizia não ter dúvidas de que foi mesmo suicídio. “Eu estive no local onde o corpo dele foi encontrado e cheguei à conclusão de que ele se suicidou mesmo, em um momento de lucidez da doença mental da qual ele sofria. Isso não foi dito porque na época não era elegante a notícia do suicídio de um membro de família reputada, como era a de Nazareth”, disse Jacob, entrevistado em 1965 pelo apresentador Glaucio Gill, em um programa de televisão.

De temperamento tímido e afetado pela surdez, Ernesto Nazareth não escondia sua amargura por não ser reconhecido como um compositor erudito, a exemplo de seu amigo Heitor Villa-Lobos. Segundo Luiz Antonio de Almeida, esse reconhecimento se dá hoje e cada vez mais internacionalmente. “Há milhares de estudantes de música em todo o mundo pesquisando a obra dele. Quando os chineses descobrirem o Nazareth, vamos ter outro planeta ouvindo e tocando sua música”, prevê.

Para Alexandre Dias, Ernesto Nazareth “fez uma confluência tão bem engendrada das vertentes erudita e popular” que a música dele serve tanto para concertistas de formação clássica quanto para músicos populares, das mais diversas formações. No blog do site, sob o título de Querido por Todos estão listadas as homenagens musicais que Nazareth recebeu. De um lado, Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Francisco Mignone e Marlos Nobre. De outro, instrumentistas como Armandinho e o sanfoneiro Dominguinhos.

Veja aqui a galeria de fotos.

Os 100 anos do eterno Luiz “Lua” Gonzaga, o Gonzagão Rei do Baião

Dezembro 13, 2012

Luiz Gonzaga Lua Rei do Baião e festas juninas forros

Hoje, 13 de dezembro, se comemora uma grande festa dos 100 anos de nascimento de um dos grandes nomes da música brasileira: Luiz Gonzaga do Nascimento, o grande Lua, rei do baião e do povão. Muitos podem reclamar que a música do mestre Lua não evoluia, que ele não tinha um entendimento político, que é uma música resignada e deprimente, que era machista, entre outras queixas.

Mas ninguém pode negar a revolução que Luiz Gonzaga fez na música nordestina e na música popular brasileira. Gonzagão introduziu o terno (sanfona, zabumba e triângulo) em nossa música e foi responsável por introduzir as músicas e tradições juninas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste brasileiro.

Como negar a importância de composições juninas como Olha pro céu, Polca fogueteira, O maior tocadô, Forró no escuro, São João na roça, Lascando o cano Fogueira de São João, São João antigo, São João no arraiá, São João do Carneirinho, Piriri, Fogo sem fuzil, Lascando o cano, e muitas outras?

OS 07 GONZAGAS ALOÍSIO, SOCORRO, LUIZ GONZAGA, SEU JANUÁRIO, SEVERINO JANUÁRIO, ZÉ GONZAGA E CHIQUINHA GONZAGA.

OS 07 GONZAGAS: ALOÍSIO, SOCORRO, LUIZ GONZAGA, SEU JANUÁRIO, SEVERINO JANUÁRIO, ZÉ GONZAGA E CHIQUINHA GONZAGA.

Este pernambucano de Exú vem de uma família de tocadores e desde pequeno aprendeu a animar as festanças. Seu pai Januário, assim como Luiz, é um dos grandes nomes da sanfona no Nordeste e foi de grande importância para a cultura popular.

Luiz Lua Gonzaga foi pro Rio de Janeiro tocar e de lá expandiu seu mundo sonoro para o mundo. Foi pai do cantor romântico e filosofante Gonzaguinha e teve como parceiros fortes Zé Dantas, Humberto Teixeira, mas também José Fernandes, Lourival Passos, José Marcolino, Luiz Guimarães, João Silva, Luiz Queiroga,  Severino Ramos,  Nelson Valença entre outros.

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Nestes 100 anos de Lua o Brasil mudou muito, diversos novos músicos talentosos apareceram e muitos não tem a repercursão que Gonzaga conseguiu. Mesmo assim Gonzaga abriu muitas portas para que a produção musical nordestina pudesse entrar no Brasil e acabar (de diversas formas)  com o preconceito regional e musical. Infelizmente hoje temos uma cultura radiofônica doentia ditada por uma indústria musical impositora dos valores capitalismo e que se interessa em enfraquecer a música popular e regional tornando todos iguais.

Felizmente há espaços de corte como a internet, rádios comunitárias, iniciativas culturais mundo independente  que fazem um corte neste flanco duro e deixam passar a arte. Isto faz com que pessoas como Luiz Gonzaga continuem presentes nas nossas cultura musical e na memória da arte no Brasil.

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A música de Luiz se espalhou por todo o país e o tornou uma figura conhecida de norte a sul. A geração dos músicos da família Gonzaga que lançou Gonzaguinha, agora tem como representante Joquinha Gonzaga, o sobrinho de Luiz Gonzaga e Daniel Gonzaga, filho de Gonzaguinha e neto de Gonzagão.

E o Brasil todo está em festa pra comemorar uma de suas raizes folclóricas e um de seus maiores nomes da música: Luiz Gonzaga. Em Brasília, São Paulo e São Cristovão já fizeram o forró. Em Recife  na Praça do Arsenal  e no Pátio de São Pedro haverá forrós e cantorias de hoje a domingo a partir das 20 horas com artistas locais e nacionais e gente como Fagner, Alceu Valença, Azulão,  Petrúcio Amorim, Silvério Pessoa e Anastácia, no domingo. Em Exú a festa é constante até o fim do ano.

Esta singularidade que foi Luiz Gonzaga continuará nos iluminando através da música como a Estrela D’Alva que está no céu.

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Nossos bons (e velhos) músicos

Março 14, 2012

A profissão de músico no Brasil é algo que hoje “como pode se segura” como diria o esquizo negodito Itamar. Para se dizer, músico, o cantor tem que fazer bem a massa da goma de mascar para grudar. E nesta nem o cimento do bom pedreiro Angenor Cartola segura muito.

Hoje em dia os cantores são acompanhados por instrumentistas, e estes ninguém conhece. Nem é muito necessário uma ficha técnica hoje, não por termos bons músicos, masa maior parte destes mencionados ganham sua vida não como acompanhantes, mas muitas vezes com projetos próprios, ou duetos, trios, quartetos, quintetos e por aí vai. E além do mais hoje para muitos álbuns a ficha técnica é um des-uso. Temos excelentes instrumentistas, violonistas, pandeiristas, surdistas, cuicados, bandolinistas etc, . Pensemos em Hamilton de Holanda,  Daniel D’alcantara, Wagner Souza, Luiz Leite, Yamandú Costa, Marquinho Mendonça, Lan Lan, Renato Martins, Celso Pixinga, Ximba Uchyama, Cristina Braga, Jaques Morelenbaum,e muitos outros que fogem desta técnica grudenta da música.

Os Velhos (e bons) músicos

Antigamente era comum ao comprar um LP de algum cantor ou cantora e conhecer boa parte dos instrumentistas. Não por que haviam poucos músicos, mas por que todos os cantores usavam excelentes músicos em sua orquestra. Discos de samba, forróbodo, xote, música romântica, boleros e muitos músicos estavam por lá. Tocaram em centenas de discos. Há algum tempo citamos aqui no blog algumas dezenas das infinidades de artistas com quem Wilson das Neves trabalhou. O caso dele não era a parte, os músicos muitas vezes “se repetiam”. Estavam em vários excelentes discos. Abaixo deixo uma bela lista com instrumentistas que embalaram clássicos da nossa música e que foram tirado da memória e alguns de fichas técnicas de discos. Com certeza muitos foram esquecidos (por isso não há pontos finais)… E estes são só os acompanhantes

Surdo– Gordinho

Repique- Ubirany

Tamborim- Elizeu

Cuíca- Fritz, Everaldo,Ovídio

Flauta- Altamiro Carrilho, Carlos Poyares

Clarinete- Abel Ferreira

Cavaquinho- Alceu, Mané do Cavaco, Zé Menezes, Benedito Costa

Violão- Zé Ramalho da Paraíba, Geraldo Azevedo, Dino (Horondino Silva das 7 cordas), Manoel da Conceição “Mão de Vaca”, Rildo Hora, Rick, Djalma de Andrade “Bola Sete”, Garoto, Menezes, Paulo Bellinati, Raphael Rabello, Adauto Santos, Luperce Miranda, Canhoto da Paraiba, Rosinha de Valença

Trombone- Zé da Velha, Raul de Barros, Raul de Souza

Violino Spalla– Giancarlo Pareschi, Elias Slon

Baixo– Novelli, Paulo Sérgio da Silva

Bateria e percussão– Chico Batera, Wilson das Neves, Nilton Delfino Marçal (e o Armando também), Papão, Papete, Mauro Braga, Djalma Correia, Robertinho Silva, Silvano, Airto Moreira, Paulinho da Costa, Hermeto Pascoal

Arranjos e regência– Maestro Gaya, Maestro Sivuca, Rildo Hora, Francis Hime, Helio Delmiro, João Donato, Marcus Vinícius

Piano– Francis Hime, Mario José Carrasqueira, Arthur Moreira Lima, Isabel Mourão, Eudóxia de Barros

Sanfona– Chiquinho do Acordeon, Cátia de França

Violoncelo– Jaques Morelenbaum

TODO DIA É FREVO… O MAIS QUERIDO LUSITANO BRASILEIRO

Fevereiro 9, 2012

Até de frevo pras bandas de Pernambuco  tem escola

As três modalidades de frevo (de rua, canção e bloco). E o frevo de rua tem 3 submodalidades: Frevo coqueiro, frevo ventania, frevo abafo

Documentário a História do Frevo

Aula de frevo gratuita

Prévia do carnaval de Olinda com frevo e muito mais

E salve o samba rapaziada… nosso de cada dia

Dezembro 2, 2011

Hoje é assim considerado o dia do samba. Este preto velho que tem algumas centenas, se balançou do jongo, passando por samba raiz, samba de roda, samba canção, samba enredo, samba exaltação, gafieira, sambalanço, samba partido alto, samba de breque, samba de quintal, samba rock, samba que no fim é nosso pagode (o sentido verdadeiro sem croquetinhos, feinhos e xicarazinhas).

Samba de Exú, Bará, iorubá, síncopa lundu, maxixe, cateretê, chiba, coco de zambé, caxambu dos pagodes das tias bahianas, dos bambas, Oxalá. De Donga, Pixinguinha, João da Bahiana, Sinhô, Almirante, Heitor dos Prazeres, Ismael Silva, Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues, Lamartine Babo, Aracy de Almeida, Zé Keti, Ataúfo Alves, Monarco, Cartola, Aloísio Dias, Candeia, Carlos Cachaça, Jamelão, Nelson Sargento, Luiz Carlos da Vila , Moacyr Luz, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Jovelina Perola Negra, Leci Brandão, Beth Carvalho,  Clara Nunes, Aparecida, Nelson Cavaquinho, Ventura, Aniceto, Alberto Lonato, Francisco Santana, Antônio Rufino dos Reis, Mijinha, Manacéa, Alvaiade, Alcides Dias Lopes, Armando Santos , Antônio Caetano, Wilson Moreira, Walter Alfaiate, Herminio Bello de Carvalho, Mano Décio da Viola, Paulo César Pinheiro, João do Vale, Adorniran Barbosa, Paulo Vanzolini, Toninho Batuqueiro Chico Buarque de Holanda, Martinho da Vila,  Paulinho da Viola, Dicró, Moreira e Bezerra da Silva, João Nogueira, Dorina…. isto só para citar uma meia duzia de talentos.

E como o samba é sempre festa nos pagodes vamos de samba e que ninguém nos segure…

Histórias das músicas brasileiras

Outubro 30, 2011

Uma das mais importantes compositoras que o Brasil já conheceu. Primeiro por ser a primeira mulher a encarar  e se eleger a uma Ala dos Compositores de uma escola de samba. Segundo pois com sua humildade e vivências é uma mulher ativa e solta em seus versos produtivos. E por fim pois compõe não só sambas, mas afetos alegres sendo a eterna madrinha do samba brasileiro.

Esta é Dona Ivone Lara que desde os 12 anos compõe e produz uma existência alegre e com uma vontade de saber e fazer.  Com mais de 300 composiçõe e conhecida em bastante conhecida na Europa, Japão e Africa, Dona Ivone transbordou sua escola e se tornou madrinha de diversas gerações de sambistas que continua até hoje.

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Nasci em Botafogo, Rio de Janeiro, Rua Voluntário da Pátria no ano de 1921. Não deixa estar, o que é que tem… não tá bom, vou dizer já que tem… (nasci em) 17 (risos)…. Pronto. Olha na Rua São Clemente eu me lembro muito pouco por que quando eu saí da Rua São Clemente, ali do Voluntário da Pátria, do Bairro Botafogo eu tinha apenas 4 anos e já não me lembro de nada, nada, nada.

Já era órfã de pai e minha mãe era muito moçinha ainda. Nós fomos morar no Largo da Segunda Feira na Tijuca e lá eu tinha um primo por nome de Valentino, o fuleiro já era rapazinho, Hélio, o Tio Hélio que era criança também. Tem muita coisa, naquele tempo eu era bem criança.

Naquela época uma música que eu me lembro bastante que o Francisco Alves cantava “Por que sofres tanto assim rapaz, chega já é demais… se é por causa de mulher é bom parar”, tinha uma porção de música naquela época. “Esta mulher a muito tempo me provoca, dá nela, dá nela.” Era música daquela época…

Olha minha mãe cantava muito, ela era uma soprano com uma voz muito bonita modéstia a parte e minha mãe era crooner do Ameno Rezedá. Minha mãe saia num rancho (Flor de Abacate). Ela cantava uma música muito bonita. O que sei do meu pai tocava violão de sete cordas e saia no bloco dos Africanos lá na Vila Isabel que só saia homem. Pixinguinha e Jacó do Bandolim não saíam da casa do meu tio, Dionísio Bento da Silva, que era músico e de vez enquando a gente fazia parte e cantava também, aprendíamos a cantar.

Alí na Serrinha tinha o Jongo e criança não entrava em Jongo, por que Jongo é uma dança mística, uma religião de muito respeito. A Tia Tereza quando ia pro dia do Jongo, fazer uma coisa maior, eu pedia: Tia Tereza deixa eu ir…. pois gostava de ver os velhos dançar o jongo, elas botavam aquelas saias rodadas, mas e o respeito que tinha e eu adorava vê-los cantar e o batuque.

A minha mãe depois conseguiu um internato para mim na Escola Orcina da Fonseca, pertencia ao Orfeão Artístico de lá. Fui aluna de Lucilia Guimarães Villa-Lobos e  com dona Izaíra de Oliveira, casada com o compositor Donga. Nós éramos criados por umas solteironas que era só rezar e meter um monte de coisas na cabeça da gente que eu tinha um medo de homem que me pelava. Eu cantava na escola, mas nunca pensei em ser cantora. Tanto que optei por fazer a faculdade de enfermagem quando terminei o 2º  grau.

Eu começei no samba… nem sei se dizer se comecei, pois quando eu nasci tava todo mundo já sambando e resolvi também sambar… Eu já vivia naquele meio, tinha parentes que eram compositores, me levavam pra sair no bloco, eu saia. Agora mais tarde eu não tive oportunidade de pertencer logo a escola de samba, por que havia um preconceito na minha família, viu. Eu tinha uma tia que achava que a escola de samba era marginalizada.

Eu só pude aparecer no samba mesmo de 47 em diante, que com minha tia era uma censura que só você vendo. Ela não admitia samba e eu criado por ela, já era órfã de pai e mãe não podia aparecer de jeito nenhum. Eu fazia meu sambas, o (Mestre) Fuleiro levava pra Serrinha e eu continuava a incógnita. Agora acontece que em 1947, foi a coisa mais engraçada da minha vida, eu vim me casar com o filho da escola de samba Prazer da Serrinha, aí eu saí na Escola.

A COMPOSITORA DONA IVONE LARA

A primeira música que eu fiz foi em homenagem a um pássaro que eu ganhei e eu era muito muleca e não tinha boneca, não tinha nada disso, então eu tinha meu primo Fuleiro que eu amava, era um irmão que eu tinha na época então todas as vontades ele me fazia. Ele caçava muito passarinho e uma vez ele saiu e quando ele voltou, ele voltou com um tiê-sangue e disse assim: Ô prima, Vona, como ele me chamava, e disse olha aqui, olha a sua boneca e eu fiquei numa alegria que só vendo. Dalí eu comecei a fazer versinhos pro tiê. E ele disse está bem, então vou ser teu parceiro nisto aí. Agora o pessoal lá em casa usava o passarinho de chantagem comigo, por que eu era muito levada e então qualquer coisinha eles prometiam soltar o meu tié…. Até que um dia soltaram mesmo, viu. Então fiz uma música pro tiê

Aí um dia o Délcio telefonou pra mim e eu disse: Olha, vem cá que eu estou com uma música que está aqui mais de uma semana na minha cabeça e você vem aqui pra nós completarmos esta composição. Ele foi lá em casa, aí eu cantei pra ele a composição e disse: Agora já está tudo muito bem. Ele disse assim: Não, a senhora já está me dando letra…. – Mas como estou te dando letra ?… É que hoje estou inspirado… A única coisa que quero que você ponha é que “sonho meu vai buscar quem mora longe, sonho meu”. Aí foi quando ele fez “Sonho Meu”. Eu ia pra casa de Rosinha de Valença (grande violonista) e a gente brincava, eu cantava e Rosinha me pediu então esta música pra Maria Bethania gravar e não tinha ninguém gravando e eu disse pode levar. Aí deixei com Rosinha de Valença e ela acompanhou e quando fez uma semana pra surpresa minha ligo o rádio e Maria Bethania estava cantando junto com Gal Costa.

IMPÉRIO SERRANO

Eu fui pro Império Serrano pois com a desistência da Serrinha fez com que eu fosse pro Império Serrano. E meu sogro foi convidado logo em seguida pra ser presidente da Império Serrano e ele deu dois carnavais à Império Serrano… primeiro lugar e todo mundo se mudou pra lá.

Foi quando Fábio Melo, grande jornalista, ficou me conhecendo e vendo minha atividade aquelas coisas todas e me disse por que você não faz parte da Ala dos compositores ? Eu digo, é tou aí… Em 1965, o Império Serrano ficou assim ó: Mangueira, Portela, Unidos de Luca, este pessoal todo foi lá pra conhecer a mulher que pertencia à ala dos Compositores fazendo Samba Enredo.

Pra mim desde o dia que fui pra Ala das Baianas em 1965, pra mim me realizei. Por que estava na Ala dos Compositores, fui madrinha dos compositores, estas coisas… Mas aí isto fica sendo, e ninguém aceita então fui convidado para destaque e eu fiquei nesta Ala até hoje(…) Só que hoje é tudo diferente, agora não é escola de samba, é bloco de embalo. Por que antigamente era escola de samba, e agora não, você tem 80 minutos pra parar (terminar) e você tem impressão que é um boi indo pro matadouro.

Olha é de momento, eu não me sento pra fazer uma música. Muitas vezes eu até estou fazendo na cozinha uma coisa e outra e vêm aquela intuição, aquela melodia gostosa e eu aproveito sento e boto no gravador.

Eu não tenho tristezas, eu passo por cima, pois Graças a Deus tenho esta força para que eu pudesse enfrentar tudo que eu passei na vida. E até hoje curto a juventude e me sinto jovem. Ser sambista a gente se diverte, diverte os outros e é uma coisa que eu acho ótimo na vida, me sinto realizada.

Eu tenho orgulho de ser negra. Nos últimos tempos, o racismo vem diminuindo. O pessoal já está compreendendo que essa história é bobagem. Inteligência todo mundo tem. Todo mundo nasce com potencial. Não tem branco. Não tem preto. O pessoal vai apanhando e vai vendo que do mundo nada se leva. Somos todos iguais e temos as mesmas capacidades.

Trecho transcrito primeiro dos programas MPB Especial-Ensaio, entrevistas sendo uma da revista Raça.

Dona Ivone Lara e conjunto (com o apadrinhado compositor Jorge Aragão no banjo) durante a gravação do programa Água Viva.

Dona Ivone Lara foi a grande atração do Projeto Pixinguinha-1980

Moacyr Luz beija a mão da rainha (que junto com a Quelé Clementina são parte viva de nossa história)

Antonio Vieira, Ivone Lara e Riachão

Dona Ivone Lara é louvada por diversos artistas, sendo que alguns não são de se louvar também

Histórias das músicas brasileiras

Agosto 21, 2011

Carioca nascido em 1936, Wilson das Neves é considerado um dos maiores bateristas deste país, além de ser um ótimo percussionista. Foi iniciado na música aos 14 anos de idade, pelo percussionista Edgar Nunes Rocca, “O Bituca”. Aos 21, tornou-se baterista da Orquestra de Permínio Gonçalves e mais tarde acompanharia o Conjunto Ubirajara Silva, a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o Conjunto Ed Lincoln e as orquestras da TV Globo e TV Excelsior e trabalharia na Rádio Nacional.

Sua carreira musical é conhecida internacionalmente e dificilmente quem conhece música brasileira, não tenha ouvido suas batidas, já que ele gravou mais de 250 discos com maiores nomes de nossa música como Nara Leão, Elis Regina, Leila Pinheiro, Nelson Gonçalves, Tim Maia, Chico Buarque, Gonzaguinha, Beth Carvalho, Elton Medeiros, Paulinho da Viola, João Bosco, Clara Nunes, Clementina de Jesus, Raul de Barros, Moacir Santos, Elza Soares, Wilson Simonal, Mart’nalia, Monarco, Walter Alfaiate, Martinho da Vila, Cartola, Marçal, Luiz Melodia entre outros. Fora do Brasil gravou discos com Sarah Vaughan, Toots Thilemans, Sy Oliver e Michel Legrand.

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Ô, sorte!
“Não fui eu que inventei (o bordão).

A história é a seguinte: Roberto Ribeiro era cantor e se apresentava aos sábados nas reuniões do Império Serrano. Mas, como sou músico, esse era o meu dia de trabalho. Quando o Roberto descobriu que eu também era Império, ele falava ‘ô, sorte!’, sorte de ser imperiano. A partir daí, sempre que nos encontrávamos, falávamos a expressão. Na verdade, para mim, esse ‘ô, sorte!’ é um agradecimento a Deus e aos orixás que me protegem.”

Elizeth, a divina
“Trabalhava na Rádio Nacional quando ela montou um conjunto e me chamou para fazer parte dele. Foram 25 anos tocando juntos. Fizemos shows pelo Brasil e pelo mundo. Argentina, França, Japão… Ah, a Elizeth era divina. Maravilhosa, amiga, autêntica, honesta com ela mesma e cantava uma barbaridade. Pode nascer cantora melhor, mas igual a ela, nunca terá. Ela se emocionava com o que fazia, sabe? São muitas recordações. Tinha dia que ela me ligava e perguntava: ‘Quer comer o quê? Peixe? Então compra que eu vou fazer!’. Daí, ela ia lá pra casa, na Ilha do Governador, e cozinhava siri, carne seca com abóbora… Elizeth adorava porque era naqueles momentos que podia ser ela. Não tinha ninguém pedindo para cantar, não tinha ninguém fazendo pergunta boba. Lá, ela podia ser igual a todo mundo.”
Saiba mais…
O sambista Wilson das Neves conta histórias dos 57 anos de carreira

Chico Buarque
“O Chico não tinha uma banda. Era tudo muito simples: ele ia jogar bola e depois fazia o show com o pessoal que jogava pelada com ele. Foi só em 1982 que ele decidiu formar um grupo e me convidou para participar. São quase 30 anos nos apresentando juntos, mas, por enquanto, só criamos Grande hotel. Já dei para ele outras duas melodias, mas ainda não pintou a ideia. Ela virá na hora certa. O Chico é recatado, observador. Quando você acha que ele está por fora de algo, na verdade, ele está por dentro e entendeu tudo.”

Paulo César Pinheiro
“Um dia, fui fazer uma melodia com Raphael Rabello, que era cunhado do Paulo César Pinheiro, para homenagear minha neta que tinha nascido havia pouco tempo. Quem ia colocar a letra era o Aluísio Machado, compositor da Império Serrano, quando o Raphael perguntou: ‘Por que você não dá essa pro Paulo César? Liga pra ele!’. Eu liguei, dei a música e, de 1973 pra cá, já foram mais de 80, como O samba é meu dom e Partido do tempo.”

Assédio
“Era 1962 e eu trabalhava na Rádio Nacional, quando, ao passar por um corredor, vi Cyro Monteiro conversando com Ivete Garcia. Aquela mulher era um monumento da beleza e ele dizia: ‘Ivete, não precisa ser hoje. Pode ser amanhã, pode ser daqui um mês ou daqui a um ano, quando você não se quiser mais, você se dá um pouquinho pra mim?’. Contei essa história para o Walter Alfaiate e para o Nei Lopes. Tempos depois, chega para mim um envelope escrito: ‘Samba-canção para o Wilson musicar’. Era uma composição inspirada nesse episódio e dizia: ‘Com cuidado e com perseverança/ As maiores alturas se alcançam/ O túnel mais longo sempre tem uma luz lá no fim/ Pode ser amanhã, mês que vem, tanto faz / Se demorar um tempão ou um tempinho assim/ Mas quando você não se quiser mais, se dê um pouquinho pra mim’. Assim surgiu a música que batizei de Assédio.”

Império Serrano
“Minha mãe, Maria de Lurdes Neves, era da ala das baianas do Império Serrano. Assim, não tinha como ser outra coisa, foi a escola que eu aprendi a gostar. Já fui ritmista, diretor de bateria e, hoje, sou benemérito da ala de compositores. O Império está em mim, é só ouvir as minhas músicas: O samba é meu dom, Fundamento, Imperial, Velha Guarda do Império… Há 40 anos desfilo pela escola e, onde ela for, vou atrás.”

 

Entrevista à Carta Capital

 

Wilson das Neves e sua parceira de longa vida a bateria

 

Malandro é malandro…. E malandros são malandros: Noca da Portela, Nei Lopes, Wilson Das Neves

 

É samba, pode chamar o Wilson… Na foto Jamelão, Paulinho Carioca e Wilson

Pessoal ralando muito… o copo nos lábios… Na foto Walter Alfaiate, Wilson das Neves, Delcio Carvalho, ?? e Moacyr Luz

Wilson das Neves, integrante da Velha Guarda da Império Serrano

Wilson das Neves e Chico Buarque

Dois grandes bambas do nosso samba mostram que a escola é escola independente de morro, nome ou tradição:  Tantinho da Mangueira e Wilson das Neves