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TOM ZÉ, 80 ANOS: ‘CANÇÕES ERÓTICAS DE NINAR’ E OUTRAS CANÇÕES

Outubro 14, 2016

  Artigo publicado pela Rede Brasil Atual.

 

tom zé

São Paulo – O cantor e compositor Tom Zé completa hoje (11) 80 anos em meio ao lançamento do disco Canções Eróticas de Ninar que, como ele escreve no encarte do álbum, resgata “os assuntos do sexo como eram tratados (ou não) na minha infância e juventude”, abordando também a opressão sofrida pela mulher. “As famílias não falavam nada de sexo. Só vim saber que meu pai transava com a minha mãe aos 16 anos”, contou em entrevista a Oswaldo Luiz Colibri Vitta, no programa Hora do Rango, da Rádio Brasil Atual.

“Nós, que fomos crianças na década de 1940, vivíamos em um ambiente no qual as relações humanas eram completamente diferentes. O namorado não podia transar com namorada e as moças eram obrigadas a viver dentro de casa. E onde tem mais repressão é que surgem as coisas mais ousadas”, contou o baiano de Irará, relembrando sua primeira experiência sexual. “Naquela época era comum homem frequentar prostíbulos. Um belo dia um amigo te leva lá e alguém te socorre.”

As 13 faixas que compõem o disco contam, no estilo marcante do artista, sobre o tabu da virgindade feminina e a educação sexual pelo contato com os empregados. O álbum foi lançado no início deste mês no Sesc Pompeia, em São Paulo. No próximo dia 22, o trabalho chega ao Rio de Janeiro, no Circo Voador. “Meu segredo é que eu sempre fui doente e aí eu tive que viver tendo um cuidado danado. Sou precavido na vida.”

“A canção brasileira é uma coisa muito importante na vida da gente”, diz o artista. “A universidade King’s College, de Londres, fundou um Centro de Estudos da América Latina com um setor apenas para o Brasil. A principal fonte de estudo desse centro é a canção do Brasil.”

Sobre planos, Tom Zé afirmou que prefere guardá-los para si. “Na Bahia tem um provérbio que diz: ‘Mulher que fala muito perde logo seu amor’. Então, a gente não pode falar dos planos que tem senão esfarela. O segredo provoca uma combustão que é necessária para você ter força para trabalhar”.

Com bom humor, Tom Zé lembrou de momentos marcantes do seu trabalho, inclusive aqueles que não foram bem aceitos em determinados nichos. “Em 1973, fiz o disco Todos os Olhos, que hoje é um sucesso, mas na época me tirou de circulação. Em 1976, fiz Estudando o Samba e também não tive aprovação em lugar nenhum. Em 1989, eu estava me mudando de volta para Irará para trabalhar no posto de gasolina de um sobrinho, quando soube que (o músico norte-americano) David Byrne estava interessado nesse trabalho. Ele veio para cá, conversou comigo e o disco fez muito sucesso na Europa e nos Estados Unidos.”

O compositor se recusa a servir de exemplo para quem pensa em se aposentar e parar de exercer suas atividades profissionais. “Não posso dar recado para quem está se aposentando. As pessoas se aposentam quando querem, quando acham necessário, quando esgota a veia”, diz. “Eu comecei muito tarde na música. A primeira vez que cantei na TV foi em 1960, já tinha uns 24 anos. Foi em um programa de calouros que chamava Escada para o Sucesso e eu apresentei a música Rampa para o Fracasso e encaixou muito bem”, lembra.

“A gente tem que ser compreensivo com a vida de cada pessoa. Às vezes, a pessoa não quer mais fazer, já fez o que tinha que fazer. O Chico Buarque, por exemplo, é admirável, um melodista incrível e agora está escrevendo mais livros. A pessoa pode entrar em outro círculo de interesse, em outra onda.”

Confira a entrevista na íntegra, que contou com a participação da professora da Unicamp Regina Machado, que produziu um disco só com músicas de Tom Zé.

2ª BIENAL DO LIVRO E DA LEITURA DE BRASÍLIA É ABERTA PELO ENGAJADO ESCRITOR URUGUAIO EDUARDO GALEANO

Abril 12, 2014

 

Começou ontem, dia 11, e terá a duração de dez a 2ª Feira Bienal do Livro de Brasília na Esplanada dos Ministérios, em uma área de 16.500 quadrados, nas proximidades da Rodovia do Plano Piloto. Durante a bienal haverá conferências, discussões, palestras sobre livros e a importância da literatura, temas sobre futebol, ditadura e internet, além de shows de musica com os cantores Ivan Lins, Quarteto em Cy, MPB4 e Plebe Rude. Também serão encenadas peças de teatro e apresentação de  duas exposições: O Traço do Pasquim no Combate à Ditadura e o Brasil nos Tempos de Chumbo. Também haverá programação para crianças. Tudo joia como manda a riqueza literária.

O escritor brasileiro escolhido para ser homenageado pela bienal é o pernambucano Ariano Suassuna, cuja cerimônia de homenagem ocorrera no dia 15, às 20horas. Como já é sabido, onde se encontra Ariano Suassuna se encontra também a alegria, a erudição e o comprometimento com os saberes e dizeres do povo brasileiro. Não esquecer também, que Suassuna é home com uma biografia política respeitada.

A ouverture ficou por conta do talentosíssimo e engajado escritor e jornalista, além de insigne crítico de futebol, o uruguaio Eduardo Galeano, autor do famosíssimo, Veias Abertas da América Latina. Um dos livros mais conhecidos do mundo além do mundo literário. Sua conferência de ouverture ocorreu no Museu Nacional da República, lotado ate nos telões pelo lado de fora, às 20h30. Quem não foi (como nós) não vivenciou – é lógico – a inteligência, a criatividade, o humor e a crítica ferina do conterrâneo do presidente do país que liberou a maconha, Mujica.

ESCRITORES QUE PARTICIPAM DA 2ª BIENAL

Estrangeiros: Naomi Wolf, norte-americana. Murong Xuecun, chinês. Gonçalo Tavares, português. Mia Couto, Moçambique. John Dramani Mahama, presidente de Gana.

Brasileiros: Ana Maria Bahiana, Ruy Castro, Mino Carta, Xico Sá, João Paulo Cuenca, Antônio Prata, Daniel Galera e Joca Terron.

EDUARDO GALEANO FALA SOBRE POLÍTICA, SUA OBRA E FUTEBOL

“Eu não seria capaz de ler o livro de novo. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é pesadíssima. Meu físico atual não aguentaria.

As esquerdas no poder às vezes deram certo, às vezes não, mas muitas vezes foram demolidas como castigo por estarem certas o que deu margem a golpes de Estado, ditaduras militares e períodos prolongados de terror, com sacrifícios humanos e crimes horrorosos cometidos em nome da paz social e do progresso. Em alguns períodos é a esquerda quem comete erros gravíssimos.

Eu não tinha a formação necessária. Não estou arrependido de tê-lo escrito, mas foi uma etapa, que para mim, está superada. A realidade mudou muito. Eu mudei muito. Meus espaços de penetração na realidade cresceram tanto fora, quanto dentro de mim. Dentro de mim, eles cresceram na medida em que eu ia escrevendo novos livros, me redescobrindo, vendo que a realidade não é só aquela em que eu acreditava.

A realidade é muito mais complexa justamente porque a condição humana é diversa. Alguns setores políticos próximos a mim achavam que tal diversidade era uma heresia. Ainda hoje há sobreviventes dessa espécie que acham que toda a diversidade é uma ameaça. Por sorte, não é. Ou seria justa a exigência do sistema dominante de poder que, em escala mundial, nos obriga a uma eleição muito restrita, ridicularmente mesquinha, e nos convida a elegermos como preferimos morrer: de fome ou aborrecimento.

Minha única ambição é ser um escritor capaz de reproduzir a esperança, a razão e a falta de razão deste mundo louco que ninguém sabe para onde vai. Ser capaz de entrar nessa realidade que parece ser incompreensível. Isso é algo difícil que já me consome todo o tempo.

Chávez teve a melhor intenção do mundo, mas deu a Obama um livro (As Veias Abertas da América Latina) escrito numa língua que o presidente norte-americano não conhece. Isso foi um gesto generoso, mas também cruel”, disse Galeano.

Perguntado sobre seu palpite em relação qual seleção ganhará a Copa do Mundo, ele não quis arriscar um prognóstico.

“Não acredito nos profetas. Nem nos bíblicos. Que dirá nos esportivos. Assim, o melhor é calar a boca e esperar”, ironizou.

Quem tiver o interesse de acompanhar o evento da 2ª Bienal do Livro e da Leitura é só acessar o site www.ebc.com.br/bienalbrasilia.  

Açougue Cultural T-Bone traz a 3ª Bienal do B – Poesia e Literatura para Brasília

Agosto 22, 2013