Archive for Janeiro, 2015

Vida de refugiados palestinos é tema de festival de cinema no CCSP

Janeiro 31, 2015

cb9ab0b6-5b0d-435c-85aa-aa87c6bdd7ecQuatro longas e dois curtas-metragens serão exibidos de 30 de janeiro a 1º de fevereiro com ingressos a R$ 1. Sessões fazem parte da exposição ‘Uma Longa Jornada’, em cartaz até 15 de março.

por Redação RBA

São Paulo – A mostra de filmes Uma Longa Jornadaapresenta a partir desta sexta-feira (30), no Centro Cultural São Paulo (CCSP), um dos mais prolongados casos de migração forçada da história moderna: o do povo palestino. Com ingressos a R$ 1, serão exibidos até domingo (1º) quatro longas-metragens e dois curtas que retratam a história e a cultura da Palestina, assim como a situação daqueles que buscam o refúgio como única saída para a sobrevivência.

Nesta sexta-feira, às 19h, o festival será aberto com o curta-metragem Mães de Coragem, em que a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) celebra a força das mulheres que ajudaram muitas famílias a sobreviverem aos êxodos. Em apenas quatro minutos, o filme conta várias pequenas histórias, como por exemplo a da comerciante Aysha Hamid, que sustenta sozinha uma família de 26 pessoas em Gaza e da parteira Umm-Ismali, responsável por vários partos seguros feitos na fuga pelo Rio Jordão, em 1967.

Na sequência, será exibido o documentário The Turtle’s Rage (A Fúria da Tartaruga, em tradução livre), da diretora palestino-alemã Pary El-Qalqili. O filme é a forma que ela encontra de buscar de respostas sobre os motivos que levaram seu pai deixar a família em Berlim para retornar à Palestina. Pary acaba contando a história de fugas, expulsão e exílio vividos pelo pai, dono de uma trajetória visivelmente dolorosa de ser contada e compreendida.

No sábado (31), a programação começa às 18h30 com Gaza: Apenas Escombros Onde Antes Havia Casas, curta-metragem que mostra uma visita que civis puderam fazer durante um cessar-fogo temporário na região de Gaza, onde antes moravam. Em seguida, será exibido o longa A Estrada para Silvertone, de Johan Eriksson, sobre um grupo de jovens palestinos que monta o primeiro carro de Fórmula 1 em Gaza e o levam para correr em uma competição internacional. Os Shebabs de Yarmouk, de Alex Salvatori-Sinz, será apresentado às 20h. O longa mostra os sonhos de jovens palestinos da terceira geração nascidos no campo de refugiados de Mukhayyam Yarmouk.

A mostra de cinema acaba no domingo (1º) com a exibição de Porta do Sol, de Yousry Nasrallah, às 15h. Ficção dividida em dois episódios, o longa-metragem de 260 minutos conta a história de Yunis, um idoso da resistência palestina que está em coma em um hospital em Beirute e tem sua trajetória contada por Khalil, enfermeiro que não sai do lado de seu herói, na esperança de que ele ganhe consciência novamente. Na segunda parte, Khalili conta sobre sua própria história e sobre a guerra civil libanesa.

Os filmes integram uma exposição homônima composta de 40 fotos que contam a longa história da crise de refugiados na Palestina. O evento promovido pela UNRWA já passou por Roma, Jerusalém, Nova York e Marrocos, e fica em cartaz até 15 de março na praça da biblioteca do CCSP.

“A DITADURA E HOMOSSEXUALIDADE” LIVRO DE RENAN QUINALHA

Janeiro 30, 2015

ditadura-lgbtRena Quinalha, advogado e membro da Comissão Estadual da Verdade em São Paulo, reuniu vários artigos e concebeu seu livro A Ditadura e Homossexualidade. Trata-se de um testemunho de como os homossexuais eram vistos e tratados no período da ditadura civil-militar que se instalou no Brasil entre os anos de 1964 e 1985.

Mas, o livro não mostra apenas a perseguição contra os homossexuais realizada pelos agentes do regime de exceção. Ele mostra, também, como alguns grupos de esquerda entendiam e se relacionavam com camaradas homossexuais. Com a mesma forma discriminatória, condenatória e excludente. E não era porque a causa-política estava em jogo e deveria ficar em primeiro lugar obrigando que os homossexuais reprimissem sua vida sexual. Na fórmula irônica, invertida da moral burguesa, apresentada por Brecht, “primeiro a barriga depois a moral”, primeiro a revolução depois o prazer sexual.

Freud diria que a discriminação tanto dos agentes da ditadura como dos camaradas da esquerda, tinham causas únicas: conflitos anais-edipianos. Impulsos-sádicos-sexuais-paranoicos. Para o filósofo Sartre ficaria: “o inferno são os outros”. Ou: os homossexuais com suas condutas me incomodam porque me colocam em suas mesmas condições, visto que também sou humano. Mas, os perseguidores de homossexuais sublimavam esses sintomas agindo da forma como agiam sem tomarem conhecimentos de suas causas. Ironicamente diria Marx, “mais faziam”

O autor ilustra uma das posições de perseguição aos homossexuais realizada pelo delegado da Polícia Civil, Wilson Richetti, que ao assumir a delegacia seccional do centro, com todo o apoio da imprensa, afirmou que iria fazer uma “limpeza das ruas da reagião”. E respondendo a um editorial do jornal reacionário Estado de São Paulo, vulgo, Estadão, que pedia uma ação da polícia contra travestis e prostitutas que transitavam no centro de São Paulo, afirmou:

“Retirar os (sic) travestis das ruas residenciais da capital e reforçar a delegacia anti-vadiagem do Deic, destinar um prédio exclusivo aos homossexuais e fixa-los em uma parte específica da cidade”.

Ilustrando um exemplo de perseguição da esquerda contra homossexuais, o autor cita uma passagem de quando dois camaradas da Aliança Racional Revolucionária (ANL) passaram a viver juntos. Membros do grupo mostram a intenção de eliminá-los, pois, para eles, os dois “atentaram contra a moral revolucionária”.

Outro exemplo de homossexual perseguido pelos camaradas foi o escritor, sociólogo e militante Herbert Daniel. Ele conta, em seu livro Passagem para o próximo Sonho, que teve que ficar dividido entre sua sexualidade e a revolução. “Como optei pela revolução, ‘tive que esquecer minha a sexualidade’”.

Na verdade, a homofobia não é posição exclusiva de um indivíduo, grupo, entidade, etc., mas da própria condição existencial do homofóbico. Para eles, alguém tem que pagar pela recusa que eles têm deles mesmos. E no caso específico, o homossexual. Assim, como alguns homens são misóginos: odeiam as mulheres porque não conseguiram realizar, em si, a imago da mulher. Daí ela aparece para eles – e muitas delas – como ameaça castradora. 

O certo é que o livro não é só um documento-histórico, mas um corpo-político que serve para melhor compreensão da causa homossexual que ainda é tida como ameaçante para os Bolsonaros, Felicianos, Malafaias e outros implicados.

TOM ZÉ E SEU “VIRA LATA NA VIA LÁCTEA”

Janeiro 29, 2015

5384e439-e866-41cb-96e1-1c1dfc57f4e4O inquieto e talentosíssimo Tom Zé, vai apresentar nos dias 5, 6 e 7 os shows de novo CD, Vira Lata na Via Láctea. O disco trás parcerias variadas como Criolo, Milton Nascimento, O Terço, Caetano Veloso, Tatá Aeroplano, Kiko Dinucci, bandas Filarmônica, Pasárgadas e Trupe Chá de Boldo. A parceria com Milton é resultado das cartas que Fernando Faro enviou para Elis Regina. Daí o nome Pour Elis.

Tom, Zé ainda com algumas nuances tropicalistas – se é que o Tropicalismo existiu -, trata do tema visceral do momento a tecnologia virtual que engole lentamente os seus servidores-incautos das redes, dos faces e outros percursos-imóveis. Um exemplo é curtidora, satírica e zombeteira Geração Y qme que ele não economiza deboche, mas sem moralina, como diz o filósofo alemão Nietzsche.

Uma breve olhada e, se possível, uma intelectuada  na poesia que se mostra em forma de “Puta, que tragédia desaba sobre! Logo depois que a ilusão tem voz”.

“Daqui a alguns anos vamos ter de governar,

Infelizmente governar.

Oh, e os nosso ideais, ai, quem diria,

No mesmo camburão da burguesia.

Uma renca de parentes atender nos ritos e delitos do poder.

Puta, que tragédia desaba sobre nós!

Logo depois que a ilusão tem voz…”

O CD contem 14 faixas, entre elas Banca de Jornal, Pequena Suburbana, Cabeça de Aluguel, Papa Perdoa Tom Zé…

Ouça o CD completo e faça sua análise musical-política-esquiza.

VIVA O VINIL! “PAULO VANZOLINI POR ELE MESMO”

Janeiro 28, 2015

P1000617Estamos na década de 70, confluência com a década de 60. O entomologista-compositor-cantor e boêmio Paulo Vanzolini, sem narcisismo-exacerbado, já que esse tipo de narcisismo não é criação, é sintoma, mostra si mesmo “Por Ele Mesmo”. Loucura! Como alguém se mostra? Mas ele bem que tentou. Seu talento, sua arte-poética-musical.

Essa bolacha-crioula, gravada no Estúdio Eldorado, é verdadeira relíquia, joia-raríssima, da alma musical-brasileira. Seu lançamento mexeu com os padrões comuns de interpretação da época. “A voz de Paulo Vanzolini, não segue a linha melódica de outros interpretes! Vocês já ouviram?” Proclamaram os entusiasmados-entusiastas. E as letras? Verdadeiras poesias urbanas.

P1000618Paulo Vanzolini Por Ele Mesmo é tão por ele mesmo que a capa (dupla) e contra capa é a capa e a contra capa. A imagem do mesmo. O reflexo de Narciso como outro em si mesmo. Ou, como diria o filósofo Deleuze, a lógica do mesmo. E mais, por ser ele mesmo, não tem apresentação, posto que a apresentação é ele mesmo através de suas obras musicais.

Daí, porque Paulo Vanzolini Por Ele Mesmo é escutar e escutar.

LADO – A

P1000615Bandeira de Guerra/Tempo e Espaço/Raiz/Samba Erudito/Amor de Trapo e Farrapo/Alberto/Falta de Mim.

LADO – B

P1000614O Rato Roeu a Roupa do Rei de Roma/Cravo Branco/Vida é Tua/Capoeira do Arnaldo/Samba do Suicídio/Samba Abstrato.

P1000612MÚSICOS

Adauto Santos: Violão-base.

Edson J. Alves: Flauta, cavaquinho e violão.

Heraldo do Monte: Violão de 7 cordas, bandolim e cavaquinho.

Gabriel Bahalis: Contrabaixo acústico.

Theo: Cuíca, ganzá, pandeiro e efeitos.

Ubiraci: Surdo, berimbau, pandeiro, ganzá e efeitos.

Izidoro Longano (“Bolão”): Clarinete.

Carlos Alberto de Alcântara: Flauta.

Geraldo Auriani (“Felpudo”): Pistão e trombone de pisto.

Coro: Carlos Alberto, Maria Helena, Maria Aparecida e Jesse Florentino.

P1000613FICHA TÉCNICA

Produtor Fonográfico: Estúdio Eldorado.

Coordenação Artística: Aluízio Falcão.

Arranjos e Regência: Edson J. Alves.

Técnicos de gravação e mixagem: Flávio A. Barreira e Luiz Carlos Batista.

 Direção de Arte: Ariel Severino.

Diagramação e Montagem: Flávio Machado.

Foto: Ismael de Campos.

O FILÓSOFO NIETZSCHE MOSTRA A VONTADE DE POTÊNCIA NA EXISTÊNCIA COMO ARTE E NA OBRA DE ARTE

Janeiro 27, 2015

nietzscheO filósofo alemão do Eterno Retorno e Vontade de Potência, Nietzsche, nos mostra, no aforismo número 174, Contra a Arte das Obras de Arte, de seu livro Humano Demasiado Humano II, o sentido ontológico da existência como arte e da obra de arte como excedente das potências embelezadora da existência.

Então, ele nos leva a inferência de que preciso que a existência seja vida para que a obra de arte cumpra nada mais do que a tarefa de afirmação dessa existência.

Vamos nessa estética comprometedora que nos leva a entender o quanto é necessário embelezar o mundo tornando-o agradável.

Para ficar mais filosoficamente potenciado vamos dividir o aforismo em três partes que na verdade é apenas uma.

       I –   “Contra a Arte das Obras de Arte. – A arte deve, sobretudo e principalmente, embelezar a vida, ou seja, tornar a nós mesmos suportáveis e, se possível, agradáveis para os outros: com essa tarefa diante de si, ela nos modera e nos contém, cria formas de trato, vincula os não-educados a leis de decoro, limpeza, cortesia, do falar e calar no momento certo.

              Depois a arte deve ocultar ou reinterpretar tudo que é feio, o que é doloroso, horroroso, nojento, que, apesar de todos os esforços, sempre tornar a irromper, em conformidade com a origem da natureza humana: deve assim proceder, em particular, no tocante às paixões e angústias de dores psíquicas, e no que é inevitavelmente ou insuperavelmente feio deve fazer com que transpareça o significativo.

      II – Após essa grande, imensa tarefa da arte, o que se chama propriamente arte, a das obras de arte, não é mais que um apêndice: um homem que sente em si um excedente de tais forças embelezadoras, ocultadoras e reinterpretantes procurará, enfim, desafogar esse excedente em obras de arte; assim também fará, em circunstâncias especiais, todo um povo.

      III – Mas agora iniciamos a arte geralmente pelo final, agarramo-nos à sua cauda e pensamos que a arte das obras de arte é o verdadeiro, que a partir dela a vida deve ser melhorada e transformada – tolos que somos! Se damos início a refeição pela sobremesa e saboreamos doce após doce, não surpreende que arruinemos o estômago e até mesmo o apetite para o bom, substancial, nutritivo alimento que nos oferece a arte!”

Com esse aforismo Nietzsche, desvanece com os passivos impostores que não acreditam no comprometimento da existência. E que a arte serve para embelezar o mundo caótico, sem perceber que o caótico do mundo é ausência de existência com arte. Nietsche também desilude os que acreditam em uma expressão confundida com obra de arte propagada pelos meios de comunicação de massa. Pior! Ele diz que uma existência que não é arte não pode criar obra de arte. Esse Nietsche.

SABOTAGE: NÓS DOCUMENTÁRIO

Janeiro 26, 2015

49da560220707O documentário sobre a existência-estética do rapper Sabotage que foi assassinado aos 29 anos. Uma criação cinematográfica de Guilherme Xavier Ribeiro que mostra o além da estruturação social perversa do sistema capitalista com sua face narcisista que seduz os incautos os sensibilizados neuroticamente.

Sabotage: Nós Documentário narra e mostra o revolucionário Sabotage como um artista que fere o narcisismo da sociedade que ilude um princípio de prazer-sádico. Guilherme conseguiu reunir vários dos companheiros de Sabotage que exprimem as representações de suas vivências.

Veja, analise

E depois tome seu movimento!

PROJETOS CULTURAIS JÁ PODEM SER INSCRITOS NA LEI DE INCENTIVO À CULTURA

Janeiro 25, 2015

936837-galanga%20chico%20rei%202_trilogia%20afrobrasileiraUm dos grandes impasses para produção cultura no Brasil é a falta de uma política de incentivo cultural mais ampla que possa satisfazer um número maior de artistas. Alguns estados, que têm o sentido da cultura como necessário à sensibilização da sociedade, tentam dirimir o impasse. Todavia, outros, como o estado do Amazonas que tem da cultura um sentido de subproduto, nada fazem para dirimir o impasse. E cultura é apenas o que órgãos governamentais proporcionam como o Boi-Bumbá.

É claro que a produção cultural observada do ponto de vista da criação, é de responsabilidade-talentosa do artista. Mas, a produção cultural como um elemento-social tem necessidade da participação financeira do Estado. O que como é sabido que o estado quase sempre nem tem da cultura um sentido de relevância humana, cabe ao artista se colocar em luta reivindicando esse direito. Lutar para ele tenha garantido o direito de conseguir incentivo à sua produção.

E foi através de muita luta que os artistas do Rio de Janeiro conseguiram possibilitar a criação da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Por isso, hoje, os artistas do estado que tem São Sebastião como seu protetor pode comemorar o edital que abriu as inscrições para os projetos culturais do ano de 2015. E tem mais, a lei não só favorece os artistas propriamente de uma região do Rio de Janeiro, mas também artistas de todas as glebas do estado que queiram financiamentos para seus projetos.

“A lei, criada em 1992, impulsionou e impulsiona a área da cultura, fomentando o aumento do número de espectadores e de novas pessoas na área de produção cultural. Um grande benefício é que o patrocínio não está voltado somente para uma região do Rio de Janeiro, já que pessoas de todo o estado podem buscar o incentivo”, observou Tatiana Richard, superintendente da Lei de Incentivo.

“SABOTAGE: O MAESTRO DO CANÃO”, DOCUMENTÁRIO DE IVAN VALE FERREIRA

Janeiro 24, 2015

b3807e4f-22d7-4db3-ae9f-37ebf20aca27Certa vez o Salão Zimbabwe, em São Paulo, promoveu um concurso de rap com as apresentações das figuras da expressão libertária da periferia. Entre os rapper se exibiu uma figura que vinha do tráfico e da prática de assalto. Quando a figura começou sua performance, não deu outra: o palco perdeu sua identidade repressiva e passou a ser o mundo deslocado em forma de transversalidade dos corpos. Era a magia de Mauro Mateus dos Santos.

Estavam presentes no show, nada menos do que Mano Brown e Ice Blue, dos Racionais MCs. Os caras ficaram pasmos com o rapper que decidiram levar um lero com ele. No lero analisaram a possibilidade dele se tornar um rap-engajado como personagem da periferia. Não deu outra, dois, a figura compôs com o som libertário e passou a ser conhecido como Sabotage. Sabotage sabotou o sistema que lhe queria mais um marginal para excluí-lo da vida com prazer que é dominada toda forma de ditadura.

Em seus percursos sonoramente-produtivos gravou o CD, Rap é Compromisso, em 2002. Foi o único, mas o suficiente para mostrar sua criação engajada como protesto contra a violência criada e defendida pelo sistema burguês. Só um CD, mas muitas aparições com outras figuras malditas como o próprio Mano Brown, BNegão, Happin’ Hood, Sepultura, Negra Li. Z’África Brasil, além de protagonizar os filmes Carandiru, de Hector Babenco e O Invasor, de Beto Brant.

Foi, então, que aos 29 anos, no dia 24 de janeiro de 2003, a violência das urbes lhe pegou mais forte. Agora, seu amigo Ivan Vale Ferreira, também conhecido como Ivan 13P, lança a obra cinematográfica que iniciou há doze anos passados: Sabotage: O Maestro do Canão. O documentário é composto de depoimentos de seus familiares e amigos como Mano Brown, João Gordo, Sandrão e Helião, do grupo RZO, Paulo Miklos, Sepultura, BNegão, Andreas Kisser, Happin Hood, o ator Ailton Graça e os cineastas Babenco e Brant.

“Não vamos falar só do Sabotage, como músico, como ator, mas também do Maurinho, de como o cara teve uma vida sofrida e chegou onde ele chegou, até ser assassinado”, disse o diretor do documentário.

 

AMOR, PLÁSTICO E BARULHO”, LONGA DE RENATA PINHEIRO

Janeiro 23, 2015

bbdc8476-9158-458e-abbf-abaa03559bacO quadro psicótico-comercial de consumo que o capitalismo oferece com sua indústria anestesiante chamada de entretenimento você já percebeu porque você não permitiu que seu Eu fosse diluído pelo Super-Ego do capital. Assim, você já presenciou tipos alcunhados de cantores, compositores, dançarinos, atores, e outros congêneres explodirem nos meios de comunicação de massa de forma inebriantes e, para logo em seguida, como uma estrela-cadente desaparecer sem deixar rastro.

A cinegrafista Renata Pinheiro dirigiu seu primeiro longa-metragem que narra o mundo da chamada música-brega que mostra de cara quem é quem que gosta desse tipo de audição. Mas, ninguém deve se enganar com esse tom despreciado, porque muitas músicas que não são estigmatizadas de brega na verdade são piores. Querem um exemplo? Roberto Carlos, Fagner, Seu Jorge, e lá vão outros.

Plástico e Barulho ao narrar a carreira meteórica de Jaqueline, a Jaque, interpretada pela atriz Maeve Jinkings, cantora em decadência e a ambição de Shelly, protagonizada pela atriz Nash Laila, dançarina pretendente ao estrelato onde as ilusões são os personagens principais, Renata Pinheiro mostra a imagem sedutora de toda forma de entretenimento que sociedade de consumo oferece com sua lógica desmedida de oralidade lucrativa.

786d5e06-fbf5-4120-8d91-8e9dd20d2522Os conflitos, as angústias, depressões e desesperos que os personagens apresentam ao vivenciarem essa subjetividade chamada sucesso, se encontram em todas as Brodway Holywood do mundo do lucro a qualquer preço. Os pagos em dólar e os pagos com um gole de cerveja. O dinheiro ou a falta dele, nesse mundo, não escapa do universo psicótico produzido por ele mesmo. São ‘lindas’ alucinações e delírios que não podem se apresentar em outro princípio de realidade. Como também, em um princípio de prazer mais humano.

“Quem sabe cantar, canta, não fica aí só se rebolando. Comecei de baixo, minha filha. Mas o dia que eu cantei a primeira música foi um estouro. Aí começou o inferno.

Esse negócio de sucesso é descartável, feito um copinho de plástico bem vagabundo, quando tu tá usando ainda, ele se rasga todo. E tu vai usando até a última gota, até a última gotinha. O tempo vai, amassa mais ainda e joga fora”, desabafa a decadente Jaque.

Jaque não disse nada novo desse mundo psicodélico. Milhões antes dela, já proferiram. E vão repetir enquanto a boneca da sociedade de consumo continuar sendo embalada com o único objetivo de reificar os sentidos e a razão. Já que não se trata de simples neurose-oral-anal-sádica ou um sentimento de culpa, mas de um caso de psicose de auto-destruição.

Vejam o trailer.

PARA A AGÊNCIA NACIONAL DO CINEMA, EMBORA TENHA HAVIDO CRESCIMENTO NO CINEMA, O CINEMA NACIONAL TEVE POUCA RENDA

Janeiro 22, 2015

ancine63009O Informe Anual Preliminar da Agência Nacional do Cinema (Ancine), divulgado ontem, dia 21, mostra que houve um aumento de espectadores nas salas de cinema do Brasil, em 2014. Foram 155,6 milhões de espectadores que assistiram exibições cinematográficas. O que corresponde 4,1% de espectadores a mais, comparado com o ano de 2013. E no mesmo seguimento foi o aumento da renda que chegou a R$ 1.96 bilhão.

Só que o mar não foi de rosas para o cinema brasileiro. Embora tenha aumentado suas expectativas para futuras realizações. Observemos. No total de espectadores que marcaram presenças nas salas exibidoras, o cinema brasileiro contribuiu com 12,2% quando levou 19 milhões de pessoas às salas exibidoras. Todavia, bote via nisso, foi um número menor comparado ao ano de 2013. O que significa: em 2014 houve menos lançamento de filmes nacionais, menos espectadores e menos renda.

Tem mais. Em 2013forma lançados 129 películas. Em 2014 somente 114. Em relação à renda, em 2013, o lucro foi de R$ 297 milhões. Em 2014, foi de R$ 221. Mais do mais. Somente 6 filmes foram além de 1 milhão de ingressos vendidos, em 2014. Quais foram eles?

Foram:

  • Até Que a Morte nos Separe 2 e O Candidato Honesto, de Roberto Santucci
  • Os Homens São de Morte… e É Para Lá Que Eu Vou, de Marcos Baldini.
  • S.O.S. Mulheres no Mar, de Cris D’ Amato.
  • Muita Calma Nessa Hora 2, de Felipe Joffily.
  • Vestido Para Casar, de Gerson Sanginitto.

O informe também informou, é muita informação, que foram criados no ano de 2014, 38 novos complexos cinematográficos contendo 182 salas de projeção. No ano foram reabertos 5 complexos e ampliadas 6 salas. No todo são 2.830 salas.

E o informe informou mais – linda tautologia. O Brasil tem 1770 salas com tecnologia digital, equivale 62,5% do total.

Outro informe informado pelo informe da Ancine é que ainda não foi marcada a data para o balanço definitivo. O óbvio, já que tudo que foi informado foi apenas uma informação do Informe Preliminar. O qual é um dos problemas da informação? Muito informe informativo!