Archive for Junho, 2022

COMIDAS E BEBIDAS TÍPICAS COMPÕEM A TRADIÇÃO DAS FESTAS DE SÃO JOÃO NO NORDESTE

Junho 30, 2022

SÃO JOÃO

Do Maranhão até a Bahia, as festas juninas estão na música, na dança, na decoração e também na gastronomia

Rodolfo Rodrigo

Brasil de Fato | Recife (PE) |

 Junho de 2022 –

Alimentos produzidos à base de milho, macaxeira, amendoim e especiarias valorizam tradição e a variedade da culinária junina
Alimentos produzidos à base de milho, macaxeira, amendoim e especiarias valorizam tradição e a variedade da culinária junina – Reprodução

As comidas típicas fazem parte da tradição das festas juninas. São doces, salgados e bebidas que estão relacionadas à cultura do campo e do interior do Nordeste. Um cardápio que faz sucesso na festa e também o ano inteiro.

Entre os pratos mais conhecidos estão a pamonha, a canjica, o cuscuz, o arroz doce, pé de moleque, bolo de milho e de macaxeira

Assista ao vídeo:

Mas cada cidade nordestina tem uma especialidade que é destaque no São João. E, segundo a professora de gastronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Mônica Panetta, os hábitos culinários típicos do São João são heranças culturais.

“Acontece muito, por conta da cultura, por conta da lembrança, as receitas são passadas oralmente, geralmente, de geração para geração. E de uma maneira afetuosa, então mesmo que você cresça e crie outros hábitos e tenha outras práticas alimentares, aquela lembrança afetiva daquela comida você vai ter. Então, você volta no São João pra ter aquelas lembranças de pertencimento daquele grupo e fortalecer as suas tradições. É muito comum o uso desses ingredientes que vem da agricultura familiar, geralmente comprado nas feirinhas, reunir toda a família para preparar o seu alimento”, afirmou a professora de gastronomia.

Leia também: Festas Juninas celebram a gastronomia nordestina e o milho

Geração de Renda

Para a aposentada Maria de Lourdes, da cidade de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, essa tradição culinária tem ajudado a aumentar a renda da sua família. Todo ano, na festa de São João, ela prepara as comidas típicas para vender na vizinhança.

“A tradição de comida típica já vem da família, da minha avó, das minhas tias, da minha mãe, e hoje eu faço junto com meus filhos. Vou agregando a família e faço por amor. Aí faço o bolo de macaxeira, o bolo de pé de moleque, o bolo de massa puba, o bolo de milho, pamonha, canjica, milho cozido. Faço desde pequena e hoje, há mais ou menos quatro anos, faço para aumentar a renda familiar”, disse Maria.

Cada estado tem sua própria tradição

Mas não só das comidas típicas à base de milho e mandioca se baseia o cardápio junino no Nordeste. No Rio Grande do Norte, a paçoca de carne de sol é um dos pratos mais pedidos durante o ano todo e principalmente durante a festividade.

Na Bahia, a bebida também é parte essencial nas festividades. Além do quentão, os licores estão entre os produtos mais procurados nesse período. O grupo “Aroma da Caatinga” que fica em Massaroca, na Bahia, trabalha com a produção de doces e licores através de frutas da caatinga, como o umbú e o tamarindo. A procura pelos licores é tanta que nos últimos dois meses foram mais de 500 garrafas vendidas

Leia também: A diversidade cultural do São João maranhense vai além do bumba meu boi

“A gente trabalha com os licores o ano todo, mas quando chega essa época junina, que começa a entrar o mês de maio, o nosso licor é mais vendido, bem saído, o povo já começa a encomendar a partir de maio e a produção começa a aumentar. E até junho é uma boa venda, a gente vende bastante mesmo, é onde a gente vende mais licor, é nessa época”, conta a produtora Marineide Arcanjo.

Já no Maranhão, o vatapá e o mingau de milho, mais conhecido como munguzá, são essenciais nas festas juninas. Em todo o Nordeste, o milho e seus derivados predominam na culinária junina e na mesa dos nordestinos durante todo ano.
 

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Elen Carvalho

“COTAS: UMA PORTA ABERTA”: CURTA-METRAGEM ESTREIA NESTA QUARTA-FEIRA (29) NA UFRGS

Junho 29, 2022

AUDIOVISUAL

Filme resgata luta que levou à conquista de cotas raciais na Universidade cinco anos antes da aprovação da lei nacional

Fabiana Reinholz

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |

 29 de Junho de 2022 –

Tamyres Figueira, que apresenta o filme, e Alan Alves Britto, coordenador do Neabi e entrevistado – Foto: Divulgação

“As cotas são importantes numa perspectiva histórica de recuperar a história mas também de responsabilização contemporânea”. “As políticas afirmativas são uma tática muito importante não só no mundo da educação como também no mundo do trabalho”. “É uma luta de raça e de classe que se amplia ainda mais porque só assim será possível ter a presença indígena, negra, população de baixa renda podendo ocupar os espaços historicamente que são da elite no Brasil.”

Os trechos acima fazem parte do curta-metragem documental “Cotas: uma porta aberta”, que tem estreia em Porto Alegre nesta quarta-feira (29), data que marca os 15 anos da aprovação das cotas com recorte social e racial na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A sessão de estreia ocorre na Sala Redenção, o cinema universitário do campus centro da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110), às 19h. A entrada é gratuita e as vagas são limitadas. Será exigido o uso de máscara e comprovante de vacinação para a sessão. Inscrições antecipadas para participar do evento podem ser feitas em https://forms.gle/xew3GWQiA2vhv2Es8

Com roteiro e direção do jornalista Douglas Roehrs e apresentação da servidora pública Tamyres Filgueira, que atua como coordenadora-adjunta do Núcleo de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Neabi-UFRGS), a obra entrevista negros e indígenas que tiveram ligação com essa conquista, seja lutando por ela ou como beneficiados.

“Este curta-metragem chega para celebrar um passo importante e reforçar que a luta ainda não acabou. Precisamos não apenas da manutenção das cotas, mas da ampliação para a pós-graduação”, destaca Tamyres. Durante o evento, será lançada a campanha em defesa de uma normativa para regulamentar as cotas em todos os cursos da pós-graduação da UFRGS.

Além dos 15 anos da implantação das cotas na UFRGS, 2022 também marca os dez anos da Lei de Cotas, de âmbito federal. “Boa parcela dos projetos sobre o tema apresentados atualmente no Congresso querem o fim das cotas. Logo, é fundamental tirarmos o estigma que há com relação às cotas e mostrar para a sociedade como realmente funciona a lei e o porquê dela ser importante”, afirma a coordenadora. 

Brasil de Fato RS conversou com Tamyres e Douglas sobre o filme e a importância das cotas. “Não há equidade no nosso país e não acredito, infelizmente, que tão cedo tenhamos. Dessa forma, cotas com recorte racial existem para corrigir parte das injustiças existentes e espero que este documentário consiga ajudar as pessoas a entenderem isso”, frisa Douglas. 


“Precisamos não apenas da manutenção das cotas, mas da ampliação para a pós-graduação”, destaca Tamyres / Foto: Divulgação

Abaixo a entrevista completa.

Brasil de Fato: O que motivou a realização do filme?

Tamyres –  A realização do documentário foi motivada pelos poucos registros existentes daquele processo de luta. As cotas, que foram aprovadas em 2007 pelo Conselho Universitário da UFRGS, são fruto de muita luta e mobilização do movimento negro, indígena e social, e por isso que são os integrantes desses movimentos que falam no documentário.

Como foi o processo do mesmo? Onde foi realizado, número de entrevistas feitas?

Douglas – Entre os meses de janeiro e maio deste ano, foram entrevistadas 10 pessoas ligadas às cotas. Com exceção da parlamentar Vivi Reis, que concedeu entrevista em Brasília, os demais materiais foram captados na região Metropolitana de Porto Alegre. Foram escolhidos não apenas ex-cotistas, como o premiado escritor Jéferson Tenório, mas figuras que tiveram papel importante na implantação das cotas, entre eles o senador Paulo Paim. Nós tínhamos no roteiro quatro eixos principais de trabalho: explicação das cotas e a importância delas; como ocorreu a luta para termos cotas na UFRGS, em 2007; cinco anos depois, em 2012, a vinda da Lei de Cotas, de âmbito federal; e, por fim, a necessidade de ampliação das cotas para a pós-graduação.

Com base na fala dos entrevistados, nota-se diferenças e semelhanças no que a cota significou para eles, no processo que foi vivido?

Tamyres – Com certeza mais semelhanças do que diferenças. Cota é uma política de reparação muito importante e que possibilita uma transformação na sociedade, permite que setores historicamente excluídos ganhem lugar em espaços antes ocupados apenas pelos colonizadores.

O racismo está impregnado em toda a sociedade, até mesmo dentro das universidades. 

Esse ano a lei de cotas completa 10 anos. Para além de falar sobre a importância, gostaria que comentassem sobre as transformações que ela gerou nesta primeira década+.

Tamyres –  As cotas foram um importante avanço na ocupação de espaços excludentes. O acesso da população negra, indígena e pobre às universidades sempre foi negado ou dificultado. Isso precisa mudar, felizmente está mudando, principalmente em decorrência das cotas.

Como as cotas ajudam a combater o racismo?

Tamyres –  O racismo está impregnado em toda a sociedade, até mesmo dentro das universidades. Diferentes falas presentes no documentário ressaltam isso. Precisamos de mais setores oprimidos ocupando espaços de poder, com lugar de fala em discussões antes apenas pautadas por brancos. Ter professores universitários negros, por exemplo, faz com que a discussão no mundo acadêmico se torne mais plural e inclusiva. Só que para termos professores universitários negros, primeiro é preciso dar oportunidade à população negra, bem como à indígena e outras tantas que integram o processo de exclusão, como trans e travestis.

Nossa luta é diária e contínua

Na UFRGS, as cotas são aplicadas há 15 anos, cinco antes da existência da lei. Em um estado cuja maioria da população é autodeclarada branca, que significado isso traz?

Tamyres – Que a luta do movimento negro, indígena e social tem força. Se não fosse nossa organização e mobilização, não teríamos essa conquista. A depender do Conselho Universitário da época, continuaríamos excluídos. A nossa pressão surtiu efeito e o recado é este: nossa luta é diária e contínua.

Quais as expectativas que vocês têm em relação ao documentário?

Douglas – Segundo pesquisa recente do Datafolha, 50% da população brasileira é a favor das cotas raciais em universidades públicas. No entanto, 34% dos entrevistados, número muito similar àquele obtido por Bolsonaro em pesquisas eleitorais, por coincidência ou não, são contra cotas. É necessário que nossa sociedade entenda a gravidade do processo histórico de exclusão sofrido por negros e indígenas. Ainda hoje impera um racismo que é estrutural e causa imensa desigualdade. Não há equidade no nosso país e não acredito, infelizmente, que tão cedo tenhamos. Dessa forma, cotas com recorte racial existem para corrigir parte das injustiças existentes e espero que este documentário consiga ajudar as pessoas a entenderem isso.

O documentário vai ter distribuição? Estão previstas exibições? Onde serão?

Douglas – Por enquanto, só está previsto o lançamento dia 29, que coincide com os 15 anos da aprovação das cotas na UFRGS. Nós estamos vendo ainda se terá alguma outra exibição especial, mas também queremos disponibilizar logo o material online para que o maior número de pessoas tenha acesso ao conteúdo. Queremos que ele chegue nas escolas, seja compartilha com outras comunidades acadêmicas do país, traga um pouquinho de luz para um tema tão importante.


Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira

VÍDEO: BUMBA MEU BOI DE SÃO JOSÉ DO RIBAMAR DO MARANHÃO

Junho 28, 2022

ARTISTAS DO CEARÁ PARTICIPAM DE MOSTRA QUEER NA ESPANHA; ASSISTA AO VÍDEO

Junho 28, 2022
  1. CULTURA

ORGULHO LGBTQIA+

As obras partem da diversidade de olhares para dar visibilidade às dores vivenciadas pela população LGBTQIA+

Camilla Lima

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

Junho de 2022 –

Cyborgue
Obra “Cyborgue”, do artista Caeu Henrique – Foto: Eduardo Bruno Fernandes

Pensar a arte para além da heterossexualidade e dos corpos cis. Essa é uma das propostas da exposição Museari Queer Art. Iniciativa online internacional sem fins lucrativos, que desde 2015 promove a educação artística e histórica como instrumentos para a defesa dos Direitos Humanos, sobretudo ligados à diversidade sexual.

Em cartaz no museu de Bellas Artes de Xátiva, na Espanha, a mostra integra a edição 2022 do panorama artístico presencial. A novidade deste ano é a presença de 7 obras de artistas cearenses, que expõem seus trabalhos, ultrapassando as barreiras geográficas e ampliando suas vozes.

Leia também: Há 13 anos no topo da lista, Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans no mundo

Assista ao vídeo:

Caeu Henrique, um dos artistas visuais selecionados para a mostra, fala da emoção de ver o seu trabalho alçar novos voos: “quando eu vejo os meus trabalhos ganhando o mundo é sempre um momento muito bonito de pensar as possibilidades de para quem ele vai chegar, as pessoas que ele vai de fato afetar. Eu entendendo a arte Queer em todas essas possibilidades, isso fica ainda mais interessante do ponto de vista de quem está entregando o trabalho, colocando ele ali para ser pensado por quem está passando, por quem está vendo”.  

Fotografia, videoarte e objetos híbridos em tecido compõem as linguagens selecionadas para a mostra. Aires, outra artista na mostra, expõe em tecidos costurados fotos de sua infância que a ajudam a entender sua sexualidade e identidade de gênero: “eu estou participando com o trabalho sutura sobre fotos de criança transviada. Foi um trabalho que eu iniciei fazendo a experimentação em fotos minhas de infância, rasgando elas e costurando à mão. Essa obra faz parte do meu projeto de pesquisa enquanto artista, eu venho investigando principalmente na parte da performance-arte questões relacionadas à transição de gênero – ou como gostaria de dizer traição de gênero”.


Foto da exposição Museari Queer Art, na Espanha / Foto: Eduardo Bruno Fernandes

Artistas e obras

João Paulo Lima: artista-performer-educador e escritor que apresenta um vídeo-performance sobre o corpo e seus desejos. As cenas abordam cenas empoderadas do corpo de uma pessoa com deficiência.

Filipe Alves: artista visual que apresenta um estandarte em tecido sobre o “Santo das Graças Não Atendidas (criado pelo artista)” e orações que são distribuídas aos moradores de uma rua da cidade de Nova Olinda, no Ceará.

Rhamon Matarazzo: artista e historiador soropositivo apresenta o vídeo-performance “Paz no Futuro e Glória no Passado” em que canta o hino do Brasil entre gargalhadas para criticar a atual situação política e de saúde pública do país.

Caeu Henrique: fotógrafo, desenhista, colagista e artista visual que reside no Cariri. Expõe “Cyborgue”, um trabalho de fotografias que aborda a relação entre os processos de construção de gênero e a relação entre fármacos, acessórios, próteses e maquinários.

Aires: travesti, possui licenciatura em Teatro pela Universidade Federal do Ceará. Expõe em tecidos costurados, fotos de sua infância que a ajudam a entender sua sexualidade e identidade de gênero. “Suturar fotos na tentativa imaginativa de costurar as feridas de uma infância”, define a artista sobre seu trabalho.

Terroristas Del Amor: coletivo formado em 2018 pelas artistas Dhiovana Barroso e Marissa Noana. Na mostra queer apresentam o trabalho “Terraaterra”, uma bandeira construída a partir de memórias e simbologias. A intenção é criar a representação de um futuro seguro para as mulheres.

Marília Oliveira: doutora em artes visuais e mestre em comunicação, a cearense apresenta o trabalho “Remissão”, retratos de 153 situações de assédio que a artista passou no período de seis meses. Para representar cada uma dessas violências, a artista fotografou pedras sob seu corpo. Dois desses retratos estarão na exposição.

Onde conferir

Além de ultrapassar fronteiras, os trabalhos abrem espaço ao diálogo. Numa realidade onde o contexto de violência extermina vozes dissonantes, pensar na perspectiva da diversidade de olhares se torna ainda mais necessário para a visibilidade e luta. A exposição fica em cartaz até o dia 25 de julho, depois pessoas do mundo todo poderão ter acesso através do site www.museari.com  

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Fonte: BdF Ceará

Edição: Camila Garcia

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA EM CURITIBA MOSTRA REALIDADE DE PRESÍDIOS EM PAÍSES LATINO-AMERICANOS

Junho 27, 2022
  1. CULTURA

GRATUITO

Exposição vai até 19 de agosto, de segunda a sexta, na Sede dos Núcleos Especializados da Defensoria Pública do Paraná

Redação Paraná

Curitiba (PR) |

 Junho de 2022 –

Exposição pode ser visitada a partir de quinta (23), na rua Benjamin Lins, 779, no bairro Batel – Foto: Divulgação

Nos últimos anos, um projeto da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) visitou 18 presídios em sete diferentes países da América Latina. O fotógrafo Francisco Proner acompanhou a comissão e registrou o cotidiano desses presídios. O resultado está em uma mostra fotográfica denominada “Deste Lado do Muro”, que pode ser visitada em Curitiba.

As 30 imagens que compõem o acervo estarão expostas na Sede dos Núcleos Especializados da Defensoria Pública do Paraná, na rua Benjamin Lins, 779, no bairro Batel. A entrada é gratuita e a exposição pode ser visitada até o dia 19 de agosto, de segunda a sexta-feira, sempre das 9h às 18h.

Com o olhar sensível e crítico, Proner captura imagens impactantes em prisões no Brasil e em alguns países latino-americanos. As imagens sintetizam, de modo dramático, as agruras vividas pela população carcerária e convidam a fazer uma reflexão sobre as políticas públicas implementadas em presídios.

A obra propõe também a observação da ausência dos direitos humanos e o tratamento discriminatório que recebem as pessoas que estão cumprindo pena em cárceres na América Latina.

“É impressionante ver que toda a região latino-americana tem os mesmos problemas, tanto em relação ao sistema judiciário quanto ao sistema carcerário. Mas, apesar das diferenças, existem muitas similaridades quando se trata das violações de Direitos Humanos, que já começam em termos jurídicos, com a falta do devido processo legal”, comenta Proner.

Serviço:

Exposição fotográfica “Deste Lado do Muro”, de autoria do fotojornalista Francisco Proner
Data: até 19 de agosto, das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira.
Endereço: Sede dos Núcleos Especializados da DPE-PR, na Rua Benjamin Lins, 779, Batel / Curitiba – Paraná.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini

GILBERTO GIL 80 ANOS – UMA FESTA QUE É DE TODOS, DO BRASIL E DO MUNDO

Junho 26, 2022

GILBERTO GIL 80 ANOS

É dia de comemorar e agradecer, dia de festejar. Vidas como as de Gil, que forjaram a construção das nossas, são celebrações de todos

Gil imortal em dois tempos.Créditos: Divulgação/Reprodução/Montagem
Julinho Bittencourt

Por Julinho Bittencourt

OPINIÃO Junho/2022 ·

Meu pai trabalhava na Abril Cultural na década de 60. Por conta disso, trazia pra casa aqueles disquinhos da série Música Popular Brasileira. Eram vinis menores, de dez polegadas, com quatro canções de cada lado e um fascículo com a história do músico. Um dos primeiros que me atraquei, ainda bem criança, foi o de Gilberto Gil. Lembro bem da sensação que me causou a canção “Domingo no Parque”.

Foi minha primeira proximidade do que se revelou posteriormente como estética, como a “crítica do gosto“, que tive.

É uma canção cinematográfica, repleta de cores, tragédia, angústia e beleza, uma infinita beleza. Pela primeira vez reparei que sons poderiam contar histórias, propor movimentos, reinventar a vida. Tinha uns oito ou nove anos e poucas vezes havia ouvido algo tão bonito.

Mais de 50 anos depois, reafirmo. Outras belezas, no entanto, vieram se somar àquela, da infância, e se perpetuaram pela vida afora. Gil é daqueles artistas que cumpre seu papel transformador dentro e fora da obra. E suas obras seguiram nos ensinando, senão a viver, a questionar a vida.

Após esta primeira fase, saído de Salvador e ganhando o Brasil, ele seguiu para o exílio, em Londres, e voltou transformado. Seu violão, cantos, o “Expresso 222” rumo a um Oriente sonhado e imaginado nos davam a dimensão da nova juventude que surgiria pós-ditadura.

Do final dos anos 70 para os 80, Gil mergulhou no prazer e no deleite da cultura pop sem medo nenhum da felicidade, do realce, da visão afro-americana do mundo. Com formação de esquerda, ouvia incomodado as críticas da imprensa, amigos e parentes ao músico. Tudo o que vinha dele me parecia uma ode à vida, um passaporte para a vida que não poderia, jamais, ser tratado daquela maneira, tão carregada de regras. Gil era e sempre foi a falta delas.

Sempre carregado de um talento impressionante para o fazer musical, tanto nas suas canções quanto no canto e violão casados desaguando na realização impecável de seus discos, é daqueles artistas, feito João Gilberto, que nos lembram sempre do quanto é imprescindível buscar a perfeição.

Quem me mostrou a alma de Gil foi o Pardal, um amigo querido, músico de mão cheia, que insiste em aprender – e ensinar – seus acordes e desdobramentos ipsis litteris, tal e qual são engendrados. Através de seus ensinamentos, que são também os de Gil, pude perceber com exatidão toda a sabedoria contida naquela música universal.

Gil chega aos 80 nesta manhã de domingo e, através de sua vida e obra, revejo e recupero o nosso tempo. Nada teria sido como foi não fosse ele, o menino mágico devoto a Xangô, espezinhado pela esquerda que virou um dos maiores ministros da Cultura do maior governo de esquerda de todos.

O homem que integrou sua obra a seu tempo, antecipou comportamentos, reverteu prioridades, criou uma família maravilhosa, libertária e inventiva e prossegue, a partir de então, sua trajetória para o infinito.

É dia de comemorar e agradecer, dia de festejar. Vidas como as de Gil, que forjaram a construção das nossas, são celebrações de todos.

TEMAS

Gilberto GilGilberto Gil 80 anos

PARQUE MADUREIRA COMEMORA 10 ANOS COM MART’ NÁLIA, FERNANDA ABREU E 4 HORAS DE SHOWS

Junho 25, 2022

CULTURA

Área de cultura e lazer de 450 mil metros quadrados é o terceiro maior parque da cidade do Rio de Janeiro

Redação

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

 25 de Junho de 2022 –

Mart'nália
Mart’nália se apresenta na noite de sábado, na festa promovida pela cantora Fernanda Abreu – Divulgação

O Parque Madureira Mestre Monarco, na zona norte do Rio de Janeiro, completou 10 anos na última quinta-feira (23), e vai ser palco de uma celebração gratuita com muita música e cultura neste sábado (25). A cantora Fernanda Abreu apresentará a festa Amor Geral, em que vai dividir o palco com 83 convidados.

Leia mais: Parque Madureira (RJ) é rebatizado em homenagem ao sambista Monarco

Realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, o evento presenteia o bairro e seu entorno com um show de mais de quatro horas e meia reunindo nomes consolidados da música brasileira e da velha guarda do samba, além de artistas em ascensão do hip-hop, do rap e de outras expressões artísticas.

A festa deste sábado começa às 20h e reúne artistas de música, dança, moda e artes visuais. Com uma banda poderosa, Djs, dança contemporânea, passinho, charme, jongo, bate bolas, samba, o evento promete juntar tradição e modernidade no palco principal do parque, num intercâmbio entre artistas consagrados e novos talentos locais.

“É um grande prazer ter a oportunidade de juntar todos esses artistas incríveis numa noite tão especial e afirmativa da nossa cultura carioca, tão rica e diversa, espalhando amor para geral”, comenta Fernanda Abreu.

Segundo a Prefeitura, a festa terá mais de 300 profissionais trabalhando diretamente na montagem do espetáculo e de seu entorno para que o Parque Madureira celebre sua primeira década. A estrutura contará com palco, som, luz, telão de led, segurança, camarins, banheiros químicos, brigada de incêndio e ambulância para atender o público num espaço preparado pra receber até 15 mil pessoas.

Inaugurado em 2012, o parque é um espaço de 450 mil metros quadrados em uma gigante área de lazer e cultura para os moradores da região. É o terceiro maior parque da cidade do Rio de Janeiro e sua existência garante a conservação do legado da cultura da Zona Norte, um dos importantes berços da cultura carioca.

Confira as atrações

Mart’nália

Sandra de Sá

Bateria da Portela

Velha Guarda do Império Serrano

Corello DJ

DJ Marlboro

Duto Live Sessions: Larah Deal / King / Cold Jas / Du Brown / Oba Oba – Urban Dance

Abacaxi – Piña Fashion

Cia de Aruanda

Focus Cia de Dança

Dughettu

Dança Charme e Cia

Passinho: Hiltinho, Sheick, Pablinho e Neguebites

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Eduardo Miranda

CINEMA BRASILEIRO COMEMORA RETORNO DE EDITAIS, MAS AINDA TEME “FILTROS” E INDECISÕES DA ANCINE

Junho 25, 2022
  1. CULTURA

BRASIL NA TELA

Cinema brasileiro comemora retorno de editais, mas ainda teme “filtros” e indecisões da Ancine

Produtores audiovisuais comentam a longa crise vivida pelo setor sob Bolsonaro e a presença, sem freios, dos streamings

Alex Mirkhan

Brasília (DF) |

 25 de Junho de 2022 –

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“A Vida Invisível”, dirigido por Karim Aïnouz, venceu mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes em 2019 – Bruno Machado/ IMS

cinema brasileiro vive um momento de suspense. Ainda pairam sobre ele as sombras dos efeitos da pandemia, da várias ofensivas contra a Ancine (Agência Nacional do Cinema) pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) e da longa paralisação de recursos gerada após um imbróglio judicial. 

Produtores audiovisuais e trabalhadores do setor reconhecem uma melhora nos últimos meses, seguida do retorno do público às salas de cinema e da volta de editais de fomento publicados pela Ancine. Mas o clima ainda é de apreensão, desconfiança e incerteza para uma indústria que, em 2019, adicionou R$ 27,5 bilhões ao PIB brasileiro, de acordo com levantamento da própria agência.
https://youtu.be/BPe1yR4_6Gc

Uma postura justificada por rupturas em políticas públicas, patrocínios estatais e “pela própria visão de mundo” que remontam à presidência de Michel Temer e à ascensão da extrema-direita de Bolsonaro. Mesmo para os 9 novos editais publicados desde dezembro de 2021, há temor de patrulhamento ideológico e sobre o ritmo de aprovação e de liberação de verbas.

Questionada, a Ancine justifica parte da interrupção da aplicação de recursos do Fundo do Setor Audiovisual (FSA) à uma investigação conduzida pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Mesmo assim, alega que “não houve descontinuidade” na análise e liberação de recursos de editais anteriores e que os investimentos liberados desde 2021 já correspondem a R$ 873,2 milhões.

Segundo Camilo Cavalcanti, produtor executivo de sucessos de público e crítica, como A Vida Invisível, há de se considerar o gargalo criado nos últimos anos. Ele menciona um edital aberto para novos realizadores – criadores de até um longa-metragem – que contou com um número massivo de inscrições. “Existe uma efervescência enorme na produção audiovisual brasileira, mas é impossível que o fundo setorial dê conta de 700 propostas”, avalia. 

A crise do cinema nacional também se reflete em resultados de bilheteria, que nos últimos levantamentos foram dominados pelas produções estrangeiras, e também pelo desempenho internacional. Cavalcanti compara a fraca participação brasileira deste ano do prestigiado festival de Cannes, na França, quando nenhum filme nacional foi selecionado, com outras edições. “Quando eu fui em 2019 com A Vida Invisível, também tinha Bacurau e vários outros filmes em várias outras mostras diferentes”, lembra.

Ainda em 2019, último ano antes da pandemia, foram lançados 153 longas-metragens brasileiros, muitos deles bastante exibidos nas 3.496 salas de cinema abertas à época. Em 2021, após a reabertura, o país havia perdido quase 250 salas segundo a Ancine. Enquanto o mercado se desaquecia por esse lado; por outro, assistia à explosão dos serviços de streaming.

E foram os grandes serviços de vídeo sob demanda e canais de TV por assinatura que garantiram certa produtividade dos trabalhadores do setor audiovisual nos últimos anos. É o que aponta Thiago Iacocca, produtor e pesquisador documental de obras como Democracia em Vertigem

“Em 2020, primeiro ano da pandemia, tudo parou e tivemos que ir nos reinventando. As produtoras pequenas foram para o buraco. Como ela iria produzir ainda com todos os protocolos sanitários? Quem tinha produtora média viu ela se tornar pequena, então naturalmente a coisa se encaminhou para produtoras grandes trabalhando com streamings, porque vem o dinheiro direto lá”, analisa.
 

Falta de regulamentação pode desequilibrar o mercado

Muitas séries e alguns filmes nacionais foram produzidos nesse período, também como reflexo da Lei 12.485, de 2011. A legislação voltada para TV por assinatura obriga os canais estrangeiros e nacionais a exibirem 3,5 horas por semana de obras audiovisuais brasileiras. 

Uma herança da “política positiva” da Ancine em gestões passadas para o estímulo do setor audiovisual brasileiro, na avaliação de Marcelo Ikeda. Ele é professor de cinema na Universidade Federal do Ceará (UFC) e autor do livro Utopia da Autossustentabilidade: Impasses, desafios e conquistas da Ancine, lançado no ano passado.

Ikeda reconhece que a abertura do novo e pujante mercado dos streamings precisa ser ocupado pelos produtos brasileiros, mas que a falta de regulamentação pode ameaçar os direitos dos criadores e desequilibrar o próprio mercado. “Hoje as plataformas de streaming não têm nenhuma regulação, não tem qualquer obrigatoriedade, inclusive pagam menos impostos que a TV por assinatura. Isso cria uma assimetria muito grande”, opina.

Propostas de um novo marco regulatório do streaming estão sendo debatidas no Congresso Nacional, enquanto o Ministério das Comunicações e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) entram no debate propondo uma atualização da lei que rege as TVs por assinatura. 

Segundo o deputado federal Paulo Pimenta (PT-SP), autor de uma das propostas, a falta de regulamentação pode render prejuízos de R$ 3,7 bilhões em tributos que não serão pagos, além de não haver uma quota de conteúdo nacional nos serviços de streaming. Dentre os modelos considerados está o francês que reserva de 20 a 25% nas plataformas para os produtos nacionais.

“Então tem uma explosão que a gente não sabe até que ponto será uma bolha. Vários estudos apontam para uma fragilidade desse modelo como se desenha hoje sem regulamentações. As próprias empresas de streaming já passaram por reformulações, a Netflix fechou alguns setores”, exemplifica Cavalcanti.
 

Mudanças na gestão e na mentalidade da Ancine

Se a própria maneira de consumir cinema mudou após a covid-19, há de se levar em conta os cortes de patrocínios que as produções nacionais vêm sofrendo desde 2019. Empresas  públicas como a Petrobras e o BNDES, além da Vale e da Eletrobras que foram privatizadas, contribuíram para os “anos dourados” da sétima arte no país, como classifica Ikeda. 

Segundo ele, esse processo ocorreu por decisões que atendem a interesses de acionistas e de parcela da opinião pública, cuja visão teria sido distorcida por campanhas contra a corrupção envolvendo especialmente a Petrobras. O pesquisador compara “a nova lógica liberal” com as políticas adotadas, especialmente, a partir do segundo mandato de Lula na presidência e exalta a longeva gestão de Manoel Rangel à frente da Ancine, que durou de 2006 a 2017.

“Nesse período,  o cinema não só cresceu em número de filmes e séries produzidos, ele também se diversificou e rompeu os limites do eixo Rio-São Paulo. O Brasil inteiro passou a fazer cinema, no Nordeste, no sul, no norte, abrindo caminho para outros sotaques e visões de mundo”, exalta.

O período também foi marcado pela combinação de recursos federais com leis de incentivo regionais, que possibilitaram a emergência de novos pólos de cinema. Ikeda lembra do caso da Paraíba, “um estado pequeno na economia, mas com um cinema muito fértil”, e que conseguiu emplacar uma série de longa-metragens, sendo um deles, A Noite Amarela, de Ramon Porto Mota, exibido no importante festival de Roterdã, na Holanda. 

Thiago Iacocca e Camilo Cavalcanti, que viveram esse momento de auge das produções, também defendem que a evolução também foi estética e de linguagem. Por isso, defendem formas de investimento estatal, assim como ocorre em países reconhecidos pelas altas produtividade e qualidade de suas obras.

“Você acha que o cinema francês é bancado por quem? Os próprios EUA têm linhas de incentivo para defender a produção, isso é algo básico”, questiona Iacocca. De forma mais ampla, ele também enxerga preconceitos e a “vilanização” de quem produz arte e cultura no país, e que passaram a ter medo e receio de apresentar novos projetos que toquem nas feridas abertas da sociedade.

“Em um mundo onde a cultura é vista com tantos maus olhos, o cinema foi o primeiro a parar e o último a voltar. Como se fosse uma coisa desimportante, sendo que a cultura é a nossa essência. O povo precisa de cultura para viver, se identificar e para se relacionar com o mundo”, define.


Outro lado

Questionada sobre a paralisação de investimentos até dezembro passado, a Ancine argumentou que houve “um descompasso financeiro na gestão” da entidade em 2020, causado pelo “lançamento de editais para além das disponibilidades financeiras do Fundo Setorial do Audiovisual”. Em 2018, o fundo havia gasto mais do que o previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA).

Ainda segundo a Ancine, “uma série de medidas” foram adotadas e que a capacidade operacional da agência foi restabelecida antes do lançamento dos editais a partir de dezembro passado. 

Durante esse período de regularização, a Ancine também alega que não houve “descontinuidade ou desinvestimento” e que “recursos  foram sendo liberados de acordo com o fluxo de seleções e análises, conforme as regras de editais anteriores”.

A Ancine também afirmou à reportagem que está cumprindo os cronogramas estabelecidos, que os três primeiros editais do FSA lançados para investimento em produção de obras cinematográficas “já estão na etapa de habilitação”, quando é avaliada a adesão das propostas às regras das chamadas.

Finalmente, também alega estar preparada, após passar por reestruturação interna em suas áreas para o lançamento dos novos editais. “Além disso, ao contrário de lançamentos dos anos anteriores, e devido aos ajustes de gestão, os recursos do FSA estão efetivamente disponibilizados para os investimentos, dando estabilidade e segurança às ações de desenvolvimento do setor”, afirma a agência. 
 

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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