Archive for Dezembro, 2009

Receitas Caseiras: Arroz de Natal e Ano Novo da Tia Elidia

Dezembro 31, 2009

Valdemar-Mana, tu nem sabe o quanto já te procurei pra onde tu estavas?

Barbara- Oras meu, estou de férias e aproveitei pra dar um passeio por Belém do Pará, matar a curiosidade sobre o açai, maniçoba, pato no tucupi de lá…

Valdemar- Nem me fale. E por falar em comida é isso mesmo que quero falar com você.

Barbara- Como assim? Não to ligada…

Valdemar- Queria fazer aquele arroz de natal da tua vó só que você sumiu e eu estava desesperado pra ver se dava pra fazer ele ainda no ano novo.

Barbara- Não tem muita simpatia quanto a isso, pode fazer hoje sim, só que você só tem poucas horas pra comer ele este ano.

Valdemar- Pois é, e eu não sei!? Estou esperando desde o natal. Me passa logo a receita que eu vou no mercado comprar as coisas.

Barbara- E você vai passar a virada com quem, Val?

Valdemar– Em casa sozinho… Isto se você não aceitar o convite de comer um arroz com farofa comigo.

Barbara- Ô, vamos sim..Anota aí, nem dá trampo pra fazer, posso até te ajudar e é mó rapido. Os ingredientes são 2 xícaras de arroz, 250 gramas de castanha de caju triturada, 100 gramas de queijo ralado, 1 maço de salsinha (ou cheiro verde sem miudo), 200 gramas de cogumelos cortados ao meio, 1 lata de creme de leite com soro e 2 cebolas grandes.

Cozinhe o arroz separadamente e deixe ele descançando.Daí primeiro misture o queijo com a salsa e a castanha e deixe descançando. Depois corte a cebola bem picada e frite, refogando bem com os cogumelos e um pouco de água do mesmo. Desligue o fogo e junte com o creme de leite com soro.

Na tigela em que você vai servir o prato coloque o arroz e arrume de forma a ele ficar todo disposto pelo recipiente. Aí você coloca as misturas por cima: primeiro a sólida (da salsa, queijo e castanha) e depois a líquida (creme de leite com cogumelos e cebola).

Valdemar- Mas só tem um problema eu não posso comer creme de leite. Tou de regime… E champignon nem pensar.

Barbara- Nem tem problema. A gente dá uma estilizada e a gente aproveita e compra umas coisas a mais pra gente comer.

Valdemar- Nem estou acreditando que vou comer hoje o arroz da Tia Elidia.

VAN GOGH LIMANDO O MURO DE FERRO INVISÍVEL

Dezembro 30, 2009

Auto-Retrato (1886), Van Gogh

O que é desenhar? Como o conseguimos? É a ação de abrir-se um caminho através de um muro de ferro invisível, que parece encontrar-se entre o que sentimos e o que podemos. Como atravessar este muro, já que nada serve golpeá-lo com força? Devemos minar este muro e atravessá-lo à base de lima e, no meu entender, lentamente e com paciência. E é assim que poderemos continuar assíduos neste trabalho sem nos distrairmos, a menos que não ponderemos e não arranjemos nossas vidas segundo nossos princípios. E isto vale tanto para as coisas artísticas quanto para as outras.”

Vincent Van Gogh, Cartas a Théo

Kinemasófico: Feliz Ano Novo, Charlie Brown

Dezembro 29, 2009

Diretor: Charles Schultz e Bill Mendelez

Personagens: Snoopy, Charlie Brown, Patty Pimentinha, Marcy, Lucy, Linus, Sally, Schroder, Pig Pen, Franklin, Heather (a garotinha ruiva)

Duração: 50 minutos

Ano:1986

Nome Original: Happy New Year, Charlie Brown

Sinopse (resumo da história do filme): Para a vespera de Ano Novo Patty Pimentinha e Marcie decidem criar uma grande festa de comemoração convidando toda a turma. Mas no ultimo dia de aula a professora de Charlie Brown passa uma redação para as férias sobre o romance russo “Guerra e Paz” de Leon Tolstoi e talvez por isso não vai poder ir a festa.

Antes de começar a sessão kinemasófica a leitura foi feita desta vez por Aline


O Kinemasófico é um vetor cinematográfico que a Afin realiza todos os domingos à boca da noite, contando com um curso artístico (teatro, cinema…), sempre com a apresentação ao final da atividade de um cinema. Mais informações, clique aqui.

AMORES TRANSBORDADOS

Dezembro 27, 2009
Uma lua, um bar, uma rua.
Uma esquina, um olhar, uma mina.
Um flerte, um sorriso, um falsete.
Uma canção, um balanço, uma paixão.

Um amor, uma fala, um horror.
Um momento, um corte, um lamento.
Uma bebida, um soluço, uma partida.
Desilusão, desespero, ingratidão.
Ocaso, gargalhadas, fim de caso.
Passe bem! Se puder.

______ Vai embora! ela gritou.

…………… “Mulher a gente encontra em toda parte!” rebateu ele, saindo.

…………“Mas não se encontra a mulher que a gente tem no coração.” ela respondeu, fechando a porta.

______ — “É noite, eu rondo a cidade a ti procurar sem ti encontrar.”

…………….Ele viajou, otária! respondeu o amigo dele jogando bilhar.

______ Ele, se defendendo, disse:

…………— “Mas se fui pecador condeno a lua que abandonou a rua, e fugiu com o luar. Pois ela, adivinhando o meu desejo, provocou-me aquele beijo que assim me fez pecar.”

E ela, convicta, se impôs:

…………Mas o filho é teu, não da lua.

______ “Se meu passado foi lama, hoje quem me difama viveu na lama também” desabafou ele para o amigo.

…………Ao que o amigo concebeu:

…………Bem que eu sabia que vocês eram porcos.

______ Ele, cheio de rancor, disse:

…………“Não adianta nem tentar me esquecer. Durante muito tempo em sua vida eu vou viver.”

…………Ao que ela filosofou:

………… Nada disso! Eu não vou alimentar um parasita!

______ No bar rolava um som, e ela conversando com a amiga, ao ouvir a canção que tocava, disse:

…………“Balada triste que me faz lembrar de alguém. Alguém que existe e que outrora foi meu bem.”

…………A amiga, dando uma talagada, comentou:

…………Porra, isso não era um amor! Era uma depressão.

______ Ele, desesperado diante da distância da mulher, desabafou:

………… “Não espere eu ir embora pra perceber que você me adora, que me acha foda!”

…………Ela, gargalhando, foi se afastando, dizendo:

………… É verdade, brother! Você é foda. E eu não quero uma foda feita, eu quero fazê-la, sacou, seu foda?

______ O cantor no palco se esmerava para dar a emoção em cada melodia que cantava. Foi então que, quase chorando, mandou um Aragão:

…………“Foi nessa que o barraco desabou, foi nessa que o barco se perdeu, nela tava escrito ‘só você e eu’.”

…………Foi então que no escurinho do canto do salão, o cara apertou a mina, e, sem que ela notasse, tirou de sua bolsa a aliança que há pouco havia lhe dado, onde estava escrito “só você e eu”.

…………Com a aliança guardada no bolso, imaginou: “Sem essa, meu. Depois a gente se separa, e lá vai eu ser soterrado com o barraco e afogado no barco.”

A ÉTICA DO PAPAI-NOELSON

Dezembro 26, 2009

A ÉTICA DO PAPAI-NOELSON

Papai-Noelson – o Nelson – é daqueles caras que um dia, como comerciante, diz: “Se não é para dividir, não há porque sorrir”. Sim, o Papai-Noelson sabe que a vida é uma festa e que a privação é produção do homem, como diz Marx, e que a privação não é uma condição da filosofia, como enuncia o filósofo Toni Negri. Papai-Noelson, com seu sorvete para as crianças pelos Natais, é filósofo como Marx e Toni Negri.

Papai-Noelson, filosofante, salta pelos sorvetes e picolés “natalizados”, escrevendo pelas ruas de Manaus que no capitalismo quanto mais se multiplica diminui o amor (Belchior), e impossibilita o homem de andar, com tanto peso do lucro para carregar. E não há infelicidade maior para um capitalista do que não poder carregar suas fantasias lucrativas.

Mas a questão é que há uma perversa condição dessa dor capitalista, é que ele interfere nos movimentos dos fluxos econômico e social de uma sociedade, causando sofrimento em grande parte dessa sociedade. Uma moral que não fica só no capitalista infelicitado por suas multiplicações, mas toca também no conjunto social.

O Papai-Noelson escapou duas vezes de ser capturado por essa infelicidade. Uma, porque não conseguiu multiplicar seu lucro. Pelo contrário, para sair esse ano com seus sorvetes e picolés distributivos, teve que contar com auxílio de alguns comunitários. Duas, porque sacou o que move a alegria do existir ontologicamente: a solidariedade sem compaixão e sem culpa. Uma espécie de descarga de consciência maldosa, como fazem muitos. Inclusive governos. E sua práxis é totalmente contrária a essa consciência maldosa.

O Papai-Noelson quer a festa! Mas a festa do comer filosofante! E nisso as crianças são filosofantes, e ele entende!

Happy Xmas (War Is Over)

Dezembro 25, 2009

So this is christmas
And what have you done
Another year over
And new one just begun

And so this is christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young

A very merry christmas
And a happy new year
Let’s hope it’s a good one
Without any fear

And so this is christmas (war is over…)
For weak and for strong (…if you want it)
The rich and the poor one
The world is so wrong

And so happy christmas
For black and for white
For the yellow and red one
Let’s stop all the fight

A very merry christmas
And a happy new year
Lets hope it’s a good one
Without any fear

And so this is christmas
And what have we done
Another year over
And new one just begun…

And so happy christmas
We hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young

A very merry christmas
And a happy new year
Let’s hope it’s a good one
Without any fear

War is over – if you want it
War is over – if you want it
War is over – if you want it
War is over – if you want it

Composição: John Lennon e Yoko Ono

John Lennon e Yoko Ono

Marque o que for errado

Dezembro 23, 2009

a) A virtude é a mãe do vício
conforme se sabe;
acabe logo comigo
ou se acabe.

b)  A virtude e o próprio vício
– conforme se sabe –
estão no fim, no início
da chave.

c)  Chuvas da virtude, o vício,
conforme se sabe;
é nela própriamente que eu me ligo,
nem disco nem filme:
nada, amizade. Chuvas de virtude:
chaves.

d)   (amar-te/  a morte/  morrer:
há urubús no telhado e carne seca
é servida: um escorpião encravado
na sua própria ferida, não escapa: só escapo
pela porta de saída).

e)    A virtude, a mãe do vício
como eu tenho vinte dedos,
ainda, e ainda é cedo:
você olha nos meus olhos
mas não vê nada, se lembra?

f)     A virtude
mais o vício: início da
MINHA
transa, início, fácil, termino:
“como dois mais dois são cinco”
como Deus é precipício,
durma,
e nem com Deus no hospício
(durma) nem o hospício
é refúgio. Fuja.


A Virtude de Torquato Neto em “Os Últimos Dias de Paupéria”
Org. Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte
Ed. Max Limonad, 1982

Notas em Djingousbéus

Dezembro 22, 2009

  • No Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de janeiro está bolando a mostra “Horror no Cinema Brasileiro” que tras os clássicos horripilantes do nosso Cinema além dos famosos terrirs, veja só a programação recheada: O Jovem Tataravô (1936), de Luiz de Barros; A Força Dos Sentidos (1979), de Jean Garrett;  dentro da obra de Ivan Cardoso temos entre outros As Sete Vampiras (1986), Enigma Para Demônios (1975), de Carlos Hugo Christensen e À Meia Noite Levarei Sua Alma (1964)  dentre outros clássicos de José Mojica Marins, o Zé do Caixão.


  • Já no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo  está aberta até o dia 31 de janeiro a exposição “Saint-Étienne Cité du Design”, que traz um debate sobre a cidade que é famosa por seu design e arquitetura.

  • Em Paris um tribunal de direitos autorais deu uma facada nas costas do Google devido ao site publicar textos e livros inteiros digitalidados para serem lidos gratuitamente. Com isso o Google vai ter que pagar uma indenização gorda para várias editoras francesas.

  • Depois da Origem das Espécies agora é a vez da primeira edição de “Alice no Espelho” ir a leilão, arrebatando US$115 mil. O exemplar vendido teria sido um presente do escritor Lewis Carrol pra filha de um amigo Alice, que inspirou os livros.

  • Neste fim de semana passado o cineasta Fábio Barreto sofreu um acidente de carro e foi internado na UTI em um hospital do rio.Após uma cirurgia seu quadro ainda é preocupante. Barreto é o diretor de cinema de “Lula, o filho do Brasil

  • Embora o novo disco do Radiohead só sair no ano que vem, o grupo já está fazendo barulho. Em uma entrevista com o grupo, O’Brien e Yorke criticaram a Conferência de Copenhagen, a chamando de uma desgraça sangrenta. E ainda desejaram a todos um Bom Natal de paz  a todos.

  • Depois de Brigitte Bardot ter ficado velha (há muito tempo) agora é a vez de outra atriz/ beldade francesa demostrar os sinais reativos da velhice. E é de se assustar. Segundo a France Presse, a atriz Sophia Loren ficou muito chocada com a agressão ao primeiro ministro Berlusconi e disse que “foi como se tivessem agredido meu marido” (referindo ao finado Carlo Ponti). E pra piorar disse “Sinto-me muito ligada a Berlusconi, sofri muito. Ele foi vítima de um gesto realmente malvado, que não merecia”. Realmente estas frases não passam por uma análise racional do que o premier italiano representa pro mundo, sendo este um homem perigoso.

O Natal vem chegando, os bolsos engordando,

e o povo esperando ver a paz brotando,

pois num abraço forte e a sanfona no peito

um Djingousbéus entoando

CERTEZA DE SI

Dezembro 21, 2009

Os policiais ficaram preocupadíssimos quando os moradores da Casa 5, da Rua 5, do Bairro 5, depois de serem assaltados não registraram queixa na Polícia.

Perguntaram entre eles: “O que eles sabem de nós?”

COISAS DA PAIXÃO

Cláudia dizia amar Cláudio desesperadamente. Uma noite, quando estavam no intercurso sexual, Cláudia pegou um revólver e disse ao sujeito de sua paixão que se ele a amava profundamente desse uma prova de sua paixão. Atirasse nela.

Cláudio pegou a arma, empurrou com forças seu pênis em Cláudia, e quando sentiu que começara a ejacular, atirou em sua própria cabeça.

Cláudia levantou da cama aos prantos, cantando: “É o amor, mexe com a minha cabeça e com a minha paixão…”

QUE SANTA LUZIA ME CEGUE

Aldervaldo, como muitos, nascera cego. Mas Adervaldo sabia que sua cegueira não lhe impedia de ser inteligente e sabedor do mundo. Tanto que ele, em conversas com os amigos, opinava sobre a sociedade como muitos dotados da luz da visão não opinavam.

Um dia, papeando alegre com os amigos, o que lhe era peculiar, entre críticas severas sobre a estupidez da humanidade, Aldervaldo disse que se fosse dotado da visão, diante de tanta atrocidade do mundo, ele gritaria: “Santa Luzia, me cegue!” Foi Adervaldo gritar e no mesmo momento ser dotado da visão. Passou a ver a estupidez da humanidade.

URBANOIDES

Dezembro 21, 2009

Elemento cultural artificial. Cidade urbe nada que perturbe. Uma só via que nunca desvia. Gritalhões abarrotados como direitos requisitados. Urbe cidade intransitável. Todos querem seus direitos. Movimentos de seus veículos. Engarrafamentos resguardados em lamentos. Hora do rush! É agora, mano.

Ora, ora, ora pois, pois, ora bolas! A minoria maior quer seus direitos, enquanto a maioria menor não os tem. A minoria maior tem seus veículos, quer as ruas só para si. Engarrafa os engarrafados sentidos e entendimentos. Quer a rua para si. Protesta que as ruas então intransitáveis, mas não abrem mão de seus interesses irresponsáveis pelas ruas engarrafadas de veículos. Ninguém se move. Hora do rush. Ou vai ou rush!

Nenhum carro se move nas ruas de Manaus. Buzinaços, estardalhaços, nada de beijos e abraços! “Já fumei dois maços!” Todos são uníssonos em “diachos”! Eis que surgem jovens armados com tanques emissores de gases. Cada carro é uma baforada. Em segundos, todos os motoristas estão dormindo. As ruas de Manaus são um leito nupcial. Morfeu sem movimento. Todos dormem urbanisticamente.

Urbanisticamente, os jovens tiram os motoristas dos carros e deitam todos nas calçadas. Pegam seus veículos e levam para fora da cidade. Chegando à beira de um precipício, todos os veículos são lançados.

Quando os proprietários dos veículos acordam nas calçadas, gritam desesperados por não encontrarem seus veículos. Mais desesperados ficam quando percebem que as ruas então livres, vazias, transitáveis, ocupadas apenas pelos ônibus e táxis.

Manaus resolveu seu obstáculo do trânsito. Tudo muito fácil. A maioria menor corre alegre pelas ruas de Manaus.