Archive for the ‘Direitos Humanos’ Category

SARAU DO PI: LITERATURA FEMININA CONTEMPORÂNEA

Março 28, 2015

image_largeO Coletivo PI, criado em 2009, promove na Casa das Rosas, em São Paulo, o Sarau do PI; Literatura Feminina Contemporânea. Com o objetivo de realizar debates sobre questões referentes a gênero e produzir visibilidades às mulheres nos territórios das artes e da literatura. O sarau contará com as presenças das escritoras Lilian Aquino e Eliza Andrade Buzzo que irão apresentar músicas de Chiquinha Gonzaga, Carolina Maria de Jesus e Dolores Duram, além de suas próprias composições.

Hoje, sábado, o coletivo apresenta o documentário Entre Saltos, criado, produzido e interpretado pelo próprio PI. São mulheres trajando vestidos vermelhos com um sapato em um pé e outro sapato na mão. Em verdade, o entendimento do coletivo tem fluência da filosofia de Deleuze, onde a evanescência, a hecceidade, o devir, as partículas movimento, repouso, lentidão e velocidade mostram que não há homem, mulher, homossexual heterossexual, transexual, mas devires contínuos. Fluxos que descodificam os códigos molares do sistema protegido por uma moral civil identificatória.

São produções de novas formas de existências sempre em desterritorializações e retorritorializações. Nunca o mesmo. Uma mulher não é uma estrutura que deve seguir o modelo dominante perverso: homem, branco, europeu, como sucede com a maioria das mulheres que, submissamente, aceitam o jugo despótico-paranoico desse modelo.

O Coletivo PI é potência de transformação contínua. Esse movimento é percebido na série performática A Experiência da Vida É a Pergunta, com Luanah Cruz nos fluxos do Me Traziam a Lembrança Daqui. Faz parte dos quatro cortes-fluxos que também mostra Literatura Erótica e Poesias e Crônicas.

Assista o teaser  do documentário Entre Saltos de nove minutos. Rebelde desnadificação desedipianizada!

Ato contra o genocídio de negros e periféricos marca aniversário da cidade onde não existe amor

Janeiro 24, 2014

Enquanto a direitaça, a mídia reacionária e a classe média ignara “comemoram” a morte do molecote  Kaique Augusto Batista não ter sido (será?) um assassinato homofóbico feito por skinheads ou pelos fardados, centenas de jovens estão sendo escorraçados, assassinados, desumanizados pela polícia, pela segregação espacial, pela moral desumana burguesa e pelo engendramento deste holocausto urbano.

Mas sabemos que os manos e minas das quebradas se organizam e não se calarão nunca frente a esta realidade. Por isto, amanhã (25), no aniversário da maior cidade da América Latina ou São Paulo, não há nada a se comemorar e sim criar novos laços e fluxos para que esta realidade constituída há quase meio milênio pelos que se consideram donos da cidade, ditadores de sua realidade (hoje representados pela classe média alienada, pela Fiesp, pela Daslu, a “minoria branca” e pelos novos “barões”) seja dissolvida e possa brotar novas formas de percepção. Ou como diz o rapper Criolo Doido, é a cidade onde não existe amor. É por isto que a periferia organizada pelo Movimento Contra o Genocídio do povo preto organiza um encontro contra o genocídio da juventude preta, pobre e periférica.

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O ato começará às 09 horas, na Praça da Sé, centro de São Paulo, e se estenderá durante todo o dia na luta pelo fim do racismo institucional do estado brasileiro. “Enquanto a PM por meio do Estado e dos playboys agem na calada ou na caruda, muitas mães sofrem, seja pela humilhação da revista vexatória nos presídios ou pela dor incondicional do luto”, diz o documento de convocatória do ato.

O documento ainda responsabiliza o estado pelo contínuo e interminável genocídio dos negros e dos povos autóctones (conhecidos como índios) que representam uma boa parte da nossa matriz cultural: “Porém, juntamente com a elite branca o pagamento e o reconhecimento dessa dívida estão sendo efetivado da pior maneira possível, com a continuação do tratamento colonial, inclusive com TORTURAS e as piores condições insuportáveis para sobrevivência dess@s sofredor@s”.

O ato será até as 18 horas e rappers integrantes do Fórum de Hip Hop H2O SMP de São Paulo também se apresentarão na manifestação.

Leia abaixo ou aqui, a convocatória completa

 

2° ATO: “SP 2014 – 460 ANOS DE GENOCÍDIO DA JUVENTUDE PRETA, INDÍGENA, POBRE E PERIFÉRICA”
André Luiz
 
No aniversário da cidade de São Paulo, dia 25 de janeiro vai acontecer o 2° ATO: “SP 2014 – 460 ANOS DE GENOCÍDIO DA JUVENTUDE PRETA, INDÍGENA, POBRE E PERIFÉRICA” ele será realizado pelos movimento sociais do comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica. Durante nove horas , 9h às 18 h, em frente a catedral da Praça da Sé, serão apresentadas as pautas de revindicações dos movimentos sociais e também apresentações artísticas de rapper´s do Fórum de Hip Hop MSP. Todas as ações tem como tema a luta contra o racismo institucional brasileiro e suas consequências na juventude preta, pobre e periférica.
A cidade de São Paulo é a capital do Estado onde mais pessoas são presas (174.060 em 2011),ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA 2012, e morrem (4.194 homicídios dolosos) no Brasil, onde temos o maior número de adolescentes cumprindo medida socioeducativa, altíssimos índices de mortalidade infantil, precarização do acesso à saúde, o processo de genocídio tem início com o extermínio em massa das inúmeras comunidades indígenas em nome do dito progresso civilizatório.
Com o avanço da exploração da escravização de africanas(os), foram deixadas sequelas que até hoje sentimos na pele, sendo que a suposta abolição isentou o opressor e jogou a maioria da população aos piores índices de sobrevivência, “..no conjunto da população residente nos 226 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, calcula-se que a possibilidade de um adolescente preto* ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior
em comparação com os brancos” PRVL – PROGRAMA DE REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA LETAL CONTRA ADOLESCENTES E JOVENS. 2010. Disponível em: <http://prvl.org.br/>. O racismo institucional, aquele praticado por governos e órgãos públicos, é uma realidade percebida cotidianamente.
 
As exigências principais do ato são respostas do poder público quanto:
  1. Encarceramento em massa
  2. Ausência de Procedimentos de informação, preservação e guarda de objetos e roupas em hospitais ao receberem pessoas baleadas em conflito com policias.
  3. Ausência de Indenizações e apoio a familiares e vítimas fatais ou não, quando provocadas por agentes do Estado.
  4. Ausência de Investigação, apurações e processar de agentes do estado participantes de grupos de extermínio no estado de São Paulo.
  5. Ausência ao Acesso à informação e produção de dados da segurança pública
  6. Ausência de Elucidação das chacinas e mortes com punição aos policiais envolvidos
  7. Ausência Comissões mistas para desenvolver propostas para a redução da letalidade policial
  8. A não retirada dos autos de resistência (aprovação da PL 4.471/2012)
  9. Falta de garantia de segurança para a denúncia
  10. Ausência de Autonomia do IML
  11. Não Independência e fortalecimento da Ouvidoria da Polícia
  12. Falta Demarcação e homologação das terras indígenas com novos limites
  13. Ausência de Serviços de saúde e água tratada nas terras indígenas.
  14. A não Efetivação dos canais de diálogo com os povos indígenas no que se refere às terras indígenas sobrepostas a parques estaduais ou unidades de conservação.
  15. Não aprovação PEC 215, que transfere do Executivo ao Congresso Nacional a função de demarcar terras indígenas.
  16. PLP 227 que autoriza a exploração em terras indígenas por grupos econômicos privados.
  17. O estado militar e a resistência quanto a desmilitarização das polícias e da política
COMITÊ CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE PRETA, INDÍGENA, POBRE E PERIFÉRICA.
*PRETO, SUBSTUTUÍDO PELO ORIGINAL NEGRO NO TEXTO- Considerando que o Hip Hop difere do movimento negro tradicional e que “O termo ‘preto’, difundido pelos adeptos do Hip Hop, é a adoção traduzida de ‘black’, palavra utilizada por décadas pelo movimento negro estadunidense. Já a rejeição que eles fazem do ‘negro’ deve-se ao fato de que nos Estados Unidos esta palavra origina-se de ‘nigger’, termo que lá tem um sentido pejorativo”, e que esse ‘preto’ é uma categoria que responde por todo ser marginalizado, o que extrapola a fase vanguardista do movimento negro.
 
Serviço:
Rapper Pirata – Fone: 98216 2160
Xico Bezerra – Fone:999099580
Miguel – Fone: 981440473

 

MOSTRA DE CINEMA E DIREITOS HUMANOS COMEÇA EM MANAUS TRAZENDO O CINEMA PARA QUEM NÃO O TEM DIREITO

Novembro 30, 2013

IMG_5180A Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul chega em sua 8a edição como referência no debate dos direitos humanos através das imagens em movimento. Neste ano com o projeto “Inventar com diferença” a mostra chega a 600 pontos fora das grandes capitais sendo exibida até o dia 20 de dezembro em cineclubes, associação comunitárias, pontos de culturas etc.

Desta forma a cada ano que passa a Mostra traz novas imagens humanitárias produzidas por realizadores engajados no fim da exploração e qualquer forma de dominação de seres humanos.

Neste ano a Mostra trouxe produções de diversos países sulamericanos além de uma mostra indígena e uma homenagem ao documentarista Vladimir Carvalho que tem produções ímpares como O país de São Saruê, Barra 68 ou Conterrâneos Velhos de Guerra.

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Em Manaus, onde tirando o kinemasófico afinado não existe uma programação cinematográfica que chegue aos bairros e as pessoas relegadas pelo governo, a Mostra de Cinema e Direitos Humanos é o único espaço institucional para brotar a inteligência. Tudo sem o falso glamour da projeção de filme e festiva de filmes para uma classe mediana ignara feitos em Manaus pelas secretarias.

Desta forma em Manaus sempre a programação programada nunca adentra os bairros, ficando segregada em grande maioria a parte central da cidade. Mesmo a Mostra ocorrendo no centro da cidade, há a possibilidade como falamos da sociedade civil ampliar esta limitação geopolítica imposta sempre pelos secretários e governantes.

IMG_5167Da mesma forma que ocorreu no ano passado, estudantes de uma escola na proximidades foram “liberados” para assistir a mostra. Embora a presença de todos seja muito importante, há de se convir que eles são utilizados pela secretaria como forma de mostrar que em Manaus “tem jovens interessados”.

Porém ao contrário de cidades como Belém, São Luiz, Aracaju, Cuiabá, Rio de Janeiro etc, não existe um interesse das secretarias de cultura/educação em que os estudantes possam ir ao menos uma vez por mês (sem nenhum custo) a qualquer atividade cultural.

Desta forma os jovens, crianças e adultos em Manaus são distanciados da arte, que grande parte das vezes não chega aos bairros. Bom seria que os jovens tivessem acesso constantemente a estas experiências.

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Nesta última quinta (28) a abertura do evento contou com a projeção do tocante curta “A onda traz, o vento leva” de Gabriel Mascaro e da animação “História de Amor e Fúria” de Luiz Bolognesi.

A organização da mostra deste ano ficou por conta da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). Esteve presente na ocasião a representante da SDH, Ana Lúcia que conversou com nosso bloguinho sobre esta nova edição da Mostra e a importância dos cinemas trazidos.

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Nesta 8a mostra como nas 7 anteriores, há uma compreensão holística dos Direitos humanos. Sabemos que sempre vai ter um pouco mais de uma temática direcionada em determinada mostra, como neste ano na mostra indígena, mas não há um direcionamento. Temos também bons produtos com todas temáticas, o que contribui com a seleção independente. A 8a Mostra estárá em 26 capitais, no Distrito Federal e em centenas de outros espaços fora dos grandes centros, podendo uma cidade estar com mais do que três lugares de exibição. Isto é uma construção que só é possível quando a gente percebe que o Brasil não é só das instituições governamentais, mas que a gente precisa buscar parceira com a sociedade organizada, com quem pensa a cultura e tem interesse em trabalhar o humano de forma de ampliar o conhecimento, de sinergia, de aumentar a capacidade de entender o outro humano.

Os cinemas da Mostra criam a possibilidade de propiciar outros debates como de inclusão, de integração, de valorização das pessoas, da ética, da diversidade, da compreensão, da tolerância. Levam a refletir de forma integrada em que some, que seja uma sinergia das mais diversas variantes que se tem da cultura e também por que o Brasil é esta diversidade. Não podemos permitir um Brasil raivoso, sectário, de discriminação, conservador. Até por que o Brasil é um pais para todos, onde as pessoas se respeitem, se amem sem ódio e é o que temos tentado construir.”

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Ana Lúcia ainda destacou a importância da mostra deste ano contar com um novo parceiro, a UFF, e da preocupação da secretaria e do governo federal com a educação como uma forma geral de ampliar o desenvolvimento social.

A mostra conta hoje como parceira a Universidade Federal Fluminense, que tem também um departamento de produção cultural inegável, mas continua havendo o apoio do Ministério da Cultura. Pelo que temos percebido esta nova parceria será exitosa.

A Secretaria de Direitos Humanos tem feito o exercício ou condução da política de direitos humanos pela ministra Maria do Rosário, que é professora, que foi sindicalista do sindicato dos Educadores do Rio Grande do Sul, vereadora, deputada estadual, deputada federal. A atuação dela foi sempre relacionada a educação e a gente sabe que não há outro caminho no Brasil que não seja o de incentivar de forma mais ampla a educação. Não é simplesmente dar instrução, mas a educação como sendo a base que pode de fato gerar diferença e confirmar a liderança do Brasil. Por isto o presidente Lula apostou em carreira da docência superior, concurso público, em ampliar as universidades,as escolas técnicas, profissionalizantes e expandir em toda territorialidade do Brasil.”

Em Manaus a Mostra continua hoje e na próxima semana de quinta à sábado no Teatro da Instalação no Centro da Cidade. No próximo ano esperamos auxiliar nesta ampliação humana e cultural que o Cinema e Direitos Humanos propicia a todos.

Censura do projeto Cine Educação no Acre ocorre pela irracionalidade política/religiosa

Abril 9, 2013

“Queridos amigos e colegas,
No início da semana recebemos a notícia de que a exibição do curta Eu Não Quero Voltar Sozinho, como parte do programa Cine Educação, havia sido censurada no Acre.

O programa Cine Educação, uma parceria com a Mostra Latino-Americana de Cinema e Direitos Humanos, tem como objetivo “a formação do cidadão a partir da utilização do cinema no processo pedagógico interdisciplinar” e disponibiliza diversos filmes cujos temas englobem os direitos humanos, de modo que professores escolham quais são mais adequados para serem trabalhados em aula.

Na semana passada, no estado do Acre, uma professora escolheu o curta Eu Não Quero Voltar Sozinho e exibiu-o para seus alunos. Para aqueles que não conhecem, a trama narra a história de Leonardo, um adolescente cego que, ao longo do filme, vai se descobrindo apaixonado por um novo colega de sala.

Alunos presentes na exibição confundiram o curta metragem com o “kit anti-homofobia” e levaram a questão aos líderes religiosos, que mobilizaram políticos da região com o intuíto de proibir o projeto Cine Educação como um todo. Nenhum desses representantes públicos deu-se ao trabalho de ir atrás da verdade e descobrir que se tratava de um programa pedagógico com o intuito de levar o debate sobre direitos humanos para a sala de aula. Mais uma vez no Brasil, a educação perde a batalha contra o poder assustador das bancadas religiosas e conservadoras.

Neste momento, o programa Cine Educação está paralisado. Enquanto isso, os secretários de Educação e de Direitos Humanos do Acre estão articulando com o governador a possibilidade de garantir sua continuidade, enquanto os líderes evangélicos forçam o cancelamento definitivo do programa. Pelo que sabemos, mesmo que o programa seja reativado, o curta Eu Não Quero Voltar Sozinho será excluído do catálogo e não mais ficará disponível para que professores o utilizem no debate de questões que envolvem algo tão elementar quanto a sexualidade humana e tão importante quanto a deficiência visual.

De forma arbitrária, em uma república federativa cuja Constituição atesta um Estado laico, a sociedade está sendo privada de promover debates. Como pretendemos que adolescentes consigam respeitar a diversidade e formem-se cidadãos lúcidos, pensantes e ativos se informação, arte e cultura (sem qualquer caráter doutrinário) lhes são negadas?

Eu Não Quero Voltar Sozinho não é um filme proselitista, tampouco ergue bandeiras de nenhuma natureza. É apenas uma obra de ficção amplamente premiada em festivais de cinema no Brasil e no exterior, cujos predicados artísticos e humanos transcendem qualquer crença. Ademais, se assuntos referentes à orientação sexual dos indivíduos e seus respectivos direitos civis estão na pauta do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, por que não debatê-los em sala de aula? Que combate sombrio é esse, que reacende a memória de um obscurantismo Inquisidor?

Produtores do Eu Não Quero Voltar Sozinho

Daniel Ribeiro e Diana Almeida

Abaixo, o curta metragem na íntegra:

http://www.youtube.c…h?v=1Wav5KjBHbI

Fonte

A violação dos direitos humanos nos filmes

Fevereiro 15, 2013

Existem normas de conduta, mesmo em conflitos armados, que devem ser respeitadas. É mais do que preocupante quando se fazem filmes nos quais se justificam essas violações dos códigos de conduta, que esses comportamentos não sejam denunciados. Filmes como o mais recente sobre Bin Laden são uma tentativa de idealizar a capacidade dos chamados serviços de segurança do establishment estadunidense para conseguir o que desejam, seja onde e como for. 

Vicenç Navarro* – Sistema Digital para Portal Carta Maior

A captura e morte do inimigo nº 1 dos Estados Unidos, Osama Bin Laden, deu origem a uma série de filmes sobre a tal operação militar que provavelmente terão um grande êxito de público não só nos EUA, como também em outros países que viveram atemorizados pelo terrorismo praticado pelas forças políticas lideradas por esse personagem. Esses filmes são uma tentativa de idealizar a capacidade dos chamados serviços de segurança do establishment estadunidense para conseguir o que desejam, seja onde e como for.

Independentemente das simpatias ou antipatias que alguém possa ter com esse tipo de filmes, todas as pessoas que respeitam os Direitos Humanos deveriam concordar com a necessidade de denunciar comportamentos – como a tortura – que aparecem em muitos desses filmes. Em um destes filmes de maior público sobre a captura e morte de Osama Bin Laden, se justifica e inclusive se aplaude a tortura daqueles elementos da força terrorista que, segundo filme, deram informação valiosíssima para sua localização.

Esta promoção da tortura gerou um protesto que foi mais além dos círculos intelectuais de base acadêmica que tendem a monopolizar a temática dos Direitos Humanos. Mesmo vozes conservadoras dentro do Congresso dos EUA, como o senador John McCain, candidato à presidência do país nas eleições de 2008 pelo Partido Republicano, denunciaram esse elogio à tortura que alguns destes filmes representam. Na verdade, nenhuma das informações da campanha de captura de Bin Laden consideradas válidas foi obtida por meio de tortura. Muito pelo contrário. Esse tipo de informação – falsa em sua maioria – criou uma grande confusão, atrasando a operação. Especialistas em temas de informação e comunicação do próprio governo dos EUA atestaram isso.

Mas o que provocou maior protesto entre a comunidade científica e acadêmica, e que não teve visibilidade nos meios de maior difusão espanhóis, foi a utilização das campanhas de saúde pública para obter informações (que ocorreu na busca e captura de Bin Laden). A partir da publicação de alguns dos detalhes dessa operação, se descobriu que as agências responsáveis por ela utilizaram supostas campanhas de vacinação da população para obter dados sobre o DNA de crianças e jovens em áreas onde se suspeitava que Bin Laden vivia, a fim de localizar sua casa, onde residia com familiares.

A obtenção de dados para fins militares ou policiais, utilizando como instrumentos campanhas de saúde pública, compromete todas essas campanhas, que passam a ser percebidas como objetivos militares pelo inimigo. O conhecimento de tais práticas teve um impacto negativo imediato, incluindo o assassinato de oito trabalhadores dos serviços de vacinação das Nações Unidas no Paquistão, que estavam realizando programas de vacinação reais e não fictícios como os realizados no mesmo país por aquelas agências dos EUA. Várias associações e ONGs de ajuda humanitária, que incluíam programas de saúde pública, tiveram que abandonar aquele país, temerosos que as forças próximas à Al Qaeda as considerassem instrumentos dos serviços de inteligência do governo dos EUA.

Os decanos das doze escolas de saúde pública mais importantes dos EUA escreveram uma carta de protesto ao presidente Obama por utilizar os serviços sanitários e de saúde pública como instrumentos das agências de inteligência do governo. Tal como indicam esses cientistas, os serviços de saúde pública devem ser considerados como instrumentos única e exclusivamente orientados para a saúde e devem não apenas sê-lo, mas também serem percebidos como tais. Qualquer variação disso provoca um dano imenso a todos os serviços de saúde. Existem normas de conduta, mesmo em conflitos armados, que devem ser respeitadas. É mais do que preocupante quando se fazem filmes nos quais se justificam essas violações dos códigos de conduta, que esses comportamentos não sejam denunciados.

*Vicenç Navarro (Barcelona, 1937) é cientista social. Foi professor catedrático da Universidade de Barcelona e hoje dá aulas nas universidades Pompeu Fabra e Johns Hopkins. Por sua luta contra o franquismo, viveu anos exilado na Suécia.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

7a Mostra de Cinema e Direitos Humanos inicia sua programação em Manaus

Dezembro 7, 2012

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Nesta última quinta-feira começou na cidade de Manaus a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul que pela quarta vez está na cidade.  A mostra que fica até a próxima terça (11) no Teatro da Instalação, no centro da cidade, traz para as 27 capitais nacionais o melhor da produção nacional e latina sobre os direitos humanos com 37 filmes no total. O homenageado desta edição é o documentarista brasileiro Eduardo Coutinho que recebeu espaço de três de suas obras na ocasião: Santo Forte, o raríssimo O fio da memória e Cabra Marcado para Morrer (com cópia em 35 mm restaurada pela Cinemateca Brasileira).

Na abertura de festival além de diversos estudantes e eternos estudantes estiveram presente a coordenadora nacional da produção da mostra Etienne Yamamoto, a represenante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Iolete Silva que também é presidenta do Conselho Regional de Psicologia, representantes do movimento LGBT entre outros.

Dentre os filmes da mostra estão documentários importantes como O Dia que Durou 21 Anos de Camilo Tavares,  Marighella de Isa Grinspum Ferraz , O Veneno Está na Mesa de Silvio Tendlero equatoriano Com o meu Coração em Yambo de María Fernanda Restrepo e À Margem da Imagem de Evaldo Mocarzel.

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A coordenadora do Festival Etienne Yamamoto, que também trabalha na Cinemateca Brasileira em São Paulo,  abriu o festival comentando sobre a importância da programação que é a mesma para todos estados do país e pois em todos os lugares é importante discutir os temas difíceis do direitos humanos através do cinema. Para o próximo ano é esperado que a mostra se expanda para cidades dos interiores, para haver maior incursão do cinema no Brasil.

A coordenadora da mostra ainda comentou que todos os filmes da mostra tem legenda para os deficientes auditivos (que inclue também os sons ou barulhos que acontecem no filme) e também haverão sessões com audiodescrição, onde todas as cenas projetadas serão descritas.

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A representante da Secretaria de Direitos Humanos Iolete Silva falou sobre o projeto especial da Secretaria voltado para Educação e cultura em direitos humanos.

Iolete ainda falou sobre a mostra, que também é  engendrada pela Secretaria, e uma produção de uma cultura pró-direitos humanos com materiais que podem ser utilizados em vários espaços que trabalham esta temática, sendo um recurso a mais com estratégias mais inclusivas através da arte cinematográfica.

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DSC09879A platéia que compareceu em grande número lotou o pequeno  teatro para conferir esta programação tão especial que contou neste primeiro dia com quatro curtas: O Cadeado de Leon Sampaio; A Galinha que Burlou o Sistema de Quico Meirelles; Menino do Cinco de Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira; e A Fábrica de Aly Muritiba

Diversos estudantes (escolares ou não) DSC09878aproveitaram a inexistênciade uma programação cultural de qualidade na cidade (ainda mais nas zonas leste e norte, onde não dá marketing pra a classe mediana ver) e que o diguem de cinema, já que o que se chama de festival amazonense é mais um desfile dos canastrões da fina flor televisiva e da classe média provinciana da não-cidade .

Aproveitando esta oportunidade rara em Manaus de usar a inteligência a platéia esteve concentradíssima e todos se se deleitaram, e quando as luzes do teatro se acenderam podia-se ver a alegria da vontade de saber que se multiplicará nas praticas de cada espectador. Por fim foram distribuidos os kits da mostra que é patrocinada pela Petrobrás e produzida pela Cinemateca Brasileira e Ministério da Cultura com apoio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), SESC entre outros.

E neste amor pelas novas imagens, a festa continua em Manaus até terça-feira, tendo amanhã (8) às 18 horas a projeção o documentário sobre o  guerrilheiro que combateu a ditadura Carlos Marighella da realizadora Isa Grinspum Ferraz.

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Em conversa com a equipe afinada presente no local a atenciosa coordenadora da Mostra, comentou sobre o extenso processo de organização da mostra que começa em fevereiro de cada ano a partir de várias etapas como a produção do novo projeto cultural da nova mostra, contato com o patrocinador, debate com a Secretaria dos Direitos Humanos sobre as  demandas e orçamentos reais, enquadramento na lei de Incentivos, pautas das salas a serem negociadas com cada estado, convocatória pública via internet, televisão, escolha de curador que seleciona alguns filmes, produção dos filmes sem legendas para ser aplicado as captions e logo a produção das cópias, contratos  e do material de divulgação.

Segundo Etienne, neste ano o festival trouxe com destaque os temas dos direitos humanos: pela população em situação de rua (com filme específico A Margem da Imagem),  combate a tortura (Batismo de Sangue) e o sempre presente na mostra o direito a memória e a verdade (o Dia que durou 21 anos). O curador busca também abordar temas importantes como igualdade racial, povos originários, população afrodescendente, direito da mulher, da criança e do adolescente, do idoso, a preservação do meio ambiente, a alimentação adequadra.

Foi comentado também sobre o projeto Cine Educação e Direitos Humanos feito pela Cinemateca Brasileira junto com a Via Gutemberg que ocorre atualmente em Rio Branco, Recife, Brasília, São Paulo e Porto Alegre, onde se faz a formação de professores para trabalhar alguns filmes sobre os temas nas escolas públicas, sempre com o debate voltado as experiências da vida de cada estudante.

Esta experiência de trabalhar questões que agreguem um significado, que auxilie na transformação do espectador e muitas vezes auxiliar em debates que ultrapassem as relações cotidianas das comunidades.

Por fim Etienne falou sobre o desafio de levar o cinema e as dicussões sobre os direitos humanos para todo o país, principalmente para o Norte e Nordeste que tem uma riqueza artística e cultural mas que em geral não tem acesso a outros festivais. Assim a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul engloba de norte a sul as discussões e envolve o povo brasileiro para que nossos direitos sejam sempre defendidos e nunca sejam violados.

Aos trabalhadores: Que força é essa, amigo?

Maio 1, 2011

Hoje dia 1 de maio se comemora mundialmente o dia do trabalhador. Em um entendimento socializante este é um dos dias mais importantes para ser tomado em nossa existências. O dia em que para grande parte daqueles que realmente trabalham (e não exploram) é uma maneira de lembrar que não somos explorados, não somos plebe, burgueses,  somos trabalhadores, uma força de multitude que nenhuma forma de exploração pode impor. Portanto companheiros trabalhadores, que força é essa?

QUE FORÇA É ESSA

Música: Décio Marques no disco Canto Forte

Letra: Sérgio Godinho

Te vi a trabalhar o dia inteiro
construir as cidades pr´ós outros
carregar pedras, desperdiçar
muita força p´ra pouco dinheiro
Te vi a trabalhar o dia inteiro
Muita força p´ra pouco dinheiro

Que força é essa
que força é essa
que trazes nos braços
que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo
que te põe de bem com outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo

Não me digas que não me compr´endes
quando os dias se tornam azedos
não me digas que nunca sentiste
uma força a crescer-te nos dedos
e uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compr´endes
Que força é essa
que força é essa
que trazes nos braços
que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo
que te põe de bem com outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo

5a Mostra Cinema e Direitos Humanos- Manaus e Belém

Novembro 29, 2010

A cidade de Manaus vai dar início hoje (29) e seguirá até dia  5 de dezembro, a 5a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul que está percorrendo o Brasil desde o início do mês de novembro e que gratuitamente vem trazendo para discussão os direitos humanos na América do Sul, este local tanto sofreu com as linhas duras da ditadura militar apoiada pelos Estados Unidos e que minou a democracia latino-americana que hoje em dia felizmente está reestabelecida e com todo o gás. A programação que percorre todo o Brasil,como este bloguinho já divulgou outrora traz cinemas, documentários e curtas ligados aos direitos humanos. A mostra é organizada pela Secretaria de Direitos Humanos, Ministério da Cultura, Governo Federal e Cinemateca Brasileira e conta com o patrocínio da Petrobrás.

Em Manaus a Mostra ocorre no Palácio da Justiça localizado na Av. Eduardo Ribeiro, Centro. Aos paraenses não se preocupem que a mostra que ocorreu semana passada ainda continuará de 02 a 05 de dezembro no Cine Líbero Luxardo. Bons kinemas democráticos.