BANDEIRA DE AÇO
No movimento do
PLANADOR
Enquanto sorve
ÁGUA DE COCO.
Olha aí, vinilesquizofílico, Papete! O Som-Maranhão dos tambores afros que se disseminaram pelo Brasil à dentro.
Não se trata de Papete sem se tratar de Marcus Pereira. Foi exatamente em 1978 que Papete gravou sua primeira bolacha-crioula, hoje, mais do que nunca, verdadeira relíquia, Bandeira de Aço, através da Marcus Pereira com apresentação do próprio Marcus Pereira. A histórica obra reveladora fez parte da coleção Música Popular do Norte que se desdobrava na cartografia musical que envolvia, também, as regiões do Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Papete teve contato com Marcus Pererira através do ilustre e talentoso, Chico Maranhão que lhe apresentou a sensibilidade musical dos artistas da terra de Gonçalves Dias. Chico Marnhão também gravou seu primeiro vinil na Marcus Pereira.
Em 1980, Papete, gravou sua segunda bolacha-crioula, ainda na Marcus Pereira. Água de Coco. Também com a direção musical de Marcus Pereira e direção de Marcus Vinícius que regeu a primeira bolacha-crioula de Belchior: Mote e Glose, na Chantecler. Marcus Vinícius também gravou pela Marcus Pereira como o vinil Dédalus, entre outros.
Já em 1981, Papete gravou Planador, desta feita na Continental contando com um time de músicos de arrepiar o universo das sonorizações. Capenga, Zé Gomes, Almir Sater, Carlão de Souza, Marcinho Werneck, Dudu Portes e Hilton Acioly.
E Papete continua potencializando as variáveis musicais como deslocamento dos estados de coisas do som- sedimentado promovido pela indústria de consumo alienante que visa só seu deus: o capital.
Da areia que eu como
Ela nem perguntava
Se ela soubesse do pó da sereia
Ela nem se zangava
Vento na cumieira
Nem dizia palavra, palavra, palavra.
Mamãe, eu tô com uma vontade louca
De ver o dia sair pela boca
De ver Maria cair da janela
De ver besouro, ai, ai, besouro.
E ela nem se parece
Com Nhozinho Chico Soldado,
Que na subida da bandeira
Pensou que estava no mundo
E era fundo de quintal”.