No início era Papai Noelson, mas o verbo se fez necessidade então, para se autentificar, se fez Nelson Noel. Na intensidade de Papai Noelson e, agora, Nelson Noel, se movimentam 13 anos junto com as crianças no Natal. É a festa refrescante com picolés e sorvetes distribuídos para as crianças no encantamento da alegria no calor de Manaus.
A não-cidade de Manaus carrega um triste passado quando se trata de entretenimento público. Todos os prefeitos nada ofereceram de festividade pública para as crianças no Natal. E agora, o presente de Manaus, contínua triste nessa gestão pouco pública do prefeito Arthur Neto do PSDB, partido da burguesia-ignara. Daí a necessidade e a importância da atuação do Nelson Noel nesse período. Não é pela falta de administração pública, que as crianças dos bairros desassistidos de Manaus vão ficar sem uma alegria.
O pós-cinquentão Nelson Noel, apesar das dificuldades que vem tendo financeiramente para realizar essa festa lúdica, não esmorece. Quando inicia o segundo semestre ele já começa a imaginar como vai ser a festa das crianças. Conforme o tempo vai passando e vai se aproximando dezembro, a imaginação começa a se materializar.
Então, chegou o Natal! E lá vai Nelson Noel com seus milhares de picolés e sorvetes para os bairros desassistidos pelo poder público. Nelson Noel acorda bem cedo e, junto com amigos colaboradores, inicia o ritual preparativo para a caminhada. Com sua barba branca de salão de beleza, visto ainda manter a barba preta e que deixou crescer durante todo o ano, se traveste de bom velhinho, como dizem alguns, e cai na estrada.
Ao contrário do alcunhado bom velhinho, que só se materializa nas famílias com dinheiro, Nelson Noel, democratiza o Natal com crianças de famílias desassistidas e só assistidas pelo Bolsa Família. Poderia até se afirmar que o Natal que Nelson Noel proporciona às crianças é o Bolsa Família picolé e sorvete do Natal. Bem que ele gostaria (gosta) que todo dia pudesse distribuir os refrescantes sabores nessa Manaus onde as crianças são cada vez mais empurradas para o isolamento. Mas, ele não é financeiramente um empresário com essas condições.
Não importa, ele vai à luta, como dizem os engajados socialmente que não se restringem a privacidade familiar que só persegue seu pirão primeiro. Então, nesse Natal, Nelson Noel, mandou ver. Quase 40 mil refrescantes distribuídos em vários bairros. Uma festa colorida de crianças e picolés e sorvetes. Crianças com panela, saco, copo, balde, bacia, entre outros objetos, para ganhar suas partes.
Vejam as fotos e confirmem a festividade. Vejam como se encadeou essa festa das crianças que quase sempre não têm dinheiro para comprar o mais simples picolé. Entretanto, essas crianças têm uma diferença abismal em relação às crianças cujos pais têm condições financeiras para comprar sorvete e picolé. Essas crianças saboreiam os refrescantes com os sentidos experimentadores. Saboreiam de forma inusitada, como se fosse pela primeira vez. Uma primeira vez que produz um afeto alegre inesquecível. E ainda mais porque é uma experiência coletiva. Uma experiência entre outras crianças, onde ninguém se encontra em uma posição superior à outra. São intensidades alegres.
É provável que seja essa a fundamentação da atuação política de Nelson Noel como pedagogia-social. Possibilitar a experiência coletiva das crianças. Um ato que elimina a desigualdade unindo as crianças no afetivo e biológico.
Valeu, Nelson Noel! Valeu, vale e valerá como forma democrática de produzir afetos alegres como expressão de autoestima das crianças!