Archive for Agosto, 2016

Se pudesse escolher uma segunda mãe, seria Dilma, diz Fernanda Takai

Agosto 31, 2016

Fernanda Takai disse que conhecer a presidenta foi “realizar um sonho” porque a admira muito e se pudesse escolher uma segunda mãe, esta seria Dilma Rousseff. Prontamente a presidenta respondeu: “eu sou, e você tem a idade da minha filha”.

Descontraída, Dilma confessou que admira muito a cantora e elogiou “ela tem uma mineirice só!”. Rindo e abraçadas, as duas afirmaram ainda que, apesar de terem se conhecido neste encontro, parecem ser amigas de longa data.

“Sou admiradora e fã desta presidenta e desta mulher. Se me falassem assim: ‘olha, você pode escolher ter uma segunda mãe’, poderia ser a presidenta Dilma”.

Assista ao vídeo do encontro: 

https://www.facebook.com/plugins/video.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FDilmaRousseff%2Fvideos%2F1189811004405822%2F&show_text=0&width=560

Do Portal Vermelho

Festival de Cinema de Gramado é aberto com recado claro: ‘Fora, Temer golpista’

Agosto 31, 2016

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Plateia que esperava para assistir ao filme “Aquarius” protestou contra governo interino na abertura do festival de cinema por ataque à cultura e retaliação ao longa, após exposição do golpe em Cannes.

por Redação RBA

São Paulo – Por volta das 21h desta sexta-feira (26), enquanto em Brasília, o plenário do Senado estava às moscas na sessão de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a cerca de 2 mil quilômetros de distância, uma plateia com centenas de pessoas inconformadas com a conjuntura política brasileira mandou um claro recado na abertura do 44ª Festival de Cinema de Gramado: ‘Fora, Temer golpista’.

Aguardando a exibição do filme Aquarius, do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, eles protestavam contra as medidas do presidente interino, que, em poucos mais de 100 dias, já concretizou um ataque brutal à cultura e aos direitos individuais. Porém, foi a proibição do filme para menores, nesta semana, que revoltou a classe artística, levando a diversos desdobramentos que culminaram no protesto desta sexta-feira na presença do ministro interino da Cultura, Marcelo Calero, e o secretário do Audiovisual, Alfredo Bertini.

A classificação do Ministério da Justiça foi interpretada pela produção e por diversos artistas como retaliação ao filme, a partir de um enredo iniciado em 17 de maio passado, data em que equipe e elenco, ao chegar para o Festival de Cannes, onde o longa concorria à Palma de Ouro, denunciaram o golpe de estado em vigência no Brasil, exibindo, sob holofotes de toda a imprensa internacional, cartazes contra o impeachment de Dilma e o desrespeito aos 54 milhões de eleitores da presidenta.

Em resposta à decisão do MJ, que indeferiu recurso da produtora do filme, na quinta-feira (24), o diretor Guilherme Fiúza Zenha, o Gui Fiúza, afirmou por meio das redes sociais, que pediu seu desligamento de comissão do Ministério da Cultura (MinC) que seleciona um filme brasileiro para disputar uma vaga no Oscar. Ontem foi a vez da atriz Ingra Lyberato deixar a comissão. A debandada tem relação com um dos membros da comissão, o crítico Marcos Petrucelli, que atacou a equipe do filme pelas redes sociais após o protesto na França: “Vergonha é o mínimo que se pode dizer”, escreveu.

A nomeação do crítico para a comissão pelo secretário Bertini levou os artistas a considerarem no ato uma retaliação à equipe. Ontem, Bertini disse à Folha de S.Paulo que não entende a polêmica toda: “Fiz o procedimento normal”, afirmou.

Um outro desdobramento, também na quinta-feira, foi a desistência da diretora Anna Muylaert de concorrer à vaga com seu mais novo filme, Mãe Só Há Uma (2016). Na última edição do prêmio norte-americano, a cineasta foi a escolhida pelo MinC para representar o país com o longa Que Horas Ela Volta? (2015). Outro diretor a abandonar o pleito foi Gabriel Mascaro, com o filme Boi Neon (2016), e Aly Muritiba, com Para Minha Amada Morta (2015). “É lamentável que o MinC endosse na comissão um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações contra a equipe do filme Aquarius”, disse Mascaro.

Aquarius, que entra em circuito quinta-feira (1º), perdeu a disputa em Cannes para ‘I, Daniel Blake’, um drama britânico-franco-belga, dirigido por Ken Loach e escrito por Paul Laverty. O filme, no entanto, recebeu quatro estrelas do jornal inglês The Guardian, que o definiu como “uma história belamente observada e surpreendente”.

A história de Kleber Mendonça fala de memória, história, resistência e especulação imobiliária na sociedade pernambucana. Tem foco em Clara (Sonia Braga), uma crítica musical aposentada, que se recusa a abandonar o edifício antigo em que mora, na praia de Boa Viagem, apesar do assédio de uma construtora, que deseja erguer uma torre moderna no lugar. Clara é a única moradora que ficou no prédio.

Cineastas abandonam MinC contra perseguição política ao filme ‘Aquarius’

Agosto 26, 2016

Além de dois diretores retirarem seus filmes da disputa, o cineasta Guilherme Fiúza Zenha deixou seu posto de membro da comissão do MinC que deve escolher o longa representante do país no Oscar 2017.

por Redação RBA

São Paulo – O diretor Guilherme Fiúza Zenha, o Gui Fiúza, afirmou hoje (25), por meio das redes sociais, que pediu seu desligamento de comissão do Ministério da Cultura (MinC) que seleciona um filme brasileiro para disputar uma vaga no Oscar. Mesmo sem confirmar o motivo, a baixa engrossa o coro contra possível perseguição do ministério ao filme favorito para a disputa,Aquarius (2016), de Kleber Mendonça Filho.

Ontem, a diretora Anna Muylaert desistiu de concorrer à vaga com seu mais novo filme, Mãe Só Há Uma (2016). Na última edição do premio norte-americano, a cineasta foi a escolhida pelo MinC para representar o país com o longa Que Horas Ela Volta? (2015). Outro diretor a abandonar o pleito foi Gabriel Mascaro, com o filme Boi Neon (2016). “É lamentável que o MinC endosse na comissão um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações contra a equipe do filme Aquarius”, disse Mascaro.

A debandada tem relação com um dos membros da comissão, Marcos Petrucelli, que atacou a equipe do filmeAquarius. O longa estreou no Festival de Cannes, onde concorreu à Palma de ouro neste ano. Na ocasião, Kleber, acompanhado de integrantes do elenco, denunciaram o golpe de Estado em curso no Brasil. Petrucelli afirmou, pelas redes sociais, que a ação foi uma “vergonha”.

Para completar o quadro de perseguição ao aplaudido filme de Kleber, o longa recebeu uma censura polêmica do Ministério da Justiça. Proibido para menores, a equipe discordou, alegando não haver motivos para tal. “Esperar completar 18 anos para assistir ao filme Aquarius é muito fácil. Difícil é ter que esperar 16 anos para tentar vencer uma eleição nas urnas”, compartilhou o cineasta pelo facebook. O ministério alegou que o filme teria cenas de “sexo complexo”. A estranha alegação levantou discordância na distribuidora, que entrou com recurso contra a medida, porém, sem efeito.

“E o Oscar vai para os cineastas que estão insurgindo contra a perseguição política do governo interino”, disse Ivana Bentes, professora da UFRJ e ex-secretária do MinC

A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC (exonerada após afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República), Ivana Bentes, declarou apoio aos inteegrantes do filme Aquarius pelo Facebook. “E o Oscar vai para os cineastas que estão insurgindo contra a perseguição política do governo interino. O tiro da secretaria do Audiovisual e do Ministério da (In) Justiça está saindo pela culatra.”

“Os produtores do cinema brasileiro estão corajosamente retirando seus filmes em protesto contra a retaliação do governo golpista, que primeiro nomeou para a comissão um jornalista que acha ‘vergonhoso’ o protesto político contra o governo em Cannes, e segundo, restringiu a classificação de Aquarius a 18 anos numa tentativa de diminuir sua visibilidade e circulação”, completou Ivana.

Ciclo de cine-debates “Memória & Verdade” começa hoje, em São Paulo

Agosto 24, 2016

fotorcreated_119Jornal GGN – Começa hoje, dia 23 de agosto, o ciclo de cine-debates “Memória & Verdade”, em São Paulo. A mostra, com curadoria do jornalista Camilo Vannuchi, irá apresentar quatro títulos, seguidos de debates, que traz diferentes aspectos da repressão, censura e violação dos direitos humanos praticadas no Brasil durante a ditadura militar. O projeto, que vai até dia 26 agosto, integra a programação da Semana Nacional da Anistia.

Os filmes escolhidos foram lançados nos últimos 12 meses. Entre eles estão “Orestes”, de Rodrigo Siqueira, “Trago Comigo”, de Tata Amaral, “Lampião da Esquina”, de Lívia Perez, e “Aconteceu bem aqui”, de Camilo Tavares. Os debates, que acontecerão no fim de cada sessão, contarão com a presença de convidados especiais.

Entre os convidados estão a procuradora da República Eugênia Gonzaga, presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos; o ex-ministro de Direitos Humanos Paulo Vannuchi; o secretário nacional de Direitos Humanos do governo Dilma e ex-secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili; a cartunista Laerte Coutinho; a secretária municipal adjunta de Direitos Humanos e Cidadania, Djamila Ribeiro; a ex-presa política Amelinha Teles, assessora da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo; e o professor de arquitetura Renato Cymbalista, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, entre outros.

A sessões entre terça e sexta-feira, serão sempre á noite. Terça e quinta-feira, o encontro está marcado para às 20h30, no Cine Caixa Belas Artes, sala 5. Na quarta e na sexta-feira, será às19h, no simbólico Centro Universitário Maria Antônia, da USP. Para as sessões no Belas Artes é recomendado adquirir os ingressos com antecedência. Já os ingressos para as sessões no Centro Universitário Maria Antônia serão distribuídos meia hora antes, apenas um por pessoa.

O curador Camilo Vannuchi integra o Grupo de Pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade, do Instituto de Estudos Avançados da USP, e é membro da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo.

A Semana Nacional da Anistia foi organizada pela Plenária Paulista Anistia e Reparação, e obteve apoio da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.

Confira a programação: 

Dia 23 de agosto, terça-feira, 20h30

“Orestes”, de Rodrigo Siqueira

Debate com Eugênia Gonzaga, Rogério Sottili, Djamila Ribeiro e Rodrigo Siqueira

Cine Caixa Belas Artes, sala 5 (94 lugares)

R$ 10

Dia 24 de agosto, quarta-feira, às 19h

“Trago Comigo”, de Tata Amaral

Debate com Paulo Vannuchi, Amelinha Teles e Georgina Castro

Centro Universitário Maria Antônia (60 lugares)

Grátis (ingressos serão distribuídos meia hora antes)

25 de agosto, quinta-feira, às 20h30

“Lampião da Esquina”, de Lívia Perez

Debate com Laerte Coutinho, Renan Quinalha, João Silvério Trevisan e Lívia Perez

Cine Caixa Belas Artes, sala 5 (94 lugares)

R$ 10

26 de agosto, sexta-feira, às 19h

“Aconteceu bem aqui”, de Camilo Tavares

Debate com Renato Cymbalista, Clara Castellano e Camilo Tavares

Centro Universitário Maria Antônia (60 lugares)

Grátis (ingressos serão distribuídos meia hora antes)

Serviço

Cine Caixa Belas Artes –  Sala 5

Endereço: R. da Consolação, 2423 – Consolação, São Paulo – SP, 01301-100

Capacidade: 94 lugares

Ingresso: R$10,00

Centro Universitário Maria Antônia

Endereço: R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo – SP, 01222-010

Capacidade: 60 lugares

Entrada gratuita

Livro sobre o golpe no Brasil é publicado na Argentina

Agosto 23, 2016

‘Golpe no Brasil – Genealogia de uma Farsa’ foi distribuído ontem (21) na edição do dia do jornal argentino Página/12

por Redação RBA

São Paulo – O jornal argentino Pagina/12 distribuiu, em sua edição de ontem (21), o livro Golpe no Brasil – Genealogia de uma Farsa. A publicação de 184 páginas contém textos do escritor Frei Betto, do jornalista uruguaio Raúl Zibechi, e do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, entre outros, além de uma entrevista com a presidenta Dilma Rousseff.

Dilma foi afastada de seu cargo como chefe do Executivo no dia 12 de maio, após o Senado admitir o processo de impeachment, que caminhou anteriormente na Câmara dos Deputados sob condução de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado federal afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os artigos do livro foram escritos entre abril e junho, e narram a trajetória do processo golpista.

A publicação contou com produção e organização do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), Octubre Editorial e Universidade Metropolitana para a Educação e Trabalho (Umet), e já possui uma versão digital. “Brasil, o país de todos, convertido agora em um laboratório de experimentos para um novo tipo de golpe institucional que pode se estender por todo o continente”, afirma Pablo Gentili, secretário-executivo da Clacso, no prefácio da obra.

Golpe no Brasil é, e não poderia ser de outra maneira, um livro de luta. Um livro em que o conhecimento, a análise crítica e as reflexões pretendem contribuir com os movimentos sociais, as forças políticas que resistem, se articulam e lutam contra algo que é muito mais grave do que abuso de poder e uma farsa na democracia por parte das oligarquias locais, dos meios de comunicação dominantes e de setores do poder Judiciário. Este livro quer contribuir e entender o que aconteceu no Brasil para garantir o legítimo retorno de Dilma”, completa o prefácio.

A obra entra para a bibliografia de livros sobre o processo golpista em curso no Brasil que denuncia o descalabro da democracia brasileira, bem como retrata a resistência da classe trabalhadora.

Ex-vedetes contam suas histórias em filme que estreia no CCBB

Agosto 16, 2016

Mamãe, Quero Ser Vedete’, de Neyde Veneziano, será lançado no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, com sessões nos dias 15 e 22 deste mês.

por Redação RBA

Em uma época em que lugar de mulher não era onde ela quisesse, algumas brasileiras se tornaram célebres transgredindo normas sociais e brilhando nos teatros, cinemas, programas de rádio e nas revistas. O documentário Mamãe, Quero Ser Vedete, que será lançado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-SP) na segunda-feira (15) e no próximo dia 22, apresenta histórias sobre as grandes vedetes do Brasil, mulheres que fizeram enorme sucesso do final do século 19 até os anos 1960.

O filme é de Neyde Veneziano, uma diretora de teatro, pesquisadora sobre o Teatro de Revista e autora de cinco livros sobre o tema, um deles As Grandes Vedetes do Brasil, no qual o documentário se baseia.

Trata-se de um média-metragem com 50 minutos de duração que traz as últimas entrevistas com as vedetes Virgínia Lane, Marly Marley e Esther Tarcitano, além de depoimentos da atriz e dançarina Cláudia Raia e do autor, diretor e roteirista Sílvio de Abreu.

Neyde traça um panorama da intimidade pessoal e profissional das grandes divas do Teatro de Revista, ícones que, por um lado, representavam o ideal de beleza da mulher brasileira e, por outro, transgrediam muitos limites impostos pela sociedade naquela época.

“O que eu queria era rebolar a bunda. O que eu queria era carnaval. O que eu queria era o Teatro Recreio. O que eu queria era a Praça Tiradentes”, diz a ex-vedete Virgínia Lane, morta em 2014 aos 93 anos. Ela é um exemplo claro de como essas mulheres enfrentaram uma sociedade extremamente conservadora (também) no quesito gênero. Na década de 1930, aos 15 anos, ela estreou como corista no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro.

De freira a vedete, Esther Tarcitano relembra como renunciou à vida religiosa para se dedicar ao sapateado e à arte. Apesar de elas trazerem histórias divertidas e emocionantes, o gosto amargo do esquecimento e do ostracismo também faz parte do primeiro trabalho de Neyde Veneziano para o cinema.

No teatro

Até dia 7 de outubro fica em cartaz no teatro do CCBB-SP, o espetáculo As Luzes do Ocaso, dirigido por Neyde, sobre uma ex-vedete que vive isolada em um casarão, só com seus delírios e lembranças. Ao contrário do documentário Mamãe, Quero Ser Vedete, a peça encenada todas as quartas, quintas e sextas-feiras, às 20h, é fictícia.

Mamãe, quero ser Vedete – Teaser from Lokomotiv Studio on Vimeo.

Filme debate os limites entre sanidade metal e loucura

Agosto 11, 2016

LeonorDocumentário de Fernanda Fontes Vareille, ‘A Loucura Entre Nós’ acompanha o dia a dia de usuários do hospital psiquiátrico Juliano Moreira e da ONG Criamundo (BA) para discutir ‘o que é ser normal’

por Xandra Stefanel, especial para RBA

Quais são as fronteiras entre o que é considerado normal e o que é visto como loucura? O documentário A Loucura Entre Nós, de Fernanda Fontes Vareille, acompanha usuários do hospital psiquiátrico Juliano Moreira e da ONG Criamundo em seus caminhos na tentativa de resgatar conexões sociais. O longa-metragem de 76 minutos estreou quinta-feira (4) em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, seguindo agora para mais dez cidades: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Niterói, Porto Alegre, Recife e São Luís.

O filme foi livremente inspirado no livro homônimo do médico psiquiatra Marcelo Veras, sobre sua experiência à frente do Hospital Juliano Moreira e sobre a organização não governamental (ONG) Criamundo, que trabalha pela inclusão social e econômica de pessoas provenientes do sistema público de saúde mental na Bahia. Não se trata, porém, de uma obra sobre a instituição psiquiátrica, mas sim sobre pessoas em estado de sofrimento mental que se questionam sobre as barreiras que as separam do que é considerado “normal”.

Dignidade

Durante quatro anos, a equipe do filme – composta de apenas quatro pessoas – acompanhou o dia a dia de internos e funcionários da instituição baiana, penetrando as galerias e, em especial, na vida de duas mulheres de realidades sociais bem diferentes. Leonor e Elisângela são os personagens-chave do filme, que abrem ao público as portas de suas subjetividades, seus questionamentos acerca da loucura e momentos de crise e de lucidez profundas.

“Eu nasci no dia em que a Igreja Católica convencionou ser o dia do nascimento de Jesus Cristo, 25 de dezembro. Até nisso eu tinha sentimento de culpa de ter nascido no dia 25 de dezembro, de tão baixa que é a minha autoestima. Agora não, minha autoestima está em cima: eu não sou Jesus Cristo. Atenção, galera! Eu sou uma mulher, eu não sou Jesus Cristo e não vou me crucificar. Eu já fui crucificada inúmeras vezes, por mim mesma e pelos outros”, declara Leonor na oficina de artesanato do Criamundo.

Hospital Juliano MoreiraTanto Leonor quanto Elisângela se questionam o tempo todo sobre suas “loucuras”, sobre como a sociedade olha para a pessoa em estado de sofrimento mental e os preconceitos que, assim como as grades, separam os que são considerados diferentes. Em uma das cenas mais intensas do filme, Elisângela, em surto, se desespera ao dizer que tudo o que ela quer é trabalhar e ter dignidade.

“O filme é sobre a linha tênue que existe entre a loucura e a normalidade. E o Criamundo foi um excelente ponto de partida para acharmos isso. Porque são pessoas que tiveram histórico de internamento no hospital psiquiátrico, mas hoje em dia estão na tentativa de se integrar ao mercado de trabalho. Alguns deles conseguiram se integrar no mercado de trabalho formal. O meu documentário não é sobre a loucura e os conceitos que envolvem a loucura. É muito mais sobre aqueles seres humanos que estão ali naquele hospital, com aquelas histórias que eu conto, aqueles encontros durante aquele período de quatro anos”, afirma a diretora do filme.

Ao mesmo tempo que o longa lança um olhar delicado e sensível sobre o assunto, em alguns momentos ele expõe (aparentemente) sem necessidade pacientes e seus familiares. É o caso da mãe de Elisângela que, completamente sem graça, se deixa filmar logo após ter internado a filha, e também quando a família e a filha pequena de Elisângela vão visitá-la. Havia mesmo necessidade de mostrar, sem filtros, uma criança diante de uma mãe em sofrimento?

Fora esta questão, A Loucura Entre Nós acerta em cheio ao fazer com que as trajetórias de duas mulheres tão diferentes se encontrem em meio a tanta subjetividade. Ao projetar vozes de pessoas que são “exiladas” da sociedade pelo fato de serem e agirem diferente, o longa-metragem contribui enormemente com a discussão sobre a reforma psiquiátrica e a luta antimanicomial no Brasil. Trata-se de um mergulho profundo nas contradições da razão.

Trailer “A loucura entre nós” from Aguas de Março Filmes on Vimeo.

Ministro interino da Cultura volta atrás em demissões atrapalhadas

Agosto 1, 2016

Tiso e Olga

Depois de não achar nos “quadro de carreiras” pessoas em condições de substituir servidores como Olga Futemma, da Cinemateca (32 anos de Minc), e o músico Wagner Tiso, do Museu Villa Lobos, ele recuou.

por Felipe Pontes, da Agência Brasil

Brasília – O Ministério da Cultura voltou atrás e não vai mais exonerar a presidenta da Cinemateca Brasileira, Olga Futemma, nem outros quatro técnicos da instituição cujas demissões haviam sido publicadas no Diário Oficial da União.

Na última terça-feira (26), foram publicadas as exonerações de 81 ocupantes de cargos comissionados no Minc, entres eles Olga Futemma e o diretor do Museu Villa-Lobos, o maestro Wagner Tiso Veiga, que também integra o Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

O ministro da Cultura, Marcelo Calero, negou que as baixas tiveram motivação política, alegando que estava atendendo a uma “reivindicação da sociedade” de substituir os ocupantes dos cargos por servidores de carreira.

Hoje (30), o ministério informou, por meio de nota, que tornará sem efeito a exoneração de Olga Futemma por ela ter “se destacado na gestão deste imprescindível órgão de preservação da memória de nosso audiovisual”. Ela é servidora de carreira aposentada do ministério, no qual ingressou em 1984. A Cinemateca Brasileira é responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira.

Segundo o ministério, os outros quatro técnicos também serão reconduzidos a seus postos por possuírem competências técnicas dificilmente encontradas em outros integrantes do corpo funcional do ministério.

Em substituição a Olga, Calero havia nomeado Oswaldo Massaini Filho para a diretoria da Cinemateca Brasileira. Ele é acusado de crime de estelionato, e sua indicação recebeu fortes críticas de pessoas ligadas à área da Cultura.