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REDUZIR O IMPACTO AMBIENTAL COMO FORMA DE DEFESA ECOLÓGICA É O QUE A BIÓLOGA E ESCRITORA, CRISTINA SANTOS, MOSTRA EM SEU LIVRO PARA CRIANÇA “EU PRODUZO MENOS LIXO”

Julho 31, 2015

62b3b061-7f29-41c6-9b93-32ea9a6dabc4Em 40 páginas, as questões básicas da defesa ecológica são mostradas pela bióloga e escritora, Cristina Santo, em seu livro para criança Eu Produzo Menos Lixo, publicado pela Editora Cortez. O livro traz a ilustração realizada pela artista holandesa Freekje Veld.

Cristina Santos, de forma bem didática, mostra o lixo produzido pelo homem em sua história como sendo uma das formas de poluição ambiental que, no caso moderno, mais preocupa a saúde coletiva dos vivem, principalmente, nas urbes. O que mostra que novos hábitos criados pelo homem vêm contribuindo para o esgotamento dos recursos naturais.

Para alcançar seu objetivo ecológico-didático, a pesquisadora apresenta o livro repleto de imagens e exemplos tanto de poluição ambiental, com suas causas, e tanto de atuações práticas que devem ser seguidas pelas crianças na defesa do sistema ecológico. Perguntas referentes ao tema ecologia saltam durante os percursos que o livro realiza em suas páginas. Para onde o lixo é levado? Quais são os riscos que os lixos trazem à pessoas e ao meio ambiente? O que acontece quando o lixo é jogado no chão ou deixado na praia? São algumas questões que as crianças encontram ao contatar com o livro.

“As fraldas de tecidos foram substituídas pelas descartáveis. Durante seu primeiro ano de vida cada bebê usa 1.500 fraldas. Alimentos de todos os tipos são encontrados prontos para serem consumidos em potes de vidro, latas e caixas de plástico ou de papel. O suco, que era feito em casa, agora é comercializado dentro de uma caixa pronto para beber. As bonecas eram confeccionadas de tecido e os carrinhos eram feitos de madeira, mas, com o tempo, o plástico substituiu esses materiais e ainda permitiu uma grande diversificação de brinquedo. Não havia computadores, tablets e celulares, mas hoje eles são comprados aos milhares, diariamente.

Uma boa maneira de mudara a história até agora contada é separar os resíduos sólidos que embalam alimentos, bebidas, produtos de limpeza e higiene para que possam ser reciclados. O processo de reciclagem transforma todos esses materiais para serem reutilizados por todos”, observou a bióloga-escritora Cristina Santos.

O preço? Módico! 34 paus!

“O BRASIL MUDOU MUITO MAIS QUE A TELEVISÃO BRASILEIRA. A TELEVISÃO AINDA É DA ÉPOCA DE FERNANDO HENRIQUE”, DISSE O ATOR PEDRO CARDOSO

Julho 30, 2015

pedro-cardoso-criticou-a-rege-globoA afirmação do ator ex-global Pedro Cardoso é verdadeira quanto a televisão brasileira. Mas é preciso umas operações matemáticas para fortalecer a veracidade de sua afirmação. O ator passou 30 anos na TV Globo. O Fernando Henrique deixou o poder, depois de destruir o Brasil, há mais de 12 anos. O que significa, em simplório raciocínio, que há exatamente 12 anos o Brasil mudou profundamente não só no sentido político, econômico, social, científico e tecnológico. Ou seja, a população passou a ter novas formas ver, sentir e pensar.

Com suas transformações, a população brasileira ficou mais integrada à semiótica internacional, mesmo sendo uma semiótica dominante orientada pelo capitalismo. As novas formas de comunicação impulsionam novas tendências de existir e que muitas vezes, ainda bem, proporcionam outras ultrapassagens necessárias às vivências coletivas. O que corresponde à nova subjetividade que produz novos interesses na sociedade e outras formas de comportamentos.

Existindo nesse quadro sensorial, cognitivo, ético e estético a sociedade tende a ser mais exigente não mais se coadunando com modelos prescritos anteriormente e renegando, já que o homem é sua eterna ultrapassagem como dizem as filosofias da liberdade. Bem, foi nesse processual que o ator Pedro Cardoso teceu sua mudança que o levou a sair da TV Globo, embora 12 anos depois do Brasil mudar. Como diz o dito popular: “antes tarde do que nunca”, embora outros permaneçam no nunca. Para não ser lá tanto cruel com o ator, é preciso raciocinar na lógica de que ele já havia se transformado, mas as condições de saída ainda não estavam dadas, como diz Marx.

Mas Pedro Cardoso foi claramente didático ao comparar a programação da TV Globo e sua atuação em relação aos seus funcionários com a era Fernando Henrique, visto que ela representou o grande atraso da história do Brasil. Mas não só isso. É era do conservadorismo na sua forma mais rudimentar: conservar, conservar o que se tornou rígido e defender contra qualquer ameaça de mudança. O conservadorismo é o modelo que a classe burguesa busca e quando alcança não quer qualquer mudança. Na verdade, torna-se mofento, mumificado. É por isso que a TV Globo é o palco de Fernando Henrique e tudo que represente esse conservadorismo.

Mas Pedro Cardoso deu um breve vacilo ao resumir a TV Globo a era de Fernando Henrique. Ela mais que essa era. Ela a mesma ante de ser ela. Antes de ser TV Globo criada em 1964. Ela é o ideal conspirador da família Marinho ainda do tempo da Rádio Globo e o jornal o Globo. A TV Globo só apresentou esse ideal em forma audiovisual, mas as práticas são as mesmas. A TV Globo, em si, é sua continuidade-conservadora do tempo da ditadura.

“A televisão no Brasil se dedicou a construir uma espécie de país que não é verdadeiro. O Fantástico trata os assuntos com uma falsa verdade. Até quando diz que uma coisa é verdade, parece entretenimento, uma coisa bobinha, engraçadinha. Eu faço uma coisa engraçada mesmo, não engraçadinha.

A televisão brasileira está com muito medo da internet. E está um pouco acovardada, conservadora. Ela está mudando só na maquiagem.

O Brasil mudou, muito mais que a televisão brasileira. A TV brasileira ainda está igual ao Brasil do Fernando Henrique e nos estamos num Brasil pós-Dilma, embora ela ainda esteja no governo. E a gente tem que retratar esse Brasil que mudou. Se a gente ficar fazendo a televisão que era da época de Fernando Henrique, o público vai fazer outra coisa”, analisou Pedro Cardoso.

TRAGO COMIGO, DE TATA AMARAL, FILME DO FLUIR CONSTITUTIVO DA MEMÓRIA, ESTREIA DIA 31

Julho 29, 2015

tataamaralCom produção da Tangerina Entretenimento e parceria com a Primo Filme em quatro episódios, Trago Comigo, longa-metragem da premiada cinegrafista Tata Amaral, estreia no Memorial da América, no 10° Festival de Cinema Latino-Americano, em São Paulo. Trago Comigo foi premiado no começo do ano na edição do Gaudalajara Constrói.

O filme narra o sintoma psicológico que passa o diretor de teatro, Telmo, que esqueceu todas as atrocidades que sofreu durante a ditadura quando fora preso. Para tentar os corpos encadeados de sua memória, ele começar a encenar uma peça com as imagens-lembranças que se mostram aos poucos. Na verdade, diria o filósofo que mais trabalhou e pesquisou com os temas da produção da memória, Bergson, trata-se da contração do presente frente à distensão do passado como ele ilustra em seu cone onde a parte superior é tida como presente e os outros graus inferiores como passados. A memória não é só uma questão de hipocampo psicológico.

Salvo alterações fisiológicas, a memória é sempre um presente-passado que virtualmente é atualizada como um agido-lembrança fora do que age-presente. Aí a possibilidade das imagens-lembranças se organizarem no atual. Aí a razão da construção da memória de Telmo, como encadeamentos cênicos. E não esquecer que uma peça de teatro tem vários presentes, passados e futuros encadeados tanto no virtual, atual e real.

A encenação teatral confirma Kundera: “A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento”.

O elenco é composto pelos artistas Carlos Alberto Riccelli, Emilio di Biasi, Georgina Castro, Selma Egrei, Pedro Lemos, Paula Pretta, Maria Helena Chira, Felipe Rocha e Júlio Machado.

Como se trata de Tata Amaral não há o que comentar, mas sim apreciar!

ESCOLHIDOS OS 18 FILMES QUE VÃO PARTICIPAR DA 48° EDIÇÃO DO FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Julho 28, 2015

festival-cinema-brasilia-candangoEntre os dias 15 e 22 de setembro estará ocorrendo a 48° Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, sendo que entre os dias 16 e 21 ocorrerá a mostra competitiva, no Cine Brasília.

Com o objetivo de participar do festival foram inscritos 130 longas-metragens, 221 médias-metragens e 237 curtas-metragens. Ontem, a coordenação do festival divulgou os nomes dos 18 filmes que foram classificados e que vão disputar os prêmios de R$ 340 mil.

Nome dos filmes na categoria longa-metragem: A Família Dionti, de Alan Minas; Big Jato, de Cláudio Assis; Fome, Cristiano Burlan; Para Minha Amada Morta, de Aly Muritiba; Prova de Coragem, de Roberto Gervitz; e Santoro – O Homem e Sua Música, de John Szerman.

Categorias média e curta metragens: A Outra Margem, de Natália Tereza; À Parte do Inferno, de Raul Artuso; Afonso é Uma Brazza, de Naji Sidki e James Gama; Cidade Nova, de Diego Hoefel; Command Action, de João Paulo Miranda; Copyleft, de Rodrigo Carneiro; História de Uma Pena, de Leonardo Mouramateus; O Corpo, de Lucas Casseles; O Sinaleiro, de Daniel Augusto; Quintal, de André Novais; Rapsódia Para o Homem Negro, de Gabriel Martins; e Tarântula, de Aly Muritiba e Marja Calafange.

O cinema é a estética dos cristais-tempo, diz o filósofo Deleuze. E como as imagens são os resultados do movimento como tempo-novo, só há cinema quando as imagens se mostram como singular. Ou seja, como primeira vez. Daí a importância de participar do festival para perceber o quanto os diretores criaram novas imagens com suas obras.

PARTICIPANDO DO FESTIVAL LATINIDADES CAPOEIRISTAS SE OPÕEM AO PROJETO DE PROFISSIONALIZAÇÃO

Julho 27, 2015

969178-roda de capoeira -4129Tramita no Congresso Nacional um projeto que obriga que a prática da capoeira deva ser exercida por um profissional formado em educação física. Ou que a prática seja acompanhada por educador físico.

Com a realização do Festival Latinidades para comemorar o Dia Mundial da Mulher Negra Latino-Americana Caribenha, no dia 25, ontem, dia 26, foi o momento da apresentação da capoeira, como espetáculo e tema de debate envolvendo o projeto que pretende profissionalizar a prática da capoeira que no passado foi motivo de ameaça, prisão e condenação em função de sua origem negra.

O debate do tema colocou todos os capoeiristas contra o projeto que na verdade procurar cercear uma prática que nasceu como expressão de luta pela liberdade do negro. Para os mestres, alunos e afeiçoados a regulamentação profissional da prática da capoeira não vai trazer benefício para a capoeira.

969194-profissionalização capoeira-4470É o que acredita a mestra Janja, Rosângela Costa, professora da Universidade Federal da Bahia, pois o projeto divide a capoeira.

“O projeto divide a capoeira como cultura e quem pensa a capoeira como esporte. Eles pegam quem pensa como esporte e luta para regulamentar esse sujeito como atleta de alto rendimento. Isso não apenas é perverso para a capoeira como um todo, mas para nós mulheres é extremamente perigoso porque amplia abismos de desigualdade”, disse mestre Janja.

Mariana Monteiro, de 26 anos, que joga capoeira no Guará, tem o mesmo entendimento. Para ela capoeira é cultura, não esporte.

“Acho que não tem nada a ver porque não temo você falar para um mestre que já é mestre de capoeira fazer educação física agora. Nem botar nenhuma como professor dizendo que vai ensinar capoeira melhor que o mestre. Acho  difícil profissionalizarem porque a capoeira é uma cultura”, afirmou Mariana.

Já Cinézio Peçanha, presidente da Fundação Internacional de Capoeira de Angola (Fica)o que a capoeira precisa é de investimentos. Criar condições para os mestres possam ensinar seus alunos, posto que vários mestres não têm espaços para praticar a capoeiras.

“Quantos mestres não têm espaços para dar aula de capoeira? Quantos mestres muitas vezes precisam de instrumentos para fazer trabalho em uma escola? Por que não se faz fórum para instrumentalizar o capoeirista? Falam: ‘Vai ter um edital’. Ai eu pergunto: Quantos capoeiristas sabem inscrever um projeto? Então tem que fazer uma oficina de capacitação para as pessoas que querem aprender a fazer projetos”, observou mestre Cinézio.


VAI UM CINEMINHA AÍ? A vendedora de fósforos

Julho 26, 2015

SÃO 75 FOTOS REALIZADAS ENTRE OS ANOS DE 1984 e 1993 QUE COMPÕEM A EXPOSIÇÃO “AMAZÔNIA OCUPADA” DE JOÃO PAULO FARKAS

Julho 25, 2015

image_largeO fotógrafo João Paulo Farkas, filho de pai também fotógrafo, o húngaro Thomas Farkas, realizou entre os anos de 1984 e 1993 nove viagens a região da Amazônia que lhes renderam mais 120 mil fotografias do mundo cobiçado internacionalmente pelo capital estrangeiros.

Parte desse acervo é resultado de suas primeiras viagens a convite de garimpeiros de ouro e cassiterita para compreender a vida que eles eram submetidos pela corrida do nobre metal. Ele então, impulsionado e envolvido com a realidade da região, passou a estudar e explorar outros territórios da Amazônia.

a9c209e5-5fe1-432c-9ae1-dd724aa7e24bDessa vivência ele escolheu 75 fotografias para compor sua Exposição Amazônia Ocupada que começou a se exibida ontem e vai até o dia 1° de setembro no Sesc Bom Retiro de terça a sexta-feira às 10h e às 20h30 com participação grátis.

Garimpeiro“Escolhi as imagens que me pareciam melhor contar aquela grande história da ocupação da Amazônia e passei a mostrar para alguns fotógrafos e amigos que eu respeito, como Edu Simões, a Cláudia Andujar e Milton Guran.

Também tem um gosto muito especial para mim o fato de que a Amazônia estava no radar fotográfico e cinematográfico do Thomas Farkas, meu pai, a quem eu devo boa parte de minha formação humanística e o amor pelo Brasil e pelo povo. Ele adoraria estar aqui para ver isto na parede.

Aprendi que a aventura humana é sempre rica em histórias e é preciso dar voz para aqueles que fazem a história todos os dias e não apenas aos grandes fatos e grandes personagens. O brasileiro anônimo nos confins da Amazônia tem muito a nos contar sobre os destinos da região”, observou João Paulo Farkas.

BAIRROS DA ZONA LESTE DE SÃO PAULO TERÃO A 4ª EDIÇÃO DO SÃO MATEUS FESTIVAL DE MÚSICA

Julho 24, 2015

e97358be-5f95-4c02-87f5-ff1358515796Em uma sociedade com abundância de talentos e poucas opções para a expressão desses talentos, principalmente quando os talentos escapam dos modelos impostos pela indústria de ‘entretenimento’ de consumo, vide exemplo os meios de comunicação como alienada TV Globo, o grande lance da moçada é produzir festivais onde o contato com o público é direto e respeitoso, porque se trata de um público que experimenta a mesma realidade dos artistas. Muito embora o processo de criação artístico seja singular e subjetivo em cada artista.

A 4ª Edição do São Mateus Festival, que terá sua primeira etapa no mês de agosto e a segunda no mês de setembro, abriu as inscrições e conta com mais 80 artistas inscritos que concorrerão nas categorias composições, cantores, dançarinos, bandas, grafiteiros moradores de 17 bairros da Zona Leste de São Paulo. Para se inscrever o artista deve compor música brasileira e de autoria pessoal. As inscrições são livres.

Alguns cantores e compositores que se apresentam em espaços alternativos em São Paulo saíram do festival, como é o caso de Pankada Roots que ganho o primeiro festival.

“Atualmente eu vivo de música. A gente busca sempre oportunidades, e o São Mateus tem sido esta oportunidade para os músicos da periferia”, afirmou Pankada.

Na concepção, corretíssima, de Luana Pessoa, idealizadora do festival, a zona leste é um vulcão de talento e os artistas só precisão de oportunidade.

“A cultura aqui é como um vulcão. O que a gente sempre busca é dar visibilidade e oportunidade para que esses talentos possam impulsionar suas carreiras”, observou Luana.

No mesmo sentido afirmando por Luana, a questão oportunidade, Felipe Bandino Cruz, acrescenta, também, que o festival visa e presentear a comunidade.

“É uma festa que a gente vem fazendo, com shows musicais para a comunidade, para que eles se identifiquem”, disse Felipe.

MY NAME IS NOW, DOCUMENTÁRIO SOBRE A VIDA E CARREIRA DA CANTORA ELZA SOARES

Julho 23, 2015

images_cms-image-000447093Homenageada na edição do Latinidades – Festival da Mulher Afro-Americana e Caribenha, a cantora Elza Sores tem sua vida e carreira artística mostrada no documentário My Name Is Now, Meu Nome É Agora no momento em que inicia apresentação de seu novo show A Voz da Máquina.

Para falar de sua vida e carreira a talentosa respeitada cantora, ex-companheira do craque internacional, Garrincha, concedeu entrevista as jornalistas Juliana Cézar Nunes e Mara Régia da Rádio Nacional que faz parte da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

“Percebi o racismo com porta batendo na minha cara. Não tinha rede social. Aí você se pergunta: mas por que bateram a porta na minha cara? Não fiz nada. Fez sim. Você nasceu negra. E é assim”, testemunhou a prática da discriminação racial que no Brasil é secular.

EBC – O que representa pra você cantar em Brasília e ser homenageada pelo Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha? Elza Soares – Agradeço muito por estar em Brasília, parece que estou vivendo aqui. Comecei a vir a Brasília desde o início da cidade. Tenho muito a ver com essa terra. E ser homenageada pelo festival de mulheres negras é um coroamento. Ainda mais para quem veio do planeta fome em um país tão rico. Quando a gente participa de uma coisa tão importante, uma coisa que é você, sua cara, sua vida, realmente coroa você. Me sinto orgulhosa de participar e estar presente.

EBC – Como tem sido a sua busca por novos ritmos e sonoridades expressas nos seus shows? Elza – Tem sido muito fácil. Como my name is now, eu sou o agora, eu estou por dentro e gosto muito de fazer esse trabalho. É uma maneira também de levar compositores para essa juventude que não conhece a música brasileira. Até outubro teremos CD novo, feito por compositores de São Paulo, com o título Mulher do Fim do Mundo. Gosto desses desafios.

EBC – O festival também exibe um documentário sobre a sua vida. Como foi essa experiência? Elza – Foi uma experiência muito boa. Fui buscar uma diretora mulher – a Elizabete Martins Campos. Muito melhor falar de mulher para mulher. Ela te entende melhor. O cinema brasileiro precisa de mais arte e menos tapete brasileiro.

EBC – Você acha que a televisão brasileira retrata de forma adequada as mulheres negras? Elza – Quase não tem negro no país, né? Na televisão não aparece. Tá faltando mulher negra na televisão, programa de mulheres negras, mais mulheres negras falando. Mulher negra quando entra na novela vai fazer novela de época pra chamar nhá, nhó, sinhozinho. Não vejo mulher negra na televisão. É brabo isso.

EBC – Como você vê a situação da mulher negra hoje no país? Elza – Temos avanços muito lentos ainda. O dia-a-dia ainda é nosso maior desafio. É de uma ignorância tão grande, uma estupidez ter que desafiar a cor. Dizem que tem política pública de combate ao racismo e a gente tenta acreditar nisso. Mas na sociedade vejo tudo muito encubado, por trás da cortina, por debaixo da mesa.

EBC – O caso da jornalista Maria Júlia Coutinho – a Maju, da TV Globo, que sofreu racismo nas redes sociais – é revelador desse preconceito? Elza – Sim. É uma coisa que conheço demais. Não precisava ter redes sociais, internet. Percebi o racismo com porta batendo na minha cara. Não tinha rede social. Aí você se pergunta, mas por que bateram a porta na minha cara? Não fiz nada. Fez, sim. Você nasceu negra. E é assim.

EBC – Como você busca enfrentar esse preconceito no cenário da música, das gravadoras? Elza – Hoje eu me articulo bem porque eu me imponho, e quando você se impõe você é bem recebida. Tem que saber onde pisa, a hora que pisa, como fala, com quem fala, é por aí. A vida foi feita nesse sentido. Se impondo, se posicionando, aí você chega bem.

EBC – O que te motiva a subir nos palcos e qual a música do seu ‘agora’? Elza – A vida dá motivação pra tudo. O que me motiva é ela, meus filhos, meus amigos e as pessoas que acreditam em mim. São muitas as músicas da minha vida. Mas a música do meu ‘agora’ é A Carne. A carne mais barata do mercado é a carne negra. Que vai de graça pro presídio. E para debaixo do plástico. Que vai de graça pro subemprego. E pros hospitais psiquiátricos. A carne mais barata do mercado é a carne negra. Que fez e faz história. Segurando esse país no braço.

PROJETOS CULTURAIS SE REALIZAM NA 1ª MOSTRA DIVERSA – EXPRESSÕES DE GÊNEROS, IDENTIDADE E ORIENTAÇÕES

Julho 22, 2015

ee7b6e27-ed82-4900-a9b6-f2fb1e7e6349Os corpos estéticos fotografias, pinturas, livros, fanzines entre outros fluxos mutantes se movem como expressões e conteúdos dos projetos culturais que se subjetivam na 1ª Mostra Diversa – Expressões de Gêneros e Orientações, até o dia 30 de novembro no Museu da Diversidade, em São Paulo.

Como todo movimento estético é uma forma singular de engajamento, visto que o movimento é o processual de ultrapassagem dos estados de coisas estabelecidos como territorialização do novo, a exposição opera, com seus vetores, a construção de uma sociedade das diferenças. Diferenças já estabelecidas como diferenças que diferem em si mesmas. Na verdade, uma ética da alteridade onde cada um é o outro duplicado de si mesmo como comunhão íntima do existir ontológico.

Geni: Um Ensaio Fotográfico com Corpos Transitados, de Daniella Rodrigues e Mariana Moraes, é um dos projetos culturais expressado com conteúdos fotográficos para um calendário de modelos trans vestidas de pin-ups. O objetivo dessas imagens é mostrar a luta das personagens na construção de suas identidades em uma sociedade transfobicamente violenta que as ameaças para elas não exerçam sua feminilidade. Geni é uma produção de uma tese realizada pelas duas artistas para a conclusão do Curso de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais.

“Geni é um projeto que tenciona a representação dos corpos em trânsito, ao mesmo tempo em que desloca essas pessoas de um lugar de marginalidade, para um espaço de visibilidade”, observaram as artistas.

A jornalista e fotógrafa Patrícia Cholakov concebe com sua estética Um Olhar de Morte, em preto e branco, a relação de um casal de homossexual em seu cotidiano. Já na série Doces Barbas, que manifesta homens barbados com maquiagem, o público é convidado a refletir sobre os conceitos de masculino e feminino. Rodrigo Casali, em sua obra a Esquina de Monalisa, recorre ao nanquim em madeira para expressar elementos etnográficos e entrevistas com homossexuais de Botucatu e Dourados. Ana Maria Macedo e Kalel Souza, com Genders Brasil, apresentam ensaios fotográficos que mostram as diferenças de gêneros. E Lampiou recorre a poesia, palavras rimadas  fanzines.

Olha só seres estéticos! É até dia 30 de novembro. Não esquece! Vai lá!