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O TESTAMENTO DE JUDAS ANO 2014

Abril 19, 2014

Que tempo bom, amigos brasileiros! Que bom tempo de Páscoa! Tempo da passagem em meu amicíssimo Jesus Cristo. Transubstancial mudança sempre para melhor. Que alegria incontida de me encontrar novamente aqui no Brasil. Não podia ser diferente: eu amo vocês, brasileiros! E nesse tempo pascoal, tempo de Copa do Mundo, a maior expressão futebolística desse povo guerreiro que quer festa o ano inteiro. Tempo também de eleições. A festa democrática de um povo que soube suplantar uma ditadura desumana. Que tautologia a minha: toda ditadura é desumana.

É isso aí, amigos brasileiros! É isso aí, gente boa! É isso aí, gente fina! Aquela história mitificada e mistificada que inimigos de Cristo propagaram: que eu o traí por 30 moedas, não precisa mais tratar. Vocês já sabem o que verdadeiramente ocorreu. A história-real já explicou. Esse blog da Associação Filosofia Itinerante (Afin), também já explicou. Nossa luta era política. Cristo queria primeiramente a liberdade das almas individuais para depois realizar a liberdade coletiva. Eu pensava que deveria ser o contrário: a liberdade coletiva, primeiro. Errei. E feio, torcida brasileira!

Um povo não pode ser livre sem antes libertar sua alma individual. Cristo sabia disso. Esse o terrível medo dos imperadores romanos e judeus. O ladrão crucificado sabia dessa verdade. Barrabás, que era um militante político pró-Israel, também sabia. Barrabás, cujo sufixo aramaico Abbas, que significa pai, depois passou a ser o nome de uma banda sueca de rock romântico. Não é minha praia, mas fazer o quê? Por isso fizeram a propaganda para denegrir a Cristo e a mim. Todo tirano tem medo dos homens livres, por isso eles cultivam a escravidão. O medo do escravo é a grande segurança do tirano. Cristo era livre. Esse o medo dos tiranos. Para Cristo não havia dívida, não havia culpa para pagar, como quer Paulo. Nada de ressentimento, má consciência, remissão dos pecados, são invencionices dos que queriam Cristo como um tirano, como diz meu amigo filósofo Nietzsche.

Mas a verdadeira história já guardou em sua arqueologia o tempo verdadeiro da Boa Mensagem, e não a história mitificada e mistificada. Agora, se há ainda alguém que credita no tal do beijo da traição, para justificar sua ignorância, nada há o que fazer. Assim como não há o que fazer com alguém que acredita que 30 moedas poderiam comprar um Homem como Cristo.

A prova da trapaça histórica perpetrada pelos tiranos é a minha presença aqui junto de vocês. Se eu tivesse sido um traidor como eu estaria aqui no Brasil, com vocês, meus amigos, se esse é o país mais católico e cristão do mundo? Só se vocês fossem um povo otário. O que não é verdade. Se vocês fossem otários não teriam elegido o meu amigo Lula duas vezes e elegido Dilma, e não estriam prontos para reelegê-la. Quem é tão democrata assim, não é otário.  

Agora vou enunciar, com a permissão de todos vocês, o meu Testamento 2014. 

E agora preclaros brasileiros

Nesta festa pascoal

Vou abrir meu testamento

Com lembranças do bem e do mal

Porque amo esse povo

Desse país tropical.

Agora sem mais delongas

Vou enunciar meu testamento

Espero que cada agraciado

Mostre o seu contentamento

Pois se há coisa que não curto

É falta de reconhecimento.

 

Vou começar com minha amiga Dilma

Que governa com os sentidos e a razão

Por isso deixou-lhe inconteste presente

Sua comprovada reeleição

 

Ao meu companheiro Lula

Que faz tremer candidato afoito

Deixo-lhe a irrefutável realidade

Sua vitória em 2018.

 

Ao príncipe sem trono, Fernando Henrique

Campeão de rejeição

Deixo-lhe o Ulisses de James Joyce

Para lhe acompanhar na solidão.

 

Para o senador Aécio Neves

Candidato da ignara-burguesia

Deixo-lhe muito Sonrisal

Para tratar de sua azia.

 

Ao candidato Eduardo Campos

Socialista de fabulação

Deixo-lhe as orações de Marina

Para acalmar a frustração.

 

Para conspiradora TV Globo

Que todo dia perde audiência

Deixo a inteligência do povo

Para lhe levar a falência.

 

Para a trupe dos jornalistas reacionários

Que tramam contra o governo popular

Deixo-lhe o Troféu Cabo Anselmo

Para de sua missão se orgulhar.

 

Para a dublê de jornalista, Sheherazade

Apologista da tortura

Deixo a dignidade dos presos

Vítimas da ditadura.

 

Ao Paulo Henrique Amorim

Molière da ironia afiada

Deixo-lhe as virtudes de Serra

Uma fonte de piada.

 

Ao jornalista Mino Carta

Senhor de inteligência engajada

Deixo-lhe o elixir dos sábios

Para enfrentar a mídia depravada.

 

Aos companheiros da Carta Maior

A potência do jornalismo virtual

Deixo-lhes minha biblioteca

Inclusive a 1º edição do Capital.

 

Aos blogueiros-progressistas

Chamados pelos reaças de sujos

Deixo-lhes documentos inéditos

Que mostram quem são os ditos cujos.

 

Aos parlamentares calculistas

Que assinaram a CPI da Petrobrás

Deixo mais quatro anos pra Dilma

Pra eles curtirem seus ais.

 

Para burguesia-ignara

Cujo espírito é ambição e egoísmo

Deixo-lhe o fim de sua ilusão

A morte do neoliberalismo.

 

Aos médicos-burgueses

Defensores da medicina de mercado

Deixo-lhes o paciente do SUS

Feliz, confiante e curado.

 

Aos profissionais do Mais Médicos

Que os médicos-burgueses querem a destruição  

Deixo-lhes a fé inquebrantável

Praga de invejoso não pega em cristão.

 

Ao deputado Praciano

Que com o PT está frustrado

Deixo-lhe a essência do partido

Que ele não tem lembrado.

 

Ao prefeito Arthur Neto

Que se diz “orgulho do Amazonas”

Deixo o festival de buracos

Com Manaus enterrado em suas zonas.

 

Ainda para o prefeito do PSDB

Cuja administração é marketing puro

Deixo-lhe o quadro que lhe espera

Um fim de mandato obscuro.

 

E o transporte coletivo

Que por ele nada é feito

Reafirma mais uma vez

Que Manaus não tem prefeito.

 

Aos alienados professores de Manaus

Analfabetos políticos por opção

Deixo a inteligência dos estudantes

Para que mudem de profissão.

 

Para a imprensa do Amazonas

Submissa aos governadores

Deixo-lhe o calote desses

Para ver se criam pudores.

 

Aos ‘políticos’ do Amazonas

Que dos governantes são efeitos

Deixo o eleitor consciente

Para jamais sejam eleitos.

 

Para as igrejas pecadoras

Que exploram a fé do cristão

Deixo-lhes a falta de memória

Pra não lembrarem as palavras Deus e religião.

 

Ao ex-prefeito de Coari, Adail

Que se julga acima do bem e do mal

Deixo-lhe o julgamento preciso

Da Justiça Federal.

 

Em tempo de Copa do Mundo

Que para o brasileiro é paixão

Deixo-lhe o caneco de ouro

Embora não tenha seleção.

 

“Nem Cristo agradou a todos”

É o que se ouve falar

E eu como amigo Dele

Também não vou agradar

Por isso peço desculpas

A quem não pude presentear.

 

Porém prometo enviar breve

A lembrança a quem compete

Mas é preciso forçar o Senado

A provar o Marco Civil da Internet.

 

Agora acabo meu testamento

Impregnado de saudade

Mas crente que o brasileiro

Vai impor-se contra a maldade

Porque só ele pode produzir

A democracia com liberdade.

Beijos deste amigo iscarioticamente, Judas!