Archive for Janeiro, 2022

DOCUMENTÁRIO ACOMPANHA A PRESERVAÇÃO DE OBJETOS SAGRADOS PARA UMBANDA E CANDOMBLÉ

Janeiro 31, 2022
  1. CULTURA

CINEMA

A continuação do filme “Nosso Sagrado”, lançado em 2017, começa a ser gravada no segundo semestre deste ano

RedaçãoBrasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) | Janeiro de 2022.

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Os objetos apreendidos a partir das invasões violentas por parte do Estado foram depositados no Museu da Polícia Civil do Rio de Janeiro – Foto: Divulgação Quiprocó Filmes

O documentário “Nosso Sagrado”, lançado em 2017, sobre a perseguição contra o Candomblé e a Umbanda, religiões criminalizadas na Primeira República e na Era Vargas, vai ganhar uma sequência. O novo filme é uma realização da Quiprocó Filmes, que produziu o anterior, em parceria com a campanha “Liberte Nosso Sagrado”.

A pesquisa já foi iniciada, o documentário começa a ser produzido no segundo semestre deste ano e terá como diretores os cineastas Fernando Sousa e Gabriel Barbosa. A sequência é intitulada “Acervo Nosso Sagrado”.

O documentário “Acervo Nosso Sagrado” vai acompanhar o processo de acondicionamento, preservação, pesquisa, documentação histórica e museológica dos 519 objetos sagrados da Umbanda e do Candomblé doados ao Museu da República em 2020.

As peças foram apreendidas durante a República Velha e a Era Vargas, entre 1889 e 1945, quando as religiões de matriz africana eram marginalizadas. Os objetos estavam em poder da Polícia Civil do Rio de Janeiro até o ano passado. Os artigos eram expostos no museu da corporação, na coleção Magia Negra, mas foram transferidos para o acervo do Museu da República e, depois, doados em definitivo pelo governo do Rio à instituição.   

O novo filme

O início da nova produção está previsto para acontecer no segundo semestre de 2022. Aprovado para captação de recursos via Lei do Audiovisual, o projeto já conta com a parceria e um contrato de patrocínio com o escritório de advocacia Daniel Advogados e encontra-se cadastrado para novos patrocinadores na plataforma da Simbiose Social, startup que conecta empresas com projetos culturais e sociais.  

“A reconquista desse acervo sagrado é um exemplo de cidadania, os afro-religiosos em sua luta estão proporcionando a todos nós conhecer um aspecto fundamental da cultura afro-brasileira, que é patrimônio material das religiões de matriz africana”, afirma Isabella Cardozo da Daniel Advogados.

Fruto de grande mobilização e sob a liderança religiosa e política de Mãe Meninazinha de Oxum, o movimento “Liberte Nosso Sagrado”, em agosto de 2020, alcançou importante vitória com a assinatura do termo que garantiu a transferência do acervo da Polícia Civil ao Museu da República. 

Leia mais: Violência contra religiões afro-brasileiras é denunciada à ONU

Para Fernando Sousa, Diretor Executivo da Quiprocó Filmes, a transferência do acervo é uma conquista fundamental para as comunidades de terreiro e com enorme interesse público, principalmente no campo da memória e a documentação será de ampla importância para a sociedade.

“Particularmente, permite-nos concretizar um antigo desejo, que consiste em uma produção cinematográfica que contribua com a memória e a história das religiões afro cariocas a partir do rico conjunto de 519 objetos sagrados do Candomblé e Umbanda, considerando a pesquisa histórica e museológica já em curso no Museu da República”, conclui Fernando Sousa, Diretor Executivo da Quiprocó Filmes.

Os objetos apreendidos a partir das invasões violentas por parte do Estado foram depositados no Museu da Polícia Civil do Rio de Janeiro, compondo, ao lado de outros materiais apreendidos por forças policiais, exposições organizadas na instituição.

Em 1999, quando a sede desse Museu foi transferida para o prédio histórico da Rua da Relação, nº 40, no centro carioca, todos os objetos da então denominada “Coleção Museu de Magia Negra” foram guardados em caixas e assim permaneceram até setembro de 2020, com acesso vetado à pesquisadores e aos integrantes das comunidades tradicionais de terreiro.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister

ANA LAURA PRATES: QUAL O QUÊ!

Janeiro 30, 2022

Certamente passaremos a eternidade discutindo se a arte imita a vida ou se a vida imita a arte, de tão amigas que ambas são – como diz Caetano.

Redaçãojornalggn@gmail.comPublicado em 30 de janeiro de 2022.

Qual o quê!

por Ana Laura Prates

No terceiro episódio da belíssima e necessária série “O canto livre de Nara Leão”, Chico Buarque comenta a canção “Com açúcar com afeto”, de sua autoria. Chico diz que fez a canção a pedido de Nara, inspirado em tantas outras do cancioneiro popular, nas quais o marido cai na gandaia e a mulher fica em casa chorando.  Ele diz ainda que entende o incômodo que a letra provocou nas feministas, embora, dialeticamente, considere o contexto da época em que a música foi composta. Acrescenta que não pretende mais cantá-la, e que imagina que Nara tampouco o faria se estivesse viva. Jamais saberemos, infelizmente! Na sequência, assistimos a uma entrevista antiga de Nara dizendo que adora esse tipo de canção: “cê vê que eu também canto minhas bobagens”, ela diz.

“Com açúcar com afeto” foi composta em 1967, ano em que nasci. A história da minha vida é desde sempre acompanhada pelas canções de Chico e interpretações de Nara e, no meu imaginário infantil, eles formavam um casal romântico perfeito. Cresci ouvindo minha mãe, feminista não militante, contar as histórias da bossa nova e da mpb, muitas delas testemunhadas ao vivo e a cores por ela e meu pai: as dissidências, as (o)posições políticas, as tretas entre Nara, Elis e Maysa, a história de cada uma delas, etc. Lembro-me nitidamente de minha mãe – que era especialista em Grécia antiga – me explicando que a letra de “Mulheres de Atenas” era irônica. Foi uma aula da concepção grega de mulher como homem inacabado, mas também de ironia enquanto recurso retórico e literário. Talvez por isso eu sempre tenha escutado “Com açúcar com afeto” do mesmo modo: no fundo ela faria uma espécie de caricatura sofisticada de “Camisa amarela”, transformando em romantismo lírico uma situação humilhante e opressora para a mulher. O eufemismo do final: “abro os meus braços pra você” ao invés de “minhas pernas” parecia ser a prova cabal dessa interpretação que, talvez, só existisse na minha cabeça – quem sabe para salvar minha dupla de heróis infantis!

Um debate sério sobre a relação entre a obra de arte, o contexto sociopolítico e cultural e, mais ainda, as posições pessoais assumidas pelos autores é extremamente complexo. Exigiria passar pela questão da indústria cultural, com Adorno, pela questão sobre o que é um autor, com Foucault e tantas outras e outros. O certo é que há artistas conservadoras e conservadores em toda a história da arte, que, no entanto, produziram obras extraordinárias. Há ainda artistas geniais que apoiaram regimes e ideias totalitárias. Absolutamente não é o caso nem de Chico, nem de Nara, ambos – embora brancos e oriundos da classe dominante – críticos contundentes da ditadura e sensíveis às questões das desigualdades sociais e raciais no Brasil. Mas, é certo também, que artistas são pessoas de seu tempo, mesmo aqueles que estão à frente da mentalidade da época. Chico e Nara, enquanto sujeitos, também! Aliás, ao longo da série, vamos acompanhando as transformações da artista Nara, mas também da mulher –que se recusava a ficar dentro da caixinha, como se diz hoje em dia, e que não tinha medo de mudança e de autocrítica. Chico não fica atrás, e pôde várias vezes rever suas posições ao longo da vida, o que de modo algum as invalida, no contexto em que foram tomadas.

Assim como o artista enquanto sujeito, a obra em si mesma e em sua relativa independência em relação ao autor, tampouco é isenta do julgamento da história. Certamente passaremos a eternidade discutindo se a arte imita a vida ou se a vida imita a arte, de tão amigas que ambas são – como diz Caetano. Mas não podemos ser ingênuos a ponto de considerarmos a arte uma transcendência universal acima do bem e do mal e a-histórica, imune a seus movimentos dialéticos e, portanto, indiferente à crítica. É evidente que há um abismo intransponível entre a obra e a crítica, mesmo que haja obras com função crítica e críticas – embora mais raramente – que se tornam obra de arte. Uma vez publicada, entretanto, a obra ganha mundo e autonomia e será mastigada e digerida por suas contradições.

Chico está no mundo, ativamente. E sua declaração fazendo uma autocrítica em relação a sua canção, a partir da provocação de algumas feministas contemporâneas me pareceu muito bem-vinda e só reafirmou minha admiração por ele. Eu mesma passei a me incomodar com a letra de “Com açúcar com afeto”, sobretudo nos últimos anos, quando aprofundei meus estudos da feminista italiana Silvia Federici sobre a exploração do trabalho doméstico, de procriação e cuidado, como sendo a base invisível da exploração do proletariado – algo que a Pandemia escancarou em nosso país. É dela a famosa frase: “O que vocês chamam de amor, eu chamo de trabalho não remunerado”. Incomoda, né? Pois é! A letra de “Com açúcar com afeto” é –   como Chico, homem inteligente e sensível se deu conta – um “caso tipo” desse diagnóstico, romantizando o que seria uma vocação natural da mulher para o carinho, o cuidado e a compreensão. Em uma palavra: afeto (ou amor incondicional). Há anos já não como mais açúcar e não ouço mais essa bela canção sem sentir um grande mal-estar, como se fosse uma piada que perdeu a graça. Aconteceu comigo, poderia não ter acontecido, mas aconteceu.

Qual não foi minha surpresa, entretanto, ao ler comentários e textos – sobretudo de homens – indignados com a declaração de Chico. Minha surpresa se deve menos ao mérito da questão em si em torno da letra da canção – que, aliás, me parece muito bem-vindo, e em relação ao qual há bons argumentos contra ou a favor que merecem ser mais desenvolvidos com a profundidade que exige assunto tão delicado. Minha surpresa se deve à acusação de que “As feministas” haviam censurado e intimidado Chico. Como bem lembrou Margarete Pedroso: “Primeiro: não existe a entidade movimento feminista, muito menos a articulação das mulheres é única, mesmo porque mulheres não são únicas. Segundo: ninguém impôs qualquer tipo de censura ao Chico Buarque, se houve críticas à letra de uma música, essa crítica simplesmente foi acatada por seu autor (…) muito provavelmente porque concordou com a observação ou porque algo passou a incomodá-lo na letra da música que, em outros tempos e com outra cabeça, não o incomodava”. E ela ainda acrescenta: “Tanta celeuma apenas nos mostrou o quanto na nossa sociedade falta afeto e empatia aos movimentos sociais e que pouco ainda se entende sobre feminismo e liberdade”.

De fato, nós feministas, militantes ou não, realmente não formamos uma unidade. Aliás, os movimentos que defendem as diferenças e diversidades, por óbvio costumam ser plurais, às vezes divergentes e tendem a ter mais dificuldade em construir consensos e unificações. Mas o curioso é que o mesmo campo progressista que ainda ontem mostrou-se legitimamente indignado com o absurdo artigo de Antonio Risério sobre um suposto racismo reverso, agora praticamente inventa uma categoria igualmente inexistente: o feminismo – quando deveríamos falar “os feminismos” – como sendo uma espécie de “machismo reverso” ou uma delirante opressão proporcional de mulheres sobre homens! Ora, no Brasil, ocorreram 1350 casos de feminicídio em 2020, a maioria de mulheres negras e pardas. A maior parte desses crimes, bem como de abusos e violências físicas, psicológicas e sexuais ocorrem dentro de casa. O isolamento mostrou que quando os homens param em casa, realmente é pior. Essa realidade nada romântica poderia sensibilizar alguns intelectuais e artistas, como sensibilizou o Chico, e fazê-los contar ao menos até três. Se precisar, contar outra vez – seguindo o conselho de Erasmo e Roberto – antes de, numa inversão descabida, sentenciar mulheres que estão lutando para construir uma sociedade na qual nossas filhas não precisem viver com medo. Eles poderiam se perguntar por que para algumas mulheres, a letra de uma canção bela, sutil e ambígua possa ferir e machucar. Porque não as escutar, ouvir seus argumentos? Mesmo que algumas se excedam, radicalizem… seus gritos ainda têm um alcance muito pequeno. Por que ainda é tão difícil reconhecer e ceder privilégios?

Se algumas feministas incomodam muita gente, o machismo mata. Qualquer incômodo provocado ainda é muito desproporcional ao tamanho da violência que vitimiza as mulheres e é inadmissível que, num malabarismo retórico, se inverta o sinal e transforme as feministas em censoras. Enquanto a intelligensia refinada e culta fica discutindo seu doce predileto e reduzindo um dos maiores compositores populares vivos no Brasil a um tolo manipulado pelas bruxas, 8 mulheres são agredidas por minuto, algumas fazendo doce pro agressor parar em casa. Qual o quê!

Ana Laura Prates – Possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1989), mestrado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (1996), doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (2006) e Pós-doutorado em Psicanálise pela UERJ (2012).

O QUE A NARA DIRIA? POR FRANCISCO CELSO CALMON

Janeiro 29, 2022

É muito provável que as feministas que instaram Chico Buarque a não mais cantar a canção feita a pedido e para Nara, não saibam quem foi Nara Leão, a sua história.

Redaçãojornalggn@gmail.comPublicado em 29 de janeiro de 2022.

Acervo Pessoal Nara Leão

O que a Nara diria?

por Francisco Celso Calmon

“Chico Buarque afirmou que não vai mais cantar Com açúcar, com afeto, composta por ele originalmente para a voz de Nara Leão. A decisão ocorreu após o cantor escutar críticas de feministas, que apontaram um teor machista na letra. A música fala sobre uma dona de casa que faz de tudo para agradar o marido.

O artista confirmou que não cantará mais a canção durante a série documental O Canto Livre de Nara Leão. Chico relata que a letra foi encomendada por Nara, que pediu a ele uma letra de mulher sofrida. Não era comum esse tipo de tema na época.”

Já debati este assunto nas redes sociais e vou encerrar com este artigo um pouquinho maior do que disse nos debates.

Onde iremos parar?

Ninguém, nem o protagonista, tem o direito de negar a história. Censura e autocensura a fatos históricos, que retratam uma época, constituem uma atitude revisionista. Pode ser que não seja exatamente o caso, porém resvala, com certeza. 

A música é ótima e retrata uma situação real da nossa cultura, da época e ainda existente; não percebo machismo na letra e foi pedida pela Nara, exatamente não para enaltecer, mas, sim, para mostrar aquela realidade de desigualdade e submissão. 

Será que vão censurar e não ouvir mais na voz da Nara Leão cantando “Com açúcar, com afeto”? Ela que foi a voz musical do protesto à ditadura militar e revolucionária dos costumes e da música, que foi alavanca para tantos compositores?

Ameaçada de enquadramento na Lei de Segurança Nacional da ditadura, não se calou, generosa, corajosa, rebelde, deu voz aos compositores do morro; esta Nara guerreira, combatente do autoritarismo, não teria cantado uma música que reverenciasse o opressor.

É muito provável que as feministas que instaram Chico Buarque a não mais cantar a canção feita a pedido e para Nara, não saibam quem foi Nara Leão, a sua história.

É comum quem não tem nada, lutar para ter, mas, as que têm muito e lutam para os desprovidos terem, são pessoas especialmente generosas, Nara foi uma delas. Foi inspiradora e parte da nossa Geração68, que não aceitou as privações das liberdades democráticas.

A história contada na literatura e nas artes serve para conhecimento, crítica e formação da consciência de rejeição, jamais de negação, de silenciamento, venha de onde vier, porque não se apaga o que ocorreu.

 Examinar qualquer criação fora do contexto histórico é concebê-la sob o foco do moralismo cultural ou dos interesses conjunturais de uma estação, muitas vezes efêmera, sem ainda ser consagrada pela própria história como evolução.

As reações identitárias, por suas próprias naturezas, caem em panfletagens emocionais, pois, em última instância, não concebem a História de forma materialista e dialética, que tem como movedor as contradições entre as classes sociais, e, sim, no binário certo ou errado, bom ou mal, puro ou ímpio, pecador ou santo.   

Essas lutas identitárias, importantes sem dúvida, carecem de calibrar o alvo.

Na visão moralista da história é proibido reconhecer que a burguesia fora uma classe revolucionária, soa como heresia, por ignorarem que o capitalismo foi um avanço em relação ao feudalismo e deste em relação ao escravagismo. Assim como no futuro teremos um sistema que irá superar o capitalismo, apesar de suas sete vidas, metamorfoseando e camuflando-se de bem-estar.

Com a visão da moral (identitária) contemporânea não haveria nem canção e nem literatura que se salvasse, visto que todas em regra refletem uma época, com seus valores e contravalores, porque mesmo o olhar do oprimido, do rebelde e o do libertário, sofrem da influência da ideologia do sistema dominante na era.

Se viesse essa atitude de um candidato eleitoral ficaria claro a razão, mas da figura pública do genial e inigualável artista, meu honroso xará, a repercussão é ultramar; por isso, a decisão é dele e, portanto, respeitável, mas, segundo o noticiário, foi decorrente de reclamos de feministas, e, aí, é discutível, sim. 

Penso que cometeu um equívoco (ou o acerto de levantar a bola para o debate?), embora termos que acatar, sem, contudo, nos omitir, por se tratar de uma questão de fundo político, histórico e cultural, mesmo sendo menor diante da gravíssima conjuntura que vivemos.

Deveriam gastar energias críticas em muitas músicas da atualidade que merecem repúdio, entre elas a que faz apologia ao estupro, Baile de Favela, ou estamos interpretando errado?

Pode ser que enquanto ficar escuro ele não cante, o meu esperançar é que na claridão volte a cantar. 

Se houver seguidores à sua atitude, vamos acabar por revisionar a história, em vez de conhecer para indignar, revolucionar o presente e construir um futuro sem desigualdade, submissão, e com afeto entre todos.

Como a Nara, minha conterrânea de Vitória – ES, a solicitante e cantora original da música, feminista sem precisar de rótulo ou carteirinha, não está aqui para se pronunciar, imagino que ela diria:

“Podem me prender, podem me bater. Podem até deixar-me sem comer. Que eu não mudo de opinião. Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não, podem me prender, mas eu não mudo de opinião.”

Ou será que falar do morro não era seu ‘lugar de fala’?

“Quando eu morrer, que é tão triste a gente ir, alguém escreva pra mim, numa primavera qualquer, a palavra liberdade junto ao meu desespero de acabar.”

Parafraseando-a: “Não plantem para dividir, acorrentados ninguém pode amar”.

Versos imortalizados pelo seu generoso e doce canto.

Francisco (Xico) Celso Calmon

DO BREGA ROMÂNTICO AO RAP: PLATAFORMA MAPEIA DIVERSIDADE DAS PRODUÇÕES MUSICAIS DAS PERIFERIAS

Janeiro 28, 2022

MÚSICA

Portal Embrazado conecta produtores das quebradas de Belém, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro

Anelize Moreira28 de Janeiro de 2022.

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Portal promove intercâmbio entre artistas periféricos e lança disco com músicas inéditas; Na foto a cantora e poeta Anna Suav – Yasmin Alves

A música periférica como uma forma de combater o apagamento dessas populações

Apesar da falta de espaço e oportunidade de difusão da cultura das quebradas, a expressão artística das periferias do Brasil passou a ecoar além dos territórios nas últimas décadas. 

Mas ainda existem inúmeros desafios para artistas que apostam em projetos independentes, por exemplo a divulgação e difusão dessas produções. E como saber o que vem sendo criado e circulado por aí?

É justamente com esse objetivo que nasce o Portal Embrazado, plataforma dedicada a mapear e difundir a música periférica de todo o país. Embrazado era uma festa que acontecia em um bar no centro do Recife (PE). 

A gente queria ressaltar as inovações que essas músicas trazem e o que não é visto muitas vezes em outros gêneros musicais 

O portal foi criado em 2020 contemplado por meio do edital Programa Petrobras Cultural, mas ali naquela festa em 2017 já existia a vontade de mapear a diversidade das produções musicais e fazer conexões entre elas, ressaltando as suas individualidades, explica GG Albuquerque, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco e cofundador do projeto.

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“A gente queria ressaltar as inovações que essas músicas trazem e que não é visto muitas vezes em outros gêneros musicais, não só no Brasil como no mundo. Ressaltar as qualidades artísticas de algo singular que surge a partir da experimentação desses artistas, que é uma coisa absolutamente vanguardista”, explica.

Ainda de acordo com o jornalista, a ideia também é “explorar essas inovações e experimentações da periferia enriquecem o nosso entendimento sobre música e as formas de se fazer som”.


O guitarrista baiano Jotaerre / Divulgação

O portal reúne a cultura periférica de lugares distintos do Brasil, conectando e dando oportunidade do público conhecer novas músicas. Atualmente o portal aborda produções de cinco capitais como Belém, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Vai ter no Embrazado a música gospel, funk, bregadeira, arrocha, mas também tem sobre o beiradão 

GG ressalta que o portal tem a proposta de ir além de eleger como música de favela apenas o funk, mas abarcar as mais diferentes vertentes. 

“A gente entende a música periférica como uma forma que as populações marginalizadas inventaram para serem notadas pela criatividade e pela arte em uma sociedade que rejeita, mata e exclui”. 

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Segundo o pesquisador, é uma forma de combater o apagamento que essas populações historicamente sofreram.

“Vai ter no Embrazado a música gospel, funk, bregadeira, arrocha, mas também tem sobre o beiradão, que é a música das comunidades ribeirinhas da Amazônia, então é um olhar bem amplo”, acrescenta. 

Embrazado atua por meio de três princípios: difundir, capacitar e fomentar as produções culturais dentro e fora das periferias brasileiras em conteúdos como podcasts, matérias e produtos audiovisuais.

“O que significa estar cedendo esse espaço para quem faz de cultura de periferia e entender que para que a pessoa chegue nesse espaço, ela já enfrentou pelo menos umas 20 barreiras, tá ligado?”, pontua a cantora e poeta manauara Anna Suav.


A rapper N.I.N.A / Foto: Divulgação / Brasil Grime Show

Anna Suav lembra que no cenário do hip hop, por muito tempo, as performances das mulheres precisaram se enquadrar dentro de algumas lógicas e, segundo ela, esse enquadramento se deu no sentido de “se diminuir o poder para caber”. 

“E também foram enquadradas dentro de uma linguagem hipersexualizada, objetificada que era como essas mulheres eram representadas na cultura hip hop. O hip hop tem passado por uma grande mudança e também por essa imposição dessas mulheres em reescrever essa história e apresentar uma outra narrativa muito mais empoderada e com muito mais certeza de si e de quem são”, diz a cantora.

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Com letras inventivas e criativas, Anna escreve e canta sobre as subjetividades como mulher negra no mundo.

“A marca que quero deixar com a minha música é propósito, é mudança, afago e afeto em momentos em que o mundo só nos adoece. Que a gente possa ser um pouco de doçura, acalanto e de revolta também porque às vezes é o que a gente precisa, de um pouco de raiva e reatividade. Então eu sou essa dualidade e o meu trabalho também”.

A  coletânea musical “Embrazado hits”, que reúne 10 músicas, sendo 5 remixes inéditos criados a partir de intercâmbios entre artistas das cidades de Belém (PA), Recife (PE), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA)  e Rio de Janeiro (RJ) será disponibilizada nas principais plataformas digitais de música, como o Spotify, DeezerYoutube Music e Sua Música, entre outras.

Jotaerre, N.I.N.A, Banda Sentimentos, Kratos e DJ Méury são alguns nomes que estão na coletânea.https://open.spotify.com/embed/album/523DK6BHAnli5RVzZFC9AY?utm_source=oembed

Edição: Douglas Matos

SPOTIFY REMOVE MÚSICAS DE NEIL YOUNG APÓS ULTIMATO DO CANTOR CONTRA CONTEÚDO NEGACIONISTA

Janeiro 27, 2022

DESINFORMAÇÃO

Cantor pediu a remoção do seu catálogo e disse que a plataforma “vende mentiras por dinheiro”

DW DW| 27 de Janeiro de 2022.

“Estou fazendo isso porque o Spotify está propagando informações falsas sobre vacinas”, afirmou o cantor – Ross / Wikimedia Commons

As músicas do famoso cantor canadense Neil Young serão removidas do Spotify, depois do artista ter ameaçado retirar seus álbuns do catálogo caso o serviço de streaming não tirasse do ar o controverso podcast The Joe Rogan Experience, acusado regularmente de disseminar informações falsas e negacionismo sobre a covid-19.

Em comunicado, o Spotify disse que lamenta a decisão de Neil Young de querer deixar a plataforma e que espera “recebê-lo de volta em breve”.

Segundo o cantor ao manter o podcast no ar, o serviço promove a desinformação sobre a covid-19. 

Não ficou claro quando as músicas serão retiradas do serviço. Na tarde desta quinta-feira (27/01), elas ainda constavam no catálogo. 

Ameaças de Young

Neil Young, que sobreviveu à poliomielite quando criança, pediu na segunda-feira publicamente ao seu empresário e a sua gravadora que removessem suas músicas do serviço de streaming, onde tem mais de seis milhões de ouvintes mensais, caso o podcast seguisse no ar. 

“Estou fazendo isso porque o Spotify está propagando informações falsas sobre vacinas, potencialmente podendo provocar a morte daqueles que acreditam na desinformação que está sendo disseminada”, escreveu um dia depois o lendário cantor de Heart of Gold e Harvest Moon, em comunicado.

“Eles [Spotify] têm Rogan ou Young. Não os dois”, acrescentou o artista de 76 anos, cujo último álbum, Barn, foi lançado no final de 2021. 

“Com uma estimativa de 11 milhões de ouvintes por episódio, [The Joe Rogan Experience], que é hospedado exclusivamente no Spotify, é o maior podcast do mundo e tem uma tremenda influência. O Spotify tem a responsabilidade de mitigar a disseminação de desinformação em sua plataforma, embora a empresa atualmente não tenha uma política contra desinformação”, diz o comunicado de Neil Young.

Exclusividade com o Spotify

O podcast de Joe Rogan é um dos de maior sucesso do mundo e acumula milhões de reproduções. Em 2020, o comediante, que também é especialista em lutas e comentarista de UFC, assinou um contrato exclusivo de cerca de 100 milhões de dólares com o Spotify. 

Em seu podcast, que tem mais de 10 anos, ele já entrevistou nomes como Elon Musk, Bernie Sanders, Macauley Culkin, Jay Leno e o brasileiro Rafinha Bastos.

No entanto, recentemente, Rogan vem sendo acusado de ter desencorajado a vacinação entre os jovens e de ter pressionado pelo uso da ivermectina contra o coronavírus, um remédio para vermes sem comprovação científica nenhuma contra a covid-19. Ele também já foi acusado de dar palco para extremistas.

Em sua defesa, o Spotify disse que deseja que “todo o conteúdo de música e áudio do mundo esteja disponível para os usuários”. 

A empresa alega que conta com “políticas de conteúdo detalhadas” e que removeu “mais de 20.000 episódios de podcasts relacionados à covid desde o início da pandemia”.

“Mentiras por dinheiro”

Após o anúncio de exclusão do catálogo, Young postou uma nova mensagem em seu site, criticando o Spotify e classificando-o como “o lar da desinformação sobre covid” e alegando que a plataforma “vende mentiras por dinheiro”

Ele disse que tomou a decisão de sair do Spotify caso o podcast seguisse no ar por causa de preocupações de que os jovens usuários da plataforma fossem “impressionáveis ​​e fáceis de passar para o lado errado da verdade”. 

“Essas pessoas acreditam que o Spotify nunca apresentaria informações grosseiramente não factuais. Eles infelizmente estão errados. Eu sabia que tinha que tentar apontar isso”, alegou

Em dezembro, 270 médicos e professores assinaram uma carta aberta ao Spotify pedindo que a plataforma realizasse ações para combater a desinformação, “um problema social de proporções devastadoras”. 

Neil Young já havia retirado grande parte do seu repertório musical do Spotify em 2015, citando problemas de qualidade de som. No entanto, depois, mudou de ideia, afirmando que era ali “que as pessoas ouviam música”.

O músico tem o seu próprio arquivo online’, onde os fãs podem assinar todas as suas músicas. 

Aval da gravadora

Young agradeceu a sua gravadora, Reprise, de propriedade da Warner Music Group, que consentiu que as músicas fossem retiradas do ar.

“Obrigado Warner Brothers por ficar comigo e levar o golpe, perdendo 60% da minha receita mundial de streaming em nome da verdade”, escreveu ele.

O cantor indicou que os fãs migrassem para plataformas rivais do Spotify, como Amazon Music e Apple Music, e agradeceu aqueles que elogiaram sua posição contra a empresa: “Nunca senti tanto amor vindo de tanta gente”.

Vários comentaristas de direita criticaram o cantor, mas houve apoio público à decisão de Young, inclusive de outro músico canadense, o rapper Cadence Weapon. 

“Obrigado, Neil Young, por sua liderança. Será necessário um sacrifício de princípios por parte dos grandes artistas, que podem se dar ao luxo de levar um golpe para que as coisas comecem a melhorar para o resto de nós”.

EM RECIFE, O FESTIVAL JANEIRO SEM CENSURA REÚNE A LUTA CONTRA LGBTFOBIA E REPRESSÃO ÀS ARTES

Janeiro 26, 2022

VISIBILIDADE TRANS

Em Recife, o festival Janeiro sem Censura reúne a luta contra LGBTfobia e repressão às artes

Mostra cultural acontece de quinta (27) a 12 de fevereiro com apresentações no Recife e transmissões no YouTube

Da RedaçãoBrasil de Fato | Recife (PE) | 26 de Janeiro de 2022.

Programação terá preços populares e e lista de gratuidade para pessoas trans e travestis – Marcelo Soarez

A luta contra a censura artística, a transfobia e a anulação de corpos e vivências de minorias em Pernambuco segue mais viva do que nunca. O Festival Janeiro Sem Censura está de volta em sua 4ª edição, que inicia nesta quinta (27) e vai até 12 de fevereiro. A iniciativa é do Coletivo de Dança-Teatro Agridoce, grupo artístico do Recife, que organizou os dez dias de apresentações culturais e rodas de diálogo que podem ser conferidas presencialmente ou através do YouTube.

Este ano, o Janeiro Sem Censura homenageia a atriz, cantora e performer Sharlene Esse. Considerada uma das primeiras artistas trans na cena cultural de Pernambuco, é conhecida por interpretar e personificar divas da música como Gal Costa, Maria Bethânia e Donna Summer.

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“O Janeiro Sem Censura é a fonte de energia que nos faz ficar de pé e energizades o resto do ano. É o momento de reafirmarmos o que acreditamos como grupo e como artistas”, afirma Nilo Pedrosa, ator, bailarino e um dos organizadores do festival. 

A noite de abertura do festival, na quinta-feira (27), traz uma apresentação com a homenageada, a performance “Atenção, se beber não dirija”, além de “Eternamente Bibi”, espetáculo do Cara Dupla Coletivo de Teatro que relembra o legado da atriz Bibi Ferreira, com atuação da transformista Letícia Rodrigues.

Ao todo, serão 12 atrações culturais, que acontecem no Espaço Cênicas, no Bairro do Recife. A única exceção é a mostra audiovisual “Cine Pitangas”, que ocupará o Teatro do Parque no dia 9, às 18h, com exibição de seis curtas-metragens e um longa que abordam temáticas de visibilidade LGBTQIA+. 

O festival encerra no dia 12 de fevereiro com o resultado da Oficina “(Trans)Passar em Foco”, na qual dez artistas trans, travestis e não-bináries selecionados pelo festival apresentarão um experimento cênico fruto de vivência com o Coletivo Agridoce. 

:: Dia do Orgulho LGBTQIA+ é marcado por ato contra transfeminicídio no Recife ::

Os ingressos para as apresentações no Espaço Cênicas podem ser adquiridos na bilheteria, na hora dos eventos, no formato Pague Quanto Puder, com contribuição mínima no valor de R$ 10. Haverá ainda disponibilização de lista de gratuidade para pessoas trans e travestis.

Já a mostra “Cine Pitangas” tem entrada gratuita para todo o público. Vale lembrar que será exigido o uso de máscara e apresentação de passaporte vacinal com esquema completo para entrada nas atividades presenciais.

Para o público de fora da capital pernambucana, será possível conferir as apresentações culturais remotamente. As atrações do festival serão registradas em vídeo e retransmitidas gratuitamente para o público no YouTube do Coletivo Agridoce, entre 14 e 20 de fevereiro. Quem desejar mais informações pode entrar em contato através do Instagram @teatroagridoce ou pelo email teatroagridoce@gmail.com.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga

INFÂNCIA SEM PARAÍSO

Janeiro 25, 2022

”Crianças do Sol” é mais uma demonstração da qualidade do cinema iraniano, especialmente no trato com a infância

Por Carlos Alberto Mattos. Janeiro/2022.

 

Um sabor de Charles Dickens tempera o iraniano Crianças do Sol(Khorshid). Aos 12 anos, o desenvolto Ali trabalha duro numa oficina e lidera seus três amiguinhos no roubo de pneus para atender ao chefe da gang, o velho Hashem. Sua mãe está internada, o pai está morto, ele aprendeu cedo a só ter a si mesmo. O neo-neorrealismo iraniano mais uma vez mostra suas qualidades, especialmentre no trato com crianças.

Estimulado por uma promessa de Hashem, Ali se compromete a procurar um tesouro enterrado debaixo de um cemitério de Teerã. O único caminho até lá é pelo porão de uma escola próxima, onde Ali e seus companheiros precisam se matricular. A Escola do Sol é uma instituição devotada a encaminhar crianças de rua ou exploradas no trabalho infantil. Assim o filme fecha sua proposta de opor a educação à exploração.

Mas que ninguém espere um conto com moral redonda e mensagem edificante. Majid Majidi, autor dos belíssimos Filhos do Paraíso A Cor do Paraíso, sabe bem que não existe paraíso na Terra. O garoto Ali só se interessa pela escola na medida em que lhe permite cavar um túnel em busca do seu objetivo.

Crianças do Sol é um thriller energético em que, desde a cena de abertura no estacionamento de um shopping, os meninos estão sempre em perigo de serem apanhados. A existência ou não do tal tesouro, ou sua eventual consistência, está fora da cogitação do determinado mas inocente Ali. A própria escola está sob ameaça de despejo, o que aproxima seu destino ao dos alunos e forja surpreendentes alianças com os responsáveis pela direção. Nasce daí uma das melhores cenas do filme, quando os meninos são incentivados a tomar o prédio como os russos tomaram o Palácio de Inverno em 1917.

Majidi pinta um quadro ao mesmo tempo terno e sombrio de uma infância à deriva, que pode ser salva por alguma habilidade especial ou sucumbir à esperteza de adultos sem escrúpulos. A discriminação de afegãos no Irã é outra anotação importante, encarnada em dois irmãos particularmente comoventes.

O roteiro pode não ser dos mais engenhosos, uma vez que avança por elipses um tanto bruscas e deixa pelo menos uma lacuna importante, que é a personagem da mãe. Em compensação, demonstra o perfeito domínio de realização numa cinematografia madura como a iraniana. No elenco infantil, todo arregimentado entre crianças trabalhadoras, brilham sobremaneira Roohollah Zamani, no papel de Ali, e os irmãos Abolfazl e Shamila Shirzad, como os pequenos afegãos.

O trailer:
https://youtu.be/Re0n6AN61Gs

*Para mais informações sobre o filme ‘Crianças do Sol’, clique aqui

DESFILES DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO SERÃO NOS DIAS 22 E 23 DE ABRIL

Janeiro 24, 2022
  1. CULTURA

CARNAVAL

Neste ano, as apresentações do grupo especial de São Paulo e do Rio de Janeiro serão na mesma data

RedaçãoBrasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) | 24 de Janeiro de 2022.

Decisão foi tomada devido ao avanço da pandemia no país – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Um pouco depois das prefeituras do Rio de Janeiro e de São Paulo anunciarem o adiamento do desfile de Carnaval para o fim de semana do feriado de Tiradentes, em abril, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) informou que as agremiações do grupo especial da capital fluminense se apresentarão nos dias 22 e 23 de abril no sambódromo.

De acordo com o calendário da Liesa, nos dias 20 e 21 ocorrerá o desfile do grupo de acesso-Série Ouro; no dia 24, será a vez das escolas mirins apresentarem seus trabalhos na Marquês de Sapucaí e na terça-feira (26) será a apuração. O desfile das campeãs ficou para sábado (30).

“A decisão de transferir as datas dos desfiles das escolas de samba na Sapucaí era um dos cenários já previstos pela organização. Com a proximidade do evento, foi mais prudente adiar a festa, situação alinhada com as autoridades sanitárias estaduais e municipais”, informou a Liesa em comunicado no site.

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O adiamento do Carnaval foi decidido após uma reunião na noite de sexta-feira, por videoconferência, em que estiveram presentes o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o secretário de Saúde carioca, Daniel Soranz, o secretário de Saúde paulistano, Edson Aparecido, além dos presidentes das Ligas de Escolas de Samba de ambas as cidades.

A decisão ocorreu devido ao avanço da pandemia no país.

Mesmo dia

A Liga das Escolas de Samba de São Paulo (Liga SP) definiu, no último domingo (23), as datas dos desfiles do Carnaval. O grupo especial paulistano optou por entrar na avenida no mesmo dia que as escolas do grupo especial carioca, nos dias 22 e 23 de abril, sexta-feira e sábado.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister

COM ARTISTAS LGBTQIAP+, MOSTRA MOVIMENTOS EM TRÂNSITO TEM INSCRIÇÕES ABERTAS ATÉ AMANHÃ, DIA 24

Janeiro 23, 2022
  1. CULTURA

DIVERSIDADE

Artistas selecionados vão compor programação de evento virtual voltado à promoção da visibilidade de temáticas de gênero

RedaçãoBrasil de Fato | São Paulo (SP) | 21 de Janeiro de 2022 às 18:23

Ouça o áudio:Play01:0701:41MuteDownload

Projeto está na terceira edição e tem apoio financeiro da Lei Aldir Blanc – Divulgação/Mostra Movimentos em Trânsito

Artistas LGBTQIAP+ de todo o país podem se inscrever até 24 de janeiro na Mostra Movimentos em Trânsito. A ação 100% virtual tem por objetivo ser um lugar de encontro de linguagens artísticas variadas, promovendo a visibilidade de temáticas LGBTQIAP+. 

Em 2022, a terceira edição do projeto realizado em Petrolina (PE) será exibida gratuitamente pelo canal do Youtube da Casa do Artista entre 10 e 14 de março. Podem se inscrever criadoras e criadores ligados a dança, teatro, show musical, performances, artes visuais e audiovisual.

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Para serem aceitos, os trabalhos devem ser de autoria de integrantes da comunidade LGBTQIAP+ e abordar questões relacionadas ao tema. A seleção ocorrerá entre 25 de janeiro e 4 de fevereiro. Os nomes que irão compor a programação serão divulgados no dia 7 de fevereiro. 

O prazo original de envio das propostas foi prorrogado para possibilitar um maior alcance e representatividade nas inscrições. Qualquer dúvida pode ser enviada para o e-mail coletivocasadeartista@gmail.com ou para o WhatsApp (87) 98801-7620.

As atividades também podem ser acompanhadas pelo Instagram da Casa do Artista. O projeto tem apoio da Lei Aldir Blanc. 

Veja os links dos formulários de inscrição:

Chamada Pública Movimentos em Trânsito

Obras artístico-visual

Performance 

Vídeo-dança / Curta-metragem

Show musical

Espetáculo de dança

Espetáculo de teatro

Edição: Vinícius Segalla

RIO E SÃO PAULO ADIAM DESFILES DE CARNAVAL PARA ABRIL

Janeiro 22, 2022
  1. CULTURA

FIQUE EM CASA

prefeitos transferem apresentações das escolas de samba nas duas cidades para o fim de semana do feriado de Tiradentes

DW DW Brasil| 22 de Janeiro de 2022.

Decisão de adiamento foi em reunião virtual envolvendo os dois prefeitos – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes e de São Paulo, Ricardo Nunes, decidiram em reunião virtual nesta sexta-feira (21/01) adiar os desfiles das escolas de samba do Carnaval deste ano nas duas cidades, que ocorreriam em fevereiro, para o fim de semana do feriado de Tiradentes, em 21 de abril.

:: Casos de covid-19 disparam e lotam hospitais no país ::

A decisão foi uma orientação das secretarias de Saúde das duas cidades e foi motivada pela explosão de casos de covid-19 causados pela variante ômicron.

“A decisão foi tomada em respeito ao atual quadro da pandemia de covid-19 no Brasil e à necessidade de, neste momento, preservar vidas e somar forças para impulsionar a vacinação em todo o território nacional”, diz nota conjunta das prefeituras. A reunião, realizada de forma virtual, contou com a participação dos prefeitos, dos secretários de Saúde e das ligas de escolas de samba das duas capitais.

No começo do mês, as capitais já haviam cancelado o carnaval de rua por causa do aumento de casos de covid-19.

Em nota divulgada após a decisão, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) diz que o adiamento era um dos cenários previstos. “Com a proximidade do evento, foi mais prudente adiar a festa, situação alinhada com as autoridades sanitárias estaduais e municipais”.

::Com predomínio da ômicron, Brasil tem maior taxa de transmissão desde março de 2021::

A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo disse em nota que reafirma o compromisso com as autoridades no combate à pandemia. “Acatamos, com a segurança de quem acredita na ciência, a decisão que vai priorizar o coletivo”.

“Adiamento não é cancelamento”

Em entrevista à rede de televisão GloboNews, o prefeito carioca, Eduardo Paes, frisou que já vinha conversando com seu colega de São Paulo sobre o adiamento dos desfiles das escolas de samba nas duas cidades, e mesmo com a visão otimista sobre o ciclo de transmissão da ômicron – que ele prevê terá uma queda em fevereiro -, ambos consideraram que seria arriscado realizar os desfiles no próximo mês.

::Nicolelis: “Com a taxa de transmissão que tem, ômicron vai sufocar os sistemas de saúde”::

“Nós entendemos por bem, a partir desta leitura científica, técnica, de ambos dos secretários de Saúde [de São Paulo e do Rio de Janeiro] adiar para o feriado de 21 de abril, de Tiradentes, a realização do Carnaval, tanto em São Paulo quando no Rio de Janeiro”, disse Paes.

“Estamos tomando medidas equilibradas e, ao mesmo tempo, respeitando uma festa que é a maior manifestação cultural, popular do Brasil e importante para a economia do Rio de Janeiro. Vamos poder ter a festa no feriado de Tiradentes, celebrando vidas e, se Deus quiser num momento muito melhor desta pandemia”, afirmou. “É um adiamento e não um cancelamento”, acrescentou o prefeito.

Recordes

O Brasil, que enfrenta uma alta de casos de covid-19 devido à variante ômicron, totalizou 23.751,782 infecções e 622.563 mortes provocadas pela doença, segundo informou nesta sexta-feira o Ministério da Saúde.

Nas últimas 24 horas, foi registrado um recorde de 166.539 novas infeções por coronavírus, conforme dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), elevando a média móvel de casos em sete dias para 117.797.

Esta foi também a maior média diária de infeções por covid-19 desde o início da pandemia no Brasil e uma média 38 vezes superior à registada há menos de um mês.

De acordo com estudos divulgados por laboratório particulares, a ômicron causou um grande salto no número médio de casos diários e se tornou hegemônica em menos de um mês, sendo responsável por mais de 95% das novas infeções no Brasil.