Archive for Maio, 2015

Filme pernambucano discorre sobre o vazio deixado por antigas paixões

Maio 31, 2015

image_large‘Permanência’, de Leonardo Lacca, dá forma à ausência e aos sentimentos represados ao longo do tempo. Longa-metragem estreia nesta quinta-feira em várias cidades brasileiras.

por Xandra Stefane

Leva tempo superar a perda de um grande amor. Às vezes, nem se supera: a relação acaba mas deixa no corpo um vazio com o qual aprendemos a conviver. A vida segue, outras pessoas vêm, outros amores nascem. Ou não. Mas aquele espaço vazio continua alojado em alguma parte.

É este sentimento que o pernambucano Leonardo Lacca materializa em seu primeiro longa-metragem, Permanência, que estreia nesta quinta-feira (28) em São Paulo, Campinas, Santos, Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Jaboatão dos Guararapes, Salvador, Fortaleza, Natal, Maceió, João Pessoa e Manaus.

Irandhir Santos (de Tatuagem, O Som Ao Redor e A História da Eternidade) é Ivo, um fotógrafo de Recife que vai a São Paulo para a abertura de sua primeira exposição individual. Ele poderia se hospedar em um hotel, mas decide ficar no apartamento de Rita (Rita Carelli), com quem, fica evidente, parece ter tido uma intensa relação no passado.

Ambos seguiram em frente depois do término. Ela é casada com Mauro e tem uma vida estável. Ele tem namorada. No reencontro, o vazio que a ausência deixou em ambos grita e deixa no ar desconfortáveis silêncios com os quais eles tentam, desajeitadamente, lidar. O clima fica carregado por um turbilhão de desejos e emoções que entrelaçam passado e presente.

Permanência é composto de sensações e de silêncios que dizem muito. Mesmo que não estejam mais juntos e que tenham outras pessoas em suas vidas, Ivo e Rita nunca deixaram de existir como casal. É por isso que ela toma um choque quando revela um rolo de filme que o fotógrafo lhe dá: as cores da Rita que ela era com Ivo parecem ter se apagado com o tempo, sem que ela se desse conta.

Além dos protagonistas e de Mauro (Silvio Restiffe), o marido, há outras duas personagens importantes em Permanência: a fria e agitada São Paulo acolhe uma Recife ensolarada e criativa.

O filme foi exibido em diversas mostras e festivais, entre eles o Festival do Rio, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o Festival International du Film Entrevues Belfort, na França, o Festival Internacional de Cinema da Fronteira, onde ganhou os prêmios de melhor diretor e ator, entre outros.

ARTISTAS AGUARDAM JULGAMENTO DAS BIOGRAFIAS NÃO AUTORIZADAS NO DIA 10 DE JUNHO PELO STF

Maio 30, 2015

briografia-não-autorizadaEm 2007, os advogados do cantor rei da depressão, Roberto Carlos, impetraram uma ação judicial para que o livro-biográfico, Roberto Carlos em Detalhes, do escritor Paulo César de Araújo, fosse retirado de venda. Roberto Carlos, o cantor das emoções dolorosas, não concordou que sua vida fosse biografada sem autorização e mandou a decisão. Como se sua existência fosse tão importante para servir de interesse para mudança do mundo. Logo ele uma pessoa que jamais deixou seu templo narcísico de lado. Mas, o certo é que ele ganhou a causa.

Com esse episódio, alguns artistas tomaram posição. Uns a favor de que as biografias não autorizadas não deveriam ser censuradas e ouros a favor que deveriam ser proibidas. No segundo caso, uma biografia só deve ser escrita quando o personagem a ser biografado autoriza. Uma posição coerente. Imaginemos uma pessoa que ama o rei da depressão e resolve escrever a biografia do Chico. O que poderá escrever sobre a existência engajada e talentosa de Chico? Terá essa pessoa os instrumentos sensoriais e intelectivos necessários para examinar e opinar sobre a obra do compositor da Banda? Vai sair uma caricatura teratogênica. 

Não é um tema fácil, já que envolve não somente a privacidade do biografado, mas também o mercado editorial e de venda do livro. O que quer dizer: toca profundamente na indústria capitalista do livro. Aí um dos pontos contrários dos que defendem a proibição da biografia não autorizada.

Mas, como a Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) se harmoniza com o mercado, ela entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra as liminares que proíbem o lançamento das biografias. Ou seja, que as biografias sejam lançadas sem a autorização dos biografados. A Anel questiona a constitucionalidade dos Artigos 20 e 21 do Código Civil.

O Artigo 20 do Código Civil diz: “salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da Justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão de palavras, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”.

Desta forma, encontra-se marcada para o dia 10 de junho o julgamento da ação pelo STF. Artistas com possibilidades, ou não, de serem biografados estão de olho na decisão.

8° ENCONTRO DE CINEMA NEGRO ZÓZIMO BULBUL – BRASIL, ÁFRICA E CARIBE

Maio 29, 2015

encontro179626O 8° Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul – Brasil, África e Caribe que teve sua abertura no dia 27 e vai ser exibido até o dia 4 de junho, tem como objetivo a troca de experiência de diversos cineastas de outras localidades e resgatar a presença do negro no cinema nacional e internacional.

Durante esse período serão apresentadas várias obras cinematografias com a temática da cultura negra em sua total abrangência. São cinemas que não se reduzem apenas a mostrar o preconceito e as discriminações que sofre o negro, mas também mostrar seu princípio ontológico de ser em sua negritude. Negritude como dimensão política do negro em sua liberdade e identidade. 

A abertura do encontro que ocorreu no Cine Odeon, teve como exibição o filme do guineense Cheick Fantamady Camara, Morbayassa.

De acordo com Joel Zito Araújo, curador do encontro, os negros devem se prepara para o diálogo com o Brasil inteiro e não entre eles nos “guetos” do movimento negro.

“Existe uma naturalidade das narrativas, como se o ser humano fosse naturalmente branco e o negro ou o índio a exceção. Há muita história para contra, não só da população negra, mas da representação do Brasil como um país da diversidade racial. Não queremos ficar no gueto nem ficar falando para o gueto.

A temática negra não é só a discussão do racismo, envolve também aspectos da cultura negra. É um olhar do negro sobre o mundo, sobre a sua contemporaneidade.

Hoje, efetivamente, há uma nova geração de participantes negros: no Rio o pessoal do Nós do Morro e do Cufa, na Bahia há um núcleo negro importante; em São Paulo também. Estamos em um novo momento no Brasil.

O negro deixou de ter vergonha de ser negro e começou a dizer: queremos mostrar o nosso ponto de vista sobre a realidade, os nossos sonhos, os nossos desejos, as nossas angústias, as nossas vergonhas, as nossas alegrias”, analisou Zito Aráujo.

Participando do encontro, a escritora Ana Maria Gonçalves, disse que as formas de expressões artísticas culturais dos negros é muito singular.

“O universo que a gente retrata ao contar histórias, ao escrever, ao fazer cinema, ou seja o que for, é um universo muito próprio nosso, de nossas experiências pessoas e até experiências externas.

Acho que a importância em se ter mais negros em posição de escolha, do que contar e como contar, permitirá que eles contem histórias próprias, de experiências, que não têm sido contadas pelo mercado branco elitizado.

Por anos, a oralidade do negro não foi considerada literatura, e, em muitos lugares, ainda não é. Talvez o cinema realize essa nossa luta de escritores negros para que a oralidade seja considerada literatura”, observou Ana Gonçalves. 

Também participando do encontro, o escritor e roteiristas Paulo Lins, disse que o negro agora se define como um ser que está fazendo cinema.

“O pessoal negro está fazendo cinema. Antes não fazia. Só quem fazia era branco. O negro está ganhando espaço, está produzindo, usando novas tecnologias, fazendo videoclipe, botando no Youtuby”, disse Paulo Lins.

As sessões cinematográficas também poderão ser assistidas na Biblioteca Parque e no Museu de Arte do Rio. E o que também é bom: gratuitamente.

Quem necessitar de arte e pretender vivenciar novas formas visuais, auditivas e cognitivas, é o momento! É preciso fazer os sentidos e a cognição ultrapassarem o que já se encontra estabelecido como realidade-imutável e necessária como dogmática da vida

VIVA O VINIL! MARKÚ RIBAS – MENTE & CORAÇÃO

Maio 28, 2015

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                                           “Lúdicos movimentos

                                              Iansã tudo observa

                                              Reanima o corpo

                                              Atira-se na luta”.

                                              Vô Sinésio e Papai

 

Estamos em junho do ano de 1980 no Estúdio da Polygram para sentirmos a criação e produção da bolacha-crioula do rebelde Markú Ribas. Há expectativa, mas nem tanto: Markú Ribas é um artista conhecido e respeitado por suas observações do mundo e suas convicções. Daí que essa raríssima bolacha-crioula representar nada mais do que a síntese de suas vivências em forma, conteúdo e expressão musical.

P1010182 P1010175A bolacha-crioula é de uma inquietação só. A adaptação feita pelo rebelde do canto do folclore da Martinica, La Pluie Tombée, mostra a riqueza de ritmo contagiante que é expressada na bolacha-crioula. Sem falar da obra que concede nome a bolacha-crioula, Mente & Coração, composição do rebelde com Carlos Caio Jr que também aparece – não é visagem, mas aparece – em outras composições como Quem Pede, Pede, Olha a Brecha… Ainda tem a parceria com Luizão Maia.

P1010176P1010177Markú Ribas, por sua atuação claramente social, tem relações com algumas das principais personalidades do cancioneiro popular brasileiro. Por tal sociabilidade, participam na bolacha-crioula Antônio Adolfo, como arranjador da composição Nunca Vi!!!, com as participações especiais de João Donato, Ed Maciel, Jotinha e Bira da Silva, um timão, que não o Coringão.

P1010178 P1010180“Obrigado amigos!

“Mente & Coração”, é o anúncio da chegada.

Que seja homem, que seja mulher, só Ele sabe;

À liberdade e a essa criança, faço presente

Esse trabalho”.

Rio, junho de 80

 

CHICO BUARQUE CONCEDE ENTREVISTA AO EL PAÍS BRASIL, FALA DE POLÍTICA, DE SUA CRIAÇÃO E OUTROS TEMAS

Maio 27, 2015

1432308262_225624_1432309998_noticia_grandeChico Buarque é uma pessoa que vem de uma família intelectual com historiador, linguista com uma mãe engajada politicamente que nunca se furtou a comentar e participar de opiniões sobre a ditadura, por essa realidade não é do desconhecimento do público sua conduta de intelectual-artista-comprometido com a realidade social.           

Chico além de músico, cantor e compositor é dramaturgo escreveu as peça de teatro Calabar junto com o cineasta português Rui Guerra, Roda Viva, encenada por Zé Celso Martinez, Ópera do Malandro, a infantil, Saltimbancos, além de ser talentoso romancista. O que significa trata-se de um homem de profunda visão de mundo. Um contemporâneo da história atual, o que se fosse o contrário não poderia ter criado obras tão importantes para o deleite e sabedoria da sociedade brasileira.

Pois foi este homem talentosamente comprometido politica, estética e eticamente que concedeu entrevista ao El País Brasil e entre outros temas falou do Brasil atual, os objetivos das direitas ao perseguirem o governo federal e seu processo de criação.

“Entre aqueles que saem às ruas há de tudo, incluindo loucos pedindo um golpe militar. Outros querem acabar com o Partido dos Trabalhadores, querem enfraquecer o governo para que, em 2018, o PT chegue desgastado nas eleições.

Sempre apoie o PT, agora Dilma Rousseff e antes o Lula. Apesar de não ser membro do partido, de ter minhas desavenças e de votar em outros candidatos e outros partidos em eleições locais.

Sempre soube que o problema desse país é a miséria, a desigualdade. O PT não resolveu tudo, mas conseguiu atenuar. Isso é inegável. O PT tem melhorado a condição de vida da população mais pobre.

Componho menos do que aos 20. É normal. A música popular é mais uma arte da juventude, com o tempo você vai perdendo, não sei, não o interesse, mas ela já não flui com a abundância daqueles primeiros anos. Tenho que me esforçar mais, procurar mais, é mais difícil”, disse Chico.  

TODO SER HUMANO É POLÍTICO, ESTÉTICO E ÉTICO DAÍ O COMPROMISSO CONTRA A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL APRESENTADA PELOS ARTISTAS

Maio 26, 2015

6cace257-bc84-438d-ac62-c1931b5e399cMuito antes da sociedade se organizar (?) com leis e regras estabelecedoras de formas de relações entre os homens socializados, o ser humano já era político, estético e ético. Ela já produzia sua forma de se manter vivo se alimentando e se protegendo contra as adversidades de seu meio. Era seu ato político. Em hordas ou bando ele mantinha relações que lhes eram necessárias a sua sobrevivência. Seu corpo, seus sentido e inteligência, lhes propiciaram percepções da natureza e transformações dessas percepções em objetos materializados por suas habilidades. Era seu ato estético que partia de sua constituição estética corporal. Produzia afetos para se tornar mais seguro e satisfeito. Existir produtiva, bela e socialmente como todos. Era seu modus de ser ético.

Todavia, embora todo o ser humano seja político, estético e ético, alguns não mantem essas constituições ontológicas, visto que seus percursos existenciais compuseram com afetos tristes que obliteraram, sedimentaram, embruteceram essas constituições ontológicas. Daí terem se tornados homens molares, endurecidos, capturados pelos pontos imóveis que compõem com a estupidez, a tristeza e a dor. Eles incapazes de um ato que vá além de suas constituições molares.

Esses homens embrutecidos são inimigos, como não poderia ser o contrário, da democracia constitutiva. Porém, a democracia representativa concede posições de respeitabilidade a esses inimigos, que não do reflexo do sistema capitalista. Essa a razão da maioria dos profissionais da política se posicionarem sempre em defesa de uma realidade econômica do capital e da moral que daí sai como forma de autoproteção.

Os deputados que votaram pela redução da maioridade penal, são esses inimigos-embrutecidos que não podem analisar o ser político, estético e ético do homem. Em função dessa cruel realidade antidemocrática, é necessário que aqueles que são constituídos dessas dimensões ontológicas se comprometam em defesa da inteligência e espiritualidade da elevação social do homem ameaçada pela estupidez. No Brasil, atualmente, várias entidades, entre elas a Associação Filosofia Itinerante (Afin), já se posicionaram contra a predominância da indigência política que domina o Congresso Nacional. E como não poderia ser diferente, alguns artistas também se movimentam contra esse atentado à condição humana.

O engajado Chico Buarque, veio a público mostrar sua posição contra a estupidez da redução da maioridade penal, o sadismo infanticida desses parlamentares. “Chico Buarque chegou junto contra a redução! Porque amanhã há de ser outro dia”. “#ReduçãoNãoÉSolução”. “#MaisCulturaMenosCadeia”. Milhares curtiram sua postagem.

O músico Siba também se posicionou contra afirmando que quem vai ser mais vitimado é o morador das periferias.

“Sou absolutamente contra redução da maioridade penal. Acho que deveríamos estar discutindo maneiras de construir um país menos excludente ao invés de arremessar milhares de jovens sem oportunidades em presídios que, já sabemos, não resolvem o problema da violência. A mudança vai atingir principalmente a juventude sem oportunidades das periferias e perpetuar um ciclo vicioso do qual nunca conseguiremos sair”, observou Siba.

Dia 27, quarta-feira, vai ocorrer vários atos de manifestação contra a irracionalidade da redução da maioridade penal.

Se você é um ser humano constituído ontologicamente pelos fundamentos político, estético e ético, os atos manifestantes contam sua participação.

Vamos nessa, que a hora é essa!

FRANÇA FICA COM PALMA DE OURO NO FESTIVAL DE CANNES

Maio 25, 2015

17417778O Festival de Cinema em Cannes, deste ano, mostrou maturidade como nos velhos e bons tempos do festival quando a Palma de Ouro, prêmio mais importante do festival, era indicada para o cinema e não para simplesmente filmes, como vinha ocorrendo nos últimos anos, onde até filmes, notadamente, hollywoodianos forma premiado.

O que historicamente caracterizou o festival de Cannes e o tonou um dos mais importantes do mundo cinematográfico, que experimentava novas formas do olhar, foram suas indicações baseadas no novo, no sensível e no inteligente. Goddard, Antonioni, entre outros cineastas revolucionários dos sentidos e da cognição são apenas alguns dos que mostraram sua estética-cinema engajada politicamente.

Este ano a Palma de Ouro foi para um cinema cujo conteúdo e forma mostra o corpo político. Trata-se de Dheepan, do cinegrafista Jacques Audiard. A história é simples, mas é cinema. Conta os percursos tortuosos que um ex-guerrilheiro do Sri Lanka se envolve, como imigrante, ao tentar entrar na França.

O Dheenp também ganhou os prêmios de melhor atriz com a francesa Emmanuelle Bercot e o ator, também francês, Vincent Lindon. O prêmio do Júri ficou com The Lobster. Entretanto, o prêmio de melhor diretor ficou com o taiwanês Hou Hsiao Hsien pelo filme A Assassina. Já o diretor húngaro László Nemes ficou com o Grande Prêmio do Júri, pelo cinema O Filho de Saul.O prêmio de melhor diretor estreante ficou com La Tierra y La Sombra, produção colombiana que contou com parceria brasileira.

VAI UM CINEMINHA AÍ? As Coisas que Moram nas Coisas

Maio 24, 2015

SEMINÁRIO INTERNACIONAL CIDADES REBELDES

Maio 23, 2015

0e4240ff-5bc1-4461-8a32-00f2dff51e9eEntre os dias 9 e 12 de junho, no Sesc Pinheiros, em São Paulo, estará sendo realizado o Seminário Internacional Cidades Rebeldes. Tudo bem, e o que vai debater esse seminário rebelde? É fácil responder, mas difícil colocar em prática em função da alienação urbana que predomina na maioria das cidades do mundo que se tornaram um território vazio de vitalidade política, estética e social.

Sim, mas qual vai ser o debate, pô!? O seminário cidades rebeldes vai debater o presente e o futuro das cidades e tentar encontrar alternativas para que os urbanos possam ter uma vida política, estética e social com boa qualidade. Entende, por que é difícil realizar? Os habitantes das urbes estão confinados em um mundo narcísico, seus interesses individuais, como se não houvesse cidade. Como dizem os filósofos Deleuze e Guattari, eles encontram-se molarmente imobilizados sem as práxis das máquinas desejantes. Protegidos em suas linhas duras. Apavorados com as linhas de fugas que possam arranca-lhes dessa imobilidade buraco negro.

E quem são os sujeitos dessa práxis? Companheiro esquizofílicos, só devir-fluxo-mutante! Observa, só para excitar! Stephen Graham, professor de Cidades e Sociedades na Escola de Arquitetura da Universidade de Newcastle, na Inglaterra. Na abertura, Ermínia Maricato e Márcio Pochmann, ministrarão um curso sobre David Harvey, o geógrafo-filósofo. Em seguida o autor da obra movente, Luta de Classes: Uma História Política e Filosófica, o italiano Domenico Losurdo. O autor da não menos movente, Tempo, Trabalho e Dominação Social; Uma Reinterpretação da Teoria Crítica de Marx, o canadense Moishe Postone.

E por parte do Brasil, o filósofo Vladimir Saflate, deputado Jean Wyllys, jornalista Juca Kfouri, prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, os psicanalistas Christian Dunker e Maria Rita Kehl, os arquitetos e urbanista Raquel Rolnik e Guilherme Wisnik, o filósofo e presidente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, e, também, o ex-presidente Lula que com 40 debatedores internacionais examinarão o tema e proporão indicadores.

VIVA O VINIL! MARLUI MIRANDA- OLHO D’ÁGUA

Maio 22, 2015

P1010160Olha só, com teus olhos d’água, vinilesquizofílico! Estamos no Estúdio Templo, no ano de 1978 para sentir e compreender essa joia-raríssima! Essa relíquia! Essa preciosidade que é a estética da simplesmente Marlui Miranda. A primeira artista a se preocupar em pesquisar a música indígena. Marlui Miranda além de musicista é poetisa, letrista e defensora da causa ambiental antes de se tornar modismo de exibição dos chamados ecochatos.

P1010161 P1010162 P1010163Essa bolacha-crioula de Marlui Miranda, Olho d’Água, é duplamente histórica. Primeiro, por se tratar de uma obra-prima de Marlui Miranda. Segundo, por ser uma bolacha-crioula que não circula mais no chamado mercado fonográfico.

P1010167Aliás, não é duplamente, é triplamente em função dos craques da música brasileira que a compõe. Sabe lá, vinilesquizofílico, uma bolacha-crioula com as participações de Egberto Gismonti, Zeca Assumpção, Zé Eduardo Nazário entre outros craques? Coisa de louco.

P1010169E mais loucura! Olha só, com teus olhos d’água, quem participa com letras e músicas. Capinam, Ana Maria Bahiana, Xico Chaves, Volta Seca, Zé do Norte… Lembra?

“Sodade, meu bem, sodade

Sodade do meu amor

Foi embora, não disse nada

Nem uma carta deixou

Tinha os óio da cobra verde

Hoje foi que arreparei

Se arreparasse há mais tempo

Não amava quem amei.

Quem levou o meu amro

Deve ser o seu amigo

Levou pena, levou glória

Levou trabáio consigo

Arrenego de quem diz

Que o nosso amor se acabou

Ele agora está mais firme

Do que quando começou.”

E aí, lembra? É isso, mano velho, Zé do Norte. Caetano gravou mais nem de longe se aproxima de Marlui.

P1010166Tem ainda a criação dos índios Khahó: Rearére, De ke ke, padzo. E o contagiante instrumental Calypso, composto por Egberto Gismonti e Geraldo Carneiro, tocado por Gismonti.

Lembra?

“Acorda Maria Bonita

Levanta vai fazer café

Que o dia já vem arraiando

E a polícia já está de pé

Se eu soube que chorando

Empato a tua viagem

Meus olhos eram dois rios

Que não te davam passagem

Cabelos pretos, anelados

Olhos castanhos, delicados

Quem não ama uma morena

Morre cego e não vê nada.”

Lembra? Certo! Volta Seca! Não esquecer: a música que é o título da bolacha-crioula, Olho d’Água, é instrumental executada pela própria Marlui.

P1010170 P1010172Marlui Miranda, linda, engajada, sensível e inteligente!