Archive for Dezembro, 2023

LUIS NASSIF: TRIVIAL DE CANTA BRASIL, UM DOS HINOS DA MÚSICA BRASILEIRA

Dezembro 30, 2023

Veja versões da música composta por Alcyr Pires Vermelho e David Nasser para embalar 2024, o ano 1 da reconstrução do Brasil

Luis Nassifjornalggn@gmail.com

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Foto de Agustin Diaz Gargiulo na Unsplash

2024 será o ano 1 da reconstrução do Brasil.

Aqui, uma lista de interpretações do meu hino nacional brasileiro, “Canta Brasil”, de Alcyr Pires Vermelho e David Nasser.

João Gilberto

Gal Costa

Orquestra Tabajara

Francisco Alves

Geraldo Azevedo

Luis Nassif

Veja mais sobre: #Brasilmúsica brasileiraviolão brasileiro

RÉVEILLON NO RIO: SAIBA A HISTÓRIA DA FESTA QUE COMEÇOU COM A UMBANDA

Dezembro 29, 2023

Léo Rodrigues Agência Brasil

29 de dezembro de 2023 –

Réveillon Copacabana

Réveillon Copacabana

Festa da virada do ano em Copacabana é uma das maiores do mundo e costuma reunir mais de 1 milhão de pessoas – Fernando Maia/Riotur

Um cortejo, realizado sempre no dia 29 de dezembro, já faz parte do calendário da cidade do Rio de Janeiro. Todos os anos, nesta data, cariocas adeptos de religiões de matriz africana se reúnem na tradicional Festa de Iemanjá do Mercadão de Madureira. De lá, por volta de 15h, seguem juntos para a Praia de Copacabana e se concentram na altura do Posto 4, onde carregam barquinhos com oferendas que são empurrados em direção ao mar.

Iemanjá é um orixá feminino muito popular nas religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé. Considerada uma divindade protetora, ela é mãe de vários outros orixás. No litoral brasileiro, é comum que as praias reúnam pessoas para agradecê-la pelo ano que se passou, entregando-lhe oferendas. São lançados ao mar flores, velas, champanhe, manjar, melão, entre outras oferendas.

A Festa de Iemanjá do Mercadão de Madureira acontece desde 2002 e foi declarada Patrimônio Cultural Carioca em 2011. É atualmente o cortejo que mais movimenta religiosos em direção à Praia de Copacabana. Antes, no entanto, era no dia 31 de dezembro que a maior parte das oferendas eram entregues ao mar. Pesquisadores apontam que adeptos da Umbanda foram os primeiros a adotar a prática de se reunir no último dia do ano na praia mais visitada do Rio de Janeiro.

É uma história que envolve processos de marginalização e de resistência, conforme observa o babalawô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR) e doutor em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, é inegável que a evolução do réveillon de Copacabana se deu a partir das práticas dos adeptos de religiões de matriz africana, embora tenha se afastado das origens.

Ivanir lembra que, até meados dos anos 1990, muitas pessoas se reuniam na praia no dia 31 de dezembro com bolo, frutas, doces, manjar e as oferendas a Iemanjá. “Os moradores mais velhos do Rio de Janeiro têm uma memória afetiva com esse evento”, diz.


Oferendas para Iemanjá na praia do Arpoador, na zona sul do Rio de Janeiro / Tomaz Silva / Agência Brasil

No entanto, essa movimentação em Copacabana começaria a adotar novos rumos quando o antigo Hotel Le Méridien, hoje Hotel Hilton, fez uma queima de fogos de artifício em 1987.

O evento pirotécnico se repetiria nos anos seguintes, dando gradativamente forma ao réveillon que conhecemos hoje, como um dos maiores do mundo e seguramente o maior do Brasil. Aos poucos, a festa popular construída por umbandistas ganhou outros contornos.

“Foi passando a ser uma coisa dos hoteleiros. A queima de fogos e os megashows se tornaram o centro do evento para atrair turistas e lotar os hotéis. Tomou outro sentido. Ainda há resistência. Mas tinham centenas de terreiros que se mobilizavam. Foram se afastando, fazendo a cerimônia em outros locais ou em outras datas e não mais no dia 31”, explica.

Início de uma tradição

A relação entre a Umbanda e o réveillon carioca é um tema de pesquisa do historiador Luiz Antonio Simas. Na tarde desta quinta-feira (28), ele abordou a questão na calçada do Bar Madrid, na Tijuca, na zona norte da capital fluminense. Foi a última das suas aulas públicas, que ele organiza em locais variados como bares, praças e livrarias, e que sempre atrai um grande número de interessados.

Simas chamou atenção para detalhes da história do réveillon de Copacabana, explorando um tema que ele já havia abordado no livro Umbandas: uma história do Brasil, lançado em 2021. Na obra, ele destaca o importante papel de Tata Tancredo Silva.

“[Tata foi] O grande estimulador da ocupação das praias do Rio de Janeiro pelos umbandistas, na noite do dia 31 de dezembro. Para ele, a realização de festas públicas ajudava a divulgar a umbanda, fortalecia as redes de proteção social entre os seus membros e criava um ambiente socialmente mais favorável para os praticantes dos cultos afroindígenas”, constata na obra.


Professor Luiz Antônio Simas dá aula pública sobre como a Umbanda ajudou a criar o réveillon do Rio de Janeiro / Tânia Rêgo/Agência Brasil

Tata é um título de grande sacerdote em cultos de origem angolocongolesas. Tata Tancredo Silva era um praticante da Umbanda Omolokô, a qual se colocava na linha de frente contra movimentos de embranquecimento da Umbanda. Também era sambista, tendo sido fundador da escola pioneira Deixa Falar, do Estácio.

Em 1950, ele fundou a Federação Espírita de Umbanda. Posteriormente também criou a Confederação Umbandista do Brasil, usando o dinheiro que tinha ganhado com os direitos autorais da música General da Banda, composição que escreveu em parceria com Sátiro de Melo e José Alcides e que fez grande sucesso na voz do sambista Blecaute.

A reunião na Praia de Copacabana na noite do dia 31 de dezembro, estimulada por Tata Tancredo Silva, no início dos anos 1950, acabou se tornando uma tradição no Rio de Janeiro. As pessoas passaram a ir à praia vestidas de branco participar da cerimônia, entregar oferendas a Iemanjá, pular sete ondinhas e fazer seus pedidos de prosperidade.

Inclusão e exclusão

Essas práticas se estenderam também por outros bairros do Rio de Janeiro. Tornou-se tradicional nas praias de Ramos, de Botafogo, do Flamengo e na Ilha do Governador, entre outros locais. Expandiu-se ainda pelo interior fluminense e chegou a outros estados. Em Belo Horizonte, por exemplo, a entrega de oferendas à Iemanjá na Lagoa da Pampulha foi estimulada pelo próprio Tata Tancredo Silva.

Esses eventos popularizaram a umbanda, fortalecendo-a diante da perseguição. Ainda assim, Simas destaca em seu livro um editorial do jornal O Globo em uma edição de 1952. No texto, a presença dos umbandistas em Copacabana é vista com muitas ressalvas. Argumentou-se até mesmo que as velas acesas traziam risco de incêndio na praia.

Apesar de enfrentar forte preconceito, conforme sustenta Simas, os umbandistas foram os responsáveis por impulsionar o hábito carioca de comemorar a virada de ano na praia, o que se tornou uma tradição mundialmente conhecida e acabou influenciando diversas cidades. Ele também destaca que a festa não excluía ninguém e abraçava religiosos de outras crenças, muitos dos quais não queriam ficar de fora dos rituais em busca de prosperidade no ano novo.

Por outro lado, no réveillon em seu formato atual, pedaços de areia e da calçada são cercados para exploração comercial, e os tambores da Umbanda não têm mais espaço, pois não podem competir com as potentes caixas de sons que transmitem os shows de uma variedade de ritmos como rock, axé, sertanejo, música eletrônica.


Dia de Iemanjá é comemorado na praia do Arpoador, na zona sul do Rio de Janeiro / Tomaz Silva/Agência Brasil

É comum ouvir declarações, inclusive de participantes assíduos do cortejo, que a Festa de Iemanjá do Mercadão de Madureira acontece no dia 29 de dezembro para evitar a grande aglomeração na Praia de Copacabana no dia 31. Mas o professor Simas, como o babalawô Ivanir do Santos, deixa claro que é preciso um olhar mais minucioso sobre essa questão, que segundo ele, não foi uma mera questão de escolha.

Em sua aula pública, Simas avaliou que a transformação do réveillon em um evento espetacularizado e de grandes proporções provocou um afastamento dos umbandistas, em linha com os esforços históricos de fortalecimento da imagem do Rio de Janeiro como “Cidade Maravilhosa”. “A ideia de Cidade Maravilhosa foi construída através de um apagamento do povo não branco, de um apagamento das religiões de matriz africana, de um apagamento da zona norte e da zona oeste”.

* Colaborou Tatiana Alves – Rádio Nacional do Rio de Janeiro

LIVRO RESGATA MEMÓRIAS E SABERES DE COMUNIDADES ATINGIDAS EM MARIANA (MG)

Dezembro 28, 2023

CULTURA

PRESERVAÇÃO

Segundo a autora, riquezas culturais da cidade não podem ‘morrer cobertas de lama’

Lucas Wilker

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG)

28 de dezembro de 2023 –

A publicação é uma compilação de artigos, fotos, ilustrações e transcrições de relatos orais de histórias de vida de comunidades atingidas pelo rompimento da barragem – Foto: Divulgação
Regeneração, cura e preservação de antigas memórias. Essas são três palavras que definem o lançamento de Mariana, o Livro dos Minerais, terceiro volume da série Árvores, Memórias e Reflorestamentos.

A publicação é uma compilação de artigos, fotos, ilustrações e transcrições de relatos orais de histórias de vida de comunidades atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Bento Rodrigues, na cidade de Mariana (MG). O crime, cometido pela mineradora Vale, é conhecido como uma das maiores tragédias ambientais do Brasil.

Segundo a autora Mo Maiê, que é atingida, o livro é a materialização de uma ideia provocada pelo rompimento, momento em que ela buscava compreender como colaborar com as demais pessoas que sofrem com as consequências do crime.

“Foi assim que este projeto nasceu, buscando reconhecer a importância das histórias de mestras e mestres griôs de nossas comunidades atingidas, como potência de continuidade transgeracional de antigos saberes e fazeres, que podem sobreviver mesmo diante de uma realidade de morte, ecocídio e destruição”, explica.

Para ela, mesmo que os territórios tenham sido devastados, é importante preservar as lembranças, as cantigas, os gestos, as danças, entre outras diversas riquezas culturais da cidade que, em sua visão, não podem “morrer cobertas de lama”.

A versão do livro digital está disponível online para download neste link.

A criação

Mo Maiê relembra o processo de construção do livro como dois movimentos que se harmonizaram: a introspecção e o reencontro com a natureza e com recentes e antigas histórias sobre Mariana e sobre Minas.

“Visitamos quatro territórios atingidos, escutamos e conversamos com cinco mestras e mestres, acompanhadas por uma pequena equipe de artistas de nossa região, responsáveis pelos registros audiovisuais, já que além do livro, também virão os podcasts dessas vivências”, detalha.

A autora conta que, a cada visita a campo, mesmo diante da tristeza provocada pelas consequências da tragédia, conseguiu transformar essa dor em histórias de vitória e reinvenção do mundo.

Reflorestamentos

Lançado oficialmente no último sábado (16) como parte do evento Conexões Urbanas – Natal de Cria, em Mariana, o livro integra uma série formada por ebooks, fanzines, documentários e podcasts, e teve sua primeira publicação em 2021.

A primeira edição, chamada Livro de Areia, nasceu no Senegal, na África, a partir das vivências e pesquisas relacionadas a instrumentos musicais e percepções africanas. Já o segundo, o Livro das Árvores, teve origem na Bahia, na junção dos saberes de mestres africanos e latino-americanos.

A ideia central da coletânea é pautar o reflorestamento cultural, uma tecnologia social que, a partir da ancestralidade, conta histórias vindas da escuta afetiva e intercâmbio de saberes.

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Larissa Costa

LUIS NASSIF: TRIVIAL DE CAB CALLOWAY

Dezembro 27, 2023

Veja o cantor ao lado dos irmãos Nicholas em Jumpin’ Jive, do filme Stormy Weather (1943), considerado o maior número de dança já filmado

Luis Nassifjornalggn@gmail.com

Cab Calloway em 1947. Foto: William P. Gottlieb via Wikipedia

Com ajuda do Bard:

A performance de “Jumpin’ Jive” no filme “Stormy Weather” (1943) é considerada por muitos como o maior número de dança já filmado. A apresentação, que dura cerca de 10 minutos, é uma combinação perfeita de música, dança e acrobacias.

O número começa com Cab Calloway e sua banda tocando a música, que é um ritmo acelerado e contagiante. Os irmãos Nicholas, Fayard e Harold, entram em cena e começam a dançar. Eles executam uma série de movimentos complexos e acrobáticos, incluindo saltos, piruetas e movimentos sincronizados.

A performance é cheia de energia e entusiasmo. Os irmãos Nicholas são extremamente talentosos e parecem estar se divertindo muito. A música e a dança se combinam perfeitamente, criando uma experiência visual e auditiva inesquecível.

Veja aqui alguns dos motivos pelos quais a performance de “Jumpin’ Jive” é considerada tão lendária na história da dança:

  • A combinação perfeita de música, dança e acrobacias: A música de Cab Calloway é um ritmo acelerado e contagiante, que combina perfeitamente com os movimentos acrobáticos dos irmãos Nicholas. A performance é cheia de energia e entusiasmo, e é impossível não se deixar contagiar.
  • O talento e a inovação dos irmãos Nicholas: Fayard e Harold Nicholas eram dois dos dançarinos mais talentosos de sua geração. Eles eram especialistas em tap dance, e suas performances eram cheias de inovação e criatividade. A performance de “Jumpin’ Jive” é um exemplo perfeito do talento e da inovação dos irmãos Nicholas.
  • O impacto cultural: A performance de “Jumpin’ Jive” foi um marco na história da dança. Ela ajudou a popularizar o tap dance e o swing, e inspirou gerações de dançarinos. O número também é importante por suas implicações culturais. Ele foi um exemplo do talento e da criatividade dos artistas negros, que estavam trabalhando para quebrar as barreiras raciais na indústria do entretenimento.

A performance de “Jumpin’ Jive” é um clássico do cinema musical e uma obra-prima da dança, sendo a representação perfeita da energia, do talento e da inovação do jazz e da cultura negra.

Luis Nassif

Veja mais sobre: Cab CallowayNicholas BVrothers

RAIO X DAS DANÇAS BRASILEIRAS: AXÉ

Dezembro 26, 2023

Os dançarinos se movem de forma fluida e sincronizada, utilizando os quadris, braços e pernas para acompanhar o ritmo da música.

Redaçãojornalggn@gmail.com

Universo Axé

Axé é um estilo de música e dança originário do estado da Bahia, no Brasil. É um gênero musical bastante popular, conhecido por suas batidas contagiantes e letras animadas. A dança do axé está intimamente ligada à música, e ambos são considerados elementos essenciais para a expressão cultural desse estilo.

A dança do axé é caracterizada por movimentos energéticos, sensuais e cheios de ritmo. Os dançarinos se movem de forma fluida e sincronizada, utilizando os quadris, braços e pernas para acompanhar o ritmo da música. Os movimentos são geralmente soltos e cheios de ginga, com ênfase nos deslocamentos laterais e no rebolado

Uma das danças mais conhecidas do axé é o “rebolado”, onde os dançarinos balançam o quadril de forma marcante e ritmada. Além disso, há também passos específicos que fazem parte de coreografias famosas, como o “tchaki tchaki” e o “levantar poeira”.

Popularização

O axé se popularizou no Brasil a partir da década de 1980, com artistas como Luiz Caldas e Sarajane. Na década de 1990, o gênero ganhou ainda mais destaque com o surgimento de grandes nomes como Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Claudia Leitte, que se tornaram ícones da música e dança do axé.

Além de ser uma manifestação cultural importante, o axé também é muito presente em festas, carnavais e shows, onde as pessoas se reúnem para dançar e se divertir ao som dessas músicas contagiantes. A dança do axé é uma forma de expressão corporal e uma maneira de celebrar a alegria e a diversidade cultural brasileira.

AOS 50 ANOS, FEIRA HIPPIE DE BELO HORIZONTE É CONSIDERADA O ‘LUGAR DE ENCONTRO’

Dezembro 25, 2023


CULTURA

PATRIMÔNIO
Todos os domingos, mais de 60 mil pessoas frequentam o evento, que é marcado por cultura, artesanatos e culinária
Ana Carolina Vasconcelos
Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) | 25 de dezembro de 2023 –

A feira possui aproximadamente 1550 barracas, organizadas em 11 setores de artesanato e três de alimentação. – Foto: Divulgação/PBH

Artesanatos, culinária e música são alguns atrativos que levam a população de Belo Horizonte a ter uma relação de profundo afeto com a Feira Hippie, que acontece todos os domingos na Avenida Afonso Pena. Em outubro, a feira completou 50 anos. Com o passar das décadas, se consolidou como um dos principais pontos turísticos e espaços de sociabilidade da capital mineira.


O evento ocupa em torno de 45 mil metros quadrados e recebe aproximadamente 60 mil pessoas por edição. Para César Augusto da Silva, que frequenta o espaço desde a infância, a feira é o “lugar do encontro” e permite reunir toda a diversidade de classe, raça, gênero e cultura de Belo Horizonte.


“Aqui você encontra pessoas com poder aquisitivo grande e com poder aquisitivo menor. Pessoas que ‘viraram a noite’, que vieram fazer compras ou que vieram apenas para ver pessoas. A feira é um encontro de diversidades, que une as pessoas”, explica.


“Pessoas que nunca vieram ao município, quando chegam na feira são muito bem recebidas. Elas veem o carinho, o amor e a receptividade que está no coração e na alma do mineiro. Aqui você encontra os hippies, a cultura preta, o povo da terra, que é chamado de indígena, todo mundo em um lugar só. Isso traz uma energia de vários povos unidos, que formaram Minas Gerais”, complementa.


De geração em geração

A trabalhadora autônoma Dirlene Silva, de 41 anos, relembra que, quando era criança, ia à Feira Hippie com os pais. Hoje, ela frequenta o espaço com os filhos e o marido, mostrando que, na capital mineira, o passeio de domingo se transformou em uma tradição passada de geração em geração.


Ela conta que o que mais gosta na feira são as opções gastronômicas e as roupas, vendidas pelos feirantes nas aproximadamente 1550 barracas, organizadas em 11 setores de artesanato e três de alimentação.

“A gente sempre está aqui, por conta da praça de alimentação, as roupas, que também são interessantes e os artesanatos. A gente gosta muito e vem sempre. A feira é um ponto turístico que todo mundo gosta”, diz Dirlene.

“Para muita gente, a feira é tudo na vida”, diz feirante

O evento foi oficializado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em 1973, mas a história começou quatro anos antes, espontaneamente, na Praça da Liberdade. Foi apenas em 1991 que a Feira Hippie passou a acontecer na Avenida Afonso Pena, unificando as feiras das praças Raul Soares e Rui Barbosa e da Rua Gonçalves Dias, que não existem mais.

Além da cultura e do lazer, a feira também é fonte de renda para os seus mais de 1,5 mil expositores. Dados da PBH indicam que 80% dos trabalhadores vendem ali os seus produtos há mais de dez anos.

Esse é o caso do feirante Wagner Rocha, de 61 anos. A história dele com a feira começou quando tinha apenas 10 anos e acompanhava o pai, que era artista plástico e vendia suas obras no evento.


Após a morte do pai, aos 14 anos, Wagner continuou frequentando o espaço, agora como feirante, vendendo bijuterias. Desde então, toda a renda dele depende das vendas na feira.


“Para muita gente aqui, a feira é tudo na vida, inclusive para mim. Eu criei meus filhos todos aqui. Como eu não tive condições de estudar, o que eu consegui aqui na feira, é como se eu tivesse me formado em alguma coisa, que me deu oportunidade de trabalhar e ter espaço”, conta.

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Larissa Costa

RAIO X DAS DANÇAS BRASILEIRAS: JONGO

Dezembro 24, 2023

É considerado uma das expressões mais antigas da cultura afro-brasileira e tem raízes na tradição Bantu trazida pelos africanos escravizados.

Redaçãojornalggn@gmail.com

André Luiz Gonçalves Rodrigues – Divulgação Casa do Jongo

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou o Projeto de Lei 5.146, que institui o dia 24 de junho como o Dia Municipal do Jongo, ritmo de origem africana, considerado o pai do samba carioca.

O Jongo é uma forma de dança tradicional brasileira que se originou entre os afrodescendentes no estado do Rio de Janeiro, especialmente nas regiões de Baixada Fluminense e Vale do Paraíba. É considerado uma das expressões mais antigas da cultura afro-brasileira e tem raízes na tradição Bantu trazida pelos africanos escravizados para o Brasil durante o período colonial.

O Jongo é caracterizado por uma combinação de dança, música e poesia. Os participantes formam uma roda e realizam movimentos rítmicos ao som de instrumentos musicais como o tambor, o caxambu e o reco-reco. A dança envolve gestos e passos específicos, como batidas de pés no chão, saltos, giros e movimentos de quadril.

Além da dança em si, o Jongo também é conhecido por suas letras improvisadas, conhecidas como “pontos”. Essas letras são entoadas pelos dançarinos em um estilo de canto chamado “lamento”, abordando temas como a vida cotidiana, a história e a luta dos afrodescendentes.

O Jongo possui uma forte dimensão cultural e social, representando a resistência e a identidade afro-brasileira. Ao longo dos anos, o Jongo tem sido uma importante forma de preservação cultural e transmissão de tradições ancestrais, sendo reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2005.

Atualmente, existem grupos e comunidades dedicados à prática do Jongo, trabalhando para manter viva essa rica manifestação cultural. A dança tem sido cada vez mais valorizada e difundida, não apenas no Brasil, mas também em outros países, contribuindo para a valorização da cultura afrodescendente e para o fortalecimento da diversidade cultural.

Redação

Veja mais sobre: jongoraio x das danças brasileiras

EM PERNAMBUCO, ESPETÁCULO RECRIA AUTO DE NATAL COM SOTAQUE BRASILEIRO

Dezembro 23, 2023

CULTURA

ASSISTA

Há 40 anos, Baile do Menino Deus encanta o público levando aos palcos elementos da cultura popular

Afonso Bezerra

Brasil de Fato | Recife(PE) |

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Há 20 anos, o espetáculo faz do Marco Zero, no Recife, o seu palco, atraindo uma multidão – Baile do Menino Deus – Foto Hans Manteufell

Há quarenta anos, nascia em Pernambuco um espetáculo do encontro. O já tradicional Baile do Menino Deus permite que presépios e lapinhas se juntem, no palco, com frevo, maracatu, caboclinho e a magia do reisado. 

Desses 40 anos do Baile, 20 deles foram vividos na praça do Marco Zero, área central e histórica do Recife. A praça permanece sendo o atual palco do espetáculo, que acontece este ano entre os dias 23, 24 e 25 dezembro, às 20h, de forma gratuita. A expectativa é de receber 75 mil pessoas ao longo dos três dias. 

Assista reportagem completa sobre o assunto na edição desta sexta-feira(22) do Central do Brasil 

https://youtu.be/uaO2BYcIjdw

Um dos idealizadores do projeto, o escritor Ronaldo Correia de Brito relembra que o Baile nasceu de uma inquietação com os rumos que as comemorações natalinas estavam tomando aqui no Brasil.

Por isso, ele resolveu criar um espetáculo que incorporasse ao auto de natal, uma história mundialmente conhecida, o sotaque brasileiro. 

“Esse Natal criado por esses povos, esse Natal brasileiro, estava perdendo espaço para o Natal colocado de uma forma extremamente consumista, extremamente opressora do chamado Natal nevado. E aí nós pensamos em criar esse Baile do Menino Deus, recuperando a tradição dessas brincadeiras populares, desses autos natalinos e reavendo o mito fundador de um galileu, de um menino galileu que nasce na Judéia, de um menino filho de um pai carpinteiro e de uma mãe dona de casa”, relembra. 

Ao longo das décadas, o Baile vem apostando na inovação permanente. Este ano, pela primeira vez, José será interpretado por um ator indígena, Caíque Ferraz, do povo indígena Fulni-ô de Águas Belas, no agreste de Pernambuco. 

Outra novidade é a participação do grupo de bailarinos de break Okado do Canal. Eles são originais do bairro do Arruda, na zona norte do Recife. 

“A gente traz corpos completamente diferentes. A gente traz linguagem popular, traz pessoas de uma linguagem mais contemporânea, de uma linguagem mais de um break e a gente sai misturando tudo isso e trazendo a cara que a gente acredita que a gente pode dar naquele momento, que é o que a gente se identifica, que é a verdade da gente”, apontou Sandra Rino, diretora e coreógrafa do espetáculo. 

A apresentação deste ano será gravada e depois disponibilizada no canal do Baile do Menino Deus no YouTube. 

Edição: Rebeca Cavalcante

CINEMA: QUANDO A POSSE É PODER E PRISÃO

Dezembro 22, 2023

Propriedade é um filme fiel ao seu título. A trama: uma fazenda à venda; a revolta dos trabalhadores e a “patroa” enclausurada em seu carro blindado. Mostra o arcaico que sobrevive no seio moderno — e a secular luta de classes, agora na era digital

OUTRASPALAVRAS

POÉTICAS

por José Geraldo Couto

22/12/2023 –

Por José Geraldo Couto, no Blog do Cinema do IMS

Com o lançamento de Propriedade, de Daniel Bandeira, o cinema brasileiro encerra o ano com fecho de ouro, ou melhor, de chumbo: é um filme duro, violento e impiedoso como o abismo social que retrata. O avesso perfeito das mensagens sorridentes e edificantes de Natal.

As primeiras imagens já lançam o espectador no coração de um mundo conflagrado. Simulam a captação, pelo celular, de um assalto em que o ladrão, cercado pela polícia, aponta a arma para a cabeça de uma mulher. Bang. Corta para a sala de um apartamento de elite à beira-mar, em que Tereza (Malu Galli), em estado quase catatônico, se prepara para passar uns dias com o marido (Tavinho Teixeira) na fazenda da família, na zona da mata de Pernambuco.

É nessa fazenda em decadência, prestes a ser vendida e transformada num hotel, que se passa todo o restante da ação. E que ação! Não cabe antecipar aqui as surpresas e reviravoltas que manterão teso até o último minuto o fio do suspense. Basta dizer que vêm à tona no processo as contradições sociais mais profundas produzidas pela nossa torta formação histórica.

O arcaico no moderno

A força do melhor cinema pernambucano das últimas décadas (Kleber Mendonça, Claudio Assis, Lírio Ferreira, Paulo Caldas, Gabriel Mascaro, Marcelo Gomes, etc.) está em mostrar a sobrevivência do arcaico no seio do moderno, isto é, a persistência de estruturas oligárquicas de dominação num mundo fervilhante de novidades tecnológicas e cultura globalizada.

Propriedade pertence a essa linhagem. Com a lógica implacável de um teorema, aliada à paixão da revolta, investiga como se dá uma luta de classes multissecular em meio a celulares, câmeras de vigilância, internet, controles remotos e carros blindados.

Fiel a seu título, o filme amarra todos os conflitos em torno da ideia de propriedade. O apartamento, a fazenda, o anel, a espingarda, o automóvel – tudo tem dono. A posse garante o poder, o poder garante a posse. Mas a propriedade é também uma prisão, como sugere o take em que o portão automático do prédio do casal protagonista se fecha, formando uma grade em que aparece o letreiro com o título: PROPRIEDADE. A aturdida Tereza aprenderá essa verdade pelo caminho mais difícil.

Cinema não se constrói com palavras (ou não só com elas), mas sobretudo com imagens, e Propriedade conta com algumas poderosas, a mais memorável delas a de um automóvel equipado com tecnologia avançada sendo arrastado por um rústico carro de bois. Difícil imaginar expressão audiovisual mais eloquente do embate arcaico/moderno aludido acima.

Dentro e fora

A cisão entre dois mundos sociais inconciliáveis se expressa numa cena recorrente: do lado de fora do carrão high tech os empregados da fazenda se esforçam para enxergar através do insulfilm. Encerrada do lado de dentro, a patroa os vê, mas não consegue entender o que dizem.

Tão importantes quanto essa comunicação impossível são as dissensões no próprio grupo dos trabalhadores, com suas perspectivas e propostas divergentes. Uns querem botar fogo em tudo, outros pretendem se apossar da fazenda e geri-la coletivamente, outros ainda pensam num acordo com os patrões e há os que só desejam cair fora dali. A tragédia, como costuma acontecer, é que todos têm razão, ou pelo menos suas próprias razões.

Propriedade é o segundo longa-metragem de Daniel Bandeira, realizado nada menos que quinze anos depois do primeiro, o ótimo Amigos de risco, de ambientação estritamente urbana. Aqui, num cenário inteiramente distinto, ele volta a contar com o excelente diretor de fotografia Pedro Sotero, que aliás estreou em Amigos de risco, antes de se firmar como um dos melhores profissionais do ramo.

O numeroso elenco é vigoroso e afiado, com destaque para Zuleika Ferreira (no papel de líder implacável dos empregados revoltosos) e o sempre ótimo Edilson Silva, além da protagonista Malu Galli, numa atuação difícil e cheia de nuances.

É possível encontrar pontos em comum entre Propriedade e outro filme pernambucano marcante, Bacurau, de Kleber Mendonça Filho. Em ambos, uma comunidade oprimida se rebela contra os opressores. Mas, se Bacurau trafega entre o real e o fantástico, Propriedade mantém-se fincado no realismo. Se Bacurau, no fim das contas, resolve suas tensões no humor e na catarse, Propriedade termina no sufoco (literal) e na incerteza. O único prazer que concede ao espectador é o de ter visto um grande filme.

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José Geraldo Couto

‘CHICO MENDES VIVE!’SERÁ EXIBIDO NO CINE BRASÍLIA NESTA SEXTA (22)

Dezembro 21, 2023

CULTURA

MEMÓRIA‘Chico Mendes Vive!’ será exibido no Cine Brasília nesta sexta (22)Data marca 35 anos da morte do defensor da Floresta AmazônicaRedaçãoBrasil de Fato | Brasília (DF)

21 de dezembro de 2023 –

 

Chico Mendes, ativista político e ambientalista – Divulgação

“Chico Mendes Vive!”, documentário em grande parte narrado pelo próprio líder seringueiro, será exibido gratuitamente nesta sexta (22), às 19h, no Cine Brasília. A data marca os 35 anos da morte do ativista e defensor da Floresta Amazônica.

O filme retrata a trajetória de vida e luta de Chico Mendes, reconhecido um dos mais importantes sindicalistas e ambientalistas brasileiro, e o panorama da história da Amazônia ocidental, que se mistura à saga de travessia dos seringueiros do Nordeste seco para o Acre ensombreado e chuvoso da época.

O documentário, dirigido pela cineasta acreana Maria Maia para a TV Senado, registra o surgimento da Aliança dos Povos da Floresta, composta por indígenas, seringueiros, extrativistas e ribeirinhos, e a criação das primeiras reservas extrativistas, que são a reforma agrária para a região amazônica.

Além disso, o filme mostra a trama armada para o assassinato de Chico Mendes e traz depoimentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra Marina Silva, Zuenir Ventura, Gomercindo Rodrigues, Lucélia Santos, Arquilau de Castro Melo, Ilzamar Mendes (viúva de Chico Mendes), entre outros.

O documentário será exibido em sessão gratuita seguida de debate sobre Cinema e Amazônia com o cineasta Vladimir Carvalho e a diretora Maria Maia.

Serviço

Chico Mendes Vive! (1h26″) no Cine Brasília

Sexta-feira (22), às 19h

Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Márcia Silva