…………………………………………………………………….Jabuti 2010 – AFIN®
“Quandu em passagi por um feira em Pernambuco
Fui desafiadu por outru violero
Para quem venceria a purfia de um dia inteiro
Até deixar a cumbuca cheia de dinheiro
E com eli aprendi a historia
di riqueza e pubreza
qui carrega o imagináriu du brasileiru
Ela foi cantada assim…
Havia dois homens, um rico e outro pobre, que gostavam de fazer peças um ao outro. Foi o compadre pobre a casa do rico pedir um pedaço de terra para fazer uma roça. O rico, para fazer peça no outro, lhe deu a pior terra que tinha. Logo que o pobre teve o sim, foi para casa dizer à mulher, e foram ambos ver o terreno. Chegando lá nas matas, o marido viu uma cumbuca de ouro, e, como eram em terras do compadre rico, o pobre não quis levar para a casa, e foi dizer ao outro que em suas matas havia riqueza. O rico ficou logo todo agitado, e não quis que o compadre trabalhasse mais nas suas terras. Quando o pobre se retirou, o outro largou-se com a mulher para as matas a ver a grande riqueza. Chegando lá, o que achou foi uma grande casa de marimbondos: meteu-a numa mochila e tomou o caminho do mocambo do pobre, e logo que o avistou foi gritando:
— Ó compadre, fecha as porta, e deixa somente uma banda da janela aberta!
O compadre assim fez, e o rico chegando perto da janela, atirou a casa de marimbondos dentro da casa do amigo, e gritou:
— Fecha a janela, compadre!
Mas os marimbondos bateram no chão, transformaram-se em moedas de ouro, e o pobre chamou a mulher e os filhos para as juntar. O ricaço gritava então:
— Ó compadre, abra a porta!
Ao que o outro respondia:
— Deixa-me, que os marimbondos estão me matando!
E assim ficou o pobre rico, e o rico ridículo.
…Não ganheia a pufia du dia inteiro
Não levei a cumbuca cheia di dinheiru
Mas ganhei a sabeduria dessi amigu violero
Vai viola encantandu i cantandu a sabeduria do violero”