Archive for the ‘Poesia esquiza’ Category

TRÊS POEMINHAS DE MOACYR FÉLIX TOCANDO DE LEVE NA POÉTICA DA MORTE

Outubro 31, 2015

moacyr1Como todo poeta Moacyr Félix é um poeta intempestivo. Um poeta que permite ao homem o contínuo-transcendente da história. O aquém e o além ontológico do existir.

Mas o que estamos fazendo, esquizofílicos? Querendo comentar Moacyr Félix? Sem essa pretensão! Deixemos o comentário para seu amigo Antônio Cândido.

“Como fator de unificação, há um certo instinto, que no plano dos conceitos vira convicção e parece consistir na certeza de que a rajada poética é uma em si. Por outras palavras: na certeza de que o poeta é sempre o mesmo na sua integridade, seja transmitindo as emoções do amor, seja fixando a impressão das, seja soltando a indignação da denúncia.

Nesse nível, portanto, não poderia haver um poeta ‘puro’, escrevendo em estado de indiferença quanto ao tema; nem um poeta ‘interessado’, para quem a presença do tema basta como garantia e justificativa de performance. Mas simplesmente um poeta – que não estatui prioridade entre emoção, percepção e convicção, desede que elas possuam a intensidade transformadora da experiência vivida. Um poeta, por conseguinte, que pode reversivelmente se ver no mundo e ver no mundo em si, a cada compasso do seu trabalho”.

Apresentação de Antônio Cândido do livro de Moacyr Félix, Em Nome da Vida, publicado em 1981.

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E se eu, por uma espécie de brincadeira amarga,

afirmasse que o verdadeiro beco sem saída só começa

depois do silêncio que fica atrás do silêncio que rodeia a

vida conversando com a morte dentro da poesia.

moacyr2

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Se eu posso fazer a minha morte, por que não adubo

a criação de um novo dia com a cinza desses códigos e

dessas filosofias e dessas éticas que ainda não incendiei?

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Na realidade nem esta ideia de morte é minha, já que

ela se tece entre os meus neurônios assim como esta

enferma-idade se instala no encarcerado interior da vida

do homem.

foto051Os três poeminhas foram extraídos da obra Introdução a Escombros, publicada em 1998 pela Editora Bertrand Brasil.

TRÊS POEMINHAS DE KONSTANTINOS KAVÃFIS TOCANDO DE LEVE NO AMOR

Outubro 17, 2015

kavafis (1)O poeta não tem pátria. É um desterritorializado. Porém, parte de algum território descodificando a linguagem prática da objetividade que serve como instrumento de relações no cotidiano.

Konstantinos Kavãfis se desterritorializou do território grego e fluiu pelo mundo descodificado como fluxo-desejo informe cortando com rastros poéticos a imobilidade que se finge vida.

A poiesis Konstantinos Kavãfis se transmuta em devir-político singular como vida inapreensível. Amor!

                       NA RUA

Um rosto simpático, ligeiramente pálido;

olhos castanhos, como que pisados;

parecem quando muito vinte os seus vinte e cinco anos.

tem uma não sei quê de artista no modo de vestir-se

– talvez a cor da gravata, o feitio do colarinho;

sem rumo certo vagueia pela rua,

somo se hipnotizado pelo prazer ilegal,

o prazer tão ilegal que ainda há pouco desfrutou.

 kavafis

                  QUANDO SURGIREM

Esforça-te, poeta, por retê-las todas,

embora sejam poucas as que se detêm.

As fantasias do teu erotismo.

Põe-nas, semi-ocultas, em meio às tuas frases.

Esforça-te poeta, por guarda-las todas,

quando surgirem no teu cérebro, de noite,

ou no fulgor do meio-dia se mostrarem.

 konstantinos-kavafis

                         A VITRINA DA TABACARIA

Ante a vitrina bem iluminada

de uma tabacaria pararam em meio a muitos mais.

Por acaso, os seus olhares se encontraram

E o ilegal desejado da carne

se revelou timidamente, irresolutamente.

Depois, alguns passos ansiosos pela calçada afora –

até que, sem sorrir, acenaram-se de leve.

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E então, dentro da carruagem fechada…

A sensual aproximação dos corpos;

As mãos unidas, os lábios unidos.

NO DEVIR EDUARDO GALEANO “AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA”

Abril 14, 2015

9891038b-ac20-4449-91ba-44ff187e23c0Ontem foi dia 13 de abril, Eduardo Galeano continua em fluxos mutantes e quantas desterritorializantes. A literatura filosoficamente engajada que leva a América Latina a sua condição de território de produção de libertação. A literatura que não pretende o descritivo, o interpretativo e o figurativo, mas o movimento.

As veias da América Latina se abrem não somente como indignação, mas como produção de liberdade política, cultural, literária, artística, científica, antropológica, econômica como corpo de disjunção da força opressiva imperialista. Veias que pulsão em continua produção de um sempre vir a ser. Devir Eduardo Galeano como processual literário encantador e desbravador de novas potências

divulgacao_lusa3Um filósofo cuja literatura faz vibrar as paredes das artérias cerceadoras dos movimentos. Dos transcursos, dos percursos. Filósofo como condição de observar, examinar e apresentar o novo. Da quadratura do futebol à sua liberdade criativa. Eduardo Galeano tem o jogador como um artífice de seu esporte que não deve se submeter às regras dos cartolas que seguem as regras do mercado. O jogador deve criar fruindo com alegria para criar a alegria do povo. Seu livre futebol é sua dimensão política que escapa das grades cerceadoras.

4dc54bdd-c728-44d7-97ca-73f919e5a9b8Escrever filosofando é se movimentar entre todas as ambiências-histórias tocando de leve ou pesado em seus personagens e suas causas, com a condição de comprometer o presente como excitação-futuro. No caso da literatura nada de superficialidades negadoras da vida. E no caso da América Latina comprometer todas as causas e condições pela singularidade do home latino.

910866-feira do livro_galianiComo um literato-filosofante, Eduardo Galeano carrega o entendimento, o os sentidos no homem alegre, como seu amigo Jose Mujica, o presidente o revolucionário-movente. Os dois acreditam que as veias são corpos do movimento do sangue-vida. Que estejam abertas ou fechadas contanto que se movimentem.

Eduardo Galeano, a grandeza e a sobriedade exaltadoras da vida contra a “ditadura do medo”.

Veja a entrevista que Galeano concedeu ao sociólogo e escritor Emir Sader na TV Brasil.

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA!

Novembro 20, 2013

 

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DAS NEGRAS CORES DE MINHA VIDA

A consciência é negra

O desatino é branco

 A cor é negra

O cutelo é branco

A potência é negra

O poder é branco

A essência é negra

O padrão é branco

A singularidade é negra

O clone é branco

A razão é negra

O contra senso é branco

A alma é negra

O peso é branco

A música é negra

O grunhir é branco

A terra é negra

O pé é branco

A flor é negra

O ódio é branco

A linha é negra

O ponto é branco

A atriz é negra

O bufão é branco

A alegria é negra

O pranto é branco

A liberdade é negra

O medo é branco.

* Assim Faço-me Inconfundivelmente Negra (AFIN).  

DE NOSSAS COISAS

Março 7, 2010

Violeta é cor

Ou flor?

Seja o que for

É nosso amor.

SER MULHER DE QUÊ SER

Março 7, 2010

Você como mulher

Acredita que um dia

Vai conseguir

Ser mulher

Em toda plenitude de mulher?

Não!

Você

É pessimista?

Não!

Eu não sou homem!

DESEJO POR SI

Março 7, 2010

O que você gostaria de ganhar

No DIA DAS MULHERES?

Uma mulher!

OS ANJOS DE MEU PAI E MINHA MÃE

Janeiro 17, 2010

Meu pai era paranóico. Via inimigos em todos os lugares.

Minha mãe era neurótica compulsiva. Guardava  todos seus inimigos.

LINHA

Janeiro 17, 2010

Na linha

Sobre a linha

Com a linha

Em linha

Dá linha

Era só o que tinha.