Nosso Devir/Dançar continua seus caminhos pela produção artística da dança e hoje completa a segunda parte da história da dança clássica, envolvendo um dos maiores nomes da história do balé que foi responsável pelo desenvolvimento de um método conhecido e difundido mundialmente.
Sua importância no mundo da dança está além de sua produção nos palcos, mas nas salas de ensaio, onde foi professor da maioria dos grandes mestres do balé russo em sua fase clássica e imperial. Trata-se de Cecchetti, bailarino e professor que leva seu nome para um método, assim como a russa Vaganova.
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Enrico Cecchetti foi um virtuoso bailarino italiano conhecido como o maior professor de balé da história, principalmente a partir de suas contribuições para a técnica clássica no método que leva seu nome, o Método Cecchetti.
Nascido no dia 21 de junho de 1850 em um vestiário do Teatro Tordinona em Roma, ele foi filho dos dançarinos Cesare Cecchetti e Serafina Casagli . Sua primeira aparição no palco foi aos 5 anos quando dançou com sua família nos Estados Unidos em 1857. Ele foi pupilo de Giovanni Lepri, que tinha estudado com Carlo Blasis, e logo foi notado especialmente por suas piruetas (pirouettes) e fouetté.
Durante uma carreira de mais de 30 anos, Enrico Cecchetti se apresentou extensivamente em paises como Estados Unidos,Inglaterra, Dinamarca, Noruega, Alemanha e Rússia. Ele criou os dois papeis de Carabosse e do Pássaro Azul em “A bela adormecida” de Pyotr Ilyich Tchaikovsky e foi considerado um revolucionário na imagem do bailarino na Rússia nas últimas duas décadas do século XIX.
Em 1887 Cecchetti foi apontado como segundo bailarino mestre da Escola Imperial Russa de Ballet e foi para o Teatro Mariinsky (hoje Academia Estadual Kirov de Ópera e Ballet).
Enrico Cecchetti e Flore Revalles em Shéhérazade
Entre 1890 e 1902 ensinou muitos alunos da Escola Imperial e associados. Em 1892 assumiu a posição de professor na EscolaImperial de Dança em São Petesburgo. Ele se tornou bailarino mestre da Escola Imperial de Dança em São Petersburgo. Logo ele se torna mestre de Balé na Escola Imperial de dança em Warsaw em 1902 e daí em diante se juntou aos Balés Russos de Serge Diaghilev como professor e mestre de balé.
A influência como maestro foi significante quando ensinou e trabalhou com dançarinos além de coreógrafos renomados como Mathilda Kchessinska, Olga Preobrajenska, Anna Pavlova (quem ensinou de forma particular entre 1907 e 1910), Tamara Karsavina, Michael Fokine, Adolf Bolm, George Balanchine, Vaslav Nijinsky e Leonide Massine.
Cecchetti com suas alunas
Em 1918 Cecchetti começou a se cansar de viajar e se cansou de viajar se estabelecendo junto com sua esposa, a dançarina Guiseppina de Maria,em Londres, onde criou uma escola no número 160 da Shaftesbury Avenue. Seu treinamento era fundamental para os trabalhos de Ninette de Valois, Marie Rambert, Frederick Ashton e Antony Tudor e ainda é reconhecido nos trabalhos de David Bintley e outros coreógrafos de ballet como sua estudante Alicia Markova.
Cecchetti retornou a Itália e em 1925, a pedido do condutor Arturo Toscanini, dirigiu a Escola de Balé do Teatro La Scala em Milão onde ele tinha dançado 55 anos anteriores. Lá ele ensinou Serge Lifar que se tornaria a principal figura na evolução do balé moderno francês.
Enrico Cecchetti e Serge Lifar
Enrico Cecchetti parou sua produção bastante forte, ensinando na Itália em 13 de novembro de 1928 – deixando seu legado para dança- seu método de treinamento. O método Cecchetti foi codificado e publicado em 1922, sendo até hoje um dos principais métodos estudados em todo mundo, tendo na Inglaterra a Cecchetti Society desde 1922 e nos Estados Unidos a Cecchetti Council of America desde 1939.
Seu método trata-se de um sistema de treinamento do balé clássico em cinco posições e sete movimentos de balé clássico. Ele é designado estritamente sob as leis da anatomia e reforça dois ingredientes oficiais: desenvolvimento técnico e artístico em um dançarino e reação sensitiva e musical de todos os movimentos do bailarino.
Cecchetti planejou um programa equilibrado de estudo que assegura que cada movimento e passo do repertório exigido pelo dançarino é coberto.
Estes e outros intermináveis Princípios da Dança clásica de Cecchetti estão contidos no método que imbui o dançarino com a simplicidade de estilo, pureza da linha e uma notável musicalidade e teatralidade.
“Há o velho Cecchetti, mestre de todos nós,
que carrega a tocha do classicismo.”
Sergei Diaghilev
Enrico Cecchetti e Anna Pavlova
Anna Pavlova ensinada por Enrico Cecchetti