Archive for Fevereiro, 2022

SAUDOSOS DO CARNAVAL, BLOCOS DO NORDESTE MANTÊM A ESPERANÇA E SAIR ÀS RUAS EM 2023

Fevereiro 28, 2022
  1. CULTURA

FOLIA DE MOMO

O soteropolitano Ilê Aiyê e o recifense Galo da Madrugada falam da expectativa para o Carnaval das suas cidades em 2023

Rodolfo Rodrigo

Brasil de Fato | Recife (PE) |

 28 de Fevereiro de 2022.

O carnaval que, em Recife, só começava com o Galo da Madrugada, não vai ouvir o galo cantar
O carnaval que, em Recife, só começava com o Galo da Madrugada, não vai ouvir o galo cantar – EBC

Para quem ainda está com a esperança das imagens, das cores e da irreverência do Carnaval, fica o decreto: só teremos Carnaval, talvez, em 2023. Isso porque não temos condições sanitárias favoráveis para a realização da festa, devido à pandemia de covid-19 e suas variantes. 

Com isso, diversos estados do país tiveram que cancelar mais uma vez as festividades. No Nordeste, que é famoso em abrigar o Carnaval das multidões, apenas Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe devem adotar o ponto facultativo no feriado que iria até seis de março.

Em Salvador, onde acontece um dos maiores carnavais do país, a alegria saiu das ruas e permanecerá em casa. O governador da Bahia, Rui Costa, decretou o expediente normal nas repartições públicas. A medida se repetiu em Pernambuco, onde até as festas particulares foram proibidas.

Além dos foliões, quem sente essa mudança são os blocos de rua que, há bastante tempo, movimentam as cidades levando cultura e muita animação. O bloco Ilê Aiyê, de Salvador, criado em 1974 foi o primeiro com o objetivo de africanizar o Carnaval soteropolitano, se firmando como polo de protesto ao racismo e tomando espaço para a representação do negro e das raízes africanas na cultura nacional.

É o que aponta Vivaldo Benvindo, fundador e organizador do bloco Ilê Aiyê.“O ilê faz um trabalho social desde a sua fundação. Criamos uma escola através de Mãe Hilda, que começou dentro de um terreiro do candomblé, depois veio a banderê. Então, nós, há aproximadamente quase 40 anos viemos fazendo o papel do governo”, relembra o fundador.

E não é só para os brincantes e os blocos de rua que as festividades e a folia têm feito falta. Segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio (Fecomércio), o último Carnaval, realizado em 2020, movimentou cerca de R$8 bilhões na economia brasileira. Parte dessa renda veio dos ambulantes que agora estão sem trabalhar.

:: Ambulantes fazem protesto no Rio de Janeiro por benefício maior após cancelamento do carnaval ::

“Várias famílias aqui da comunidade que é a pessoa que vende um tira-gosto, a pessoa que bota um isopor na porta ou na janela pra vender uma cerveja. Vende um feijão, vende um mocotó e várias comidas baianas por aqui e várias coisas que se comercializam aqui na comunidade… Então, tudo isso, essa comunidade, está toda impactada”, destaca Vivaldo.

Esta realidade se propaga por outros estados do Nordeste, como em Pernambuco, onde também não vai ter festa. Sem desfile de blocos, maracatu ou coco de roda, o Carnaval é simbolizado com um pouquinho de decoração.

Em tempos normais, a Avenida Conde da Boa Vista estaria lotada de foliões no sábado de Carnaval para acompanhar o maior bloco de Carnaval do mundo: o Galo da Madrugada. Uma figura que costuma ficar de pé na Ponta Duarte Coelho, no Centro do Recife, e observar lá de cima milhares de pessoas passando ao seu redor. Mas este é o segundo ano em que Recife não vai acordar com o canto do Galo.

“A gente se sente meio frustrado, naquela expectativa de não estar fazendo aquilo que a gente gostaria de estar fazendo. Agora mesmo fica todo mundo nas redes sociais até brincando como se fossemos ter o desfile, tudo numa forma de tentar preencher essa lacuna, esse vazio que a gente tá tendo aí”, lamenta Rômulo Meneses, presidente do Galo da Madrugada.

Ainda que no meio de um cenário que não combina nada com a alegria do Carnaval, a esperança segue sendo companheira dos foliões e das foliãs que esperam o ano inteiro para chegar fevereiro. O sentimento é de que ano que vem vai ser diferente e a contagem começa agora.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga e Rebeca Cavalcante

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CASEMIRO DETONA ED MOTTA POR CRÍTICAS A RAUL SEIXAS; VEJA VÍDEO

Fevereiro 28, 2022

CASEMIRO

No mesmo vídeo, o humorista faz troça quando Ed conta sobre a sua primeira vez com uma prostituta parecida com a cantora Tina Turner

Casemiro e Ed Motta.Créditos: Reprodução de Vídeo
Julinho Bittencourt

Por Julinho Bittencourt

Escrito en CULTURA el 28/2/2022 ·

humorista e youtuber Casemiro, que tem se destacado na plataforma Twitch, focada principalmente no mundo dos gamers, fez postagem em que comenta o já conhecido vídeo do cantor Ed Motta em que ele faz críticas contundentes a Raul Seixas.

Casemiro pegou outros trechos que ainda não haviam sido divulgados, como por exemplo, quando Ed Motta critica o programa mexicano Chaves.

A primeira vez

Além disso, o humorista faz vários comentários e morre de rir quando o cantor conta como foi a sua primeira vez, em um prostíbulo no Rio de Janeiro.

Ed Motta conta que pinçou, entre as várias prostitutas, uma que se parecia com a cantora Tina Turner

Acesse o vídeo, que já conta com mais de 200 mil views, abaixo:

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TEMAS

CasemiroEd MottaRaul Seixas

CARNAVAL CHAME GENTE

Fevereiro 27, 2022

QUATRO DESFILES DE ESCOLAS DE SAMBA ENGAJADOS QUE MARCARAM OS ÚLTIMOS ANOS OU QUE DESFILARÃO EM 2022

Fevereiro 27, 2022

CARNAVA

Carnaval é resistência por si só e algumas escolas fazem questão de levar para seus desfiles temas que estão em alta no debate político e social do Brasil e ainda pautar a opinião pública com questionamentos abafados; relembre casos recentes e veja o que esperar em 2022 no desfile do Rio de Janeiro

Desfiles de 2018 do Paraíso do Tuiuti e de 2019 da Mangueira.Créditos: Montagem (Fotos: Gabriel Nascimento/Riotur e Fernando Grilli/Riotur
Lucas Rocha

Por Lucas Rocha

Escrito em CULTURA el 27/2/2022 ·

Por mais um carnaval, o tradicional desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro não sacudiu a Marquês de Sapucaí com plumas, batuques e muito samba no pé. Em razão do surto da variante ômicron da Covid-19 no início de 2022, a Prefeitura do Rio decidiu adiar o Maior Espetáculo da Terra para o feriado de Tiradentes, em abril – apesar de muita coisa seguir em normal funcionamento. Isso fez a Praça da Apoteose ficar órfã novamente dos carros alegóricos monumentais e dos componentes emocionados depois de expressarem sua arte nos 700m da Passarela Professor Darcy Ribeiro, o Sambódromo do Rio.

Nos últimos anos, os enredos mais engajados politicamente se proliferaram na Avenida, em meio a uma ofensiva das autoridades públicas contra a grande festa. Se o Carnaval por si só já é resistência, em especial do povo negro que encontrou nas escolas de samba uma forma de expressão cultural, alguns desfiles dialogam com temas quentes no debate político brasileiro ou até se propõe a pautar a opinião pública.

Enquanto a Estação Primeira de Mangueira cantou pelos heróis que não estão na narrativa oficial em 2019, o Paraíso do Tuiuti levou em 2018 um desfile arrebatador sobre os 130 da abolição da escravidão. Esses desfiles beberam de uma longa tradição de desfiles políticos que tiveram Caprichosos de PilaresImpério Serrano e Vila Isabel como importantes referências nas décadas anteriores. A própria Mangueira levou o antológico “Cem anos de Liberdade, Realidade Ou Ilusão” para a Sapucaí em 1988, questionando o centenário da abolição.

Em 2022, diversas escolas pretendem levar para a Avenida reivindicações sociais, em especial do povo negro. É o caso do Acadêmicos do Salgueiro, com o enredo “Resistência”, e da Beija-Flor de Nilópolis, com “Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor”.

Pode chegar a ser injusto listar os enredos engajados recentes e os que ainda estão por vir, tendo em vista que carnaval é rebeldia e questionamento, mas essa matéria traz dois casos que passaram e dois que ainda virão. Que seja feita ainda menção honrosa à Mocidade Independente de Padre Miguel que estampou um forte “Nós não vamos sucumbir” no desfile que homenageou a gigante Elza Soares, em 2020, no último desfile em que a “deusa” participou.

Paraíso do Tuiuti questionou a abolição da escravidão

Em 2018, o Paraíso do Tuiuti levou para a Sapucaí o enredo “Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?“. A proposta da azul-e-amarela de São Cristóvão foi questionar os 130 anos da abolição da escravidão brasileira e as marcas deixadas por ela. Com um samba-enredo histórico e um desfile forte, pelas mãos do carnavalesco Jack Vasconcelos, a escola conquistou o vice-campeonato pela primeira vez em sua história.

A comissão de frente “grito de liberdade”, que trazia pretos velhos que rompiam correntes da escravidão, inclusive, acabou impactando fortemente no quesito e influenciando o formato da apresentação de outras agremiações nos anos seguintes.

“Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti, o quilombo da favela
É sentinela na libertação”

Depois do desfile apoteótico, a agremiação ainda levou um enredo que falava indiretamente sobre o impedimento do ex-presidente Lula (PT) de concorrer nas eleições de 2018, através da história do Bode Ioiô, eleito vereador em 1922 em Fortaleza.

Ouça o samba do Paraíso do Tuiuti de 2018:

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Composição: Cláudio Russo / Anibal / Jurandir / Moacyr Luz / Zezé.

Mangueira cantou os heróis que não estão na narrativa oficial

Depois de fazer um enredo questionador sobre a falta de apoio que as escolas recebiam do bispo Crivella, prefeito da cidade, em 2017, a Estação Primeira de Mangueira levou para a avenida o antológico “História para ninar gente grande”. 

“Ao dizer que o Brasil foi descoberto e não dominado e saqueado; ao dar contorno heroico aos feitos que, na realidade, roubaram o protagonismo do povo brasileiro; ao selecionar heróis “dignos” de serem eternizados em forma de estátuas; ao propagar o mito do povo pacífico, ensinando que as conquistas são fruto da concessão de uma “princesa” e não do resultado de muitas lutas, conta-se uma história na qual as páginas escolhidas o ninam na infância para que, quando gente grande, você continue em sono profundo”, dizia trecho da sinopse da Mangueira, escrita pelo carnavalesco Leandro Vieira.

O desfile, que trouxe a memória da vereadora assassinada Marielle Franco um ano depois de sua morte e de diversas lideranças negras e indígenas, foi do início ao fim recheado de questionamentos e estremeceu a Sapucaí. A Mangueira sagrou-se campeã naquele ano e seu samba entrou para a história.

Ouça o samba da Mangueira de 2019:

Composição: Danilo Firmino / Deivid Domênico / Mamá / Márcio Bola / Ronie Oliveira / Tomaz Miranda.

Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor

Com a herança do povo tchowkwe, de Angola, a maior campeã da era da Sapucaí, a Beija-Flor de Nilópolis, pretende “levar para a Avenida um enredo sobre a contribuição intelectual negra para construção de um Brasil mais africano” e “empretecer o pensamento do mundo”.

“Muitas vezes enquadrada no campo do primitivo e do exótico, nossa forma sofisticada de ver o mundo é desvalorizada por estruturas coloniais racistas que desprezam a riqueza intelectual que produzimos. Por isso, mais do que nunca, é hora de inspirar mentes, trabalhar pelo ‘reencantamento’ de tudo, e talhar em madeira forte nossos saberes, feito sementes espalhadas por soberanos pássaros de ébano”, diz trecho da sinopse divulgada pela azul-e-branca da Baixada Fluminense.

A Beija-Flor é a última escola a se apresentar na primeira noite de desfiles, no dia 22 de abril, com um samba forte que é a cara da escola.

Ouça o samba da Beija-Flor de 2022:

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Compositores: J. Velloso, Léo do Piso, Beto Nega, Júlio Assis, Manolo e Diego Rosa

Salgueiro é Resistência em 2022

O Salgueiro, a Academia do Samba, vai levar o enredo Resistência para a Avenida, também na primeira noite de desfiles. A escola é a terceira desfilar. O enredo desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza foi uma sugestão da filósofa Helena Theodoro, professora da UFRJ. Theodoro, que é referência em estudos etnorraciais e participou do Programão da Fórum no dia 23 de janeiro, foi a autora da sinopse da escola.

“Ser preto no Brasil e no Rio de Janeiro, hoje, é ter que lutar diariamente por respeito. Lutar para não ceder nem sucumbir à segregação e ao constrangimento promovidos pela sociedade e pelo Estado. É recusar os abusos e a submissão pela ausência de políticas públicas que poderiam promover melhores condições de vida. É não se deixar enganar pela pseudo ‘democracia racial’, sempre camuflada por hipocrisia, eufemismos ou subterfúgios mal disfarçados. Aqui, ser preto é, acima de tudo, um ato de RESISTÊNCIA“, diz trecho do texto de apresentação do enredo da escola.

“E resistir é ter nossa história, antes negada e silenciada, ressignificada e recontada no carnaval, lugar de alegria, mas também de diálogo com o mundo.Ao som dos tambores ancestrais, o Salgueiro foi pioneiro na introdução da temática africana nas escolas de samba. Seguiu na contramão da narrativa “oficial” do país e deu vez e voz aos personagens, heróis e protagonistas pretos”, afirma.

Ouça o samba do Salgueiro de 2022:

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Composição: DEMÁ CHAGAS, PEDRINHO DA FLOR, LEONARDO GALLO, ZECA DO CAVACO, GLADIADOR, RENATO GALANTE

Além das duas, vale destacar a homenagem da Unidos de Vila Isabel ao gênio Martinho da Vila e o canto de Exu da Grande Rio, que prometem arrepiar a Avenida.

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VÍDEO CARNAVALESCO: ESPETACULAR CHARANGA DO FRANÇA

Fevereiro 26, 2022

CARNAVAL: SAIBA O QUE VAI FUNCIONAR DURANTE O FERIDO

Fevereiro 26, 2022

O QUE ABRE E FECHA

Com o avanço da vacinação contra a covid-19, estima-se que o fluxo de carros nas estradas vai ser maior que ano passado

Redação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

 26 de Fevereiro de 2022.

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Portela Carnaval
Com a disseminação da variante ômicron, as festas foram suspensas em diversos estados brasileiros – raphael David/Riotur

Às vésperas de mais um carnaval pandêmico, com cidades como São Paulo e Rio de Janeiro adiando os desfiles de escolas de samba e diversos municípios proibindo blocos de rua para evitar aglomerações, muitas pessoas podem estar na dúvida sobre quais serviços estarão abertos. 

O carnaval começa neste sábado (26) e vai oficialmente até terça (1), tendo ainda aquele “chorinho” da quarta-feira de cinzas (2). Não sendo considerado feriado nacional muitas definições sobre atividades funcionando são decisões de cada município.  

:: Museu Oscar Niemeyer estará aberto ao público durante o Carnaval ::

Os serviços descritos abaixo, no entanto, valem para todo território nacional: 

Bancos 

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) o calendário de feriados bancários está mantido. Assim, agências não vão atender o público entre a segunda-feira (28) e a terça (1).  

Contas de água, energia, telefone e carnês com vencimento nesses dias poderão ser pagas, sem acréscimo, na quarta-feira (2). Nesse dia, o expediente começa às 12h.  

Estradas 

A previsão feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) é de que, com a crescente imunização contra o coronavírus, o movimento nas estradas deve ser mais intenso nesse carnaval.  

O pico de saída para o feriado deve seguir até a manhã deste sábado (26). Se espera que o fluxo de veículos voltando alcance seu auge na noite de terça-feira (1).  

A PRF anunciou que montou um esquema com reforço de agentes em trechos estratégicas das rodovias federais. Um dos focos será no combate à direção sob efeito de álcool.  

INSS 

As agências do INSS de todo o país estarão fechadas durante o feriado. O atendimento será retomado na quarta (2) a partir das 14h, mas apenas para os segurados que tiverem feito o agendamento.  

Se você fez um agendamento para a quarta-feira de manhã, o próprio INSS fará a remarcação. Ligue no número 135 para saber qual o seu novo horário.  

A central de atendimento 135 vai funcionar normalmente, de segunda a sábado das 7h às 22h. 

Correios 

Os correios também fecharão suas agências durante boa parte do feriado. As agências que abrem aos sábados o farão normalmente.  

Porém, na segunda e terça as agências estarão fechadas e também não funcionará a Central de Atendimento aos Correios (CAC). Esta última volta a ficar disponível na quarta às 8h. 

Já as entregas e o atendimento ao público serão retomados a partir das 12h da quarta-feira (2).  

Essas regras não valem para os locais em que, por decreto estadual ou municipal, tenham antecipado o carnaval. Nesse caso, os correios funcionarão normalmente.  

Vacinação 

A aplicação da vacina contra a covid-19 terá seu calendário estabelecido por cada administração municipal. O indicado é que se busque as informações da sua cidade na respectiva Secretaria de Saúde. 

Na capital paulista, por exemplo, a vacinação estará disponível durante o fim de semana e o feriado de carnaval em postos específicos.  

No sábado (26) o imunizante vai ser aplicado em crianças nas Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAS) e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). No domingo (27), apenas para adolescentes e adultos, haverá vacinação em farmácias da avenida Paulista e nos parques Buenos Aires, Severo Gomes, do Carmo, Villa Lobos, da Independência e da Juventude.  

Já nos dias 28 e 1, as AMAs e as UBSs vacinam o público em geral.

Edição: Vivian Virissimo

CAETANO VELOSO: “O GOVERNO É O AVESSO DO QUE DEVEMOS SER”

Fevereiro 25, 2022

Janela Indiscreta

Cantor, que promoverá ato no DF contra projetos que miram leis ambientais, fala ao Metrópoles sobre resistência, Anitta, Frias e eleições

arte caetano velosoGui Prímola/Metrópoles

Caio Barbieri

Raphael Veleda

Felipe Moraes

25/02/2022.

Em outros tempos, a cena de um baiano puxando um trio elétrico, poucos dias após o fim de fevereiro, remeteria ao Carnaval. A saudosa lembrança, contudo, nada tem a ver com a próxima aparição pública de Caetano Veloso.

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Desta vez, a imagem será longe da já cantada Praça Castro Alves, das batidas do Olodum. Nada também de dendê.

O criador do Tropicalismo troca a capital baiana por Brasília. A Avenida 7 de Setembro pela Esplanada dos Ministérios. E o sorriso da multidão para a revolta no coração.

Caetano lidera, no próximo dia 9 de março, uma grande manifestação artística contra o chamado “combo da destruição”, um pacote de projetos de lei de interesse do governo federal que deve ser analisado pelo Senado Federal.

Os textos estão em estágio avançado na tramitação e flexibilizam, por exemplo, o rigor sobre a proteção da Amazônia, a liberação desenfreada do uso de agrotóxicos e, também, riscos para áreas destinadas exclusivamente para povos indígenas.

O novo bloco do baiano será formado por artistas, ativistas e inúmeros militantes que acompanham com preocupação a chamada “boiada” que pode ser irreversível se aprovada pelos congressistas.

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Caetano Veloso também revela quando começou a pensar “de forma racional” nas questões ambientais — no revolucionário ano de 1968. Para o autor de tantas belas canções sobre a natureza que nos rodeia e envolve, como Gema e Luz do Sol, o chamado “combo da destruição” representa “uma ameaça à vida”.

A preocupação com vida natural é algo que tem mexido com Caetano há tempos e vem se intensificando nos últimos anos. Em 2020, no início da pandemia de Covid-19, o artista lançou uma série de encontros musicais gravados uma temporada antes, em show gratuito no Circo Voador (RJ), para comemorar o Dia do Meio Ambiente (5 de junho). Não por acaso, o projeto trouxe como ação concreta o lançamento do app da 342Amazônia, plataforma ativista que tem Paula Lavigne, companheira do artista, como uma das principais idealizadoras.

arte caetano veloso

Gui Prímola/Metrópoles

Leia a entrevista completa:

Caetano, várias músicas suas tocam poeticamente em questões ambientais, como Gema, Luz do Sol, Um Índio. Consegue localizar, na sua carreira, quando teve esse despertar para temas relacionados ao meio ambiente?

A primeira vez que pensei na questão de forma racional foi quando li, em 1968, o livro de Claude Lévi-Strauss Tristes Trópicos. Lá tem uma reflexão sobre os mares estarem se enchendo de lixo produzido por humanos – e uma visão pessimista da enormidade da população humana no planeta.

Você e tantos artistas da sua geração viveram intensamente o período de resistência à ditadura militar. Vê no ativismo ambiental talvez uma espécie de luta primordial, pela nossa própria sobrevivência? De que maneira a classe artística, nesse mundo atual de comunicação tão fragmentada, pode ajudar a sistematizar e propagar essas preocupações?

O tema é de tal modo abrangente e inescapável que a adesão ao ativismo referente a ele pode servir até de fuga de questões políticas. Muitas vezes parece coisa sublime. Talvez exatamente por ser primordial. Os artistas, que lidam com o sublime, tendem a tomar a causa ambiental como uma causa sagrada e acima dos caminhos políticos, até mesmo aqueles que podem ser eficazes para o cuidado com o planeta.

Na sua avaliação, qual será o impacto do chamado “combo da destruição”, o pacote de projetos de lei defendidos pelo governo federal, para a população brasileira e, também, para as gerações futuras?

Esse combo é uma ameaça à vida. É uma emergência política, prática, pragmática. Temos de nos posicionar claramente contra ele.

Caetano, o passado recente mostra um Congresso Nacional insensível a pressões populares em votações de temas polêmicos. Como o ato convocado por artistas e movimentos sociais para o próximo dia 9 de março pretende lidar com essa resiliência dos políticos? Acha que dá para impedir o que a oposição ao governo trata como “combo da destruição”?

A política profissional está em um dos seus piores momentos na história. Essa teimosia cínica de grupos que ocupam o Congresso é aterradora. Devemos advertir a população quanto aos perigos que corremos e lutar para remodelar a cena política brasileira. A insensibilidade de parte do Congresso não é invencível nem inabalável. Devemos lutar.

A pandemia e a sensação de que o impeachment de Bolsonaro ficou praticamente impossível deu certa tranquilidade ao governo, as ruas ficaram vazias. Esse ato pode significar uma retomada na mobilização? O que espera deste ano em relação à resistência a Bolsonaro?

O futuro próximo é difícil de se interpretar. Teremos barreiras pela frente. Mas não devemos deixar de agir por falta de certeza nos conseguimentos.

A agressividade que o secretário especial de Cultura, Mario Frias, dedica aos artistas não alinhados ao governo ajudou a mobilizar essa reação da classe artística?

Quando pensei em fazer algo público a respeito dos PLs de agrotóxico, os afrouxamentos de restrição ao garimpo e todo o conjunto de ações do poder público que ameaçam o equilíbrio ecológico, não pensei nas coisas que o secretário especial de cultura diz. Li ou ouvi várias grosserias referentes à criação e divulgação da arte. Isso também é inaceitável. Mas a questão ambiental é muito mais importante.

arte caetano veloso

Gui Prímola/Metrópoles

A escalada dessa tensão resultou numa discussão recente entre a cantora Anitta e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Na sua opinião, sobrou coragem para Anitta ou falta posicionamento de outros ídolos brasileiros?

O tweet do ex-ministro Salles é grosseiro e errado. Ele vem com a expressão “Lei Rouanet”, que já é um mito entre os ingênuos apoiadores do governo de plantão. Essa lei, criada no governo Collor (contra quem votei nos dois turnos), veio do esforço de Sergio Paulo Rouanet para tentar salvar um governo que tinha sido desastrosa para a área cultural, tendo destruído a produção de cinema no Brasil. Pessoalmente, nunca dependi dessa lei. E sempre soube que ela deve ser bem interpretada e bem usada. Um governo honesto e elegante a melhoraria e faria jus ao nome de quem a criou. Ou a rejeitaria por encontrar formas de incentivo mais eficazes. Não sou afeito a contas e finanças, mas sei que a lei foi criada com bons propósitos. Admiro muito Anitta e em nada admiro as ideias, falas, atos e estilo do ex-ministro Salles.

É ano eleitoral. Acha que é possível o atual governo reabrir canais de diálogo com segmentos como o dos artistas? A saída de Frias poderia ajudar nisso?

Acho que, sendo ano eleitoral, o que temos de fazer é derrubar esse governo que, entre outras coisas, pôs Salles e Frias lá.

Em 1969, no momento mais duro da Ditadura Militar, você foi preso e obrigado a buscar o exílio. Vê paralelos entre aquele momento e o comportamento do atual governo?

Gil e eu fomos presos em dezembro de 1968, logo após o AI-5. Ficamos na cadeia até fevereiro de 1969. O atual governo nasceu de uma revisão absurda da história da ditadura militar. O sujeito que veio a se tornar presidente dedicou seu voto favorável ao impeachment de Dilma ao torturador Ustra. Seu vice disse, em entrevista televisiva pré-eleição, que Geisel foi único que errou. Entendi que ele detesta o projeto de abertura que, confirmando uma profecia de Glauber Rocha, Geisel pôs em prática. Não gosto nem de Delfim dizendo que votaria de novo pelo AI-5. Sou democrata, embora não mais um liberal democrata. Acho que o Brasil tem de tornar os atos do poder público igualitários e criativos e parar com o deslumbre pelas forças privadas. Precisa curar-se do delírio neoliberal. O governo que temos agora não tem paralelo com a ditadura, tem saudade dela, paixão pela deformação do poder público. É o avesso do que devemos ser.

Qual a sua expectativa para as eleições deste ano?

Parece provável que Bolsonaro perca. Mas não é certo. De todo modo, mesmo que ele saia, a sociedade brasileira precisa mostrar-se mais forte do que a neurose coletiva que alimenta o bolsonarismo.

RODOVIÁRIASENADO FEDERALCAETANO VELOSOAGROTÓXICOSRODRIGO PACHECOMEIO AMBIENTEMANIFESTAÇÃOCARNAVAL 2022METRO-DF-2021

EM HQ HISTÓRIA DA VIOLÊNCIA CONTRA AS INFÂNCIAS BRASILEIRAS

Fevereiro 24, 2022

José Aguiar recorre ao romance gráfico para retratar, em “A infância do Brasil”, violências contra menores ao longo de cinco séculos. Em abordagem criativa, livro compara, por exemplo, destino das mães presidiárias ao das antigas escravas

OUTRASMÍDIAS

DESIGUALDADES

por DW Brasil

Publicado Fevereiro/2022.

Entrevista a Edison Veiga, na DW Brasil

Foi quando nasceu seu primeiro filho, Heitor, em 2010, que o quadrinista paranaense José Aguiar passou a se interessar em pesquisar sobre a infância. Ou melhor: sobre infâncias, no plural, que é a única maneira possível para mergulhar na diversidade de jeitos de ser criança num país tão desigual como o Brasil.

Lançado em 2017, livro de Aguiar conquistou prêmios Le Blanc, Minuano e Troféu HQMIX

No começo, ele e sua mulher, a professora de alemão Fernanda Baukat, recordaram suas próprias infâncias. Depois foram retrocedendo, buscando entender as de seus avós e “em como os relatos deles eram sobre realidades diferentes das nossas”, lembra Aguiar.

Nesse processo, cada vez mais ele se deparava, na verdade, com histórias de infâncias roubadas, seja por trabalho infantil, seja por violências. E quando se deu conta de que esse processo histórico ainda se repete hoje, é que botou o seu talento nos quadrinhos para trabalhar num projeto.

“Eu sempre quis fazer uma HQ sobre história do Brasil. E voltar no tempo, descobrindo como era crescer em épocas e contextos diferentes, foi a maneira que encontrei para recontar os cinco séculos de história oficial de nosso país. Uma nova abordagem para o assunto. Diferente de como a aprendemos na escola”, comenta ele.

Aguiar ao mesmo tempo traça paralelos e contrasta, por exemplo, os destinos das atuais mães presidiárias e os das antigas escravas. Uma das narrativas é a da menina negra Alexandrina, que vivia em Uberaba e em 1881 teria sido injustamente acusada de roubar dinheiro do senhor de sua mãe. Só que, pela idade dela, nascera sob a Lei do Ventre Livre, e não poderia estar trabalhando como escrava, como tudo indica que estava.

A infância do Brasil foi lançado em 2017 e abocanhou prêmios como o Le Blanc, Minuano e Troféu HQMIX, além de ser finalista do Jabuti. Até então fora de catálogo, está sendo agora relançado em nova edição pela editora Nemo.

José Aguiar: partir da própria infância para revelar as muitas infâncias do país

DW Brasil: Como surgiu o interesse em pesquisar sobre as infâncias no Brasil? E como foi esse mergulho?

José Aguiar: O nascimento do nosso primeiro filho foi o catalisador da ideia. Minha esposa e eu começamos a recordar nossas próprias infâncias, depois pensamos nas de nossos pais e avós, em como os relatos deles eram sobre realidades diferentes das nossas. Quando pensei no conceito do projeto eu realmente não fazia ideia da profundidade do mergulho ao expor diversas facetas da infância que fogem do lúdico ou do idealizado, as abordagens mais comuns ao tema. De forma alguma eu queria uma visão nostálgica e, nisso, os episódios de violência física e psicológica são um alerta para realidades infelizmente ainda presentes na sociedade brasileira.

Eu não tenho formação de historiador e, por receio de me perder em fontes de qualidade questionável, convidei a historiadora Claudia Regina Baukat Silveira para ser minha consultora. Apresentei a ela meus planos, os temas que queria abordar e os plots para cada capítulo. A partir desse direcionamento, ela fez uma seleção bibliográfica e um levantamento histórico do cotidiano de cada século de nossa história, para embasar os roteiros que eu estava escrevendo. Sobre eles, fazia apontamentos para lapidar o resultado e dar mais verossimilhança às cenas. Muito desse material se encontra nos extras da nova edição do livro.

E por que uma graphic novel sobre o tema?

Gerar uma vida e ajudar essa pessoa a crescer é um processo transformador. Creio que ampliou nossa empatia com outros pais e, claro, seus filhos. São histórias que aproximam pessoas mesmo vindas de histórias de vida diferentes. Ao mesmo tempo, ficamos mais atentos e sensibilizados principalmente com a situação de crianças que víamos diariamente expostas nas ruas e noticiários. A desigualdade ficou mais evidente, agressiva e indignante aos nossos olhos.

Eu sempre quis fazer uma HQ sobre história do Brasil, e voltar no tempo descobrindo como era crescer em épocas e contextos diferentes foi a maneira que encontrei para recontar os cinco séculos de história oficial de nosso país. Uma nova abordagem para o assunto. Diferente de como a aprendemos na escola.

“Alguns diálogos foram difíceis, pois perpetuam coisas que me desagradam e machucam. Mas estão ali porque são necessários.

Você acredita que o Brasil negligencia mais, historicamente, a infância do que outros países?

Eu não tenho a autoridade ou a vivência necessária para comparar com outros países. Cada um tem sua história e particularidades. Mesmo ao abordar de maneira escancarada no meu livro, eu só arranho, dentro do nosso contexto, a superfície dessa negligência no Brasil. Mas posso afirmar que, especialmente nos últimos anos, ela aumentou exponencialmente em nosso país devido ao caminho autodestrutivo, negacionista e equivocado que foi adotado nos campos da saúde, educação e cultura. Áreas essenciais para todas as idades.

Mas o seu livro traz muitos episódios de violência contra as infâncias, dentro desse contexto da história brasileira…

O processo de escrita desse livro despertou muitas coisas em mim. Alguns diálogos foram difíceis, pois perpetuam coisas que me desagradam e machucam. Mas estão ali porque são necessários. É difícil escolher entre todas as situações retratadas. Mas certamente entre eles estão a mãe presidiária, que é um paralelo presente com a história do processo da menina nascida sob a Lei do Ventre Livre. Episódio que é o único totalmente inspirado em personagens reais.

Eu fiquei muito envolvido com a questão da criança do século 19, [Alexandrina] a criança negra que foi presa de forma irregular. Esse capítulo foi um mergulho no processo do ocorrido, tentando entender o que teria ocorrido, o que de fato ocorreu. E eu precisava de algo que criasse um vínculo, um paralelo [com situações atuais].

E qual foi sua conclusão?

Estava lendo muito, buscando informações sobre crianças encarceradas. E me deparei com a realidade das mães presidiárias, que eu não conhecia. A partir disso, me conscientizei que tem muitas crianças que nascem em um ambiente prisional. É uma coisa muito cruel, de várias formas. São mães que foram presas grávidas. Na prisão, enfrentam situações terríveis, humilhantes. E, depois disso, depois de um tempo, elas acabam tendo de abrir mão dessas crianças, porque as mesmas podem ficar lá somente até uma certa idade [via de regra, apenas seis meses]. Isso justamente rima com a história, o limite da idade [da Lei do Ventre Livre].

De modo geral, que lições podemos tirar do passado para que passemos a cuidar melhor, enquanto nação, de nossas crianças?

Eu termino cada capítulo ambientado num século passado com um paralelo com uma situação presente, pois acho que o contraste é onde se pode evidenciar não só as diferenças óbvias do espaço-tempo. Mas principalmente as similaridades assustadoras de erros sendo perpetuados e repetidos, graças ao desrespeito com o outro, com as minorias e os mais frágeis. Existem racismo estrutural, misoginia, choque de classes, abandonos e diversos abusos que vêm desde o início da colonização e, entrelaçados, geram situações que precisam ser combatidas e superadas. Por respeito não só às crianças, mas também às mulheres, que sofrem junto delas nesse caldeirão social mal resolvido.

Minha HQ aborda justamente o contraste entre infâncias presentes e passadas para levantar no leitor a pergunta: o que mudou e o que permanece? Eu convido a todos a refletirem o presente a partir de nosso passado para assim buscar entender quem somos. Sem nostalgia fantasiosa, mas de forma consciente, crítica e cientificamente embasada. Em tempos de pós-verdade, auto-verdade e opiniões estapafúrdias, em tempos em que a voz oficial busca narrativas que justifiquem o injustificável, precisamos mais do que nunca saber nossa história.

Só poderemos cuidar de nossas crianças e das que nem nasceram ainda, se tivermos referências que nos permitam evitar repetir os mesmos erros de sempre. Não devemos apagá-los. Temos que confrontá-los para superar essa nossa infância brasileira mal resolvida. Compreender é o primeiro passo para poder escolher um futuro em que é possível seguir em frente, rumo a um país capaz de viver seu melhor. 6 fotos6 fotos Edison Veiga Repórter@edisonveiga

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RJ: NÚCLEO PIRATININGA DE COMUNICAÇÃO DISPONIBILIZA ACERVO ONLINE COM FILMES DE LUTAS POPULARES

Fevereiro 23, 2022
  1. CULTURA

AUDIOVISUAL

São 236 filmes produzidos por movimentos sindicais e populares de todo Brasil

Redação

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

Fevereiro de 2022.

NPC é integrado por comunicadores, jornalistas, professores , artistas, ilustradores e fotógrafos
NPC é integrado por comunicadores, jornalistas, professores , artistas, ilustradores e fotógrafos – Divulgação

O Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), com sede no Rio de Janeiro, disponibilizou na internet parte do seu acervo de produções audiovisuais que retratam lutas históricas no Brasil. São 236 filmes produzidos por movimentos sindicais e populares divididos por eixos temáticos que falam sobre questões agrárias, étnicas, do mundo do trabalho, de gênero e das favelas.

O projeto digital conta com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo e está disponível gratuitamente no portal do NPC na internet ou no canal do Youtube. 

Leia mais: Núcleo Piratininga de Comunicação lança vaquinha online para manter atividades

No acervo físico, o NPC possui cerca de 500 filmes que vêm sendo acumulados desde 2006 por Claudia Santiago e Vito Giannotti através das formações ministradas a sindicatos ou movimentos sociais pelo país. 

Leon Diniz, responsável por organizar o acervo digital, se surpreendeu com a diversidade das produções e ressalta que o projeto tem o objetivo de preservar a memória de luta da esquerda. Além da sinopse, cada título também inclui uma sugestão de uso pedagógico. Anteriormente, um catálogo impresso reunia 336 películas. 

“As pessoas pegavam o catálogo e às vezes iam ao Núcleo tomar emprestado o vídeo, ou a gente indicava onde estava. Havia também uma preocupação de indicar formas de usar estes vídeos, por exemplo, um filme produzido pelo Movimento Sem Terra pode ser utilizado em aulas de Geografia, História e Biologia”, comenta León.

O NPC é constituído por um grupo de comunicadores, jornalistas, professores universitários, artistas gráficos, ilustradores e fotógrafos que trabalham com o objetivo de melhorar a comunicação, tanto de movimentos comunitários ou populares, quanto de sindicatos e outros coletivos. 

As atividades do núcleo iniciaram há 29 anos, e o acúmulo destas culminou na sua formalização jurídica em 1997, tornando-se uma organização civil sem fins lucrativos, de atuação nacional.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Rebeca Cavalcante e Clívia Mesquita

POR QUE RAUL SEIXAS É UM DOS GRANDES MÚSICOS DO BRASIL E PROVOCA TANTA INVEJA

Fevereiro 22, 2022

RAUL SEIXAS

E quem achar que pode mais que ele, que mostre suas armas, enquanto Raulzito pousa em sua sopa

Raul Seixas.Créditos: Divulgação
Julinho Bittencourt

Por Julinho Bittencourt

Escrito em OPINIÃO el 22/2/2022 ·

Mito é o Raul Seixas, muito mais do que qualquer outro. Vinte e tantos anos após sua morte, tal qual um beatle tupiniquim, nosso Raulzito ainda faz tremer estruturas. Ele não tem fãs, tem seguidores. E não é à toa. Suas canções, como as de todo grande artista, contam sobre o seu tempo e voam para além.

Não adianta puristas da nossa música, como declarou recentemente o músico Ed Motta, quererem exigir dele, como bem disse Belchior, “uma canção como se deve, correta, branca, suave, muito limpa, muito leve”. Raul é de outra extirpe, veio da Bahia pra fazer rock em São Paulo, na contramão de tudo e todos. E acabou lindamente gravado por Maria Bethânia, com a sua lendária versão para “Gitá”, dele e do então parceiro Paulo Coelho.

A canção, que faz alusão ao Bhagavad Gita, texto sagrado do hinduísmo, caiu como uma bomba vendendo de saída cerca e 600 mil compactos simples – o single da época – e emplacando a trilha de inúmeras novelas. Nela, a maneira de compor de Raul se completa com exatidão: melodia simples, poderosa e bonita, direta, com um texto rico e vibrante.

E assim fez o autor sucessivamente. E pra quem quiser insinuar que o artista viveu na aba do hoje escritor mais famoso do Brasil, basta lembrar, por exemplo “Ouro de Tolo”. A canção, um dos mais contundentes retratos da classe média brasileira, traz a letra do próprio, com melodia que mistura com graça e talento a toada nordestina com o Rock and Roll:

Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada, cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Três acordes e muito assunto

“Ah, só tem três acordes, a melodia é pobre”. Onde, quando e por quem o rock e seus derivados necessitaram de mais acordes para a sua sobrevivência? Poderia perder o tempo do leitor com inúmeros exemplos de canções de poucos acordes e muita história pra contar. Que Paul McCartney e Jorge Ben Jor não me deixem mentir.

A canção popular prescinde de sabedoria musical erudita. Não que ela não seja bem-vinda, Tom Jobim e Edu Lobo que o digam, mas não é necessária. A história da canção mundo afora é uma prova irrefutável disso. O requinte exigido por puristas traz uma série de regras que a canção do maranhense João do Vale, por exemplo, desmente a todo momento.

Raul construiu a sua obra com intuição e garra. Fez seu voo rasante sobre a nossa história, em plenos anos de chumbo, contando histórias verdadeiras de maneira cortante. Poucos tiveram seu talento e sabedoria. Se autoproclamou o Maluco Beleza e sugeriu com fina ironia aos privatistas de então que o país fosse definitivamente alugado.

Poucos artistas do Brasil – e talvez até do mundo – tiveram tamanha destreza para produzir canções que se eternizaram com tão pouco. Poucos acordes, poucas notas, breves palavras e uma imensidão de efeitos que tocam as pessoas em um primeiro sopro.

Além de toda essa discussão, deixo registrado. Coisa feia criticar assim um colega de profissão, não? Sobretudo um que não está mais aqui pra se defender.

Salve Raul Seixas, viva o compositor popular brasileiro. E quem achar que pode mais que mostre suas armas, enquanto Raulzito pousa em sua sopa.

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Raul SeixasPaulo CoelhoMaria Bethânia