Archive for Novembro, 2022

FESTIVAIS INDEPENDENTES DO CEARÁ DRIBLAM DESMONTE DA CULTURA POR BOLSONARO, E PROMOVEM ENCONTROS INTERNACIONAIS

Novembro 30, 2022

  1. CULTURA

PERFORMANCE

A arte da performance é o foco da difusão dos festivais contemporâneos que acontecem em Fortaleza e no Cariri

Amanda Sobreira

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

 30 de Novembro de 2022 –

“Ponto Final, Ponto Seguido”, performance da artista indígena contemporânea Uýra Sodoma – Foto: Guilherme Silva

Foi aberta nesta terça-feira (29), a quarta edição do Festival Internacional Imaginários Urbanos que aborda trabalhos de performance na promoção e difusão da arte contemporânea e integra artistas internacionais ao Norte e Nordeste. Com o tema “Comunidades Porvir”, o festival propõe uma reflexão sobre como a performance pode ser dispositivo de criação de comunidades porvir, a partir de processos de partilhas coletivas e de exercícios públicos de imaginações políticas, para além dos regimes de poder estabelecidos.

A abertura do festival aconteceu na Praça do Ferreira, onde o público assistiu a performance “Ponto Final, Ponto Seguido” da artista indígena contemporânea Uýra Sodoma. Natural do Pará e moradora de Manaus, Uýra gosta de construir imagens que proporcionem debates sobre as naturezas que nos circulam. A performance no Ceará é a  décima e última apresentação de um ciclo que passou por seis países e agora, quatro estados brasileiros. “A proposta é de um plantio usando terra onde se desenham raízes que serpenteiam sobre esse cimento estéril e duro dos padrões que cobrem, limitam e cerceiam a vida. É para lembrar que somos essa terra, e que apesar de todos os cenários de crises econômicas e políticas, há outros poderes, há outras vozes no mundo que são de mulheres, trans, negras, indígenas e tantas vozes, que são tão violentadas como a terra é, mas nunca deixaram de viver”, explica a artista.

Depois da performance, houve a exibição do documentário “Uýra – A Retomada da Floresta”, de Juliana Curi. Nele, a artista indígena e trans, viaja pela floresta amazônica em uma jornada de autodescoberta usando arte performática e mensagens ancestrais para ensinar jovens indígenas e enfrentar o racismo estrutural e a transfobia no Brasil. “São mundos onde as diferenças foram colocadas como barreira de contato e atravessar essas diferenças, respeitando-as, abre chances para diálogos entre territórios, entre regiões, diálogos internacionais e às vezes, dentro do próprio quintal,” reflete Uýra.

Como parte do Festival, a performer mexicana Violeta Luna ministra a residência artística “O Corpo em ação: direções para uma cartografia pessoal”. A formação acontece entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro no Porto Dragão e no dia 4 haverá uma apresentação com o resultado do que foi trabalhado com os artistas.  Esta é a primeira vez que a artista vem ao Ceará. Além da residência em Fortaleza, Violeta também irá ao Cariri participar de outro evento cultural de performance. “Para mim é muito significativo ver como esses encontros estão gerando um movimento de teoria e prática das performances, contribuindo para descentralizar o conhecimento, que às vezes fica em cidades como São Paulo. Vai ser muito significativo ter diálogos com outros artistas que estão trabalhando e pensando o corpo como um espaço político onde podemos articular poéticas e narrativas”, conta Violeta.


Performance da artista mexicana Violeta Luna / Foto: Isil Sol Vil

Na Vila das Artes, no Centro de Fortaleza, o performer paraense Juliano Bentes/Skyyssime está ministrando a residência imersiva “Themonização”, focada em debater sobre a história do movimento, da montação e da performance drag em Belém, além de exercitar a criação de maquiagens e experimentações de intervenções urbanas. 

Em sua quarta edição, o Imaginários vem se estabelecendo no cenário nacional dos festivais de performance. Mas como festival independente, enfrenta diversos desafios para promover a internacionalização do Norte e Nordeste. “Para trazer uma artista como a Violeta, além do edital da Secult, a gente contou com outros apoios, como do Instituto Mirante e do Porto Dragão, porque a produção para trazer um artista internacional envolve muito recurso. O eixo do Nordeste é ainda marginalizado com relação ao eixo Sudeste até para comprar a passagem. O único voo que tinha pra Fortaleza era um de 27 horas”,  explica a curadora adjunta do festival Marie Auip. “E  enquanto artista é uma oportunidade de alcançar quem mora por aqui e não precisa ir até Rio, São Paulo ou Minas Gerais para obter uma formação”, completa Marie.

O Festival segue em Fortaleza até o próximo dia 9. Entre os dias 1 e 6 de dezembro, cinco obras serão exibidas na “Mostra de Videoperformance”, que acontecerá no Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS CE). São elas: “Negrume da Guerra” de Victor Freitas, “O verbo se fez carne” de Ziel Karapotó, “Negro” de Marcelo Diogo, “How to Heal the Word Bank” de Graham Bell Tornado e “Sinfonia do Encontro – Primeiro Ato” de Augusto Leal.  “Temos trabalhos muito distintos e aglutinados nessa mostra. Trabalhos que falam sobre o processo de retomada, que trabalham com dimensões de simpatia, de procedimentos ligados às encantarias. De maneira ritualística, dentro das suas individualidades, são diversas potências que juntam falam do discurso desse Brasil, dessas comunidades que estão por vir. É nítido como os trabalhos operam dentro dessa ferida colonial, dessa ferida após o governo Bolsonaro, avalia a artista Aires, curadora adjunta de videoperformance.

Sindicato da Performance prepara sua segunda edição


“Dança para um Futuro Cego”, da artista Maria Macedo está entre as atrações do Festival Sindicato da Performance que acontece no Cariri Cearense. / Foto: Jaque Rodrigues

A performer mexicana Violeta Luna também é uma das atrações da segunda edição do Festival Internacional Sindicato da Performance que acontece no Cariri, entre os dias 5 e 9 de dezembro. As inscrições para participar do festival estão abertas até o próximo dia 2.
 
Com o tema “Conflitos entre o Real, Simbólico e o Imaginário” o festival propõe lançar um olhar sobre as distorções da realidade que o país vive desde o golpe na presidenta Dilma em 2016, sobre a desvalorização da vida e supervalorização da violência que tem crescido no Brasil, colocando a arte da performance em ambientes públicos como ponto de reflexão, desdobramentos e partilhas. 

“O Sindicato Performance nasceu ano passado como uma resistência a lógica que a pandemia impôs a produção de artistas, de ter sempre que está produzindo algo novo no meio do isolamento e usando ferramentas novas como as plataformas digitais, mas também como resistência a sempre falta de estrutura, de apoios e de equipamentos culturais”, explica Lívio Pereira, curador e idealizador do Festival. 

O setor da cultura foi um dos mais prejudicados nos quatro anos de governo de Bolsonaro. O Ministério da Cultura foi extinto no primeiro dia de governo do atual presidente. Na equipe de transição para o governo Lula, membros do GT da cultura têm como prioridade reestruturar o Ministério, revogar decretos que inviabilizam as atividades culturais no país e readequar o orçamento da pasta. Lívio conta que essas reflexões fazem parte da proposta da segunda edição do Sindicato Performance. “O festival se propõe e convida a refletirmos junto com os e as artistas que participam desta edição, sobre como as transformações políticas que vivemos desde 2016 afetam a cultura, pensando sobre como essa relação entre o real, o simbólico e o imaginário se dá na arte, mas também é afetado por uma leitura que é política”, diz. 

Serviço

4º Festival Internacional Imaginários Urbanos – Comunidades Porvir
De 29 de novembro a 9 de dezembro
Mais informações em @imaginarios_arte

——

2° Festival Internacional “Sindicato da Performance – Conflitos entre o Real, o Simbólico e o Imaginário” 
De 06 e 09/12
Mais informações em @sind.perfor.art

Fonte: BdF Ceará

Edição: Camila Garcia

DE AQUILES RIQUE REIS PARA ALCEU VALENÇA

Novembro 29, 2022

Os próximos tempos não serão fáceis, companheiro, mas saberemos vivê-los para que floresçam enquanto persistirmos cantando.

Aquiles Rique Reisjornalggn@gmail.com

Publicado em 29 de novembro de 2022 –

De: Aquiles

Para: Alceu Valença

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Meu irrequieto e criativo amigo Alceu, espero que esta cartinha lhe encontre com muita saúde e ideias que, bem sei, nunca lhes faltaram. Olha só, véio, antes de o papo ficar reto, como deve sempre ser entre nós, eu lhe digo: em meio a um momento em que esperança se mistura com preocupação pelos rumos políticos que o Brasil está vivenciando, lembrei-me de uma ideia que nos contagiou tanto que viajamos bonito nela. Isso foi, “silvana mangano”, lá pelos idos de 1980. Num momento em que nos sentíamos carentes de ações que contemplassem nossos desejos de elevar a música e a cultura ao lugar com que sempre sonhamos, idealizamos convidar alguns outros nomes da música para que, juntos, nos candidatássemos a deputado federal ou algo assim. Caso nos elegêssemos, formaríamos uma bancada que capitanearia propostas não só para a área musical como também para a cultura. A ideia não foi à frente. Mas cá estamos nós, cada um a seu modo, fazendo a nossa parte.

Dito isso, trago à prosa o seu CD Senhora Estrada, que me foi enviado pela gravadora Deck. É o álbum final de uma trilogia solo de voz e violão, antecedido por Sem Pensar no Amanhã e Saudade. Segundo o release, “Senhora Estrada percorre suas referências primeiras, pavimentadas no agreste e no sertão nordestino. As onze faixas transitam entre o xote e o baião, a toada e o rojão, gêneros cultivados no solo mais fértil do Brasil profundo”. Com produção sua e de Rafael Ramos, mixado por você e pelo Matheus Gomes, ele que também gravou e masterizou o trabalho, você, Alceu está total ali. Sua voz e seu violão lá estão como um retrato perfeito do que você sempre foi e é: transparente, forte e dinâmico, um compositor, violonista e cantor de canções sem similares nem parecenças. E lhe digo mais, véio, suas interpretações contidas, emocionadas, são sensualidade pura, meu bróder. Ok, corrigindo: suas interpretações têm ainda mais sensualidade do que sempre tiveram… melhor assim, né? Mas vamos lá, o repertório é ouro em pó. Que delícia ouvir de novo “Cabelo no Pente”, parceria com Vicente Barreto. O que dizer das suas “Flor de Tangerina” e “Coração Bobo”? E a saudade que bateu ouvindo “Numa Sala de Reboco” (José Marcolino e Gonzagão)? Meu Deus… sucessos renovados com a naturalidade que o caracteriza, véio.

Mas houve um dia, o 30 de outubro, por volta das nove da noite, em que botei pra rodar, mais uma vez, “Pau de Arara” (Guio de Moraes e Gonzagão), faixa que abre Senhora Estrada: “Quando eu vim do sertão/ Seu moço, do meu Bodocó/ A maleta era um saco e o cadeado era um nó/ Só trazia a coragem e a cara/ Viajando num pau de arara/ Eu penei, mas aqui cheguei…” Àquela noite, os versos faziam todo o sentido. Chorei gloriosamente, amigo! As lágrimas vieram volumosas, lavando rosto e alma, renascendo esperança e fé.

Os próximos tempos não serão fáceis, companheiro, mas saberemos vivê-los para que floresçam enquanto persistirmos cantando. Abraço apertado, Alceu Valença!

EDITAIS DE CARNAVAL DO GOVERNO DO RIO DE JANEIRO TERMINAM HOJE (29)

Novembro 29, 2022

  1. CULTURA

FOLIA

Chamada pública é voltada para blocos de rua e turmas de bate-bola; ao todo 165 vagas estão disponíveis

Redação

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

 Novembro de 2022 –

carnaval rio de janeiro
Edital direcionado para blocos de rua terá investimento de R$ 3 milhões – Fernando Maia/Riotur

O prazo para blocos de rua e turmas de bate-bolas do carnaval fluminense se inscreverem nos editais da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa foi prorrogados até terça-feira (29).

As duas chamadas oferecem 165 vagas, com investimento superior a R$ 5,6 milhões. A previsão é que os contemplados recebam o pagamento ainda em dezembro, tempo hábil para execução das ações em todos os municípios.

Leia mais: No carnaval da resistência, brilhou a excelência. Laroyê Exu. Exu Mojubá!

O processo de inscrição deve ser realizado pelo sistema Desenvolve Cultura. É fundamental finalizar a submissão do projeto, clicando no botão “Enviar Projeto para Análise”. 

Os dois editais abertos fazem parte do pacote “Folia RJ 2023”, que ainda contempla a chamada pública “Folias de Reis RJ”, com inscrições já encerradas. A secretaria ainda terá uma chamada pública exclusivamente para escolas de samba de todos os grupos e ligas independentes, que será lançada nos próximos dias. 

Quem pode concorrer?

Turmas de Bate-Bolas RJ

A chamada é voltada para pessoa jurídica, que seja comprovadamente representante de uma turma de bate-bola e vai premiar 100 projetos, com valor de R$ 25 mil cada, somando R$ 2,5 milhões. A contrapartida deverá prever pelo menos uma ação, a ser realizada de forma presencial, tendo como público-alvo escolas públicas ou organizações da sociedade civil podendo ser oficina, palestra ou exposição.

É considerado turma de bate-bola um grupo artístico-cultural que possui atuação comprovada na produção e realização de manifestações populares do carnaval de rua, a partir da confecção de indumentárias que combinem elementos materiais típicos, característicos das tradições da figura do bate-bola.

Bloco nas Ruas RJ

O edital voltado para pessoas jurídicas, comprovadamente representantes de um ou mais blocos de carnaval, é dividido em duas categorias. Na categoria A, voltada para blocos individuais, serão concedidas 50 premiações no valor de R$ 25 mil cada. Já na B, que vai atender associações, federações ou ligas representantes de no mínimo cinco blocos,15 projetos vão ser premiados com R$ 125 mil. No total, a chamada vai garantir investimento de mais de R$ 3 milhões.

A contrapartida dos selecionados deverá prever pelo menos uma ação a ser realizada de forma presencial, tendo preferencialmente como público-alvo instituições de ensino públicas ou organizações da sociedade civil como oficinas, palestras ou exposição de caráter educativo com o intuito de transmitir os saberes e práticas do bloco de carnaval.
 

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister

“É UM ACERTO DE CONTAS COM HOMERO”, DIZ LUIZA ROMÃO SOBRE OBRA VENCEDORA DO 64ª PRÊMIO JABUTI

Novembro 28, 2022

LITERATURA

A publicação “Também guardamos pedras aqui” é a terceira da poeta, atriz e slammer

Redação

28 de Novembro de 2022 –

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Além de “Também guardamos pedras aqui”, Luiza é autora das obras Sangria (2017) e Coquetel motolove (2014) – Reprodução Instagram

A gente reconhece algumas figuras políticas de ultradireita que infelizmente ainda estão no Brasil

A atriz, poeta e slammer paulista Luiza Romão foi entrevistada no programa Bem Viver desta segunda-feira (28). Ela conversou sobre a conquista do Prêmio Jabuti de 2022, a mais importante premiação da literatura brasileira, com a obra  Também guardamos pedras aqui (editora Nós).

Saiba mais: Luiza Romão, Micheliny Verunschk, Eliana Cruz e Laurentino Gomes são destaques do prêmio Jabuti

Destacando o tom político de seus trabalhos, Romão explica que o livro premiado é uma releitura do poema épico da Ilíada, de Homero, a partir de atravessamentos da literatura, da violência, do ocidente e do colonialismo. 

“É pensar como que esse poema [Ilíada] que funda certas noções de literatura, de arte, de estética, política, filosofia no mundo ocidental, na verdade, é um relato de um massacre”, explica a grande vencedora da 64ª edição da mais importante premiação da literatura brasileira.

A partir dos cruzamentos de temporalidades, a artista aponta relação com o contexto contemporâneo. 

“A gente reconhece algumas figuras políticas de ultradireita que infelizmente ainda estão no Brasil. É aí que estiveram no poder nos últimos anos, perpetuando essa forma de se fazer política que é muito violenta, que é baseada num massacre, que é baseada em não aceitar a diferença”, ressalta.

Na entrevista, Romão ainda aborda seus trabalhos artísticos na cidade de São Paulo e a importância do Slam, como espaço de valorização da expressão de artistas jovens e negros. 

DETALHES DE DOMINGO: GAL COSTA E ERASMO CARLOS

Novembro 27, 2022

RJ CRIA MEDALHA ALCIONE PARA HOMENAGEAR CULTURA DO SAMBA NO ESTADO

Novembro 26, 2022

  1. CULTURA

RAÍZES

Cantora e compositora maranhense, radicada no Rio, está completando 50 anos de carreira em 2022

Redação

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

Novembro de 2022 –

Além dos 50 anos de carreira, em 2022, a sambista também completa 75 anos de vida, com uma série intensa de shows – Divulgação

Com a aproximação do Dia Nacional do Samba, comemorado no próximo 3 de dezembro, o governo do Rio de Janeiro anunciou a criação de um prêmio para homenagear os sambistas e a cultura do samba no estado. A Medalha de Mérito Cultural Alcione tem o nome da cantora e compositora maranhense, radicada no Rio, que está completando 50 anos de carreira.

A criação do prêmio foi publicada na última segunda-feira (21) em uma edição extra do Diário Oficial.

A premiação ocorrerá todos os anos em 10 categorias: sambista, revelação, cantor de samba, cantora de samba, melhor compositor (a), melhor instrumentista feminino, melhor instrumentista masculino, produtor (a) cultural de samba, projeto destaque, projeto destaque do território.

Segundo o decreto, “a celebração de entrega do prêmio será considerada como parte das comemorações do mês da Consciência Negra e do aniversário da homenageada”. A entrega será feita preferencialmente no dia 21 de novembro, aniversário de Alcione.

Além dos 50 anos de carreira, em 2022, a sambista também completa 75 anos de vida, com uma série intensa de shows. O álbum gravado no Teatro Municipal será lançado pela Biscoito Fino nas plataformas até o fim do ano. Em 2023, sai o CD. E “Marrom, o musical”, estreia nesta semana, na sexta-feira (25), na Cidade das Artes.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse

LUIZA ROMÃO, MICHELINY VERUNSCHK, ELINA CRUZ E LAURETINO GOMES SÃO DESTAQUES DO PRÊMIO JABUTI

Novembro 25, 2022

  1. CULTURA

VEJA VENCEDORES

As lutas anticoloniais, de ontem e hoje, perpassam boa parte dos livros vencedores do maior prêmio literário do país

Gabriela Moncau

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

 25 de Novembro de 2022 –

A premiação acontece desde 1958 e é a maior referência do mercado editorial brasileiro; este ano voltou a ser presencial – Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

A atriz, poeta e slammer paulista Luiza Romão foi a grande vencedora do Prêmio Jabuti de 2022, a mais importante premiação da literatura brasileira, cuja 64ª edição aconteceu na noite desta quinta-feira (24) no Teatro Municipal de São Paulo. Eleito livro do ano, Também guardamos pedras aqui (editora Nós) é a terceira publicação de poesia da autora de 30 anos.  

Na orelha do livro premiado, a fotógrafa e escritora Adelaide Ivánova, descreve que as pedras de Romão “têm menos a ver menos com as pedras no bolso de Virginia Woolf, e mais a ver com as pedras jogadas pelos palestinos em Sheikh Jarrah: um ato ao mesmo tempo concreto e simbólico, de autodefesa e resistência ao neocolonialismo”.  

O romance, categoria mais prestigiada do Jabuti, é dividido em duas subcategorias: o de entretenimento, que abarca obras mais populares e comerciais, e o literário, que tem como um de seus aspectos centrais a própria forma como a história é escrita.  

Para esta segunda subcategoria, na qual só mulheres foram finalistas, a vencedora foi a pernambucana Micheliny Verunschk, com O som do rugido da onça (Companhia das Letras). Misturando ficção, memória e antropologia, este que é o quinto romance de Micheliny conta, por meio de uma prosa lírica, a história de duas crianças indígenas raptadas no Brasil do século 19.  

O romance de entretenimento premiado foi Olhos de Pixel (Plutão Livros), de Lucas Mota. A narrativa de ação, com uma protagonista feminina, é ambientada em uma Curitiba futurista e cyberpunk.  

Reportagem, contos e crônicas 

Já na categoria Biografia e Reportagem, Laurentino Gomes ficou em primeiro lugar com o segundo volume da trilogia Escravidão (Globo Livros). Em 2020, ele já havia ganhado o Jabuti com o primeiro volume. O terceiro foi lançado recentemente, no marco do bicentenário da independência do Brasil. 

Entre as obras finalistas que disputaram o prêmio com Laurentino Gomes estavam Banzeiro òkòtó: uma viagem à Amazônia Centro do Mundo (Companhia das Letras), de Eliane Brum e Lula: biografia – Volume I (Companhia das Letras), de Fernando Morais.    

A estatueta da categoria contos ficou com A vestida (Malê), de Eliana Alves Cruz. Acerca dos temas que perpassam os 15 contos que compõem o livro – antirracismo, feminismo e problemas sociais do Brasil – Cruz declarou ao Notícia Preta serem dois os motivos pelos quais ela se debruça sobre eles.  

“Primeiro porque estão na minha trajetória de mulher negra no Brasil, que nasceu na segunda metade do século 20 e está vivendo sua vida adulta no século 21. Não há como despir o meu pertencimento quando escrevo”, afirmou. “Segundo porque são assuntos que tocam profundamente a minha coletividade, ou seja, meus filhos estão profundamente mergulhados neles, meus netos estarão”, apontou Eliana. 

Marcelo Moutinho, com A lua na caixa d’água (Malê), que ele dedica a Aldir Blanc, se consagrou na categoria crônica. Já em histórias em quadrinho, a obra premiada foi Escuta, formosa Márcia (Veneta), de Marcelo Quintanilha. O quadrinista conta a história de uma enfermeira, nascida e criada em uma comunidade carioca, e seus desafios para lidar com a insubordinada filha Jaqueline.  

Sueli Carneiro foi personalidade homenageada 

A filósofa e ativista antirracista Sueli Carneiro, autora de livros como Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil (Selo Negro), foi a personalidade homenageada desta edição do prêmio Jabuti.  

“Sueli Carneiro é a justa tradução de autoras e autores que pararam de simplificar o Brasil”, definiu o curador do prêmio, Marcos Marcionilo, durante a cerimônia.  

Neste ano houve um aumento de 25% da quantidade de obras que concorreram ao Jabuti, no total dos seus grandes eixos: literatura, não ficção, produção editorial e inovação. Juntando tudo, a disputa envolveu 4.920 livros. Veja aqui o conjunto das publicações premiadas na edição de 2022. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho

BISNETA DE TIA CIATA AVALIA LEGADO DA SAMBISTA PARA MULHERES: “O SAMBA VEM DAS NOSSAS RAÍZES”

Novembro 24, 2022

CULTURA

DIA DO SAMBA

Mãe de santo e iniciadora da tradição das baianas quituteiras no Rio é conhecida como matriarca do samba

Jéssica Rodrigues

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

 Novembro de 2022 –

"Tia Ciata representa para nós o símbolo da mulher que não é costela de Adão nem metade de laranja de ninguém", diz pesquisadora
“Tia Ciata representa para nós o símbolo da mulher que não é costela de Adão nem metade de laranja de ninguém”, diz pesquisadora – Reprodução

Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, o samba conquistou lugar de referência através de muita resistência ao longo da história até ser celebrado em uma data reservada no calendário nacional: o Dia Nacional do Samba, em 2 de dezembro.

Muitos expoentes enfrentaram preconceitos, opressão e racismo até conquistar o direito de se manifestar através do samba em uma época que o gênero musical era proibido e criminalizado. Um grande exemplo é a dona Hilária Batista de Almeida, mais conhecida como Tia Ciata. A sambista, mãe de santo e iniciadora da tradição das baianas quituteiras no Rio de Janeiro, foi uma das grandes influências para o surgimento do samba.

Tia Ciata viveu entre os anos 1899 e 1924 na cidade do Rio de Janeiro. Foi na região conhecida como Pequena África que acolheu grandes sambistas marginalizados, como Pixinguinha. No quintal de sua casa o primeiro samba foi gravado, a música “Pelo Telefone” em 1916.

Gracy Mary Moreira é bisneta de Tia Ciata e sambista, ela conta em entrevista ao programa Bem Viver, uma parceria do Brasil de Fato com a rede TVT, que o legado que sua bisavó deixou para todos que fazem samba, em especial para as mulheres, é algo que jamais será apagado.

“O samba vem das nossas raízes culturais e que nós transmitimos através desse ritmo raiado que se encontra não só no Brasil, mas no mundo. Como Tia Ciata fez e eu posso dizer que essa memória viva faz com que as pessoas se movimentem e principalmente as mulheres que ainda estão impulsionando o samba”, explica Gracy.

Mais que expressão cultural, o gênero revela parte da história que tentaram apagar da cultura do povo negro, uma vez que a junção de diversos ritmos que os povos escravizados trouxeram para o Brasil formaram o samba. Na avaliação de Gracy, a discriminação e marginalização do samba acontecia justamente por preconceito pelas suas raízes africanas.

“O samba é uma coisa fabulosa, é uma maneira de se expressar e nessa maneira de se expressar para muitos foi equivocada porque não queriam que contassem a verdadeira história do Brasil, tanto que quando a gente fala em samba no exterior eles identificam logo como a identidade do Brasil e que é uma verdade, a identidade do Brasil é o samba”, diz.

A doutora em história comparada e pesquisadora em cultura afro-brasileira, Helena Theodoro, acrescenta que além do samba de rua, as escolas de samba são construídas como representação africana.

 “A gente tem na escola de samba o processo de reconstrução da família afetiva africana que foi desmembrada e desbaratada com o processo escravagista. A escola de samba se fosse criação de um europeu já teria ganhado o prêmio Nobel porque é um espaço de encontro de pessoas, é um espaço de alta criatividade, todo ano se faz poesia e se faz música em torno de um mesmo tema”, explica.

Helena explica também que é muito importante manter viva a história do povo negro para que as pessoas possam se encontrar com suas origens. Para ela, “a gente tem um desconhecimento muito grande da África de hoje e da África de ontem. No Brasil nós tivemos 500 anos do processo escravagista, a história de África tem 10 mil anos. Somos os criadores do processo civilizatório dos seres humanos na Terra”.

“Tia Ciata representa para nós o símbolo da mulher que não é costela de Adão nem metade de laranja de ninguém, somos inteiras, somos descendentes da rainha de Sabá, de Cleópatra, de Nefertiti, da rainha Njinga de Angola, de Tereza do Quariterê, de uma série de líderes que inclusive criaram o samba de roda e criaram todo um conhecimento de ervas para curar, foram as baianas quituteiras”, conta a pesquisadora.

Mulheres que fazem samba

Prova de que o legado de Tia Ciata vive são as mulheres que fazem samba atualmente. Apesar dos tempos terem mudado o preconceito ainda existe, mas através do ritmo elas mostram que esse espaço também pertence a elas.

Fabíola Machado é sambista integrante do grupo carioca Moça Prosa, formado só por mulheres. Elas começaram a fazer samba na Pedra do Sal, região da Pequena África.

“A princípio eles [os homens] iam pra roda para ver quem são essas 12 mulheres fazendo samba, num lugar de curiosidade, num lugar de  vou lá e quem sabe, né? Tem a mulherada lá’ e no início eles queriam sentar na nossa roda, ensinar como fazia porque na verdade nós criamos uma forma da gente fazer”, conta a sambista.

Para Fabíola, Tia Ciata é grande influência, não só para ela, mas também para outras mulheres fazedoras de samba da atualidade. “Eu vejo Tia Ciata como uma articuladora, uma mãe pequena abrigando todos na sua casa, agindo de forma política para que o samba continuasse, que ele estivesse vivo e que existisse esse legado que hoje a gente dá continuidade assim como todas as outras mulheres”, finaliza.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse

MARCAS DE MODA AFRICANA SÃO LEGADO DA INFLUÊNCIA NEGRA NA CULTURA BRASILEIRA

Novembro 23, 2022

IDENTIDADE NEGRA

Matriz africana tem influência no jeito de viver brasileiro, na arquitetura, na arte e em diversas formas de trabalho

Rodolfo Rodrigo

Brasil de Fato | Recife (PE) |

 23 de Novembro de 2022 –

Rodrigo e Jéssica Zarina, proprietários da Zarina Moda Afro em Olinda – Zarina Moda Afro

O mês de novembro é uma data importante no calendário nacional por ser marcado pelo o Dia da Consciência Negra, no 20 de novembro. A data, que marca a luta do líder quilombola Zumbi dos Palmares, reforça o entendimento da cultura afro-brasileira e traz uma reflexão sobre a influência africana na cultura do brasil. 

Durante o período colonial, povos de diferentes regiões do continente africano como os Bantus, Nagôs, Jejes, Hauçás e Malês foram escravizados e trazidos para o Brasil, onde tiveram sua cultura suprimida pelos colonizadores. Neste período, os africanos escravizados eram forçados a aprender o português e a se converterem a religiões europeias, numa tentativa de apagamento cultural. 

Mas, ao mesmo tempo, portugueses e indígenas foram influenciados pelos costumes africanos e essa é a base da formação populacional do Brasil, como explica o professor e pesquisador de história da África, José Bento Rosa. “O que nós temos aqui são muitas origens de muitos povos africanos. Nós temos um pouquinho de Moçambique, de Angola, Gabão, Nigéria, Congo. Nós temos uma cultura de matriz africana, mas uma cultura híbrida”, afirma.

Leia: RJ cria medalha Alcione para homenagear cultura do samba no estado

Além dos traços físicos e marcas genéticas na população, a matriz africana tem influência no jeito de viver brasileiro, na arquitetura, na arte e em diversas formas de trabalho, como afirma o professor.

“Muitas vezes a gente pensa que africanos na condição de escravizados não tinham conhecimentos, mas eles tinham diversos. Determinadas profissões como a marcenaria e carpintaria, os ourives trabalhando com ouro e pedras preciosas, o conhecimento com a arquitetura, então nós temos na história do brasil algumas categorias de trabalhadores e trabalhadoras que tiveram origem na África, nas profissões africanas”, explica.

Influência na moda

Uma outra influência africana se expressa na forma de se vestir, algo que é possível notar nas confecções da Zarina Moda Afro, uma empresa pernambucana de moda preta autoral que expressa nas produções a influência africana e a identidade negra.

Leia: Mês da Consciência Negra: Poetas Vivos lançam single e clipe “Tem Preto no Sul”

De acordo com Rodrigo Zarina, sócio do empreendimento, o principal objetivo da empresa é compartilhar a negritude para reforçar o senso de pertencimento. “A gente faz esse entendimento enquanto empreendedores e sociedade e quer repassar essa negritude, essa ancestralidade através de nossas peças, porque para além de ser um atendimento a gente nota que, as vezes, é necessário o acolhimento, uma comunicação que a gente entende que é um senso de comunidade”, comenta.

Compreender a influência africana na cultura afro-brasileira é ressignificar a cultura de um povo que até hoje luta para sair do apagamento e ser protagonista da própria história. Caso queria saber mais sobre a Zarina Moda Afro, confira o perfil da marca no Instagram @zarinamodaafro

Assista:

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga

ERASMO CARLOS, AOS 81 ANOS, NÃO FICA MAIS “SENTADO À BEIRA DO CAMINHO”

Novembro 22, 2022

Publicado por

 Beatriz Castro

 –

 22 de novembro de 2022.

Erasmo Carlos em show
Foto: Divulgação

O cantor e compositor Erasmo Carlos, de 81 anos, morreu nesta terça-feira (22). Ele havia sido internado às pressas na manhã de hoje no Hospital Barra Dór, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Erasmo havia recebido alta no início de novembro após ficar internado durante nove dias no hospital, com um quadro de edema.

A sua esposa, Fernanda, estava ao seu lado na hora da morte. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Erasmo estava tratando há alguns meses uma síndrome edemigênica, doença que ocorre devido a um desequilíbrio bioquímico, o que atrapalha na manutenção dos líquidos dentro dos vasos sanguíneos. Geralmente é causada por doenças cardíacas, renais ou dos próprios vasos.