Archive for Março, 2018

TESTAMENTO DE JUDAS 2018

Março 31, 2018

Depois de participar de uma magna manifestação contra a força opressiva do Império Romano, Judas Iscariotes, fazendo prevalecer o significado de seu nome “louvor a Deus”, encontrou Jesus Cristo, junto com seus companheiros do Movimento de Libertação das Almas Cativas (MOLAC) e falou de sua viagem ao Brasil.

Judas, disse a Jesus, que iria ao Brasil para apresentar seu Testamento 2018 na Praça dos Três Poderes com o intuito de aproveitar tanto o espírito da Semana Santa, como, também, para participar das manifestações em defesa da democracia e do Estado de Direito da República Brasileira. E, também, das manifestações dos democratas em defesa de Lula, condenado injustamente por personagens antinacionalistas que se submeteram à justiça norte-americana que ajudaram a quebrar a economia do país e entregar suas riquezas ao capital internacional comandado pela voracidade do capital do Tio Sam. Outro propósito seria de participara das manifestações em favor do Habeas Corpus de Lula que será julgado no dia 4 pelo Supremo Tribunal Federal. Um dia em que poderá iniciar a redemocratização do Brasil.

Lembrando que já havia conhecido o Brasil no ano passado, Cristo, beijou Judas desejando-lhe boa viagem e mandando lembranças e um forte abraço a Lula que conhecera ainda no tempo em que era metalúrgico e que o tinha como atuante companheiro.

Judas chegou à Praça dos Três Poderes, pela manhã, aplaudido pela imensa multidão e foi levado pelos organizadores da manifestação até ao palanque onde pronunciaria seu Testamento 2018.

Com um largo sorriso e um contagiante Bom Dia!, Judas iniciou seu pronunciamento.  

 

– Neste dia, nesta Praça,

Junto ao Povo Brasileiro

Inicio meu Testamento

Em Jesus meu companheiro.

 

– Que este povo amado e corajoso

Inteligente, otimista e lutador,

Jamais de submeterá

A sanha do golpista traidor.

 

– Por isso, indico o modelo,

Que deve ser imitado

O meu companheiro Lula

Que pelos crápulas, é invejado.

 

– O ódio que eles têm de Lula

É porque ele governa com o povo

Por isso, querem destruí-lo,

Para ele não voltar de novo.

 

– Querer de crápula não é poder

Só o povo tem poder concludente

Por isso, Lula será outra vez,

Eleito do povo presidente.

 

– Assim, ao companheiro Lula,

Homem que congrega a união

Deixo-lhe a incontestável

Vitória na eleição.

 

– E a minha companheira Dilma,

Cujo governo foi roubado

Deixo-lhe uma confortável

Vitória para o Senado.

 

– Ao golpista Michel Temer

Cujo futuro não muda

Deixo-lhe uma aconchegante cela

Na penitenciária da Papuda.

 

– Aos parceiros de Temer,

Conhecidos como golpistas,

Deixo vários documentos

Que implicam mais que nomes em listas.

 

– Para a golpista Rede Globo

Cujo atavismo é traição

Deixo-lhe como lembrança

A soberania dessa nação

 

– Para todas às mídias antidemocráticas

Submissas ao capital internacional

Deixo-lhes a incomunicabilidade

Como seu ocaso final.

 

– Para a série O Mecanismo

Que a Netfflix mostra

Deixo-lhe o incontestável fracasso,

O fascismo atolado na bosta.

 

– Ao candidato Bolsonaro

Cujo ideário é a violência

Deixo-lhe o trono e o cetro

Do deus de toda demência.

 

– Aos nazifascistas do Sul

Que contra Lula promoveram atentado

Deixo-lhes a concreta certeza

Que ele jamais será calado.

 

– Para todos nazifascistas

Cuja covardia é culto da morte

Deixo como lembrança

A democracia com seu livre porte.

 

– Aos companheiros Emanuele e Boulos

Que vão disputar a presidência

Deixo-lhes a minha torcida

Par que tenha essencial vivência.

 

– Para meus companheiros Marielle e Anderson,

Assassinados pela tara nazista

Deixo-lhes como lembrança

Do povo, a verdadeira Justiça.

 

– Ao governador Amazonino

Que da educação desconhece o sentido

Deixo meu Paulo Freire

A Pedagogia do Oprimido.

 

– Ao governador do Amazonas

Que não atende dos professores às reivindicações

Deixo-lhe contundente derrota

Nas próximas eleições.

 

– Ao governador Amazonino

Que se nomeia como ‘Ama’

Deixo-lhe a greve dos professores

Como a chama que inflama.

 

– Aos professores do Amazonas

Que por seus direitos entraram em greve

Deixo-lhes a profecia:

Amazonino será breve.

 

– Aos deputados do Amazonas,

Golpistas, inimigos da nação,

Deixo-lhes a voz povo

Para impedir a reeleição.

 

– Ao senador Eduardo Braga

Que também votou pelo golpe

Deixo-lhe a derrota nas urnas

Que já se mostra em galope.

 

– Ao prefeito de Manaus Arthur Neto

Cujos buracos mostram sua gestão

Deixo-lhe como lembrança inesquecível

O desprezo do povão.

 

– Para o povo do Amazonas

Comprometido com o estado

Deixo-lhe às vitórias

De Praciano, Waldemir José e Zé Ricardo.

 

– Agora, meus companheiros,

Para encerrar esse testamento

Desejo que o Brasil

Recupere seu grande momento.

Que os golpistas desapareçam

E levem a dor e o tormento.

 

Também desejo, companheiros,

Que o STF siga a razão

Julgando o HC de Lula

Com base na Constituição

Para que o país volte

A ser uma respeitada nação.

 

Não deve ser diferente

Já que o povo quer respeito

Lula livre para ir e vir

Presidente será reeleito

Pois um país só é soberano

Quando o povo é o Direito!

 

Avante, companheiros,

Vamos lutar pelo Brasil

Só uma democracia real

Pode derrota o que é vil!

LAERTE: ‘NÃO VOU BOICOTAR A NETFFLIX, NEN ESTOU VENDO O MECANISMO’

Março 30, 2018
ENTREVISTA
Cartunista fala da importância do humor em tempos de radicalismo, e diz que é a mídia e a indústria cultural que alimentam a polarização e o ódio político
por Tiago Pereira, da RBA.
 
                                               LAERTE-SE/DIVULGAÇÃOLaerte

Mídia é grande responsável por alimentar quadro bipolar e radicalismo fascistóide, segundo Laerte

O humor é arma para desarmar os espíritos mais violentos, mas também serve para botar lenha na fogueira. Depende da época, e da intenção de quem usa a linguagem humorística. O que definitivamente não existe é a suposta neutralidade. Essa é uma das opiniões da cartunista Laerte Coutinho, que atribui à mídia o crescimento da polarização e do ódio no debate político. Segundo ela, no mundo real, os polos não são dois, e a vida é cheia de nuances que não admitem simplificações. 

Sobre a polêmica em torno da série O Mecanismo, da Netflix, Laerte diz que, ao subverter a realidade e colocar a célebre expressão do senador Romero Jucá (MDB) – do grande acordo “com o Supremo, com tudo” – na boca do personagem que representa Lula, o diretor José Padilha faz também uma construção humorística, ainda que “cínica, intencional, maliciosa e agressiva”. 

Ela (como prefere ser tratada, desde que se assumiu como transgênero) diz que a Netflix é uma importante ferramenta do “capitalismo cultural”, que tem um uma determinada visão ideológica, mas também abre espaço para produções que tratam de temas da diversidade, como o feminismo e os direitos LGBT. No ano passado, a Netflix lançou o documentário Laerte-se, que acompanha a jornada da cartunista pelo universo feminino. 

“Não vou boicotar a Netflix, por causa da série O Mecanismo, que eu não estou assistindo, mas sei do que se trata. Conheço os filmes do Padilha o suficiente para me interessar ou não me interessar a ver. Não estou me proibindo de nada. Sei lá, Narcos também não quero ver, sabe? Enfim…”

 Você já atuava como cartunista na parte final da ditadura. Como é fazer humor nos tempos autoritários de ontem e agora, nesses tempos em que o ódio e a intolerância contaminam o debate público?

O humor é sempre circunstanciado. Não tem como se dissociar dos tempos em que é praticado, ainda que possa ser lido, visto e apreciado em tempos diferentes. Hoje a gente pode curtir o que era a produção de humor nos séculos 17, 18, 19, sempre levando em conta qual era o contexto histórico desses momentos. Hoje há isso que a gente qualifica como um ambiente de ódio e intolerância, mas também havia em outras épocas.

Na época da ditadura, o que havia de muito notável era um campo antiditatorial muito amplo, que misturava setores, ideias, cabeças e tendências, que logo em seguida se separaram, se diversificaram, para o bem e para o mal.

Houve um tempo em que havia uma certa leitura maniqueísta da realidade. Havia a ditadura, aqueles e aquelas que eram favoráveis à manutenção. Hoje sabemos que até o Temer, que estava no MDB, também via a ditadura como o desejo do povo por centralismo. Hoje é muito diferente: as democracias que se quer de volta tem matizes, nuances e construções diversas.

Mesmo com essas nuances diversas hoje, dada a maneira de discutir engendrada pelas redes sociais, que favorece a polarização no mundo todo, não lhe parece que voltamos a dois campos, nós, progressistas, e os conservadores, que incluem militaristas, bolsonaristas, MBLs da vida e cia.?

Parece uma polarização, mas os polos são mais que dois. Evidente que do lado de grupos mais fascistas mesmo, como os que apoiam e se cevam na candidatura do Bolsonaro, ou do MBL, existe também uma intenção de se nutrir dessa bipolaridade. É esse tipo de intenção que constrói uma configuração que coloca no outro polo os grupos ‘gayzistas’, comunistas, feministas etc.

Mas quem convive um pouco no debate, sabe que isso é irreal. A busca por alternativas socialistas nem sempre se articula com um pensamento feminista claro, ou típico, seja lá o que for. Nem sempre a posição de defesa dos direitos LGBT também se encontra e se combina com uma perspectiva socialista. As nuances são muitas.

Do ponto de vista do radicalismo fascistoide, existe uma culpa bem grande – responsabilidade, melhor dizendo – da mídia, que vai construindo também esse quadro bipolar. A gente deve insistir numa leitura mais complexa, e que, por isso mesmo, favorece alianças mais duradouras. Senão pode virar uma coisa assim ‘ah, estou no clube errado, na bolha errada’. Isso é construído.

Ao mostrar o ridículo de determinadas posturas, o humor desarma esses espíritos belicosos em tempos intolerantes? É mais fácil produzir a crítica humorística nesses tempos extremos, em que o assombro é farto, ou a barbaridade e violência deprimem os sentimentos? 

O humor não é uma ferramenta de um só uso. Realmente pode servir para desarmar espíritos, desanuviar o ambiente, pode servir para dar uma relaxada. Mas também é muito frequentemente usado para justamente avivar o fogo, botar lenha na fogueira. A natureza da linguagem do humor é provocativa e agressiva, depende de quem está utilizando essa ferramenta. Sempre depende da intenção da pessoa, da consciência e das ideias que ela tem. Não existe esse estado neutro do humor.

O que quero dizer que, quando uma pessoa diz que só fez uma piada e, portanto, alega uma suposta neutralidade da linguagem do humor, está falando bobagem, ou tentando fugir da responsabilidade pelo que foi dito.

Nesse sentido, acho até que o José Padilha, na liberdade que se deu – de pegar a expressão que o Jucá usou e botar na boca do personagem que remete ao Lula –, ele usou de uma das possibilidades do humor. Ele fez uma construção humorística. A defesa cínica que ele vem apresentando, para mim, é uma evidência de que foi, sim, intencional, malicioso, agressivo, e corresponde às ideias que ele tem.

Para além do cinismo intencional, é também tentativa de reescrever a história? Os produtos da indústria cultural têm essa função de moldar consciências? Faz parte desse esforço da mídia de forçar a polarização?

Acho mesmo, como eu disse, que a mídia – os jornais, a TV e também a indústria cultura – procuram construir uma ideia polarizada, a imagem de um adversário idealizado e cheio de radicalismo. Procuram desmontar a imagem e o legado que administrações de governos populares deixaram na história. Procuram, sim, reescrever.

Mas essa série está sendo imaginada e construída há bastante tempo, não é um negócio feito de uma hora para a outra. Então acho que é preciso ver que isso corresponde a um esforço mais meticuloso de influência sobre o que está acontecendo. Não sei bem se reescrever a história, não sei se o Padilha tem esse tipo de ambição ou pretensão. Acho que ele quer fazer filmes que marquem uma determinada ideia.

Assisti dele o Ônibus 157, que achei muito bom e interessante. O Tropa de Elite já achei com muitos escorregões. Tem uma inflexão que favorece o autoritarismo e a brutalidade de uma linha da polícia, o que é muito discutível. Ele divide a polícia entre uma polícia corrupta e uma truculenta, que não é corrupta, segundo ele. É uma visão bem equivocada. O filme simplifica muito o que está expresso no livro do Luiz Eduardo Soares.

Como foi a sua relação com a Netflix para a produção do documentário? Eles em nada se envolveram ou palpitaram, deram carta branca? E como vê essa estratégia – que se arvora plural e neutra – da plataforma de fazer conviver ali obras que abordam a diversidade, o racismo, feminismo, mas por outro lado também tem produções com viés claramente conservador? 

Tenho sim uma participação com produtos da Netflix. Não fui eu que negociei a produção. Entrei nessa ação como objeto, como o tema do documentário. Me beneficiou, achei muito interessante. Não tenho muito como dizer o que a Netflix é, ou deixa de ser. Acho, sim, que é uma ferramenta importante do capitalismo cultural hoje. É uma plataforma que procura manter uma amplitude no alcance, mas certamente deve corresponder a um desejo de formação ideológica com uma determinada inflexão.

Movimentos democráticos, movimentos LGBT, o feminismo e outras ideias interessantes encontram espaços para veicular seus filmes e documentários, suas mensagens e trabalhos na Netflix.

É uma plataforma ideológica, mas também comercial. E essas coisas todas têm também um sentido de ser um produto comercial. Não vou boicotar a Netflix, por causa da série O Mecanismo, que eu não estou assistindo, mas sei do que se trata. Conheço os filmes do Padilha o suficiente para me interessar ou não me interessar a ver. Não estou me proibindo de nada. Sei lá, Narcos também não quero ver, sabe? Enfim…

registrado em:         

DOCUMENTÁRIO ‘NOSSOS MORTOS TÊM VOZ’, RELEMBRA VÍTIMAS DO ESTADO

Março 29, 2018
Documentário ‘Nossos Mortos Têm Voz’ relembra vítimas do Estado
Na pré-estreia do filme, no Cine Odeon, assentos foram simbolicamente reservados às vítimas da violência policial
por Redação RBA.
 
                                               REPRODUÇÃONossos Mortos

Pré-estreia do documentário marcou os 13 anos de chacina que vitimou 29 pessoas na Baixada Santista

São Paulo – O documentário Nossos Mortos Têm Voz, que traz relatos de familiares de mortos por agentes do Estado na Baixada Fluminense, teve sessão especial na terça-feira (27), no tradicional Cine Odeon, no centro do Rio de Janeiro, e reuniu, além dos familiares, ativistas de direitos humanos e pesquisadores. Na pré-estreia, que também marcou os 13 anos de chacina em que 29 pessoas foram mortas por policiais, os assentos foram simbolicamente reservados para as vítimas do Estado, em sua maioria, jovens negros e pobres. Em meio à intervenção militar no Rio, os parentes cobraram punição aos envolvidos.

O diretor do filme, Fernando Sousa, destacou longa histórico de articulação entre grupos de extermínio e agentes de Estado, que transformou o assassinato em “mercadoria política”. “O que a gente busca é chamar a atenção para essa realidade de violência de Estado na baixada fluminense, em que há uma articulação complexa dessas redes criminosas com diferentes órgãos”, afirmou à repórter Vanessa Nascimento, para o Seu Jornal, da TVT

Mãe de uma das vítimas da violência perpetrada pelo Estado, Marizete Rangel diz que essa é uma dor que não cessa. “É normal os filhos enterrarem os pais, não os pais enterrarem os filhos. Os assassinos estão soltos até hoje. Quem está presa sou eu, e a minha família, presos nessa dor.”

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT:

CONHEÇA PLATAFORMA GRATUITAS DE FILMES PARA ‘FUGIR’ DE NETFFLIX

Março 28, 2018
ALTERNATIVA
Plataformas independentes de vídeos reúnem filmes que tiveram os direitos autorais cedidos para livre-exibição
por Redação RBA.
 
REPRODUÇÃO/LIBREFLIXlibreflix

Libreflix tem filmes que tratam do combate ao racismo, o poder das grandes corporações, o fim da privacidade, dentre outros

São Paulo – Após a insatisfação criada pela recém-lançada série O Mecanismoque escancara uma tentativa de manipulação dos fatos históricos, cresce o movimento para se buscar alternativas àquela plataforma para o streaming de filmes, séries e documentários. Uma rápida busca pela internet oferece diversos resultados – gratuitos – para todos os gostos. Confira algumas:

Libreflix

Libreflix, criada em outubro de 2017, é uma plataforma brasileira de vídeo que oferece longas, curtas-metragens e séries, de documentários e ficção, para serem assistidos online gratuitamente. “Aberta” e “colaborativa”, a plataforma de streaming reúne produções audiovisuais independentes que “fazem pensar”, segundo descrevem os criadores. 

Em meio às obras que tiveram seus direitos autorais cedidos – que os produtores classificam como “livre-exibição” – , o usuário encontra, por exemplo, documentários que abordam temas ligados ao combate ao racismo, sobre o poder das grandes corporações, o fim da privacidade e a luta por uma internet livre, o poder da mídia ou ainda sobre o uso sem controle de veneno nas lavouras do agronegócio, além de títulos conhecidos como Human – O que faz de nós humanos?Quebrando o TabuZeitgeist

Entre os filmes ficcionais, destaque para o clássico Metrópolis, – do cineastra austríaco Fritz Lang, uma das obras fundamentais da ficção científica – e o nacional Antes que Ela Vá, que conta a história de um jovem casal prestes a se separar, porque ela planeja estudar em Paris. 

Há ainda a badalada série brasileira de ficção científica 3%, que conta a história de jovens que ao completar 20 anos disputam uma vaga em um “novo mundo” livre de privações, além dos episódios de Castelo Rá-Tim-Bum.

Butter

Desenvolvida pelos mesmos criadores da PopcornTime – conhecida plataforma pirata de vídeos –, a Butter é a versão legalizada do serviço. Como a Libreflix, funciona com filmes de “conteúdo aberto”. Também de caráter colaborativo, a ideia é oferecer ambiente seguro de eventuais complicações legais com violação a direitos autorais.

Hulu

Especializada em séries, a Hulu é uma das alternativas mais populares à Netflix. Traz sequências como Modern Family, Bones, e as animações Rick e Morty, e Os Simpsons. Apesar de oferecer conteúdos gratuitos, propagandas são veiculadas em meio à programação, e o usuário pode ter limites na transferência de dados. Na versão paga, caem as restrições e publicidades. 

Philos

Com o primeiro mês grátis, a plataforma Philos oferece espetáculos e documentários sobre o mundo das artes, história e ciências. 

RENATO ROVAI – PABLO VILLAÇA: “O PROBLEMA DE ‘O MECANISMO’, NÃO É SER DE DIREITA. É SER MUITO RUIM”

Março 27, 2018
  O jornalista e editor da Fórum, Renato Rovai, entrevistou, na noite desta segunda-feira (26), o crítico de cinema, professor e editor do site “Cinema em Cena”, Pablo Villaça. O crítico é um dos mais respeitados do país e seu site, fundado em 1997, é o mais antigo sobre o assunto da internet brasileira. Pablo foi um dos primeiros a reagir negativamente à série “O mecanismo”, de José Padilha e, consequentemente, anunciar o cancelamento de sua conta no Netflix.

Sobre a série “O Mecanismo”, Villaça ressaltou que, “apesar de considerar o Paulo Padilha um grande cineasta, a série, a despeito de ser conservadora e de direita – com todo o direito de fazer isso – é muito ruim.

Ele fez questão de lembrar que gostou de vários filmes de direita, como o “Sniper Americano”, de Clint Eastwood e detestou outros de esquerda, como “Lula, O Filho do Brasil”.

Para ele, no entanto, “O Mecanismo” tem um roteiro muito pobre, a narração do Selton Melo tem momentos em que não se consegue entender nada, a mixagem é problemática, enfim, tem vários problemas sérios”, disse.

Ao deixar o Netflix, Pablo aproveitou para indicar vários outros serviços de Streaming, como o MUBI, e fez questão de ressaltar que o Netflix está longe de ser o único e tampouco o melhor serviço do gênero à disposição no Brasil.

“As pessoas perguntam o que vão assistir, pois o Netflix oferece muitas opções. Não é verdade isso. Existem várias outras opções. O MUBI, por exemplo, ao contrário do Netflix, tem uma curadoria e você encontra filmes que não vê em lugar nenhum. Tem o Amazon Prime, que também tem uma seleção muito boa entre outros”.

Pablo falou ainda sobre a situação política atual do Brasil entre outros assuntos. Assista aqui a entrevista completa.

PADILHA AGIU COM A INTENÇÃO DE MANIPULAR UM PROCESSO POLÍTICO EM CURSO

Março 26, 2018

por Luis Felipe Miguel

A Folha de S. Paulo traz, em seu caderno de variedades, reportagem encimada pelo título: “Dilma diz que José Padilha distorceu fatos em série”. Dentro, o texto aponta – timidamente, mas aponta – algumas das manipulações presentes no seriado (a atribuição de frase emblemática de Jucá a Lula, a cronologia do caso Banestado). O título, no entanto, faz parecer que é só bate-boca, reclamação de político contra críticas. Na verdade, Dilma não “diz que”. Dilma aponta que Padilha distorceu.

Há duas questões imbricadas, aqui. Uma é o seriado. Não resta dúvida que Padilha e Netflix buscam reforçar a narrativa maniqueísta da Lava Jato e a criminalização do PT e da esquerda. Com estreia logo antes do início da corrida eleitoral, no momento em que se esperava a prisão arbitrária de Lula, fala para a classe média que começa a balançar em seu apoio ao golpe e também para o público internacional, já que a narrativa do “impeachment” tem cada vez menos força no exterior. Colocar a frase de Jucá na boca de Lula é especialmente grave. “Grande acordo nacional” e “estancar a sangria” têm funcionado como gatilhos para lembrar que o golpe não foi dado para moralizar o Brasil. Para os espectadores de Padilha, o gatilho funcionará com sentido oposto.

Não se trata de “liberdade de expressão” e de “ficcionalização de fatos”. A amplitude para elas (liberdade, ficcionalização) é grande e inclui seus efeitos políticos. Quando o filme de Jonathan Teplitzky mostrou Churchill se inspirando no povo comum no metrô de Londres, com destaque para seu diálogo com um homem negro, sua “licença poética” cumpriu o papel de mascarar o elitismo e o racismo do então primeiro-ministro, bem como de transmitir uma mensagem adulterada do sentido da Segunda Guerra para o governo britânico. É um efeito político. Mas Padilha ultrapassa outras fronteiras. Ele chega à difamação, que é crime tipificado no código penal. Ele distorce a história recente – fatos acima da possibilidade de contestação, como quem falou a frase de Jucá, quando começou o caso Banestado, quem era o advogado de Alberto Yousseff – com a intenção deliberada de manipular um processo político em curso. Ele coonesta o discurso de ódio contra o ex-presidente Lula e se torna cúmplice das agressões cada vez mais violentas que ocorrem contra ele.

A outra questão é a reportagem da Folha. Numa boa coluna, ontem, a ombudsman Paula Cesarino Costa indicou o papel do jornal na difusão das mentiras sobre Marielle Franco. A Folha foi quem repercutiu a postagem da desembargadora. E a matéria da Folha serviu de fonte “fidedigna” para que o site Ceticismo Político, do MBL, iniciasse sua campanha difamatória. A reportagem até indicava o contraditório num de seus parágrafos, mas seu título era: “Magistrada diz que Marielle tinha elo com bandidos”. Como Costa bem lembra, o próprio Manual de redação, cuja nova edição a mesmíssima Folha lançou com festejos recentemente, lembra que “títulos e subtítulos constituem o principal, quando não o único, ponto de contato de muitos leitores com a notícia”. Ao apresentar no título a informação mentirosa, sem contestação e atribuindo-a a uma figura de autoridade (“magistrada”), a Folha deu curso à mentira.

Em texto clássico sobre o processo de produção da notícia, Gaye Tuchman fala das estratégias de “evasão de responsabilidade”. Uma das principais é privilegiar as declarações de fontes; em vez de reportar o mundo, o jornalismo reporta o que alguém fala sobre o mundo. No caso da desembargadora, a Folha se eximiu de apontar que ela mentia. No caso de Dilma, de apontar que ela dizia a verdade. A opção é diferente nos dois casos, mas serve aos mesmos propósitos.

O jornalismo corporativo, Folha à frente, usa o fantasma das “fake news” para se legitimar. A Folha mesma abusa do recurso a agências de “fact checking” para avaliar a veracidade de declarações de políticos. Na hora de desonrar a memória de Marielle Franco ou açular o antipetismo hidrófobo, no entanto, nenhum fato precisa ser checado.

 

EMICIDA: ‘O BRASIL CARECE DE HISTÓRIAS DE PRETOS BEM SUCEDIDOS’

Março 25, 2018
RAP
Cinebiografia do rapper paulista começa a ser filmada no segundo semestre deste ano
por Redação RBA.
 
                                         DIVULGAÇÃO

Emicida

Emicida ao lado de seu irmão e empresário Evandro Fióti e o produtor Rodrigo Teixeira

Talvez Emicida, nome artístico de Leandro Roque de Oliveira, não tivesse a mais vaga ideia de onde realmente chegaria quando lançou sua primeira mixtape, Pra Quem Já Mordeu Cachorro por Comida, Até que Eu Cheguei Longe, em 2009. Provavelmente, ele não imaginava que depois de pouco mais de 10 anos do lançamento do hit Triunfo, veria sua história contada nas telas dos cinemas. Foi o que anunciaram esta semana a produtora RT Features e a gravadora Laboratório Fantasma.

Ainda sem título definido, as filmagens da cinebiografia de Emicida devem começar no segundo semestre de 2018, sob a direção do cineasta baiano Aly Muritiba, que fez Para Minha Amada Morta, A GenteFerrugem, entre outros. O roteiro, que já está sendo desenvolvido em parceria com o rapper, deve debruçar nos momentos-chave da vida de Emicida, como a vitória na maior batalha de rimas do Brasil, aos 21 anos de idade, a reprovação da mãe, Dona Jacira, que não queria o filho envolvido com a música, a relação com o irmão mais novo, Evandro Fióti, também rapper e dono da Laboratório Fantasma, e seus dias como atendente na rede de fast food McDonald’s.

“Eu já tinha a ambição de invadir os cinemas, acho que construímos uma trajetória que, de alguma maneira, desaguaria nisso. A Laboratório Fantasma tem se aproximado lentamente do entretenimento e estendido seus tentáculos para além da música há algum tempo, tanto que participamos da SPFW (São Paulo Fashion Week), por exemplo. Estamos no meio de uma pesquisa bastante profunda para batermos o martelo em qual recorte usaremos, pois tem bastante assunto, fizemos muitas coisas, ano que vem completa 10 anos de nossa primeira mixtape, é uma efeméride importantíssima. O Brasil carece de histórias de pretos bem sucedidos sendo contadas em grande escala e por nós mesmos, nesse sentido já nascemos revolucionários”, declara Emicida em nota oficial.

O longa-metragem será feito pela mesma produtora responsável pelos filmes nacionais O Abismo PrateadoTim MaiaAlemão e O Silêncio do Céu, além de Frances HaLove Is StrangeIndignationA BruxaPatti Cake$, A Ciambra e o premiado Me Chame pelo Seu Nome, produzidos no exterior. “Estou muito feliz e honrado em poder contar a história de um dos principais artistas da música da atualidade no Brasil. Levar a trajetória do Emicida para as telonas é de um orgulho e uma responsabilidade enormes. Mas, ao mesmo tempo, é muito prazeroso poder contar uma história de vida tão inspiradora quanto a dele”, afirma o fundador e diretor da RT Features, Rodrigo Teixeira, que prevê o lançamento do longa em 2019.

GUSTAVO CONDE: O TERRITÓRIO DO SAMBA

Março 24, 2018

Por Gustavo Conde – Noel teve um parto difícil. Nasceu a fórceps. Sua hipoplasia também lhe marcou pelo resto da curta vida. O queixo mal desenvolvido, contudo, parece ter lhe dado mais personalidade e inteligência do que propriamente uma condição social de pária estético. A silhueta de Noel se tornou um ícone, uma imagem musical, um sinônimo visual de delicadeza, uma marca singular de beleza associada à vivência.

Noel, em 26 anos de vida, namorou mais do que muita gente em 100. Sua boemia associada ao talento narrativo constituiu uma coquetel explosivo de criação. Foram 300 músicas em 6 anos. Ouvir Noel Rosa é ser transportado para o Rio de Janeiro de 1930, mas é ser também transportado para um universo único, composto de samba e de Vila Isabel.

O poeta da Vila deu vida às personagens populares: a operária, o trabalhador, o alfaiate, o gago, o garçom, o cliente, o sambista, o playboy, o bacharel do morro. Sua origem classe média (na verdade, classe trabalhadora, pois seus pais eram singelos comerciantes) o permitiu ingressar na faculdade de medicina, mas sua veia boêmia e popular o arrastou para o botequim (para a nossa felicidade).

Essa injunção também colaborou para a singularidade de sua música: o compositor é “bem nascido”, mas não se deslumbrou com as fragilidades de se portar uma falsa cultura erudita, enxergando beleza com muito mais facilidade e amplitude no cotidiano do trabalhador que vai ao bar tomar a sua cervejinha.

Noel é o Maikóvski à brasileira, o revolucionário malandro. Aquele que desdenha a fria origem aristocrata e mergulha no calor da vida real urbana, passional, complexa, intensa. Desse eixo existencial, construiu seu amor profundo pela Vila e pelo samba.

Patente também é seu amor e seu respeito pelo “outro”, pelo “ser social” que habita as noites do centro e da periferia. Noel Rosa visualiza e permite visualizar toda a humanidade que atravessa a vida de um cidadão comum.

Esse traço, na visão do jornalista Leonardo Attuch, é impregnado de sentido político, pois o poeta da Vila se aproxima do povo e passa a fazer parte deste povo, experimentando as dores, as paixões, as frustrações e os desejos que permeiam todo o imaginário popular: a falta de dinheiro, os desafios mútuos em registro de troça, a paixão pelo samba, a identificação com o morro e a ocupação do mais importante e crucial espaço urbano, coração de toda e qualquer urbanidade: o bar.

Poder-se-ia dizer também que o samba de Noel Rosa foi puro rock’n’roll. Se Janes Joplin morreu com 27, Jimmy Hendrix morreu com 27, Jim Morrinson Morreu com 27, Brian Jones morreu com 27, Kurt Cobain morreu com 27, Amy Winehouse morreu com 27, Noel Rosa morreu com 26. Até nisso ele foi original.

Noel é elemento central não apenas na compreensão da música popular brasileira, mas ele figura no panteão máximo de toda a cultura brasileira. Suas letras são mais valiosas para a compreensão do país e do Rio de Janeiro da década de 30 que a maioria dos tratados sociológicos que possam ter almejado essa tarefa. Essa é a força descomunal da arte: ela supera a ciência como fonte narrativa e de referência. Já diriam os melhores e mais insuspeitos historiadores: se quiser conhecer a Inglaterra vitoriana, vá ler Oscar Wilde.

Noel organizou a “massa disforme” que era a música popular até a década de 20. Até 1920, a música popular era feita basicamente só de refrão. Eram marchinhas de carnaval e proto-sambas. Noel inseriu a primeira e segunda partes e o refrão soberano, organizado, que “puxa” a massa de sentidos que dançam – ou sambam – na canção. Foi um inovador, que definiu toda a música brasileira que lhe sucedeu.

O poeta da Vila e do samba devastou a vã filosofia do malandragem ingênua que imperava nas noites cariocas. Na polêmica com Wilson Batista – que teria menosprezado a Vila Isabel – compôs “Palpite Infeliz”, clássico absoluto de todo e qualquer cancioneiro nacional.

Para a origem do samba, o misto de tristeza e alegria, subscrito na paixão pela Vila, elaborou “Feitio de Oração”, uma samba-cadente de profunda beleza melódica e delicada dicção narrativa, recheada de cápsulas filosóficas e apelações passionais-existenciais.

Lidou com a projeção simbólica de sua deformação facial para outro estereótipo social, com extrema elegância, delicadeza e domínio assombroso da métrica: compôs “Gago Apaixonado”, uma das obras-primas da canção popular.

A obsessão pelo tema da vestimenta o fez compor “Tarzan, o filho do alfaiate”. Trata-se, formalmente, da simplicidade dos temas pouco ambiciosos que, ao final, tornam-se tratados sociológicos – por, justamente, lidar em samba, com tanta leveza e naturalidade, com práticas sociais pouco valorizadas.

A admiração pela mulher operária resultou em “Três Apitos”. “Conversa de botequim” pode ser caracterizada como um tratado do nosso escravagismo endêmico, de maneira crítica e muito inteligente: o cliente que massacra o empregado (o garçom) com sua lógica de patrão.

Evidentemente, Noel defende o garçom com seu corrosivo bom humor em forma de desdobramento enunciativo: a voz que dali emerge não é a do cliente mal educado, mas faz alusão indiretamente a essa herança social de nosso espírito escravocrata.

O tema da vestimenta no corpo social que se “cobre” para significar (Com que roupa?), o drama da perda (Último desejo), o amor incondicional e tocante à Vila Isabel (Feitiço da Vila). Noel é um manancial de intensidades e de (des)acelerações narrativas – quando ele fala da Vila, ele se torna menos engraçado e mais emotivo; quando fala dos amigos, cai no senso apurado e inteligente do humor trocadilhesco e linguístico.

Noel era impetuoso em lidar com os sentidos. Não se rendia a convenções. Furava blocos inteiros de clichês idiomáticos e fazia deles sua matéria-prima. Daí sua força. Seu uso verbal – a dimensão das ações concretas ou psicológicas – é singular.

Ele se apodera do regime semiótico e das cifras de extensão e duração dos elementos verbais e os re-molda à sua maneira: “Vou me defendendo”, “”sorrir de nostalgia”. Trata o coloquialismo com extrema elegância e rigor poético, dando às canções sempre um verniz raro de apuro estético ao mesmo tempo em que as mergulha na dimensão popular.

O samba é o centro irradiador de todo o sentido de Noel. Se ele pudesse se transformar em outra coisa, ele se transformaria em samba. E não é o samba concreto apenas, é o samba no conceito. Da mesma maneira que Louis Armstrong entende que o jazz não é um “o quê”, mas um “como”, Noel concebe o samba. O samba, para Noel, é muito mais que um gênero. É uma paixão, um sentimento, uma filosofia, um norte, um território. O Território Noel Rosa.

FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA COMEÇA NA PRÓXIMA TERÇA (27) COM MAIS DE 400 ATRAÇÕES

Março 24, 2018

Com o tema “festival para todos”, a 27ª edição terá espetáculos teatrais e musicais, além de oficinas e palestras

Redação

Brasil de Fato | Curitiba (PR)

O público infantil pode assistir diversas peças gratuitas e outras realizadas na rua, como “A Bruxa e o Lobo”  - Créditos: Divulgação
O público infantil pode assistir diversas peças gratuitas e outras realizadas na rua, como “A Bruxa e o Lobo” / Divulgação

Na próxima terça-feira (27), começa o 27º Festival de Teatro de Curitiba que faz da capital paranaense e da região metropolitana palco de artistas de todo o Brasil. O festival segue até 8 de abril, com mais de 400 apresentações de teatro, música, oficinas e palestras. Com o tema “festival para todos”, a edição tem espetáculos com preços que variam de gratuito a R$ 70.

Só na rua, são mais de 70 apresentações e um público estimado de 30 mil pessoas.  O festival apresenta outras 384 sessões grátis e 138 no sistema “pague o quanto vale”, no qual o público escolhe o quanto paga. 

O Festival de Teatro está presente em mais de 90 espaços de Curitiba e da Região Metropolitana, com atividades em áreas públicas de Pinhais, São José dos Pinhais e Araucária. Já em Curitiba, haverá atrações próximas a bairros como CIC, Centro, Boqueirão, Boa Vista, Tatuquara, Alto da Glória, Hugo Lange, Batel e Tarumã.

Os ingressos estão à venda no site do Festival e também no Shopping Mueller e no Park Shopping Barigüi.

Peça “Domínio Público”

O espetáculo “Domínio Público” foi feito especialmente para o festival e tem a presença de artistas que causaram polêmicas em 2017. Um deles é o performer Wagner Schwartz, responsável pela idealização e encenação de “La Bête”, na qual permanecia nu enquanto o público podia manipular seu corpo, colocando-o em diferentes posições. 

Os outros artistas que compõem o elenco são a atriz travesti Renata Carvalho (que interpretou Jesus na peça “O Evangelho Segundo Jesus, a Rainha do Céu”) e Maikon K (paranaense que chegou a ser detido durante uma performance em Brasília por estar sem roupas).

Para as crianças

Os pequenos poderão assistir a boa parte dos espetáculos gratuitos. Um exemplo é a peça “A Bruxa e o Lobo”, da Cia GiKlaus, que será apresentada na Praça Menonitas (no Boqueirão), no Bosque do Trabalhador (na Cidade Industrial) e na Feira Livre do Alto da Glória.

Edição: Júlia Rohden

OPINIÃO| GERALDO VANDRÉ EM SHOW HISTÓRICO: MAIS BELO QUE MILHÕES DE “FORA TEMER!”

Março 23, 2018

PARAÍBA

“Quando entrou a orquestra e ele não entrou, fiquei desconfiado: será que ele não vai cantar?”

Marcos Antônio Freitas de Araújo*

Brasil de Fato | João Pessoa (PB)

Na noite desta quinta-feira (22), Geraldo Vandré voltou aos palcos em apresentação em João Pessoa - Créditos: Secretaria de Cultura/Governo da Paraíba
Na noite desta quinta-feira (22), Geraldo Vandré voltou aos palcos em apresentação em João Pessoa / Secretaria de Cultura/Governo da Paraíba

Vandré foi um ótimo ator. Meio atrapalhado e desnorteado, às vezes esquecia o texto e roteiro. Também pudera, 50 anos longe desse lugar sagrado: o palco. Agora, diante de um público ansioso que queria um Vandré 50 anos mais jovem, com cara de Che. Eu também queria, não vou mentir. Mas o que tínhamos diante dos olhos era um velhinho inofensivo.

Estremeci quando ouvi sua voz. Lembrei de Aroeira. Lembrei de “Quanto mais eu ando, mais vejo estrada, mas se eu não caminho eu não sou é nada…”. “Fica mal com Deus, quem não sabe dá. Fica mal comigo, quem não sabe amar!”

Ele começou cantando em espanhol. Depois declamou uma poesia do soldado que não sabia se estava vivo ou morto. Talvez morto-vivo! 

Quando entrou a orquestra e ele não entrou, eu fiquei desconfiado: será que ele não vai cantar mais nenhuma canção?

A orquestra toca e o coral sinfônico canta Fabiana, música escrita para Força Aérea Brasileira – FAB. Em seguida, Para não dizer que não falei das flores. Porra! Cadê, Vandré?

A “Véia” (Vera, da MMM) se levanta das fileiras da frente e sobe as escadas até o fundo da Sala de Concertos José Siqueira. A orquestra encerra Caminhando acompanhada de um coro, que agora é de 800 pessoas, uníssonas!

O maestro anuncia a última música, ponho-me de pé indagando: Cadê, Vandré?

Antes do maestro encerrar, Vandré entra com o seu dedo esgrimando o ar. Cochicha no ouvido do maestro e passa a fazer os agradecimentos.

Agradece a Lau Siqueira, secretário de Cultura, e sua equipe que cuidou dele com uma atenciosa amizade.

Agradece o responsável por ele estar ali, o autor do convite, o governador Ricardo Coutinho. 

Por fim, agradece um almirante de mar e terra que eu nem conheço, nem faço questão.

O melhor vem agora. Alguém coloca uma bandeira do Brasil no palco. E ele canta: Pátria Amada…. “Se é pra dizer adeus/Pra não te ver jamais/Eu, que dos filhos teus/Fui te querer demais…”.  Música muito bonita por sinal. Mas não era essa que eu queria.

É aplaudido. Mais uma vez, esgrima o ar, se esquiva por entre os pedestais, vai ao público e arrasta Ricardo para ao palco. Mais aplausos!

Com um gesto de braço, devolve Ricardo a plateia. Com outro, agarra a flâmula Nacional. Se põe de pé e diz: “vou cantar só um pouquinho dessa: Lálálaia! Lálálaia! Lálálaia! Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Somos todos iguais/Braços dados ou não/Nas escolas, nas ruas/Campos, construções/Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Vem, vamos embora/Que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer…”.

Cantou todinha! Foi muito lindo! A continência, ao final, antes de ser pra o general, foi para o Povo de sua Terra. De sua Pátria Amada.

Sobre os militares: nem todos são golpistas. Não esqueçamos das revoltas tenentista e da chibata. Não esqueçamos dos Pracinhas, nossos bravos soldados que lutaram contra nazifascismo na Europa na Segunda Guerra, que em 2012 foram homenageados pelo Levante Popular da Juventude. 

Dona Elizabeth Teixeira surpreendeu-me, em um de seus discursos, ao dizer que, quando foi presa em 1964, tinha sido muito bem tratada pelo Exército Brasileiro. Fez balançar a imagem negativa que eu havia generalizado das Forças Armadas.

Nem todo patriotismo é burro. Acredito que as trabalhadoras e os trabalhadores são uma só classe, mas que os povos têm uma história e uma identidade. Somos brasileiros e nos orgulhamos disso. Essa identidade mobiliza nosso povo.

Ontem, ver e ouvir Vandré cantar “Caminhando” valeu por mais de 200 milhões de “Fora, Temer!” 

Foi emocionante, lindo e necessário.

*Marcos Freitas militante da Consulta Popular e da Frente Brasil Popular na Paraíba. Texto escrito sobre o Concerto em homenagem a Geraldo Vandré, realizado em João Pessoa nos dias 22 e 23 de março. O evento marca o retorno aos palcos do cantor e compositor, símbolo da luta contra a ditadura, 50 anos após seu último show.

Edição: Monyse Ravena