Archive for Janeiro, 2012

Sarau da Cooperifa “Especial 10 anos” no Auditório Ibirapuera

Janeiro 31, 2012

O Sarau da Cooperifa é um movimento Cultural que tranformou o bar do Zé Batidão na periferia de São Paulo em centro cultural. No mês de outubro de 2011 completou 10 anos de atividades poéticas e artísticas na comunidade do Bairro de Piraporinha e região.

Depois de comemorar em grande estilo o aniversário de uma década, realizando a 4ª Mostra Cultural, agora realiza um sarau especial com música e poesia em um dos palcos mais importantes da cidade, o Auditório do Ibirapuera.
Um espetáculo simples, mas com a mesma pegada do sarau que acontece todas as quartas-feiras no extremo sul da periferia paulistana. Além de contar com as participações luxuosas dos grupos Záfrica Brasil e Versão Popular.

Imperdível e grátis.

Serviço:

SARAU DA COOPERIFA “ESPECIAL 10 ANOS” NO AUDITÓRIO DO IBIRAPUERA

Sexta-feira 3 de fevereiro 21h (entrada franca)

Com: Záfrica Brasil, Versão Popular e Poetas da Cooperifa

AUDITÓRIO DO IBIRAPUERA
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº Portão 2 – Parque do Ibirapuera
São Paulo – SP

Informação importante:

Ingressos disponíveis ou retirar com 1 hora de antecedência no dia do espetáculo.

Fonte: Negodito

A periferia vai ocupar toda a cidade em arte de qualquer parte. Pinheirinheizar a luta poiética contra a mortandade da polícia e do estado.

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Janeiro 31, 2012
Londres , começo de janeiro de 1874

Mercado em Constantinopla ( 1868) , PASINI



 Mercatto in Constantinopla ,  Madrid, Museo Thyssen-Bornemisza

Van Gogh que está em Londres e respira arte e escreve para o irmão suas percepções , desejos e faz uma troca de pintores que admira:

“Escrevo abaixo alguns nomes de pintores de quem eu gosto particularmente: Scheffer, Delaroche, Hébert, Feyen-Perrin, Eugène Feyen, Brion, Jundt, George Saal, Israels, Anker, Knaus, Vautier, Jourdan, Jalabert, Antigna, Compte-Calix, Rochussen, Madrazo, Ziem, Boudin, Gérôme, Fromentin, Tournemine,  Pasini,…”.

Alberto Pasini foi um pintor e litografo italiano conhecido por suas pinturas orientalistas feitas em viagens na Turquia, Constantinopla e Oriente Médio. Ele foi o pintor mais importante e que mais viajou de todos os Orientalistas italiano, tendo sucesso em toda Europa. Em seus diários de viagem ele se revelou um obsevador preciso dos costumes, arquiteturas e paisagem, com um repetortagem etnográfica.

Nascido no dia 3 de setembro de 1826 em Busseto sendo o último de cinco filhos. Aos dois anos de idade perde seu pai Giuseppe e então sua mãe Adelaida Crotti Balestre se muda com ele para Parma, onde moram com seu tio, o pintor e miniaturista Antonio Pasini que era colaborador do tipografo Bodoni. Aos 17 anos entra para Academia de Belas Artes de Parma (Accademia di Belle Arti di Parma) escolhendo o estudo das paisagens com Guiseppe Boccaccio e Girolamo Magnani e posteriormente foi levado para Paolo Toschi com quem aprendeu litografia e foi comissionado a produzir litografias de 30 vistas de castelos nos arredores de Piacenza, Lunigiana e Parma.

Depois de lutar na primeira Guerra de independência foi para Turin e logo para Genova em 1851 e Paris no mesmo ano. Lá ele se tornou familiar com o trabalho da Escola de Barbizon e passa a estudar com Toschi Henriquel Dupont e junto com o aquarelista e gravurista Eugene Ciceri e posteriormente com o membro de Barbizon Théodore Rosseau, com quem fez sua primeira participação no Salon parisiense com a litografia “A tarde”. Em 1855, graças ao interesse pelo pintor Théodore Chassériau, ele aceitou participar como esbocista de uma missão diplomática do governo francês para Pérsia brotando então o seu interesse pelo orientalismo, que esteve presente na maioria de suas pinturas desta época. A missão continuou na Turquia, Síria, Armênia, Arábia Saudita e Egito, auxiliando em diversos estudos e lhe trazendo reconhecimento como um talentoso colorista, esbocista e pintor de luz. Ele foi um narrador vivo e ilustrador estrito da realidade onde dificilmente se vê algum traço de romantismo e está totalmente ausente traços simbolistas, doutrina que estava em decadência.

Em 1859 ele fez sua segunda viagem para o Oriente Médio parando em Cairo, cruzando o desero do Sinai, junto com as costas libanesas e finalizando a viagem em Atenas. Em 1860 se casou com Marianna Celli, que permaneceu sua companheira durante toda vida, e com quem teve sua filha Claire em 1862. No verão de 1865 passou algum tempo em Cannes, onde pintou as paisagens brilhantes da Riviera françesa. Dois anos depois partiu novamente para Constantinopla, patronado pelo Embaixador francês Bourée e posteriormente indo para Turquia sob a comissão do Sultão Abdul Aziz. Devido a guerra de 1870, ele retornou para Itália e passa a morar em Cavoretto, nas colinas de Turin na Itália, fazendo visitas frequentes para Veneza e Paris. É desta época que ele faz seus estudos atmosféricos de Veneza.

De volta a Paris, ele exibiu no Salão e foi agraciado com a Legião de Honra francesa dada por Napoleão III em 1878. Além disso ele recebeu diversas comissões do “Scià” da Persia e do Sultão de Constantinopla. O mesmo “Scià” da Pérsia lhe deu o titulo de “ddel Leo e o Sol” e recebeu ainda a “Ordem de São Maurício e Lazaro” do governo Italiano.

Em 1883 ele passa um mês em Grenade em um retiro junto com os pintores Gérôme e Aublet Albert. Em 1895 ele participa do Comitê patrocinador da Bienal de Veneza, sendo ainda membro do juri da Esposizione Nazionale em Turin em 1898. Sua existência serena e frutírera (com mais de 1.000 pinturas) terminou no dia 15 de dezembro de 1899 na cidade italiana de Cavoretto. Em vida ele foi professor de  Emile Regnault de Maulmain e Adrien Jacques Sauzay. Suas cenas orientais com esboços antológicos e grande sensibilidade de cor são, apesar de sua pincelada mais solta, são similares em resumo dos efeitos daquelas de Edwin Lord Weeks. Realmente sua justaposição de diferentes tipos sociais trouxe junto traços comuns de troca e religião, seu senso natural de composião e forte sentido de realismo, combinam em seus trabalhos para criar uma imagem impactante. Sempre focando a delicadeza da luz presente no Oriente.

SOBRE A OBRA

Neste pequeno e fascinante quadro há elementos próprios da temática predileta de Pasini, expressados com elegância e um resplandecente iluminismo muito eficiente. A obra de 1868, representa uma cena com muitas imagens situadas junto à uns barcos atracados, carregados de mercadorias e com velas arriaadas, e que se vê o mar e a inevitável mesquita de Yeni Djami.

As embarcações situadas no Estreito de Bósforo e manifestavas sobre a tela com uma técnica mais consisa e meticulosa que os outros atelier que realiza o pintor- seu reflexo na água, o entrecruzado dos mastros, as escalas da corda e os cabos das velas abatido, dão lugar a uma imagem animada que recorta nitidamente contra o fundo a mesquita e o céu.

A técnica pictórica espontânea, quase própria de um esboço, é precisa e cuidada, como se o artista houvesse pintado o quadro do natural. Os efeitos atmosféricos são cristalinos ou difusos, e neles dominam um tom cinza pérola que fundem com o céu e o horizonte longínquo, interrompido em alguns lugares pelos vermelhos e amarelos pelos trajes femininos, que conferem vivacidade na zona do povo em primeiro termo, imersa em uma nuvem de poeira cinza rosácea.

Todo ele está em perfeita sintonia com o interesse do artista pelo natural que domina sua obras desde o retorno a Paris, após sua primeira viagem à Pérsia em 1856.

Pasini, que foi um grande desenhista, como advertiram seus mestres de pintura na academia de Parma, nunca deixou de pintar do ambiente natural unicamente com um fim documental, sendo que desde o início se dedicou a ele com uma técnica admiravel, elegendo alguns temas orientais pitorescos sem que lhe faltasse originalidade.  Em 1868 quando viaja a Turquia descobre Estambul. A cidade de Constantinopla com sua vida animada e caracteristica luminosa que vibra os prédios e figuras leva a um tema constante sempre com uma imaginação renovada em diversos ângulos e perspectivas.

Alberto Pasini-  Autoretrato, Galleria degli Uffizi, Florença, 1888

Alberto Pasini-  Memória do Oriente, 1880, Art Institute of Chicago

Alberto Pasini- Jogadores orientais,  Parma, Museo Glauco Lombardi

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Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

O FREVO-MULHER DE AMELINHA

Janeiro 31, 2012

Composição de Zé Ramalho

 

Photo graphein: Yvon

Janeiro 30, 2012

POESIA AFRICANA

Janeiro 29, 2012

Lá no horizonte
o fogo
e as silhuetas escuras dos imbondeiros
de braços erguidos
No ar o cheiro verde das palmeiras queimadas

Poesia africana

Na estrada
a fila de carregadores bailundos
gemendo sob o peso da crueira
No quarto
a mulatinha dos olhos meigos
retocando o rosto com rouge e pó de arroz
A mulher debaixo dos panos fartos remexe as ancas
Na cama
o homem insone pensando
em comprar garfos e facas para comer à mesa

No céu o reflexo
do fogo
e as silhuetas dos negros batucando
de braços erguidos
No ar a melodia quente das marimbas

Poesia africana

E na estrada os carregadores
no quarto a mulatinha
na cama o homem insone

Os braseiros consumindo
consumindo
a terra quente dos horizontes em fogo.

Agostinho Neto (No reino de Caliban II –  antologia panorâmica de poesia africana de ex-pressão portuguesa)

POLÍTICA DE DIREITOS AUTORAIS E DE USO DE IMAGENS DO BLOG ESQUIZOFIA

Janeiro 29, 2012

O blog Esquizofia não possui qualquer atividade que tenha fins lucrativos e todos os conteúdos, imagens e textos que são produzidos exclusivamente pelo blog podem ser usados sem fins lucrativos por qualquer pessoa sem prêvia solicitação, mas mantendo a fonte.

Para facilitar geralmente os textos, poesias, contos, críticas de cinema produzidos pelo blog não são assinados, pois são de autoria do próprio blog. Também são produções deste esquizoblog os posts presentes nas seguintes  categorias/tags : poesia esquiza, contos esquizos e Beijos sem lábios. No caso das imagens elas apareceram com uma marca nela escrito (Foto: afinsophia, ou Foto: esquizofia).

Caso queira utilizar com fins lucrativos ou financeiros alguma imagem, material ou texto produzidos pelo blog é necessário entrar em contato para obter a anuência escrita da Associação Filosofia Itinerante (AFIN).

O trabalho do blog é de interesse estritamente coletivo a partir dos vários âmbitos. Todas as fotografias que são feitas pela AFIN em eventos de interesse público e colocadas no blog têm apenas a finalidade de comunicar, noticiar e levantar questionamentos racionais acerca dos temas. Entretanto a Associação Filosofia Itinerante entende que mesmo nas fotografias de um evento público podem haver participantes que desejam resguardar sua imagem, ou até o próprio nome por questões pessoais. Neste ponto a Associação ao ser contactada fará a retirada da imagem ou nome da pessoa independente do motivo pessoal, conforme resguarda o Capítulo II do Código Civil (Lei 10.406/2002) em seu Artigo 20 e 21 que resguarda a imagem, o nome e a vida privada. O mesmo ocorre na produção intelectual (textos, poesias, contos, pinturas, fotografias, etc) de outras pessoas que estão no blog. Caso estas se sintam ofendidas em ter seu material exposto por qualquer motivo, retiraremos prontamente.

Assim a Associação Filosofia Itinerante e o blog esquizofia reforça seu interesse e carater público e não lucrativo, respeitando o direito do uso de suas imagens, textos e produções.

Notas lambebotas

Janeiro 28, 2012

Gravura de Francisco de Goya y Lucientes presente na mostra

  • O cofre da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro foi aberto e dele foram pegos diversos tesouros raros… Só que estes segregos foram pegos para a mostra inédita “Mestres da gravura”, em cartaz no Museu Nacional dos Correios em Brasília. Parte do acervo de mais de 30 mil gravuras da BN traz obras a partir do Século XV. As gravuras tem uma importância histórica e vieram com a família real. De diversos artistas e escolas européias a mostra tem  obras de Albrecht Dürer, Lucas Cranach, Rembrandt van Rijn e Francisco de Goya y Lucientes.
  • O Centro Cultural  Banco do Brasil do Rio de Janeiro apresenta a partir desta  quarta (1)  até o dia 12 a mostra do cineasta e artista húngaro Péter Forgács reconhecido pelos seus cinemas re-familiares  e obras experimentais. Ainda pouco explorado pelo Brasil, é uma oportunidade para reconstruir imagens em movimentos de família que não lhe são familiares.
  • A cidade de Londres esta com seu Ballet esbasbacado. Isto pois o Royal Ballett, da Royal Academy of Dance sofreu o abandono de um de seus principais nomes o jovem ucraniano Sergei Polunin que a uma semana da estréia de um espetáculo  decidiu cair fora. Ele interpretaria  junto à romena Alina Cojocaru, o papel protagonista de “The Dream”, de Frederick Ashton e com partitura de Felix Mendelssohn. Segundo os jornais britânicos ele provavelmente irá ter uma vida fora do balé que é seu sonho e abrir um salão de tatuagens.
  • O Centro Cultural Correios de Recife continua nesta semana suas atividades formativas gratuitas. Hoje (28) a partir das 9h30  ocorre uma mesa de discussão sobre intercâmbios internacionais de arte com Celso Curi, o argentino Marcelo Castillo  entre outros. Amanhã (29) e segunda (30) ocorre às 13hrs e 18hrs respectivamente Debates de dança com diversos espetáculos além dos Debate de teatro para adultos com várias encenações.

  • A partir desta quarta (1) o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo exibe uma mostra do cinema marginal da Bocadolixo de “Jairo Ferreira – Cinema de Invenção”. O diretor e crítico de cinema trabalhou em vários filmes experimentais e de baixa difusão com foco no terr(i)or e  documentais.
  • O 1º Festival Internacional de Arte de Brasília prossegue em sua programação com a Retrospectiva Lars Von Trier no Centro Banco do Brasil durante toda a semana. Hoje (29) às 20 horas em Taguatinga a matogrossense Vanessa da Mata. Durante a semana vários espetáculos de teatro, além de alguns de danças no Teatro Nacional como “Buquê, as Margaridas”  (dia 01) e “Máquina Hamletfisted” (2).
  • A partir desta segunda(30) e até o próximo domingo (5) ocorre o “4º Festival do Juri Popular” em diversos locais do país: Aracaju, Belém, Boa Vista,  Belo Horizonte, Corumbá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Maceió, Goiania, Natal,  São Luiz, Vitória, João Pessoa, Palmas, Paraty, Porto Alegre,  Rio Branco, Salvador, Santa Maria, São Paulo e Vitória. Vá, veja e vote.
  • O movimento Occupy Wall Street continua com toda sua força e está lançando o “Occupy This Album”  que conta com músicas de Yoko Ono, Debbie Harry, Jackson Browne, Third Eye Blind, Crosby and Nash, Tom Morello, Thievery Corporation, Warren Haynes e Immortal Technique e Willie Nelson.O Cd vai auxiliar financeiramente nos movimentos de ocupação contra a desigualdade econômica dos 1% mais americanos que detêm mais de 40% das riquezas.
  • Os sempre carnavalescos do Palavra cantada farão nesta semana o tradicional baile ‘Carnaval Palavra Cantada’ da dupla Paulo Tatit e Sandra Peres em São Paulo neste domingo (29) no HSBC Brasil e depois vai para uma apresentação em Salvador que acontece no Barra Salvador Hall.  Além das clássicas marchinhas haverá um baile de fantasia e muito frevo e samba. O único inconveniente é o segregador preço da entrada que varia de 60 a 120 tocos.  Assim o Pierrot chora ainda mais…

  • Começou nesta semana no Instituto Cultural Cravo Albin (ICCA) no Rio a exposição de um dos grandes cineastas e músicos brasileiros Sergio Ricardo que fará em breve  80 anos. O músico descendente de sírios começou como pianista, contornou a bossa nova, quebrou o violão após ser vaiado em um festival de música popular enquanto cantava “Beto bom de bola” e ainda participou de trilhas de Glauber Rocha como “Deus e o diabo na terra do sol”. Além de fotos, a mostra traz vídeos, concertos,músicas, espetáculos de cordel como , o concerto Estória de João Joana, o único cordel escrito pelo poeta Carlos Drummond de Andrade  e musicado por Sérgio.  Em junho, o mesmo concerto terá uma outra apresentação a céu aberto na comunidade do Vidigal, onde vive Sergio Ricardo. A mostra fica até 25 de fevereiro mediante agendamento prévio, pelo telefone (21) 2542-0848. 
  • O Museu de arte de São Paulo- MASP  está com uma mostra de 370 peças italianas que remontam desde o fim da República até o Império e trazem muita cultura italiana. Com organização cronológica a exposição conta com explicações históricas, mapas e documentos e traz estátuas milenares como a de Íris, Jupiter, Julio César e os afrescos da vila de Pompeia engulida pelo Vesuvio.
  • Brasil lança arte e Cuba … Esta é a idéia da mostra “Entre Trópicos – 46º05′: Cuba / Brasil”  que acontece até o fim de março  na Caixa Cultural do Rio que traz 11 artistas de cada país que tem para cada obra de um artista uma relação de correspondência ou dissonância entre as nações.Com curadoria de uma cubana Íbis Hernández, uma das organizadora da Bienal de Havana, e uma brasileira Marisa Flórido a mostra traz instalações, pinturas, desenhos, gravuras, esculturas e vídeos. E vamos a escalação cubana Aimée García, Abel Barroso, Douglas Pérez, Duvier del Dago, Fernando Rodríguez, Glenda León, Iván Capote, Lázaro Saavedra, René Francisco Rodríguez, Yoan Capote e Ibrahim Miranda. No time brasileiro Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Regina Silveira, Cristina Salgado, Nelson Félix, Cadu Costa, Alexandre Vogler, Chang Chi Chai, Rosana Ricalde, Monica Nador e João Manoel Feliciano.
  • Amy Winehouse está em nós. Além das vivências que temos dela sempre agora o estilista e amigo de Amy, Jean Paul Gaultier, trouxe sua coleção de primavera mostrando e estilo e charme dde Amy em suas roupas. Isto é mais que um tributo, mas o seguimento do fluxo artístico deixado pela lança de Amy. Vestidos Cocteis, saias caídas e camisas pólos. Gautier ainda afirmou que “Amy Winehouse foi verdadeiramente um ícone da moda”.

  • O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural  do Ministério da Cultura criou um novo bem registrado do Patrimônio Cultural Brasileiro: as Bonecas Karajá. Produzida pelas famílias indígenas, muitas vezes são a única fonte de renda das famílias. A proposta foi concebida junto as lideranças indígenas das aldeias Buridina e Bdè-Burè, de Aruanã, Goiás  e das aldeias Santa Isabel do Morro, Watau e Werebia, da Ilha do Bananal, Tocantins.
  • Depois da literal separação do Sonic Youth os fãs vão ter que curtir os progressos também separados. Isto por que Kim Gordon está com um novo projeto sem Thurston: o Body/Head ao lado do guitarrista Bill Nace. A primeira apresentação dos dois será no dia 22 de fevereiro no mini-pub londrino Café Oto. O Body/Head é uma improvisão com inspiração no velho Pink Floyd e na cineasta Catherine Breillat. E tudo 100% pro seu lado.
  • Seguindo um novo estudo de pesquisadores espanhóis publicado esta semana fritar alimentos com azeite de oliva ou óleo de girassol, ricos em gordura não-saturada, não faz mal para o coração. O mesmo não se aplica em óleos de cozinha  de origem animal. Durante 11 anos acompanhou-se mais de 41 mil participantes adultos, residentes em cinco diferentes regiões da Espanha e de hábitos alimentares variados, foram acompanhados ao longo de 11 anos. No início nenhum  tinha sinais de doença cardíaca, mas no fim houve 606 incidentes relacionados a problemas cardíacos e 1.134 mortes. As mortes estavam relacionadas não ao fatodo consumo de alimentos fritos, mas ao tipo de óleo usado na fritura.A Fundação Britânica para o Coração recomenda trocar óleos ricos em  gordura saturada, como manteiga e óleos de origem animal e de palma por outros ricos em gordura não saturada, como azeite de oliva e óleo de girassol.
  • Recife será palco de mais um encontro alegre e carnavalesco. O folião eterno Siba lança o seu “Avante” hoje (28) no Rua da Moeda a partir das 21hrs com entrada gratuita e muito frevo, maracatu e forró em nosso carnaval.

E vamos pelos caminhos brandos e  que renovam para que os lambebotas dissolvam

Iphan no Maranhão inicia obra para instalar a Casa do Tambor de Crioula

Janeiro 27, 2012

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Naciona (Iphan), instituição vinculada ao Ministério da Cultura, vai investir R$ 1,8 milhão no projeto de implantação da Casa do Tambor de Crioula, em São Luís.  O lançamento da pedra fundamental será nesta sexta-feira, 27, na Rua da Estrela, esquina com a Rua João Vital de Matos, onde se localiza o sobrado que será totalmente restaurado e reabilitado para se tornar Centro de Referência do Tambor de Crioula do Maranhão.

A restauração do imóvel, destruído por um incêndio nos anos 1970, coincidirá com o início das ações de salvaguarda do Tambor de Crioula, a serem desenvolvidas pela Secretaria de Estado da Cultura, com recursos do Iphan.

O evento que marca o início do projeto em São Luís conta com o apoio do Conselho Cultural do Tambor de Crioula do Maranhão e da Associação Cultural de Tambor de Crioula do estado maranhense.

Vários espaços

O projeto executivo da obra prevê a criação de espaços para eventos com dependências multiuso, destinados a exposição permanente, apresentações/vivência, galeria informativa e auditório com minicinema. Também haverá espaços para atividades de ensino e formação, como oficinas de saberes tradicionais, além de área de apoio com estúdio de gravação de CD’s, loja de produtos associados ao Tambor de Crioula e outros espaços de serviço e apoio à administração da Casa.

Está previsto, ainda, o funcionamento de uma biblioteca, com acervo composto de livros, revistas, jornais, mapas, CD’s, DVD’s e blu-rays, com temática relacionada à cultura popular e, especificamente, ao Tambor de Crioula, além de um banco de dados. Para isso, a Casa será montada com equipamentos de informática, de gravação de CD, aparelhos de televisão e de DVD, telão e data show, dentre outros.

Ações de Salvaguarda

O Iphan e a Secretaria do Estado de Cultura do Maranhão firmaram acordo para viabilizar, neste ano, o investimento de R$ 625 mil em ações de salvaguarda do tambor de crioula, reconhecido, em 2007, como patrimônio cultural do Brasil, sendo o primeiro do Maranhão. O anúncio da assinatura de convênio será feito durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da obra da Casa do Tambor de Crioula.

Do valor investido, R$ 500 mil serão repassados pelo Iphan. Está prevista a realização de duas oficinas de Tambor de Crioula Mirim e três de Cantoria e Percussão; um Minicurso de Cultura Negra no Maranhão; um seminário, um festival e encontros mensais de grupos de Tambor de Crioula; um concurso de mestres do Tambor de Crioula; gravação de três CD’s com toadas; produção de dois DVD’s sobre o Tambor de Crioula; e compra de equipamentos para a Casa .

(Texto: Marcos Agostinho, Ascom/Ministério da Cultura)

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Janeiro 27, 2012
Londres , começo de janeiro de 1874

Elefantes da África (c. 1867) , TOURNEMINE


Elépanths d’Afrique, Paris, Musée d’Orsay

Van Gogh que está em Londres e respira arte e escreve para o irmão suas percepções , desejos e faz uma troca de pintores que admira:

“Escrevo abaixo alguns nomes de pintores de quem eu gosto particularmente: Scheffer, Delaroche, Hébert, Feyen-Perrin, Eugène Feyen, Brion, Jundt, George Saal, Israels, Anker, Knaus, Vautier, Jourdan, Jalabert, Antigna, Compte-Calix, Rochussen, Madrazo, Fromentin, Tournemine,…”.

Charles Emile Vacher de Tournemine foi um pintor orientalista francês que trabalhou em diversas cenas do cotidiano, paisagens marinhas e pinturas orientalistas.

Nascido em 25 de outubro de 1812 em Toulon, neto de um renomado arqueólogo e filho do general da armada francesa Bernard Vache de Tournemine com Marie Anne Victoire Roubaud, que na ocasião do nascimento já estavam separados.

Ensinado por sua mãe, desde cedo já mostra aptidão para o desenho.Alistado na escola de aprendizes da marinha em 1825, permanece como marinheiro até 1831, participando na Batalha de Navarin onde é ferido no olho direito. Ele visita todo o Mediterrâneo, em particular os Balcãs,a Asia Menor, a Turquia, o Líbano, Beirute, Tiro, Alexandria, O Chipre a África e o Egito. Ele ainda passa nove anos em um exercito de terra,  onde seu pai era coronel e em 1830 integra o corpo expedicionário em Argel. Em 1831 deixa o exército indo para Paris e entrando no atelier de Eugène Isabey..Em 1845, sua tia Agatha com quem ele morava falece e deixa Tournemine como herdeiro. Neste mesmo ano ele se casa com Marie- Émilie Clarisse Chauvin. Ele ainda começa sua correspondência com Thoré e juntos criam o projeto de editor da revista “l’Art Moderne” que vem a fracassar. Começa a fazer várias viagens pela França e a exibir no Salon em 1846, mesmo ano que começa a publicação de “Artistes contemporains” com o pintor François-Louis François. No ano seguinte  nasce seu filho Marie-Charles François Maurice que morre no ano seguinte. Também nasce neste ano sua filha Marie-Agathe-Édith.

Em 1849 ele faz uma viagem curta à Itália e nasce seu outro filho Lucien-Léon-Eugène. Ele trabalha principalmente na Bretanha e executa cenas de marinha e a partir de 1852, se volta a cenas orientais e se torna curador do Museu de Luxemburgo. No ano seguinte recebe o título de Oficial da Legião de Honra Francesa e viaja a Argélia em estudos orientalistas que foram expostos na Exposition Universelle de 1855. Suas viagens continuam e em 1860 viaja pelo Danúbio, seguido de Suiça e Asia Menor. Em 1864 conhece os irmãos Goncourt com quem fez uma grande amizade e que inspira os irmãos na publicação de “Manette Salomon” a partir da correspondência de viagem com Tournemine.

Em 1869 ele participa da equipe francesa que assiste a inauguração do Canal do Suez, convidado pelo rei do Egito. No dia 1871 ele deixa suas funções de curador e volta em dezembro para Toulon. No dia 22 de dezembro de 1872 morre Charles de Torunemine em Toulon. Após sua morte ele recebe uma exposição em Toulon e em Viena.

SOBRE A OBRA

Aqui, Tournemine apresenta o mundo segreto dos animais selvagens em uma “paisagem de Eden” mas com uma atmosfera ligeiramente convendional de um por do sol. A força dos elefantes está em harmonia com a calma e sultileza da paisagem, ainda mais com eles cohabitando pacificamente com um grupo de pássaros. Tournemine, que viajou com abundância, produziu muitas pinturas neste modo “pitoresco” oriental; cenas do cotidiano e paisagens, admiradas por suas ricas cores populares com os visitantes dos Salões orientais nos anos de 1850 e 1860. A pintura imerge o espectador do século XIX em outro mundo que estava ainda mais admirável do que é hoje: o elefante está raramente representado nos zoológicos, ainda detêm o poder de impressionar.______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

A sabedoria do boêmio

Janeiro 27, 2012

Noite dessas, Paulo Vanzolini sonhou com uma poesia de Olavo Bilac que decorou quando ainda era rapazote. Os versos, que são muitos, vieram por inteiro. Aos 88 anos, o autor de composições que atravessaram gerações sem perder a força, como Ronda e Homem de Moral, conserva a prodigiosa memória e se mantém imperturbável diante da fama.

Vanzolini e Adorinan Barbosa, o “amigo de muitas cachacinhas” que hoje ele “visita” no Mercadão. Foto: Gustavo Lourenção

Considerado por muitos o embaixador do samba de São Paulo, ele agradece o epíteto. “Não é verdade, mas eu gosto”, diz, sorriso nos lábios. Acomodado numa poltrona de couro na modesta casa do Cambuci, “bairro cheio de bares ótimos”, o homem culto que cresceu rodeado de livros e se tornou zoólogo de reputação internacional põe em perspectiva a criação de uma vida, 70 composições e 155 trabalhos científicos. “Que glória é essa, meu Deus”, questiona, num lapso, o declarado ateu, bisneto de anarquista. “É uma glória muito humilde. Não tenho motivos para ser vaidoso.”

Nesta sexta 27, semana em que São Paulo completa 458 anos, Vanzolini concederá ao público o privilégio de tê-lo na Choperia do Sesc Pompeia. Instalado numa mesa, cervejinha à mão, o artista acompanhará alguns de seus grandes sucessos, interpretados por Ana Bernardo e Carlinhos Vergueiro. Entre uma canção e outra, o show será pontuado pelas reminiscências do compositor que, junto com Adoniran Barbosa, de quem foi “amigo de muitas cachacinhas”, traduziu a cidade de forma definitiva.

“Adoniran era ótima pessoa, nos dávamos muito bem. O cara mais desligado que já conheci. Vinha de família italiana do Vêneto. De menino o chamavam de Joanim.” Os longos papos entre Vanzolini e João Rubinato (Adoniran), que em sua simplicidade dizia não entender bem o que o cientista fazia (“ele mexe com zoológico, sei lá”), jamais renderam samba. “Sempre me pedem para contar como era nossa conversa. Era muito cotidiana. Não tinha nada demais. Era nossa conversa.”

A famosa Tiro ao Álvaro,  relembra, surgiu como um presente do jornalista e escritor Osvaldo Molles ao amigo Adoniran. Foi Molles também o criador do personagem Charutinho, de tiradas engraçadas embaladas por sotaque italianado, que interpretou com grande sucesso na Rádio Record. “Adoniran acabou assumindo na vida real o personagem da ficção. No fundo, ele era mesmo só o Joanim.” Quando a saudade aperta, Vanzolini dirige-se ao Mercado Municipal, o Mercadão da capital paulista. “Colocaram uma estátua do Adoniran numa mesa. De vez em quando vou lá tomar uma cerveja com ele.”

A prosa animada de repente silencia. O olhar do compositor vagueia pela sala, ambiente que Ana Bernardo, sua atual mulher, define como “totalmente masculino”. Justifica-se a quase queixa: sobre um aparador, uma grande cobra de madeira exibe a boca aberta (souvenir comprado na Espanha). A seu lado, outra, bem mais modesta nas medidas, porém, verdadeira, exibe-se sobre um tronco. Para alívio dos visitantes, o exemplar não se move, foi plastificado graças a uma técnica especial. A terceira fica na mesinha de centro. Ao lado da porta de entrada, o cabideiro dá pistas sobre a atividade profissional do dono da casa. Ali estão os chapéus que Vanzolini usava para adentrar o mato em busca de bichos.

Foi com a zoologia que o boêmio ganhou a vida. Ele fez-se médico pela Universidade de São Paulo somente para facilitar o doutorado em zoologia, em Harvard, nos EUA. Especialidade: répteis. “Nunca examinei um doente na vida.” Por motivos óbvios, tem grande apreço por lagartos e lagartixas. Até hoje mantém a postos seu kit de pegar bicho. No ano passado, uma editora reuniu toda a sua produção científica. Também em 2011, a Fundação Conrado Wessel concedeu seu prêmio máximo a Vanzolini. “Vou receber em junho, na Sala São Paulo. É bom pra burro, são 300 mil reais”, admira-se. “Só que vou ter de pagar Imposto de Renda.”

Em um ano repleto de homenagens, Vanzolini receberá a Medalha Armando de Salles Oliveira. Um gesto de reconhecimento ao homem de números científicos robustos: 47 anos de trabalho no Museu de Zoologia, 31 deles como diretor, 40 mil animais capturados e a construção do mais completo acervo sobre répteis da América do Sul. A paixão pelos tais bichos começou quando ele ainda era imberbe. Aos 14 anos já estagiava no Instituto Biológico, onde foi iniciado na branquinha. “Todo fim de expediente rolava uma cachacinha, eu ganhava meia.”

No rastro dos répteis, muitas histórias. “Durante um trabalho na Argentina, fui comprar um disco da Mercedes Sosa e saí de braço dado com um soldado”, diverte-se. “O agente da polícia queria saber por que eu estava comprando aquele disco. Disse: ‘Ela é uma boa cantora’. O sujeito ficou olhando na minha cara. Me ameaçou, mas não podia fazer nada.”

Em tempos  de ditadura, Vanzolini foi surpreendido por um convite impossível de ser recusado. O general Golbery do Couto e Silva, o “feiticeiro” do regime militar, o convocava a Brasília. Sem mais explicações. Enviou passagem aérea e limusine com motorista. “Ele mandou me chamar para passar um sabão. Queria me dizer que eu era contra o governo. E eu era. Me disse que isso poderia dar mau resultado.” Com calma inabalável, o cientista retrucou: “Isso vai depender de quem aguentar mais tempo, nós ou vocês”. Conversa encerrada, voltou para São Paulo.

Foi durante o tempo em que serviu na cavalaria que Vanzolini compôs um de seus maiores sucessos, Ronda, clássico que adquiriu a impressão digital de Márcia, sua mais reconhecida intérprete. “Eu sou Ronda”, já assumiu a cantora ao autor. A música é líder de pedidos nos karaokês até hoje. “As japonesas são as que mais pedem. No bar em que a Ana canta, vem escrito no guardanapo: Honda”, conta o compositor, rindo. A verdade, confessa, é que sua relação com a canção inspirada nas mulheres que observava no entra e sai dos bares à procura dos parceiros se desgastou. “Sabe o que as minhas filhas dizem? Fez, agora aguenta!” Vanzolini argumenta que a composição, de melodia pungente, é uma piada. “Começa dando a impressão de que a mulher procura o sujeito para se reconciliar, mas é para desperdiçar um pente de revólver.”

Vanzolini começou a compor quando frequentava a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Diz não ter ideia de qual foi a primeira composição. “Aliás, lembro, mas joguei fora, não prestava.” Outra meia dúzia teve a mesma infausta sorte. A criação favorita? “Não me ocorre nenhuma.” Dali a pouco cita aquela que considera uma de suas melhores, Longe de Casa eu Choro. “Fiz em Cambridge, pensando em São Paulo. Era uma poesia minha. O Paulinho Nogueira pegou o livro e disse: ‘Você não é poeta, é sambista. Aqui está cheio de letras de samba esperando música’. Paulinho era meu amigo de infância. Fez a melodia com Eduardo Gudin.” Outra que também teve o auxílio luxuoso de Paulinho Nogueira é Valsa das Três da Manhã. “Paulinho era um sujeito de qualidade humana excepcional.” A que mais rendeu? “Só uma deu dinheiro, Volta por Cima. Comprei livros para o Museu de Zoologia.”

Paradoxalmente, e para assombro de quem não o conhece, Vanzolini nada sabe de música. “Tenho péssimo ouvido. Não sei ler música, não sei o que é acorde”, jura. “Meu professor foi o rádio.” O método para preservar as composições consistia em decorá-las. “Se esquecesse perdia tudo. Dá uma mão de obra danada, por isso larguei”, diz. “Fica uma coisa obsessiva. Até que a música saia você não pensa em outra coisa.” O método Vanzolini de compor é outro mistério. “Inspiração a gente procura. Na cabeça. Geralmente começa com uma frase. Aí vem tudo junto, letra e melodia.”

Para quem supõe haver sempre algo autobiográfico em cada letra, o mestre desmente. “Nunca sofri com dor de cotovelo, por exemplo, é só um tema.” Na belíssima Quando Eu For Eu Vou sem Pena, interpretada por Chico Buarque em Acerto de Contas, coleção com quatro CDs que reúne a obra do autor (“essa caixa completou a minha vida”), o tom é triste. Uma tocante despedida. Mas não se trata exatamente disso. A inspiração atende pelos nomes de Miriam, Marina, Carol e Cris. “Eu estava numa fazenda, durante excursão do museu. Comecei a pensar em como seria quando partisse”, conta. “Eram as alunas que estavam ali, ele fez para elas”, entrega Ana Bernardo, diante do olhar risonho do poeta fingidor.

Boêmio de carteirinha, mulherengo apenas “na medida da necessidade”, Vanzolini adorava percorrer as ruas de São Paulo até altas horas, sozinho. Nesse périplo pela então metrópole da garoa, fez várias descobertas. “Uma vez abri uma porta e descobri os Macambiras. De outra, Virgínia Rosa.” Ana Bernardo, companheira dos últimos 15 anos, também foi um encontro patrocinado pela música. A filha do fundador dos Demônios da Garoa encantou o compositor com sua voz firme e melodiosa. “Ela entende a música que canta. É minha melhor intérprete.”

Autodefinido sambista tradicional, Vanzolini mantém o entusiasmo pela música. Ouve com admiração Noel Rosa, Dorival Caymmi, Nelson Cavaquinho, Sílvio Caldas, Cartola e Paulinho da Viola, entre outros grandes. E considera-se realizado. “Estou recebendo mais do que esperava. É muita recompensa no fim da vida”, comenta, com a sabedoria dos modestos. Na segunda-feira que antecede o carnaval, a Banda Redonda, fundada por Plínio Marcos, vai homenageá-lo. O enfarte que lhe surpreendeu em 2004, roubando-lhe 70% da capacidade cardíaca, provou ser incapaz de deter o poeta. “Estarei lá, lógico”, garante, com brilho no olhar.

Publicado por Ana Ferraz no sítio de Carta Capital no dia 25/01