Sequenciando os instrumentos técnicos-kinema-históricos o passeio esquizo de hoje carrega boas revelações. Partindo do Praxinoscópio de Emile Reynard, vamos o fuzil-fotográfico do francês Ètienne Jules Marey, inventado no ano de 1882 que ele usou para fotografar pássaros voando. Mas as pesquisa não param e não param porque são importantes para a sustentação científica do capitalismo técnico-industrial.
Um importante salto científico para desembocar na possibilidade da produção do filme ocorreu no ano de 1887, quando o norte-americano Hannibal Williston Goodwin, patenteou uma película de celulose. Logo em seguida, em 1889, William Kenedy Dickson, que fora auxiliar de Thomas Edison, criou um processo para fazer passar uma película pelo interior de uma câmara. Para conceber a ideia de quem inventou a câmara cinematográfica se estabeleceu que ela fora inventada simultaneamente por Marey e William Freise-Greene. Claro que eles apenas foram combinando inventos anteriores até chegar à câmara cinematográfica. Sem os inventos anteriores eles não teriam chegado às suas invenções, é mais do óbvio, mano.
Então, depois da criação da câmara cinematografia, apareceu o elemento necessário para complementação da arte cinematográfica: o projetor. Todos sabem que a arte cinematográfica tem dois corpos agenciadores de comunicação coletiva: a câmara filmadora e o projetor do filme. E novamente aparece a questão científica. Em 1890, alguns pesquisadores se dedicaram a essa tarefa. Em 1892, no Musée Grévin de Paris, Émile Reynard apresentou uma série de pantomimes lumineuses. Em 893, em Chicago, Muybridge, apresentou um aparelho camado de Zooscópio. Todavia, em uma loja da Broadway, Edison, expos o aparelho Cinetoscópio, inventado por seu auxiliar Dickson. Edison, não era otário. Era muito esperto. Alias, como essas pesquisas tinham como drive o capitalismo industrial-científico, nesse meio não havia gente ingênua.
Ocorreu, porém, para perturbar a ambição de Edison, que o cinetoscópio tinha suas limitações. Ele não projetava imagens sobre uma tela grande e não trabalhava com filmes longa-metragem. Mas, como dizem os sábios capitalistas envolvidos no lucro que não há problema que não tenha solução para esse sistema econômico, em 1895, Woodville Latham, apresentou a solução: a famosa Curva de Latham. Ela regulava o movimento da bobina criando uma velocidade necessária para que o olho humeno pudesse captar a imagem. Porrada, meu! O mesmo não se pode falar do movimento da imagem-computada que é usado na televisão e internet, onde esse movimento é para seres de outras galáxias. É um movimento para ocultar a imagem. São truques computadorizados usados para ocultar a ausência de talento de seus realizadores. Por isso, que se afirma, sem receio de errar, que os filmes que usam esses recursos não podem ser tratados como cinema.
Bem, moçada, a partir de 1895, o panorama do cinema estava arreganhado. Um exemplo. No mês de setembro desse mesmo ano, foi realizado na Exposição do Algodão, nos estados de Atlanta, Georgia, Thomas Armat realizou a exibição de alguns filmes. Em novembro, Max Skladanowski, realizou projeções no Wintergarten de Berlim, na Alemanha. Em 28 de dezembro, os nossos já conhecidos irmãos Lumière, em Paris, exibiram, em um porão, algumas fitas que deixaram o público ouriçado com a nova percepção. E, em fevereiro de 1896, em Londres, Robert W. Paul fez demonstrações como o revolucionário projetor.
Leiam essa onda e tirem o sarro que é possível. No dia 23 de abril de 1896, em uma sala do Koster and Bials Music Hall, em Nova York, o narcisista, esperto e ambicioso Thomas A. Edison, fez uma apresentação e proferiu essa sintomática sentença:
– “Essa é a primeira exibição pública da última maravilha de Edison”.
Gostaram? Estava aberta a temporada do cinema comercial. E tudo ficou muito claro: Edison não era um inventor, mas um empreendedor que fazia uso das invenções alheias. Aberração capitalista. Do jeito que o capitalista produz sua riqueza roubando a vida do trabalhador através de sua força de trabalho, eufemisticamente simbolizada como salário, Edison roubava os inventos dos outros pesquisadores como fez com seu auxiliar Dickson, inventou do cinetoscópio.
Deleitem-se com as imagens que outros passeios ocorrerão.