Tudo começou quando João Ripper, artista de grande acuidade visual/política e talento e profundo observador das existências das comunidades mais desfavorecidas, em 2004, foi convidado pelo Observatório de Favelas, para fazer algumas fotografias da Favela da Maré. Durante a realização das fotos, João Ripper, foi fazendo amizade com os moradores e descobriu o grande interesse por fotografia. Daí, não deu outra: ele iniciou um curso de fotografia. Em maio de 2004, foi formada a primeira turma composta por 22 alunos/fotógrafos.
Em 2006, aumentou a carga horária do curso e João Ripper convidou, para trabalhar com ele, o professor de fotojornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Dante Gastaldoni, para ser o coordenador acadêmico do curso.
“Naquele ano eu estava completando 30 anos de magistério e o curso foi um presente. Fiquei encantado com a receptividade. Aqui há uma desorganização criativa, uma liberdade, que não se encaixa nos cânones do sistema de créditos. O projeto tem pulsação própria, a sensação de pertencimento que há aqui não existe na universidade.
Mesmo com essa desorganização criativa, temos critérios firmes. Ao final do curso, cada aluno apresenta um projeto e é avaliado por uma banca. Se o processo avaliativo não fosse sério, não teria a chancela de universidades federais”, observou Dante.
Antes os certificados eram emitidos pela Universidade Federal Fluminense (UFF), agora é pela UFRJ. Uma das grandes realizações do projeto é a criação dos Educadores em Fotografia. Os alunos formados são responsabilizados para ministrar oficinas. A importância dessa experiência é testemunhada por Ratão Diniz, educador-fotográfico formado pelo projeto cuja tese defendida por ele foi o grafite.
“Tem a ver com a democracia, com direito à comunicação, a mudança do olhar. Por isso, não gosto de dar aulas se perceber que o trabalho não vai ter continuidade. Tenho planos de fazer uma viagem pelo interior do Nordeste fotografando, mas também ensinando a fotografar. E planejo deixar a câmara quando for embora de cada cidade”, observou Ratão Diniz.
Para quem pode vivenciar as fotos que revelam Imagens do Povo, dos artistas que fazem parte do projeto, é só dá uma chagada no Rio. As imagens mostram situações das populações ricas em dignidade, beleza, inteligência, sensibilidade e, acima de tudo, vontade de construir uma existência humanizada.