Archive for Setembro, 2023

RÁDIO FUNDADA POR PAULO FREIRE COMPLETA 60 ANOS

Setembro 30, 2023


MOSAICO CULTURAL

HISTÓRIA

Ao longo do tempo, a emissora sofreu intervenção de setores conservadores e reacionários

Daniel Lamir

30 de Setembro de 2023 –

A emissora funciona como rádio-escola e tem metade da programação elaborada pela sociedade civil – Reprodução
A ideia é que a gente tenha esse espaço mais horizontalizado
Há 60 anos, a Rádio Universidade entrava de forma definitiva no dial de aparelhos no Recife (PE). A emissora foi fundada por Paulo Freire com proposta de construção de conhecimento e emancipação popular.

“Esse projeto revolucionário e inovador transforma a comunicação em uma ferramenta de pesquisa, de ensino-aprendizagem e de transformação do mundo”, afirma o pesquisador e historiador Dimas Veras Brasileiro, da Cátedra Paulo Freire, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE.

As primeiras transmissões foram feitas em caráter experimental em agosto de 1962. No dia 29 de setembro do ano seguinte, a rádio foi fundada como um dos braços do Serviço de Extensão Cultural (SEC), da então Universidade do Recife, hoje Universidade Federal de Pernambuco UFPE.

Vinculado à Universidade, Freire coordenava o SEC (embrião da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPE), desenvolvendo um tripé de atividades, que além da emissora, contava com a Revista de Estudos Universitários e o Programa de Alfabetização.

“Então com esse tripé Paulo Freire queria trazer a Universidade [do Recife] para perto da cultura popular, vendo a educação como uma forma de transformação do combate à desigualdade social. E a Rádio Universidade, então, tinha uma programação toda voltada para essa emancipação”, contextualiza Paula Reis, professora de Comunicação Social da UFPE.


Alguns meses antes da inauguração da Rádio Universidade, Paulo Freire tinha iniciado o projeto do Ciclo de Cultura de Angicos, no interior do Rio Grande do Norte, com o método inovador que alfabetizava as pessoas com 40 horas-aulas.

“As pessoas não tinham sua cidadania plena porque o voto só era acessível para quem fosse alfabetizado. Então mais da metade da população brasileira não podia votar. Então, de repente, vem Paulo Freire com o método revolucionário de alfabetização”, relata Dimas Veras.

O historiador relata que o momento no país ainda era de uma “euforia democrática”, por conta da reabertura política e organização de forças populares após o Estado Novo de Getúlio Vargas, que durou até meados dos anos 1940.

Na capital pernambucana havia uma efervescência cultural ligada a setores artísticos e de comunicação social, além do crescimento do Movimento de Cultura Popular (MCP).

Apesar dos contextos no país e na cidade, existia outro polo de poder que marcou a história do Brasil e recortou a trajetória da Rádio Universidade.


“Em 1963 já se cria um conflito, uma tensão em torno do Golpe Militar. E aí o que acontece? Em 1964, com o Golpe, na imprensa começa a vir logicamente, várias matérias dizendo que era necessário ‘descomunizar a Rádio Universidade’, que era necessário acabar com aquela ‘rádio comunista’. E aí realmente ela sofre, como todo SEC, uma intervenção. Isso vai mudar radicalmente o seu projeto”, conta Paula Reis.

Além de invadir a sede da emissora, a repressão ditatorial perseguiu as pessoas que tocavam a experiência. “A campanha vai criando essa ideia dos sujeitos e das organizações subversivas. Além de assaltar, depois esses sujeitos são pintados como réus, respondendo a processos por crimes de subversão, mas também corrupção”, afirma Dimas Veras.

Entre diferentes interesses e disputas, a rádio chegou a ficar fechada mais de uma vez. Além de alterações na missão, a nomenclatura também mudou algumas vezes. Chegou a ser chamada de Rádio Universitária AM e, desde 2018, passou a ser chamada de Rádio Paulo Freire, na proposta de religação com sua origem.

“Paulo Freire nos ensina a ter uma visão crítica sobre o mundo. Então é isso que a gente tem que trazer para a prática da comunicação na rádio. Quais são as disputas? Quais são as tensões? Quais são os conflitos sociais que estão postos? Percebemos que as tecnologias são estratégias de poder e que precisamos nos apropriar e usá-las em benefícios de informação de qualidade. Penso que nessa linha de Paulo Freire, pensando na tecnologia, a gente vai então construir uma comunicação dialógica”, relata Paula Reis, que hoje atua como coordenadora geral e pedagógica da Rádio Paulo Freire.

Rádio-escola

Hoje a emissora funciona como rádio-escola e tem metade da programação elaborada pela sociedade civil. Durante a pandemia de covid-19, foram criados pontos focais com as comunidades através das redes sociais para manter diálogos em período de isolamento social.

A partir do slogan ‘A rádio que fazemos juntos’, discursos e práticas do dia a dia buscam a inspiração nos postulados freireanos. O “laboratório”, como é chamado o estúdio, conta com a presença de estudantes de diferentes cursos da UFPE.

“A ideia é que a gente tenha esse espaço mais horizontalizado, onde exista a possibilidade de dialogar, aprender enquanto faz. Assim criamos uma expectativa de que para frente, para um um ambiente profissional mais geral, exista outra cultura profissional se desenvolvendo, um pouco mais colaborativa e humanizada, e um pouco menos competitiva” conta Igor Cabral, coordenador operacional da Rádio Paulo Freire.

“A relação sala de aula e de estar aqui na rádio foi um divisor de águas porque mudou minha visão do que era ser radialista e estar em uma rádio. Entendemos a importância da Rádio Paulo Freire, de Paulo Freire e do rádio como veículo”, afirma Ícaro Souza, estudante da Rádio, TV e Internet da UFPE.

Próximo passo

A Rádio Paulo Freire permanece instalada no mesmo local de seis décadas atrás, na parte posterior da reitoria da UFPE. Além de seguir a missão inicial, a ideia é avançar em outros sonhos planejados por Freire anteriormente. Por exemplo, instalar a rádio perto das salas de aula, integrando os departamentos da universidade.

“Nós queremos levar a rádio Paulo Freire para o Centro de Artes e Comunicação, que é a sua missão, realmente estar dentro do Centro de Artes, assim como lá em 1964 foi interrompido o sonho de Paulo Freire. Imagine lá funcionando com a integração de todos os departamentos, a gente fazendo radionovelas educativas, fazendo performances musicais, performance teatrais, com tantos talentos, alunos de vários cursos, de teatro, de música, de artes, de letras”, conta Paula Reis.

“Estar aqui, vivenciar um pouco disso que a universidade me proporciona. É uma das maiores gratificações de estar dentro da universidade e experimentar tudo que tem a me oferecer, mesmo com sucateamentos dos últimos anos e tá sobrevivendo isso aqui é algo maravilhoso. E eu creio que é o que Paulo Freire tá muito orgulhoso, que apesar das circunstâncias nós estamos produzindo e nós estamos atingindo outras pessoas”, afirma Eduarda Nóbrega, aluna de Rádio, TV e Internet da UFPE.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

PREMIAÇÃO DE CINEMA CHINÊS PANDA DE OURO RECEBE INSCRIÇÕES DE 104 PAÍSES

Setembro 29, 2023

Em sua primeira edição, festival recebeu mais 7 mil pedidos de adesão e premiou cineastas cineastas latino americanos

Mauro Ramos

Chengdu, Sichuan|China | 29 de Setembro de 2023 –

O ator chinês Jackie Chan chega à cerimônia da primeira edição do Prêmio Panda de Our – Mauro Ramos

A nova premiação chinesa internacional de filmes e séries, Panda de Ouro, convocou produções de países de diversas regiões. Vietnã, Irã, Argentina, Rússia, República Tcheca, Tailândia e Colômbia alguns dos que tiveram produções indicadas, além daqueles que costumam dominar as premiações internacionais renomadas como EUA, França, Reino Unido e Itália.


O evento tem sido fomentado pelo governo chinês há cerca de uma década em suas relações bilaterais e nas diversas plataformas internacionais em que participa. Segundo os organizadores, o novo festival tem como objetivo aumentar as trocas culturais entre países sob o conceito de uma “Comunidade com Futuro Compartilhado para a Humanidade.”

A premiação recebeu um total de 7 mil inscrições de 104 países. Ao todo foram 25 prêmios em quatro categorias: filmes, séries, animação e documentário. O presidente da Sociedade de Críticos de Cinema da China, Rao Shuguang, participou da avaliação preliminar do prêmio após assistir a mais de 100 filmes de cerca de 40 países. Segundo ele, filmes da América do Sul, incluindo brasileiros, foram bem avaliados pelos juízes chineses do painel.

Ele espera que por meio das trocas em eventos cinematográficos como esses, possa ser promovida ainda mais a comunicação entre cineastas, “fomentar mais projetos colaborativos e injetar mais elementos e vitalidade do cinema no desenvolvimento pacífico do mundo e na consciência de um futuro compartilhado para a humanidade”.

Shuguang disse ao Brasil de Fato que na China as pessoas sentem uma proximidade com produções da América do Sul, como o filme brasileiro Central do Brasil que, segundo ele, “teve uma grande influência na China”.

Como parte das premiações, foi realizado o Fórum Cultural Internacional Panda de Ouro em que foram debatidas as temáticas de cooperação, diálogo e aprendizagem mútua. O espaço contou com a participação de ex-altos funcionários da ONU, o ex-primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, e o ex-ministro de Relações Internacionais do Egito, Nabil Fahmy.

A pianista chinesa Tian Jiaxin participou em um dos painéis do fórum, que debateu cooperação cultural entre a juventude, e afirma que espera tocar com pessoas de diferentes países, incluindo músicos brasileiros.

“A cultura sempre precisa da troca, certo? Nós podemos juntar muitas coisas diferentes e criar algo novo, pra tornar o mundo em um lugar mais pacífico e mais feliz”, diz Jiaxin.

O momento do setor audiovisual chinês

Grandes nomes chineses do cinema estiveram presentes na premiação na terra dos pandas. Entre eles os atores Jackie Chan, Guan Xiaotong e Wu Jing e o aclamado diretor Zhang Yimou.

Zhang Yongxin ganhou o prêmio de Melhor Diretor, na categoria drama televisivo, por A Era do Despertar (disponível aqui dublado em português), uma série sobre a história de como o Partido Comunista da China foi fundado em 1921.


Era do Despertar (觉醒的时代), série lançada em 2021, que conta a história de fundação do Partido Comunista da China


A indústria cinematográfica da China vem se desenvolvendo rapidamente e está se recuperando da desaceleração durante a pandemia. A bilheteria total da China durante o verão deste ano bateu recorde, superando o equivalente a mais de R$ 13 bilhões, com produções nacionais ganhando uma proporção cada vez maior, resultado de uma trajetória nos últimos anos de incentivos fiscais e subsídios à indústria.

Entre alguns dos objetivos colocados no 14º Plano Quinquenal (2021-25), está o de que o país possua 100.000 salas até 2025 e que pelo menos 55% da bilheteria total anual seja de filmes chineses, um limite que já é comumente superado. No ano passado, por exemplo, 81% da bilheteria totalizou RMB 35 bilhões (mais de R$ 20 bi).

Em 2017, entrou em vigor a Lei de Promoção da Indústria Cinematográfica, com o objetivo de incrementar o desenvolvimento do setor em termos de tecnologia, capital, talentos e conteúdos.

As isenções de impostos sobre valor agregado e imposto comercial para empresas da indústria cinematográfica, implementadas de 2009 a 2014, também são entendidas como parte das políticas que fomentam o crescimento do setor no país. Segundo uma pesquisa publicada este ano, até 2028, o mercado cinematográfico chinês pode chegar a quase dobrar em valor.

Shuguang afirma que um exemplo do avanço da indústria na China é o filme lançado este ano, Criação dos Deuses I, o primeiro filme de uma trilogia do diretor Wuershan, e que deve ser a mais ambiciosa e cara da história do cinema chinês, com um orçamento previsto de 3 bilhões de yuans (mais de R$ 2 bi).

Para o presidente da Sociedade de Críticos de Cinema da China, o filme simboliza o avanço da indústria cinematográfica no país: “Este filme alcançou a padronização do processo em termos de técnicas de produção, acompanhando o desenvolvimento do cinema mundial. Além disso, Criação dos Deuses é uma obra épica mitológica nacional na China, ela promove a transformação criativa e o desenvolvimento inovador da fina cultura tradicional chinesa, tornando histórias tradicionais mais modernas e elevando o nível de produção de filmes de fantasia a um padrão global avançado”.

Compreensão mútua e defesa do diálogo

A pianista Tian Jiaxin participou em um dos painéis do fórum, que debateu cooperação cultural entre a juventude, e afirma que espera tocar com pessoas de diferentes países, incluindo músicos brasileiros.

“A cultura sempre precisa da troca, certo? Nós podemos juntar muitas coisas diferentes e criar algo novo, pra tornar o mundo em um lugar mais pacífico e mais feliz”, diz Jiaxin.

O diretor argentino Leandro Martínez teve sua obra Ahru, indicada a Melhor Animação. Ele acredita que espaços como este promovidos pela China, fora do circuito hegemônico, podem contribuir em termos de divulgação e apoio para as produções na América do Sul.

“Pra gente chegar em Hollywood, vindo da Argentina, do Uruguai ou do Brasil, é um caminho muito mais longo do que a difusão que você consegue em um evento como esse, por exemplo.

“O meu curta é um trabalho independente feito por mim mesmo, na minha casa. E de repente fui convidado e indicado a um prêmio, sem nenhum tipo de preconceito. Ou seja, não tive que fazer nenhum tipo de caminho político, de ter conhecidos no ramo ou ter sido convidado primeiro para outros festivais menores. Não. É como se por, simplesmente eles terem gostado ou achado que [o curta] realmente tem algo a dizer, tenho a oportunidade de estar aqui”, contou Martínez ao Brasil de Fato.

O outro latino-americano presente na premiação também era argentino, o ator Nahuel Pérez Biscayart, que acabou levando o prêmio de Melhor Ator do festival pelo filme Aulas de Persa, uma co-produção entre Rússia, Alemanha e Bielorússia.

Da América Latina, também foi indicado o mexicano Alejandro González Iñárritu a Melhor Diretor na categoria filmes por “Bardo, Falsa Crônica de umas Quantas Verdades”, e o colombiano César López, a Melhor trilha original pela co-produção Memoria.

Em conversa com o Brasil de Fato, após receber o prêmio, Nahuel afirmou que a característica internacional do trabalho pelo qual foi premiado coincidiu com a proposta do prêmio de “atravessar as fronteiras”. “Sou argentino e trabalhei num filme russo-alemão-bielorusso, interpretando um belga que fala francês e alemão e agora estamos aqui com um prêmio chinês. Acho que é a coisa mais bela do cinema e da arte em geral: quando as fronteiras políticas são apagadas um pouco, pelo menos por um momento parece que nos entendemos e podemos criar uma linguagem comum”.

Edição: Patrícia de Matos

FESTIVAL DO LIVRO DO RIO DE JANEIRO DEBATE DESAFIOS POLÍTICOS DO BRASIL; EVENTO OCORRE DE 5 A 7 DE OUTUBRO

Setembro 28, 2023


CULTURA

CULTURA E POLÍTICA

Fliv-Rio destaca produção literária, política e cultural, priorizando a chamada literatura de resistência

Redação

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) | 28 de Setembro de 2023 –

Ao todo, mais de 40 editoras participam do Fliv-Rio neste ano oferecendo preços e condições especiais que podem chegar a 30% de desconto nos livros – Foto: divulgação
A segunda edição do Festival do Livro do Rio de Janeiro (FLIV-Rio) começa em 5 de outubro (quinta-feira da próxima semana) no Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações (Sinttel-Rio), no bairro Maracanã, na zona norte da capital fluminense. O evento se estende até sábado (7) com lançamentos de livros e debates sobre temas como desigualdade social, mundo do trabalho, controle de plataformas digitais e bolsonarismo.


Entre os presentes está o escritor Cesar Calejon, que lançará, no sábado (7), às 14h, o livro “Esfarrapados: Como o elitismo histórico-cultural moldou as desigualdades no Brasil”. Na ocasião, haverá um debate com o juiz Rubens Casara e a deputada estadual Verônica Lima (PT). Durante a roda de conversa, o escritor e jornalista pretende abordar assuntos atuais, como o privilégio de classe que envolveu o ato obsceno de alunos de Medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa) durante um jogo de vôlei em abril deste ano.

A FLIV-Rio contará também com a presença do jornalista Franklin Martins, que fará uma palestra na sexta-feira (6) sobre quem “descobriu” o Brasil. No mesmo dia, haverá um debate sobre os 80 anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Já a extrema direita será pautada no sábado (7), às 16h, pelo pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e especialista em bolsonarismo, João Cezar de Castro Rocha, e pelo jornalista Fernando Drumond.

O Festival destaca a produção literária, política e cultural, priorizando a chamada literatura de resistência, promovendo títulos e autores que se coloquem em defesa da democracia. Serão mais de 40 editoras oferecendo seu acervo com preços e condições especiais que podem chegar a 30% de desconto.


“Mais do que uma honra, é um dever cidadão manter um espaço aberto para que se possa debater o Brasil de ontem, de hoje e para o futuro. O FLIV-Rio é esse palco para congregar o pensamento progressista e manter unidos academia, movimento sindical, ativismo, toda a sociedade civil, deixando a produção literária guiar a discussão”, afirma Francisco Izidoro, idealizador do evento e diretor do Sinttel-Rio.

Sobre o FLIV

O Festival do Livro do Rio de Janeiro (FLIV-Rio) foi pensado para ser um espaço de lançamento, divulgação e debate amplo e diverso sobre a produção literária, política e cultural, com destaque para títulos que abordem a temática progressista, a chamada literatura de resistência, em defesa da democracia.

A proposta é que o FLIV-Rio seja um encontro anual de reflexão sobre a conjuntura do país e do mundo, promovendo o contato entre leitores/as, autores/as e pensadores/as que estejam contribuindo com a análise do panorama político e social atual, assim como as propostas de reestruturação e fortalecimento do Brasil.

Além do Sinttel-Rio, participam da organização do festival o Sinpro-Rio (Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Confira aqui a programação do evento.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister

‘ELIS & TOM’: UM FILME LINDO SOBRE UM ÁLBUM DAQUELES QUE NÃO SE FAZEM MAIS

Setembro 27, 2023

ELIS REGINA

Documentário sobre o antológico álbum foi feito a partir de mais de cinco horas de registros inéditos das imagens que estavam guardados há quase 50 anos

Julinho Bittencourt

POR JULINHO BITTENCOURT

Opinião

'Elis & Tom': um filme lindo sobre um álbum daqueles que não se fazem mais

Elis e Tom. O2Play/Divulgação

Dizer que “Elis & Tom”, gravado por Elis Regina e Tom Jobim em Los Angeles (EUA), em 1974, é um dos maiores álbuns brasileiros de todos os tempos é chover no molhado. O disco é o que traz aquela gravação antológica de “Águas de Março”, e só isso bastaria para entrar em qualquer discografia do planeta.

Mas ele tem mais, muito mais e é, de fato, uma obra-prima.

O que ninguém contava nos dias de hoje, quase 50 anos depois do seu lançamento, é que Roberto de Oliveira, o empresário de Elis na época, que além de ter a ideia de promover o encontro e a gravação de um álbum conjunto, registrou vários momentos. “Chegando lá eu percebi que eu tinha que filmar aquilo. Percebi que eu estava diante de um evento histórico”, afirmou.

Foram mais de cinco horas de registros antológicos de Elis, Tom, músicos, técnicos e auxiliares no estúdio. “Quando eu desacelerei, percebi que era a hora de mexer nesse material”, conta o ex-diretor de televisão e produtor.

Além destes registros, o documentário ouve ainda ex-executivos da gravadora Polygram e diversos profissionais envolvidos na gravação. César Camargo Mariano, André Midani e Roberto Menescal, os músicos entre outros. João Marcelo Bôscoli, filho de Elis e Ronaldo Bôscoli, é um dos que dá alguns dos depoimentos mais interessantes sobre a obra.

O resultado é o maravilhoso documentário “Elis & Tom – Só Tinha de Ser com Você”, com direção de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay e roteiro de Nelson Motta. A produção é da Rinoceronte Entretenimento e a distribuição, da O2 Play.

As brigas

Quem ouve o álbum com toda a sua beleza, no entanto, não imagina que gravá-lo não foi uma tarefa das mais fáceis. O início das sessões foi deveras turbulento, com exigências de todos os lados. Jobim implicava com o piano elétrico de César Camargo Mariano e a guitarra elétrica de Hélio Delmiro; Elis, por sua vez, no auge da sua popularidade, achava que o álbum deveria ter o seu protagonismo. Tom, com seu prestígio, imaginava o mesmo.

No final das contas, ganharam os dois. Tom ficou muito mais conhecido a partir dele e Elis ganhou um reconhecimento artístico que até então não imaginaria ter.

Além disso, os músicos não se furtam de dizer que o disco foi um marco na maneira dela cantar. No lugar dos gritos de “Arrastão”, entre outras interpretações grandiloquentes, entrou um canto suave, equilibrado e certeiro, nos moldes do piano e das composições do autor.

O filme também faz algumas insinuações sobre um certo ciúmes de Cézar Mariano, então marido de Elis, sobre a maneira como ela tratava Jobim e, sobretudo, foi tratada pelo maestro.

O melhor de tudo

No final das contas, o melhor mesmo fica por conta das cenas de estúdio, com intepretações maravilhosas de várias canções, tanto as que entraram no álbum quanto outras que ficaram de fora. Cenas emocionantes e bem-humoradas do clima ameno que acabou reinando quando foram aparadas todas as arestas.

O documentário “Elis & Tom – Só Tinha de Ser com Você” é um deleite do começo ao fim para os fãs e admiradores que há quase 50 anos ouvem o álbum sem parar. Mas é, principalmente, um registro histórico de uma gravação que, infelizmente, nossa música não chega nem perto de repetir.

É, enfim, um filme lindo sobre um álbum daqueles que não se fazem mais.

Veja o trailer abaixo:

E ouça o álbum:

https://open.spotify.com/embed/album/3SE9n6EaVOJ81KA1KPLUWS?utm_source=generator

TEMAS

Elis ReginaTom Jobim

CASA DE CULTURA MÁRIO QUINTANA CELEBRA SEUS 33 ANOS COM MOSTRA SOBRE O POETA E O ANTIGO HOTEL MAJESTIC

Setembro 26, 2023

CULTURA

EM PORTO ALEGRE (RS)

Casa, quarto e obra do poeta vão estar na trajetória dos visitantes; atividades gratuitas seguem até 1º de outubro

Redação

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) | 26 de Setembro de 2023 –

O escritor gaúcho Mario Quintana morou, de 1968 a 1982, no apartamento 217 do hotel Majestic, que viria a ser transformado na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre (RS) – Foto: Junior Evans

Para marcar seu aniversário de 33 anos, celebrados nesta segunda-feira (25), a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) – localizada na Rua dos Andradas, 736, centro de Porto Alegre – preparou uma semana de programação especial. Atividades para todos os públicos serão realizadas diariamente, até o domingo (1º).


Nesta terça-feira (26), o público poderá visitar a nova exposição permanente sobre a história do Majestic, a transformação do hotel em centro cultural e a vida e a obra de Mario Quintana. As salas do segundo andar da ala leste foram reformuladas para trazer outros materiais do acervo, até então inacessíveis aos visitantes. Haverá um percurso dividido entre a Casa do Poeta, o Quarto do Poeta e Obra do Poeta.

Interação lúdica com a obra poética

“A reformulação dos espaços busca dar maior foco à vida e à literatura de Mario Quintana, incluindo, além da sua poesia, suas obras infantis e seus trabalhos como tradutor”, aponta Ana Cristina Steffen, uma das responsáveis, ao lado de Renata Pires e Carolina Grippa, pela nova proposição. Na mostra estão fotos, livros, manuscritos e originais de algumas das publicações do poeta. Nesses espaços haverá também oportunidade para o público interagir de forma lúdica com a obra de Quintana.

Ao longo da semana, de terça (26) a sábado (30), haverá mediações especiais para escolas e grupos, em quatro horários: 10h30, 13h30, 14h30 e 16h. O percurso proposto vai abordar a história da CCMQ e o que acontece na instituição, propondo uma reflexão sobre as diferentes formas de frequentar e ocupar os espaços.

As mediações podem ser agendadas pelo email visitaccmq@gmail.com. Durante as mediações, serão oferecidas duas propostas de atividade, uma para público infantil e outra para o público juvenil: para as crianças, a proposta envolve a confecção de um cartão de aniversário para CCMQ; para os mais velhos, será realizado um quiz.

Durante as comemorações, o projeto educativo também irá oferecer, na quinta-feira (28) e no sábado (30), a atividade Jogos pela Casa: Pequenos arquitetos da grande Casa de Cultura Mario Quintana. A proposta convida as crianças a criarem o seu próprio museu.

Materiais descartados viram joias


Mais agito está programado para sexta (29), sábado e domingo. É quando o Instituto Estadual de Música (IEM) apresentará a ocupação cultural Dandô, celebrando os 10 anos do movimento Dandô RS. A atividade irá se traduzir em oficinas, exposições, apresentações musicais, espetáculos infantis e muita arte no quarto andar da CCMQ.

:: ‘Biblioteca somente com livro na estante não se basta mais’, acredita Ana Maria de Souza ::

No sábado (30), às 13h, a Associação de Artesãs Redeiras vai inaugurar a terceira ocupação do espaço Vitrine CCMQ + RS Criativo, no andar térreo da ala oeste. Utilizando materiais descartados pelos pescadores, as redeiras criam peças como bolsas, carteiras, pulseiras, colares e biojias.

O que seria descartado como lixo é reaproveitado e transformado em produtos, que estarão à venda no local. O funcionamento da Vitrine será de quinta a sábado, das 13h às 18h, e domingo, das 12h às 17h.

“Toda casa de cultura é uma escola”

No prédio oposto, às 15h do dia 30, no hall de entrada da ala leste, ocorrerá a inauguração da maquete tátil da CCMQ. Essa será a primeira ação de acessibilidade dentro do projeto “Toda casa de cultura é uma escola”. O modelo tridimensional, que retrata detalhadamente a arquitetura da Casa, com suas fachadas e espaços, contará com legendas em braile e áudio-descrição.

A maquete se destina prioritariamente ao uso de pessoas com deficiência visual, que poderão ter uma experiência mais detalhada sobre a dimensão e as características do centro cultural.

No domingo (1º), para completar a festa, vai acontecer a quinta edição do Samba do Quintana, que traz muita música para a travessa Rua dos Cataventos. As atrações serão Luiza Hellena e Thiago Ribeiro e Amigos.

Toda a programação de aniversário é gratuita e aberta ao público.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira

WALNICE NOGUEIRA GALVÃO: 11 DE SETEMBRO NO CHILE: FILMES

Setembro 25, 2023

Alguns filmes levaram ao mundo as denúncias do que acontecia no Chile, após golpe militar do dia 11 de setembro de 1973

Walnice Nogueira Galvãojornalggn@gmail.com

Missing – Costa Gavras

11 de setembro no Chile: filmes

por Walnice Nogueira Galvão

O golpe do dia 11 de setembro de 1973 suscitou filmes importantes. Entre eles, brilha como padrão insuperável a trilogia de Patrício Guzmán, que, tendo participado do “experimento Allende”, depois filmaria o golpe e suas consequências. A trilogia tem por título A Batalha do Chile (1979) e um subtítulo que a explicita: A luta de um povo sem armas. Documenta minuciosamente como testemunha de vista o que foi o projeto socialista e inovador do governo Allende. E depois registra como a direita tomou o poder em 1973, em meio a um banho de sangue, passando a desmantelar meticulosamente o projeto. Filmado ao longo de muitos anos, foi concluído em 1979. Consta de três filmes: A insurreição da burguesia, O golpe militar O poder popular, num total de cerca de seis horas. Teve produção de Chris Marker, o francês que foi o maior documentarista político que já houve, devotando-se a filmaras revoluções do século XX. É uma obra-prima e certamente a mais importante realização cinematográfica já feita sobre as ditaduras da América Latina.

Mais tarde, o mesmo cineasta continuaria a filmar, ajustando ligeiramente o ponto de vista e focalizando os desdobramentos. Vieram então O botão de pérola (2015), que se dedica a uma vasta reflexão sobre os desaparecidos, muitos deles atirados de um avião ao mar, elemento da natureza que comanda a reflexão no filme. Também foi praxe no Brasil, como foi o caso de Stuart Angel, o filho de Zuzu Angel. Nostalgia da luz (2010) filma, no deserto de Atacama, os cemitérios clandestinos de mortos e desaparecidos onde, trinta anos depois, familiares vão desenterrar ossos. E, o que ainda fazia falta, uma bem completa biografia do líder chileno: Salvador Allende (2004).

Outra biografia que fazia falta é a de Victor Jara, ora filmada como Massacre no estádio (2019). O documentário retraça a vida e a morte desse popular cantor militante, ativo no “experimento Allende”, um dos primeiros a ser trucidado pelos militares vitoriosos. Lembra a contribuição do cantor Zeca Afonso, cuja atuação em Portugal foi decisiva  para a Revolução dos Cravos: não foi à toa que sua composição “Grândola vila morena” seria a senha transmitida pelo rádio que serviu como estopim para a insurreição. Os legendários Woody Guthrie e Pete Seeger, da música folk norte-americana, também estiveram à frente das lutas populares, o primeiro na Grande Depressão dos anos 30 e o segundo depois disso, nas canções de protesto e nas marchas pelos direitos civis. No Brasil, Geraldo Vandré estava se encaminhando para ser um deles, se a ditadura não tivesse ceifado sua carreira de menestrel. Victor Jara viria a tornar-se um relevante símbolo da luta pela liberdade.

Desaparecido (1982):mais conhecido como Missing. Prestou o grande serviço de divulgar os horrores do regime de Pinochet para o mundo: teve produção americana, é falado em inglês e estrelado por Jack Lemmon, que além do mais ganhou o Oscar de melhor ator, o que em geral catapulta o filme para o sucesso. Tudo isso é visão de longo alcance de um cineasta militante, Costa Gavras, que já tinha atingido a fama com o filme Z,  que, embora tratasse de um atentado mais antigo, servia como denúncia da ditadura militar grega, a chamada “ditadura dos coronéis”, então vigente. Baseado numa história conhecida, Missing teve estrondoso sucesso internacional, narrando o caso de  um pai americano cujo filho, jornalista de esquerda no Chile de Allende, é um dos desaparecidos.

Anos antes, e sob a égide de Allende, este diretor já tinha feito no Chile um filme militante, empunhando o cinema como arma na luta política. Trata-se de Estado de sítio (1972), que conta, ligeiramente ficcionalizado, o percurso de Dan Mitrione, agente secreto dos Estados Unidos que viera ao Cone Sul ensinar as forças armadas a torturar. O agente foi sequestrado e justiçado pelos Tupamaros, o agrupamento de guerrilha urbana fundado no Uruguai por um punhado de bravos, entre eles José Mujica e Raul Sendic. O filme foi proibido entre nós, pois mostrava a aplicação prática das aulas num prisioneiro, sob a bandeira brasileira pendurada na parede.

Todos eles são filmes de testemunho, tendo máxima relevância.

Walnice Nogueira Galvão é Professora Emérita da FFLCH-USP

SILVERO PEREIRA INTERPRETA BELCHIOR

Setembro 24, 2023

FESTIVAL CELEBRA DEZ ANOS DO ESPAÇO LUIZ ESTRELA A PARTIR DESTE SÁBADO (23), EM BELO HORIZONTE

Setembro 23, 2023
  1. CULTURA

COMEMORAÇÃO

Festival de Primavera segue até 29 de outubro com programação gratuita

Ana Carolina Vasconcelos

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

 

Para comemorar, entre 23 de setembro e 29 do próximo mês, acontece o Festival de Primavera – Foto: Instagram/ Espaço Luiz Estrela

Quem passa pela rua Manaus, no bairro São Lucas, em Belo Horizonte (MG), logo tem a atenção tomada pelo grande casarão que, atualmente, abriga o Espaço Comum Luiz Estrela. No próximo dia 26 de outubro, a ocupação artística, cultural e de produção do conhecimento completa uma década de existência.

Para comemorar, entre 23 de setembro e 29 do próximo mês, acontece o Festival de Primavera, com o tema “Memória, território e autogestão”. Durante o período, o espaço promove rodas de conversa, oficinas, exposições, visitas guiadas, apresentações, feirinha e muito mais.

As diversas expressões artísticas presentes na programação do festival, retomam o passado, explicam o presente e apontam para o futuro do Espaço Comum Luiz Estrela, que foi ocupado em 2013 a partir de uma encenação teatral. Hoje, é um centro cultural autogestionado, que promove arte e política.

História

Joviano Mayer, que faz parte da Trupe Estrela, coletivo de teatro da ocupação, relembra que, na época, a capital mineira vivia uma efervescência cultural muito grande e que, com a experiência das jornadas de junho de 2013, processos de luta foram impulsionados na cidade.

“O Estrela é fruto disso. No dia da ocupação, nós fizemos teatro. Duas pessoas entraram no casarão, em 24 de outubro, a partir de uma cena teatral, na qual a escada fazia parte da cenografia e todos estavam com figurino. Na manhã do dia 26, nós chegamos com um ônibus, com vários artistas, que passaram a compor a retomada do imóvel”, conta Joviano.

O casarão ocupado pelos artistas estava abandonado há quase 20 anos. Tombado pelo município em 1994, o imóvel foi construído em 1912, com a finalidade de ser o Hospital Militar da Força Pública Mineira, atual Polícia Militar de Minas Gerais.

Daquele período até o início dos anos 1990, o espaço também abrigou um hospital psiquiátrico infantil, que foi fechado após denúncias de más condições, um centro psicopedagógico (CPP) e a Escola Estadual Yolanda Martins, fechada no ano do tombamento do imóvel.

Após a ocupação, a Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), que possuía um termo de cessão do imóvel firmado com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), proprietária do terreno, entrou com um pedido de reintegração de posse.

Contudo, os advogados apoiadores do movimento se articularam para impedir o despejo, conseguiram uma decisão favorável da Justiça e abriram uma mesa de negociação com o governo de Minas Gerais.

“Na mesa de negociação, com toda a pressão política, da cultura e de parlamentares, nós conseguimos que o espaço fosse cedido para nós por 20 anos”, conta Joviano.

Autogestão

O Espaço Comum Luiz Estrela se organiza a partir da autogestão, da horizontalidade e possui um estatuto que busca impedir a reprodução de práticas autoritárias, machistas, racistas e LGBTfóbicas.

Tita Marçal, uma das artistas que adentrou primeiro no casarão, destaca que o ideal defendido pela ocupação é de liberdade em relação a todas as formas de opressão.

“A gente está aqui por nós, por cada um de nós. Enquanto houver necessidade de consenso e de diálogo, a conversa precisa ser levada em assembleias, por meio da comunicação não violenta”, explica Tita.

Para dar conta desses objetivos, o espaço também desenvolveu uma forma própria de se organizar. Atualmente, a ocupação conta com aproximadamente 90 pessoas, que contribuem de acordo com o seu tempo, interesse e disponibilidade.

O Estrela possui assembleias deliberativas, um conselho, e nove núcleos temáticos de pesquisa e ação, que são o de Arquitetura e Restauro, o de Teatro, o Cine Estrela, de cinema, o Criar Cura (da luta antimanicomial), a Cozinha Comum (que pesquisa o alimento), a Escola Comum (que reúne educadores), o Bloco Comum (que é o bloco de carnaval), o da Feirinha Estelar (que reúne artesãos), e o da Permacultura (que atua no pátio do casarão).

Luciana Lanza, que é bailarina e produtora, explica que um dos desafios da construção da autogestão e da horizontalidade é romper com os valores e as formas de organização da sociedade capitalista.

“A sensação que eu tenho é de que as pessoas, quando ocuparam a casa, talvez não tivessem a dimensão da responsabilidade que elas estavam pegando para si, principalmente quando se propõe um lugar autogestionado”, avalia Luciana.

“Você chega aqui e precisa mudar uma chave na sua cabeça, porque não vai ter um chefe que vai te falar para lavar a sua louça ou tirar o seu lixo. Isso deveria ser um exercício de consciência, de ocupação espacial”, complementa a bailarina.

Núcleo premiado

Em 2017, o núcleo de Arquitetura e Restauração do Espaço Comum Luiz Estrela recebeu o maior prêmio do patrimônio nacional brasileiro, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, pela responsabilidade com a preservação do patrimônio cultural.

A restauradora Tatiana Pena, que faz parte do coletivo, explica que ações desenvolvidas no casarão são de caráter diferenciado, porque tem o compromisso com a manutenção da história do imóvel.

“Durante esses dez anos, o telhado, as portas e as janelas foram todas restauradas. Estamos começando a estudar as pinturas existentes nas paredes do casarão. É um restauro sempre em processo. A gente não esquece a teoria. Mas, ao mesmo tempo, temos a flexibilidade de manter o casarão restaurado, sem ser nos moldes de um restauro comum”, conta Tatiana.

“Nosso objetivo não é botar o casarão lindo de novo, com tudo ‘pintadinho’. A gente quer que todas as camadas que existem aqui, desde a construção do casarão, permaneçam aqui. Isso, para o restaurador, também é um desafio, é a desconstrução do que aprendemos na faculdade”, complementa a restauradora.

Homenagem

A ocupação homenageia Luiz Otávio da Silva, conhecido como Estrela. Homossexual e em situação de rua, ele foi assassinado em 26 de junho de 2013, em Belo Horizonte, no mesmo dia de uma das manifestações das jornadas de junho mais reprimidas pelas forças policiais. Sua morte nunca foi investigada.

Luiz Estrela é querido e conhecido por artistas e ativistas da capital mineira, por sua presença nas manifestações culturais e políticas da cidade.

Contribua

Para desenvolver suas atividades, o Espaço Comum Luiz Estrela conta com uma plataforma de financiamento coletivo, na qual a população pode doar qualquer valor. Para contribuir, basta clicar neste link.

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Larissa Costa

MOSTRA DE CINEMA EXIBE 20 LONGAS GAÚCHOS EM PORTO ALEGRE

Setembro 22, 2023


CULTURA

PRIMAVERA GAÚCHA
Mostra de cinema exibe 20 longas gaúchos a partir desta quinta (21) em Porto Alegre
Organizada pela Secretaria Estadual de Cultura, exibição segue até 13/10 na Cinemateca Paulo Amorim

Redação

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) | 22 de Setembro de 2023-

Anahy de Las Misiones é o filme que inicia o programa – Foto: Divulgação

Primavera Gaúcha é o nome do projeto idealizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), por meio do Instituto Estadual de Cinema (Iecine), com lançamento nesta quinta-feira (21). Uma ampla mostra de filmes produzidos no Rio Grande do Sul segue até o dia 13 de outubro. As sessões serão realizadas na Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim, em Porto Alegre (Rua dos Andradas, 736, Centro Histórico), com entrada franca.

O programa é composto por 20 longas-metragens, selecionados pela Associação de Críticos de Cinema do RS (ACCIRS), que representam o cinema feito no estado, abordando questões históricas, temáticas, de gênero e trajetórias premiadas.

A mostra tem como objetivo dar visibilidade e promover o conhecimento sobre a cultura do Sul do Brasil, além de apresentar a diversidade da produção cinematográfica gaúcha. Também destaca a trajetória de diferentes diretores e sua produção geracional, por meio de seus filmes mais relevantes.

A Primavera Gaúcha foi viabilizada com recursos de uma emenda parlamentar do deputado gaúcho Ubiratan Sanderson e tem como objetivo central celebrar e divulgar a produção audiovisual gaúcha para novos territórios e públicos. O projeto inclui uma mostra itinerante, uma plataforma de streaming, a publicação de um livro, a criação de um site e auxílio financeiro para que realizadores gaúchos possam participar de eventos de mercado e festivais.

Entre os filmes selecionados estão Anahy de las Misiones (Sérgio Silva), O Homem que Copiava (Jorge Furtado), O Cárcere e a Rua (Liliana Sulzbach), Antes que o Mundo Acabe (Ana Azevedo), O Caso do Homem Errado (Camila Moraes), entre outros títulos de destaque no cinema brasileiro e gaúcho.

Programação

Anahy de Las Misiones (Brasil, 1997, 107min). Direção de Sérgio Silva, com Araci Esteves, Marcos Palmeira, Dira Paes, Paulo José, Fernando Alves Pinto. 16 anos. Drama. Sinopse: Uma mulher luta pela sobrevivência durante o período mais conturbado da história do Rio Grande do Sul, a Revolução Farroupilha. Arrastando um velho carroção sem bois, Anahy e seus filhos enfrentam a guerra, a morte e o medo, com o objetivo de manter a família unida. Inevitavelmente, o conflito se infiltra em sua vida e Anahy assiste impotente a dissolução de sua família.
Data: 21/09 – quinta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

O Homem que Copiava (Brasil, 2003, 123min). Direção de Jorge Furtado, com Lázaro Ramos, Leandra Leal, Luana Piovani, Pedro Cardoso, Júlio Andrade. 14 anos. Drama. Sinopse: André é um jovem que trabalha na fotocopiadora de uma papelaria. Um dia se apaixona por Sílvia, uma vizinha, a qual passa a observar com os binóculos em seu quarto. Decidido a conhecê-la melhor, descobre que ela trabalha em uma loja de roupas e, para conseguir uma aproximação, tenta de todas as formas conseguir 38 reais para comprar um suposto presente para a mãe.
Data: 22/09 – sexta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

O Cárcere e a Rua (Brasil, 2004, 80min). Direção de Liliana Sulzbach. 12 anos. Documentário. Sinopse: Cláudia, presidiária mais antiga e respeitada da Penitenciária Madre Pelletier, deve deixar o cárcere em breve. Assim como Betânia, que vai para o regime semiaberto, e ao contrário de Daniela, que recém chegou na prisão e aguarda julgamento. Enquanto Daniela busca proteção na cadeia, Cláudia e Betânia vão enfrentar as incertezas de quem volta para a rua.
Data: 23/09 – sábado
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Antes que o Mundo Acabe (Brasil, 2009, 100min). Direção de Ana Luiza Azevedo, com Pedro Tergolina, Eduardo Cardoso, Bianca Menti. 10 anos. Drama. Sinopse: Daniel é um adolescente crescendo em seu pequeno mundo com problemas que lhe parecem insolúveis: lidar com uma namorada que não sabe o que quer, ajudar um amigo que está sendo acusado de roubo e sair da pequena cidade onde vive. Tudo começa a mudar quando ele recebe uma carta do pai que ele nunca conheceu. Em meio a todas essas questões, ele será chamado a realizar suas primeiras escolhas adultas e descobrir que o mundo é muito maior do que ele pensa.
Data: 24/09 – domingo
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Morro do Céu (Brasil, 2009, 71min). Direção de Gustavo Spolidoro. 14 anos. Documentário. Sinopse: Morro do Céu é uma pequena comunidade de descendentes de italianos, localizada no alto de uma montanha no sul do Brasil. Lá o jovem Bruno Storti e seus amigos preenchem os dias de verão entre túneis de trem, colheita da uva e outras diversões, além da descoberta do primeiro amor.
Data: 26/09 – terça-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Em Teu Nome (Brasil, 2009, 100min). Direção de Paulo Nascimento, com Leonardo Machado, Fernanda Moro, Nelson Diniz, César Troncoso, Silvia Buarque. 14 anos. Drama. Sinopse: Boni, um estudante de engenharia entra para a luta armada, mas carrega dúvidas e medos sobre se este seria realmente o melhor caminho. Ele teme pela família, pela namorada e pelo futuro, que parece mais incerto a cada dia. Como tantos, Boni é preso, torturado e banido do país ao ser trocado pelo embaixador suíço no chamado Grupo dos 70. Exilado no Chile e ao lado da companheira Cecília, ele passa a compreender a sociedade de outra maneira.
Data: 27/09 – quarta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim


Walachai (Brasil, 2009, 85min). Direção de Rejane Zilles. Livre. Drama. Sinopse: Walachai é uma pequena comunidade rural no sul do Brasil em que as pessoas falam um antigo dialeto alemão. Os moradores, no entanto, não possuem qualquer relação com a Alemanha, identificando-se como brasileiros. A palavra Walachai significa um lugar longínquo, perdido no tempo, o que exatamente filme pretende mostrar.
Data: 28/09 – quinta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

A Última Estrada da Praia (Brasil, 2010, 93min). Direção de Fabiano de Souza, com Rafael Sieg, Miriã Possani, Marcos Contreras, Marcelo Adams. 14 anos. Drama. Sinopse: Esta adaptação livre de “O Louco de Cati”, de Dyonelio Machado, traz a história de três grandes amigos, e também amantes: Leo, Norberto e Paula. Em uma viagem pelo litoral gaúcho, eles encontram um homem estranho, que não fala, e acaba, seguindo viagem com ele. Juntos, os quatro fazem novas descobertas.
Data: 29/09 – sexta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Contos Gauchescos (Brasil, 2011, 101min). Direção de Henrique de Freitas Lima, Pedro Zimmermann. 14 anos. Drama. Sinopse: Contos Gauchescos – Simões Lopes Neto nas telas é a reunião de cinco segmentos: um prólogo com o documentário dramatizado Simões Lopes Neto entre o real e o imaginado – dirigido por Pedro Zimmermann – seguido por quatro curtas: Os Cabelos da China, Jogo do osso, Contrabandista, No manantial – dirigidos por Henrique de Freitas Lima.
Data: 30/09 – sábado
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

As Aventuras do Avião Vermelho (Brasil, 2014, 72min). Direção de Frederico Pinto, José Maia, com Milton Gonçalves, Lázaro Ramos, Zezé Barbosa. Livre. Drama. Sinopse: Fernandinho, um menino de oito anos, perdeu a mãe há pouco tempo e se tornou um garoto solitário, sem amigos e com problemas de relacionamento com o pai e na escola. Sem saber como lidar com a situação, o pai tenta conquistá-lo com presentes. Nada funciona até que ele dá para o filho um livro de sua infância. Encantado com a história, Fernandinho decide que precisa de um avião para salvar o Capitão Tormenta – aviador personagem do livro, que está preso no Kamchatka.
Data: 01/10 – domingo
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Ponto Zero (Brasil, 2015, 88min). Direção de José Pedro Goulart, com Sandro Aliprandini, Patrícia Selonk, Eucir de Souza, Larissa Tavares. 14 anos. Drama. Sinopse: Ênio tem quase quinze anos e precisa lidar com a chegada da vida adulta que se aproxima, enquanto tenta superar os traumas da infância, que incluíam acreditar em fantasmas, coisa que ele não faz há muito tempo. Na sua vida pessoal, age de ponte entre sua mãe, que acredita nesses espíritos, e seu pai, uma figura apática dentro de casa.
Data: 03/10 – terça-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Rifle (Brasil, 2016, 88min). Direção de Davi Pretto, com Dione Avila de Oliveira, Andressa Nogueira Goularte, Elizabete Farinha Nogueira, Evaristo Pimentel Goulart. 12 anos. Drama. Sinopse: Dione é um jovem que vive com sua família isolados em uma região rural. A tranquilidade do local é abalada quando um rico proprietário tenta comprar a propriedade onde eles vivem. Dione resolve carregar consigo um rifle para defender seu território.
Data: 04/10 – quarta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Mulher do Pai (Brasil, 2016, 94min). Direção de Cristiane Oliveira. 12 anos. Drama. Sinopse: Ruben e Nalu moram no campo, perto da fronteira entre Brasil e Uruguai. Quando ele percebe que a filha, aos 16 anos, já é uma mulher, uma perturbadora proximidade surge entre os dois. O estranhamento inicial dá lugar ao ciúme quando Rosario, uma atraente uruguaia, ganha espaço na vida de ambos.
Data: 05/10 – quinta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Cidades Fantasmas (Brasil, 2017, 71min). Direção de Tyrell Spencer. 10 anos. Drama. Sinopse: Deserto chileno, Amazônia brasileira, Andes colombianos e Pampa argentino. Quatro destinos na América Latina são revisitados por meio de fragmentos de memórias, reconstruídas a partir de escombros. O filme percorre as cidades de Humberstone, no Chile, Fordlândia, no Brasil, Armero, na Colômbia e Epecuén, na Argentina.
Data: 06/10 – sexta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim


O caso do homem errado retrata a violência policial contra a população negra / Divulgação

O Caso do Homem Errado (Brasil, 2017, 78min). Direção de Camila de Moraes. 14 anos. Drama. Sinopse: Júlio César de Melo Pinto, o operário negro que foi executado em Porto Alegre pela Polícia Militar, nos anos 1980. A história do jovem é contada através de depoimentos como o de Ronaldo Bernardi, o fotógrafo que fez as imagens que tornaram o caso conhecido; o da viúva do operário, Juçara Pinto; e de nomes respeitados da luta pelos direitos humanos e do movimento negro no Brasil.
Data: 07/10 – sábado
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Bio – Construindo uma Vida (Brasil, 2017, 105min). Direção de Carlos Gerbase, com Maria Fernanda Cândido, Maitê Proença, Sheron Menezzes, Werner Schunneman. 14 anos. Drama. Sinopse: Nascido em 1959 e morto em 2070, um homem tem uma patologia especial que não o permite mentir. Depois de sua morte, amigos e membros de sua família se reúnem para relembrar acontecimentos especiais pelos quais passaram juntos e que montam um interessante retrato da biografia do rapaz.
Data: 08/10 – domingo
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Yonlu (Brasil, 2017, 88min). Direção de Hique Montanari, com Thalles Cabral, Nelson Diniz, Lorena Lorenzo. 16 anos. Drama. Sinopse: Vinícius Gageiro, mais conhecido como Yonlu, é um jovem poeta, músico e desenhista, fluente em quatro idiomas. Apesar de talentoso, ele decidiu dar fim à sua vida depois de ingressar em uma comunidade virtual de assistência para potenciais suicidas.
Data: 10/10 – terça-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Tinta Bruta (Brasil, 2018, 118min). Direção de Filipe Matzembacher, Marcio Reolon, com Shico Menegat, Bruno Fernandes, Guega Peixoto. 14 anos. Drama. Sinopse: O jovem Pedro tenta sobreviver a um processo criminal ao mesmo tempo em que precisa lidar com a mudança da irmã, sua única amiga. Sob o codinome GarotoNeon, Pedro se apresenta no escuro do seu quarto para milhares de anônimos ao redor do mundo, pela internet. Com o corpo coberto de tinta, ele faz apresentações eróticas na frente da webcam. Ao descobrir que outro rapaz de sua cidade está copiando sua técnica, Pedro decide ir atrás dele.
Data: 11/10 – quarta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Cidade dos Piratas (Brasil, 2018, 84min). Direção de Otto Guerra, Marco Arruda, com Matheus Nachtergaele, Marco Ricca, Marcos Contreras. 16 anos. Drama. Sinopse: Um diretor de cinema enfrenta uma situação complexa no meio da produção de seu longa-metragem: a autora de “Os Piratas do Tietê” começa a rejeitar os personagens quando o enredo está praticamente pronto. Para tentar salvar o filme, ele decide contar a sua história e realidade e ficção se misturam em um caótico labirinto.
Data: 11/10 – quarta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

A Cabeça de Gumercindo Saraiva (Brasil, 2018, 95min). Direção de Tabajara Ruas, com Murilo Rosa, Leonardo Machado, Sirmar Antunes. 12 anos. Drama. Sinopse: Em 1895, no final da Revolução Federalista, o capitão rebelde Francisco Saraiva e cinco cavaleiros cruzam o sul do Brasil em uma exasperante caçada para resgatar a cabeça de Gumercindo Saraiva, cortada pelos legalistas e levada à capital pelo major Ramiro de Oliveira e dois ajudantes.
Data: 13/10 – sexta-feira
Horário: 19h
Local: Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko

DUO MÚSICA DE INTERIOR LANÇA GIL VICENTE NO PAGODE

Setembro 21, 2023

Aniela Rovani e Rafael Cardoso vão na contramão da “sofrência” e apresentam pagode de viola caipira com poesia afiada

Redaçãojornalggn@gmail.com

21

Essa moda é derivada da obra de Gil Vicente / Um poeta da pesada, cabra muito inteligente / Me lembra a prosa animada no boteco do Clemente / Deixe de conversa fiada e ouça muito atentamente. Com esses versos, o Duo Música de Interior inicia “Gil Vicente no Pagode”, single que será lançado nas plataformas digitais no dia 22 de setembro.

“Gil Vicente no Pagode” une a alegria do pagode de viola caipira a uma poesia “afiada” e cheia de sagacidade inspirada na obra do poeta e dramaturgo português Gil Vicente (1.465 – 1.536), trazendo uma reflexão profunda sobre valores, princípios e o comportamento humano. O pagode de viola, gênero desenvolvido e difundido pelo violeiro Tião Carreiro, ganha uma roupagem atualizada, homenageando a icônica obra “Auto da Lusitânia” (1.532), de Gil Vicente. A composição nos convida à reflexão, expondo de maneira jocosa e leve um diálogo entre dois indivíduos de nomes “Todo Mundo” e “Ninguém” num encontro casual em um boteco.

Os artistas apontam para questões centrais do comportamento humano contrapondo o desafio de remar contra a maré em busca de virtudes e sabedoria e o senso comum da busca por riqueza e conforto. Aniela Rovani, Rafael Cardoso e Edmilson Zambaldi são os compositores da obra, os quais, ao unirem forças neste projeto especial, demonstram sua paixão pela arte e sua dedicação em preservar e celebrar a cultura por meio da música, além de extrema fluência no conhecimento literário propondo a releitura deste grande autor que viveu entre os séculos XV e XVI e tem eternizados em sua obra temas tão atuais.

O lançamento de “Gil Vicente no Pagode”, pelo selo Passo Firme, marca um momento significativo na cena musical atual. A faixa coloca o “dedo na ferida” com um texto habilmente elaborado que traz uma reflexão sobre valores, ética e princípios, nos permitindo inclusive ponderar sobre os rumos que a sociedade tem tomado, mas tudo isso entregue de maneira leve e alegre num ritmo pulsante e envolvente.

Música de Interior nasceu do encontro de Aniela Rovani e Rafael Cardoso, na vida e na música. Residentes em Atibaia (SP), com conhecimentos das tradições populares interioranas, inspiração nas mais tradicionais duplas caipiras do Brasil, mas com estilo musical próprio, o dueto vocal avança na contramão da “sofrência” da moda atual, apostando na eloquência de suas próprias canções.

Com a marca de 1 milhão de visualizações no canal do youtube, o sucesso do trabalho se nota desde a estreia da dupla como vencedora do II Festival da Canção Brasileira promovido pelo SESI, em 2019, com os prêmios de melhor música e melhor interpretação. Posteriormente, foram premiados no Festival Causo e Viola, um dos principais festivais do Brasil neste segmento, com as músicas Minha Herança e Casa de Taipa e no Festival João Pacífico com o mais recente lançamento, Reinado Caipira. O destaque de 2022 foi o single “A Cruz do Muladeiro” com participação do ator global Jackson Antunes, alcançando quase 100 mil visualizações no Youtube. O álbum “Pés na Terra”, terceiro do duo, será lançado em 2024, enquanto diversos singles já estão disponíveis nas plataformas de streaming, assim como os álbuns “Interior” e “Música de Interior”, que entregam canções inéditas e autorais, conectam a raiz caipira, a riqueza e diversidade da música brasileira, a musicalidade dos nossos irmãos latino-americanos, a vida simples e a natureza exuberante que nos cerca.

Para conhecer: https://www.musicadeinterior.com/