Mais uma vez os vinilesquizofílico vão passear com leveza pela sonoridade da estética fluente. Hoje a bolacha crioula é de uma originalidade sem par. Trata-se do Grupo Acaba composto por uma plêiade de músicos que se dedicam a pesquisa das raízes de seu povo do Mato Grosso do Sul.
Gravada em 1979, pela Marcos Pereira, a bolacha crioula foi uma verdadeira revelação do que é a música original de um povo. Sua originalidade maior encontra-se no fato de que foi gravada ao vivo em Campo Grande. E para ser melhor o conjunto da obra, o grupo foi apresentado por Marcus Pereira.
Na contracapa tem um texto do próprio Marcus Pereira e uma breve apresentação do grupo. Vamos nessa, vivilesuizofílicos!
“Em nossas viagens pelo Brasil, ao lado da constatação da penetração da pior música estrangeira que contaminou até os mais tradicionais redutos onde se refugiou nossa música popular, vem nos surpreendendo, também, a existência de resistências. São verdadeiros “maquis” que em fantástica inferioridade, enfrentam a dominação cultural estrangeira.
A esses artistas será creditado, amanhã, o mérito maior pelo ressurgimento que se prenuncia da música do nosso povo. Como na Idade Média as rosas se refugiaram da barbárie nos jardins dos conventos e sobreviveram para marcar e comemorar os grandes feitos da humanidade, nestes jardins brasileiros dos resistentes sobrevive o talento de nosso povo. Ao lado do “Tápes”, do Rio Grande do Sul, do “Grupo Zambo”, da Bahia, o “Grupo Acaba”, de Mato Groso do Sul, atua e espera. A isto se chama esperança”.
Marcus Pereira
GRUPO ACABA
“Surgido no III Festival de Música Estudantil de Mato Groso (1971) com o intuito de pesquisar, desenvolver e divulgar o folclore mato-grossense, o Grupo Acaba se voltou ao Pantanal como tema. Descrevendo em suas letras, o homem, a fauna e a flora; em suas músicas, a alegria das cores e as dores da raça pantaneira”.
OBJETIVOS
“Um povo só se torna grande e independente quando tem sua cultura preservada e quando tem coragem para assumir sua primitividade. E se um dia quisermos contar nossa história e ser realmente um povo com memória, teremos que nos voltar para ouvir os verdadeiros donos da terra e saber respeitar seus hábitos, suas músicas, suas danças e suas histórias de dores e glórias do autêntico mato-grossense.
Esse imenso patrimônio folclórico, culturalmente desconhecido, é de todos nós, não apenas de alguns. São belezas e riquezas que pertencem aos nossos filhos. Todos nós que nos consideramos sulmatogrossense temos que impedir seu extermínio ou sua mutilação.
Reencontrar nosso folclore através de pesquisas de base, registrando a cultura de regiões desconhecidas culturalmente. Incentivar através da arte musical e coreográfica a preservação e o respeito ao autêntico folclore.
Divulgar nacionalmente a necessidade de preservação dos costumes, da flora e da fauna do Pantanal, riqueza que se estende por uma grande parte de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Nessa viagem, no lombo do cavalo, sob o rangido dos carros-de-boi, ou no silente deslizar do batelão, vamos encontrar um retrato sem retoques do Pantanal e sua raça”
LADO – A
Caranda/Kananciuê/O Dono da Caça/Canoa, Canoeiro/Mãe da Lua e O Tempo do Boi.
Lado – B
Rodada de Siriri e Cururu/A Gruta do Lago Azul/Pachico/Ciranda Pantaneira/Armândia e Barbudo.
MÚSICOS
Luiz; violão, baixo acústico e voz.
Vandir: craviola, viola de 10 cordas e voz.
Alaor: violão, viola de 10 cordas e voz.
Moacir: chocalho indígena, pandeiro, percussão e voz.
CONVIDADOS
Zezinho: Tuma e voz.
Lincoln: Bateria.
Jairo: Violão.
João: Bumbo.
Direção Artística: Marcus Vinicius.
Foto: RAF.