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MULHERES QUE ATUARAM CONTRA A DITADURA É O TEMA DE “ATRÁS DE PORTAS FECHADAS”, DANIELLE GASPAR E KRISHNA TAVARES

Outubro 23, 2015

imageNo dia 4 de outubro, no Festival Cine Direitos Humanos, será lançado o documentário longa-metragem Atrás de Portas Fechadas, das documentaristas e pesquisadoras Danielle Gaspar e Krishna Tavares. O documentário apresenta entrevistas com mulheres que no período da ditadura civil-militar que dominou o Brasil entre os anos 1964 e 1985, lutaram contra a opressão e a falta de liberdade.

O documentário mostra a contradição política das muitas mulheres no país. De um lado as mulheres não-alienadas, engajadas, que lutavam contra a ditadura feroz que se apossou do Brasil, e do outro lado mulheres bem comportadas e satisfeitas que se opunham a luta pela liberdade afirmando que estavam defendendo o país do perigo comunista.

Um mote criado pelos Estados Unidos e os ditadores e seus simpatizantes, como até hoje ocorre de maneira farsesca. As mulheres que lutavam contra o chamado perigo comunista, seriam hoje as coxinhas. Muitas delas descendentes dessas coxinhas passadas. Deus, Pátria e Família é a clara demonstração desse tipo de personagem que aparece no documentário.

3917ec44-e9e4-4166-a751-df9868603c07Maria Helena foi uma dessas mulheres que escolheu o comunismo para ser seu objeto de investimento libidinal do mal, já que não sabia que o mal que carregava era decorrente de suas repressões sofridas em famílias através de seus pais e que a levaram ater uma concepção de família totalmente burguesa: privada e egoísta. Ela foi participante da União Cívica Feminina (UFF) que auxiliava a repressão a combater os que lutavam pela liberdade.

“Que Brasil é este que nós vamos ter? Nós já tínhamos o exemplo de Cuba, do Che Guevara aquela desordem toda das quais tínhamos notícias constantes… E eu estava vendo o Brasil ir pelo mesmo caminho. Então, aquilo me deixava muito preocupada. Aí eu entrei na União Cívica Feminina (UCF) diretamente e fortemente, para fazer tudo que fosse possível.

Eu sabia que na Operação Bandeirantes eles tinham um trabalho muito grande de desbaratar aparelhos, que eram as células comunistas que se reuniam. Como nós fazíamos nossas reuniões, eles também faziam. Nós fazíamos as nossas porque eles faziam as deles. Então, eu me ofereci e disse: ‘Você me liguem quando tiverem alguma denúncia que eu vou guardar na minha memória visual chapas de carro para passar para vocês, para desbaratar aparelhos’. Assim eu consegui desbaratar muitos aparelhos”, afirma convicta e envaidecida Maria Helena.

O contraponto do documentário em relação as que trabalharam em benefício da ditadura surge no écran quando as cinegrafistas mostram o resultado da ditadura e a impunidade dos que a alimentaram.

“A impunidade dos crimes políticos perpetua-se nas mortes cotidianas, por meio das chacinas, massacres e outras arbitrariedades cometidas por policiais, grupos de extermínio e seus mandantes”, declara Atrás das Portas Fechadas.

As cinegrafistas explicam por que realizar um documentário com personagens reais que se posicionaram contra e a favor da ditadura.

“Existe uma questão histórica com relação às lutas políticas e ideológicas no Brasil que precisamos resgatar para responder essa pergunta. Em vários momentos da história dos movimentos da esquerda, no Brasil e na América Latina, vivemos a expectativa de mudanças sociais e políticas significativas que na maioria das vezes não s efetivou.

Além disso, historicamente, a esquerda latino-americana se fragmenta em dissidências, se fragiliza. Entender e escutar o outro, que é ideologicamente contrário, ou igual, faz-se necessário na medida em que se pretende refletir sobre esses processos históricos de forma mais orgânica ”, afirmam as cineastas Danielle Gaspar e Krishna Tavares.  

A estreia é no Espaço Itaú, Shopping Frei Caneca, em São Paulo.

AS FOTOGRAFIAS DE 25 FAMÍLIAS, REALIZADAS POR GUSTAVO GERMANO, QUE PERDERAM PARENTES PARA A DITADURA CONFIRMAM QUE O ESPAÇO NÃO É PERCEPTIVO

Agosto 26, 2015

images-cms-image-000452738Um dos estudos principais das especulações filosóficas e cientificas é o espaço. Muito mais que o tempo. Embora muitos filósofos e cientistas não os tenham separados. Há aqueles que não conseguiram estudar o espaço sem o tempo, visto que são duas condições imprescindíveis para a vida. Heidegger com seu O Ser e o Tempo. Ou Sartre com o seu O Ser e o Nada.

Por exemplo, na antiguidade a escola estoica se dedicou profundamente ao estudo do espaço, assim como a escola epicurista. Entretanto, apesar de ser objeto de estudos de todos os momentos da história, todavia, foi exatamente na modernidade que os temas tornaram-se mais presentes nos estudos filosóficos e científicos.

620_600x189_503193874_600x189 621_600x189_366979702_600x189 625_600x455_862482508_600x455Por que se afirma que o espaço é mais importante, como estudo, do que o tempo? Simples. Porque o tempo é construído pelo espaço. Mas é preciso observar: o espaço que se trata não é o espaço perceptivo, que é a representação resultante da experiência dos sentidos com a matéria exterior, como mostra o empirismo, porque ele em si mesmo não provoca o tempo. O espaço constrói o tempo por sua singularidade como devir. O espaço é o movimento que as pessoas e os objetos criam. São seus percursos.

A história de uma pessoa é a história de seus espaços construídos. Seus atos, suas práxis, seus enunciados, suas relações, seus afetos, são espaços. Quando uma pessoa amiga morre, nós não recordamos dela simplesmente por sua imagem, mas pelos espaços que ela construiu. Ou melhor: por onde ela passou. Na nossa lembrança esta pessoa encontra-se sempre em algum lugar. E como a construção desses espaços, decorrem das práxis da pessoa, essas práxis fundam o tempo. Todo espaço construído provoca a revelação-temporal. Por isso podemos dizer: Foi no dia tal.

631_600x291_122574618_600x291 632_600x453_168769947_600x453 633_600x187_501014432_600x187 634_600x393_687092792_600x393 635_600x189_183760825_600x189 660_600x189_769036533_600x189 661_600x187_313342235_600x187 662_600x428_916675810_600x428O criador da Psicanálise Freud, possibilitou, com sua consideração sobre o luto, o desdobramento do sentido da ausência de uma pessoa que morreu. Em um desses desdobramentos, outros psicanalistas, com seus estudos, vão mostrar o que realmente é o luto. O luto é a procura da pessoa que morreu onde ela não se encontra mais. Aí a grande angústia: encontra-se a imagem, mas sem espaço. É isso que desespera, porque  pessoa não tem mais práxis produtora de espaço. Aquilo que foi a revelação de sua história. E quando identificamos essa pessoa em espaços que ela construiu, aí o nosso sofrimento. A gente pode até imaginar a pessoa conversando com a gente, mas ela não se mostra espacializada. Sabe por quê? Porque ela não atua mais. Não cria espaços.

O fotografo Gustavo Germano, realizou uma criação fotográfica que clarifica melhor o que foi escrito aqui. Ele selecionou 25 fotografias de famílias que tiveram parentes mortos pela ditadura civil-militar que dominou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985. Nessas fotografias, que reportam ao tempo da ditadura, aparecem parentes, amigos, juntos com pessoas que foram mortas pela repressão. Então, ele resolveu fotografar os amigos e parentes dos mortos, nos mesmos lugares em que eles foram fotografados no passado. Os mortos estão ausentes perceptivamente, mas estão presentes, embora não especializados, já que o espaço é produção deles.

663_600x188_172054804_600x188 665_600x189_175472654_600x189 666_600x187_407993059_600x187 667_600x354_438910893_600x354 668_600x218_859587171_600x218 665_600x189_175472654_600x189 666_600x187_407993059_600x187 Vejam as fotos e comparem com fotos em que vocês observam pessoas já falecidas, mas que aparecem nas fotos. Bem diferente dos que desapareceram das fotos. Mas não termina aí o que mostra Gustavo Germano. Entre as fotos em que aparecem os que foram mortos e as fotos atuais em que eles não aparecem, surgem seus espaços de combatentes que nós não testemunhamos perceptivamente nas fotos.

669_600x197_967173743_600x197 670_600x428_495159629_600x428 672_600x196_353958320_600x196 673_600x165_265247629_600x165 674_600x194_147420516_600x194 675_600x445_524604456_600x445 679_600x194_131497381_600x194 680_600x437_112365875_600x437Na verdade, seus espaços construídos como lutadores pela liberdade.

“A DITADURA E HOMOSSEXUALIDADE” LIVRO DE RENAN QUINALHA

Janeiro 30, 2015

ditadura-lgbtRena Quinalha, advogado e membro da Comissão Estadual da Verdade em São Paulo, reuniu vários artigos e concebeu seu livro A Ditadura e Homossexualidade. Trata-se de um testemunho de como os homossexuais eram vistos e tratados no período da ditadura civil-militar que se instalou no Brasil entre os anos de 1964 e 1985.

Mas, o livro não mostra apenas a perseguição contra os homossexuais realizada pelos agentes do regime de exceção. Ele mostra, também, como alguns grupos de esquerda entendiam e se relacionavam com camaradas homossexuais. Com a mesma forma discriminatória, condenatória e excludente. E não era porque a causa-política estava em jogo e deveria ficar em primeiro lugar obrigando que os homossexuais reprimissem sua vida sexual. Na fórmula irônica, invertida da moral burguesa, apresentada por Brecht, “primeiro a barriga depois a moral”, primeiro a revolução depois o prazer sexual.

Freud diria que a discriminação tanto dos agentes da ditadura como dos camaradas da esquerda, tinham causas únicas: conflitos anais-edipianos. Impulsos-sádicos-sexuais-paranoicos. Para o filósofo Sartre ficaria: “o inferno são os outros”. Ou: os homossexuais com suas condutas me incomodam porque me colocam em suas mesmas condições, visto que também sou humano. Mas, os perseguidores de homossexuais sublimavam esses sintomas agindo da forma como agiam sem tomarem conhecimentos de suas causas. Ironicamente diria Marx, “mais faziam”

O autor ilustra uma das posições de perseguição aos homossexuais realizada pelo delegado da Polícia Civil, Wilson Richetti, que ao assumir a delegacia seccional do centro, com todo o apoio da imprensa, afirmou que iria fazer uma “limpeza das ruas da reagião”. E respondendo a um editorial do jornal reacionário Estado de São Paulo, vulgo, Estadão, que pedia uma ação da polícia contra travestis e prostitutas que transitavam no centro de São Paulo, afirmou:

“Retirar os (sic) travestis das ruas residenciais da capital e reforçar a delegacia anti-vadiagem do Deic, destinar um prédio exclusivo aos homossexuais e fixa-los em uma parte específica da cidade”.

Ilustrando um exemplo de perseguição da esquerda contra homossexuais, o autor cita uma passagem de quando dois camaradas da Aliança Racional Revolucionária (ANL) passaram a viver juntos. Membros do grupo mostram a intenção de eliminá-los, pois, para eles, os dois “atentaram contra a moral revolucionária”.

Outro exemplo de homossexual perseguido pelos camaradas foi o escritor, sociólogo e militante Herbert Daniel. Ele conta, em seu livro Passagem para o próximo Sonho, que teve que ficar dividido entre sua sexualidade e a revolução. “Como optei pela revolução, ‘tive que esquecer minha a sexualidade’”.

Na verdade, a homofobia não é posição exclusiva de um indivíduo, grupo, entidade, etc., mas da própria condição existencial do homofóbico. Para eles, alguém tem que pagar pela recusa que eles têm deles mesmos. E no caso específico, o homossexual. Assim, como alguns homens são misóginos: odeiam as mulheres porque não conseguiram realizar, em si, a imago da mulher. Daí ela aparece para eles – e muitas delas – como ameaça castradora. 

O certo é que o livro não é só um documento-histórico, mas um corpo-político que serve para melhor compreensão da causa homossexual que ainda é tida como ameaçante para os Bolsonaros, Felicianos, Malafaias e outros implicados.

“OS VENCEDORES – A VOLTA POR CIMA DAS GERAÇÕES ESMAGADAS PELA DITADURA DE 1964”, DE AIRTON CENTENO

Dezembro 24, 2014

7c814012-f567-40ab-976d-e485613748f5“Quando um muro separa uma ponte une… Você vem me agarra, alguém vem me solta… Você corta um verso eu escrevo. Você me prende vivo eu escapo morto. Olha eu de novo”, afirmam Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro.

O biólogo August Weismann com seu plasma germinal já defendia que o ser vivo é uma afirmação e continuidade da vida. O filósofo Spinoza também defendia a impossibilidade de destruir o ser vivo em razão sua potência-natural ou seu conatus. Sua forma de perseverar a vida.

O que significa que o homem, mesmo como sujeito cultural-social, não pode ser impedido de se mostrar em atuação como liberdade. Esse o dom e o tom da humanidade em cada um. Nisso se pode afirmar que nenhum mau, como materialização do ódio contra a humanidade, pode destruir esses elementos que afirmam a vida, enunciados pela ciência e a filosofia. Na verdade, pela natureza como vida movente.

É o que mostra, depois de observar e analisar a história recente da repressão no Brasil, jornalista Airton Centeno, em sua obra, publicada pela Geração Editorial, Os Vencedores – A Volta Por Cima das Gerações Esmagadas pela Ditadura de 1964. Personagens que formaram a geração de 40. Muitos adolescentes ou em fim da adolescência que ocorreu da ditadura que iria durar de 964 a 1985.

Para escrever o período de chumbo que passou a sociedade brasileira, tempo que alguns que lutaram pela liberdade democrática foram perseguidos e depois passaram à ser personagens respeitadas, Airton Centeno entrevistou vários desses personagens como Frei Beto, Dilma, José Abreu, José Genoíno, Tarso Genro, Gilberto Gil, José Celso Martinez, entre outros e outros que não quiseram conceder entrevista como Caetano Veloso e Gabeira.

“O fato de que os vencedores de 1964 hoje estão esquecidos enquanto derrotados de então eram, décadas depois, são os reais vitoriosos. O ponto de partida foi uma entrevista com a então ministra da Casa Civil e pré-candidata à presidência Dilma Rousseff, que eu havia feito em 2010.

Pode-se dizer que o material existente, os depoimentos a serem concedidos, as histórias a serem contadas dariam material para uma alentada coleção da resistência. Foi necessário fazer escolhas. A primeira delas foi a de ouvir apenas os resistentes. O livro, portanto, tem lado. O que significa que pretenda subverter a verdade factual. Quanto aos entrevistados potenciais, houve alguns que procurados, preferiram não se manifestar.

Na disputa pela memória, os perdedores venceram. Revolução, terrorismo, subversão deram lugar a golpe, tortura, resistência. Repisada a sério anos a fio, a expressão ‘Revolução Redentora’ é lida apenas pelo viés da galhofa. Mesmo a imprensa que quase sempre perfilou-se com os militares, agora refere-se a 1964 como golpe, sem nenhuma cerimônia.

Costumo dizer que a direita que está na rua em 2014 se faz direita menos por sua atividade intelectiva do que por sua operosidade intestinal. Mas, cuidado: todo mundo sabe perfeitamente que, adicionando agressividade e violência a este coquetel, o resultado é o fascismo.

Acho que o livro será útil mesmo para quem grita pela volta dos militares. Basta encará-lo com o espírito desarmado, sem milhares de certeza e nenhuma dúvida. É que Os Vencedores, entre outras tarefas, também cumpre a função de descrever algumas das situações e práticas que tornaram a ditadura uma experiência tão nefasta. Para nunca mais ser repetida”, disse o escritor.

 Ele ainda pergunta: E como estão aqueles que perseguiram, torturaram e mataram nos porões da ditadura?

ESCRITOR BERNARDO KUSCINSKI, PARTICIPANTE DA FLIP, DIZ QUE A DITADURA HOJE É PRATICADA PELA MÍDIA

Agosto 4, 2014

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Alguns meses passados se viu no país uma verdadeira exposição da força da força opressiva da mídia dominante. O julgamento da Ação Penal 470. Como se tratava de alguns membros do Partido dos Trabalhadores (PT) como réus, a mídia dominante, porta-voz da burguesia predadora, aproveitou e transformou um ato jurídico em um espetáculo de total execração pública dos réus e heroicização do presidente do Supremo Tribunal Federal (TSE), ministro Joaquim Barbosa, condutor do julgamento. Um papel que fantasiosamente ele aceitou e hoje, fora do TSE, sente o peso de ter se submetido à ditadura midiática.925465-debate_%20flip__abr1381

Essa ditadura midiática que é exercida cotidianamente no país tem como objetivo fundamental atacar o governo federal e criar, ao mesmo tempo, uma opinião de há censura à imprensa. Principalmente quando algumas entidade de comunicação menores, relatam esta ditadura. Quando o relato ocorre, logo se manifestam os principais sujeitos de enunciado midiático opressivo: jornais Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, as revistas Veja, Época e Organizações Globo, entre outras congêneres. Em tempo de eleição ficam bem definidas essas posições reacionárias desses veículos ditatoriais.925462-%20flip__abr0920

925461-%20flip__abr0788“Substituíram a ditadura militar pela ditadura midiática, a dominação pelo consenso”, afirmou o escritor Bernardo Kuscinski, ao participara da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip). Bernardo teve sua irmã e cunhado presos, torturados e assassinados pela ditadura civil-militar que dominou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985.

AGNALDO TIMÓTEO ENFRENTA A DITADURA COM AS FERAS DA MPB – VIVA O VINIL!

Abril 3, 2014

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“Desde de 15 anos, continuo buscando a fórmula mágica para me identificar com as pessoas românticas e sensíveis.

Neste novo L.P. acredito que tenha dado mais um passo a frente na minha carreira, pois consegui reunir mais alguns ilustres Companheiros”.

O cantor e compositor Agnaldo Timóteo é daqueles artistas em que a crítica estabelecida tem dificuldade de indicar qual é o seu público-particular. Alguns dizem que ele canta para os sentimentais – todos nós somos sentimentais porque temos sentimentos -, outros dizem que ele canta para os românticos – todos nós somos românticos, temos herança romancista -, mais outros dizem que ele canta para os recalcados-nostálgicos – todos nós, segundo Freud, somos recalcados -, e mais, mais outros dizem que ele canta para os desiludidos – todos nós somos desiludidos, exemplo simples, quando o time que torcemos perde -. O certo mesmo é que os críticos estabelecidos são impotentes para indicar seu público-particular.

ÂNGELA SAPOTI E TIMÓTEO

Um dia sua madrinha, Ângela Maria, ele era motorista da Sapoti, disse: “Menino, que voz tu tens! Por que tu não te tornas cantor?” Não deu outra: lá foi Timóteo gravar. Gravou música nacional, versões italianas, francesas, inglesas, o escambau. Se apresentou em shows, em clubes, arraiais, feiras, em TVs, “galeria do amor”, o cacete. Mas durante a década de 70, a década de maior repressão imposta pela ditadura civil-militar, não se teve notícia de qual era a posição de Timóteo. Os ‘patrulhadores’ ficavam putos por não saberem qual era a do crioulo-mineiro. Só sabiam que ele embalava, com suas músicas, como Roberto Carlos, os sonhos e bocejos matinais, vespertinos e noturnos da classe média alienada. Nada mais. Timóteo era um alienado-cantor do frisson-glamouriouso, diziam.

TIMÓTEO E AS FERAS

Mas eis que em 1980, Timóteo, surpreende todos caluniadores com uma guinada de quase 360 graus: enfrenta a ditadura com as feras da MPB e grava pela EMI-ODEON, o L.P. Companheiros. A crítica estabelecida e a dita intelectual não entendeu nada. “Como que um cantor-cafona grava Gonzaguinha, César Camargo Marinho. É o fim do mundo, meu! Ou o fim da ditadura!”. Bradou a crítica recalcada, como diz o teatrólogo Zé Celso. Pode ser o fim de tudo, meu, mas o certo é que Timóteo não gravou só Gonzaguinha, gravou também Taiguara, Carlos Dafé, Abel Silva, Fagner – hoje personagem triste do decadente frenesi da TV GLOBO e um dos amigos dileto do conservador, Aécio Neves – entre outros, acompanhado por nada menos do que os ilustres músicos Pareschi, Paschoal Perrota, Nathércia, José Alves Pissarenko.

Penteado, Maria Léa Ana Maria Stephany, Jaime Araujo, Heraldo, Paulo César, Jamil, Luiz Avellar, Cleudir, Picolé, entre outras feras.

P1000300Hoje, quando se comemora 50 anos de ditadura – Comemorar ditadura? É um horror! Comemoração pelas lutas libertárias que não morreram diante da opressão, seu otário! -, observando o L.P. Companheiros, do cantor com público heterogêneo, pode-se afirmar que essa é uma obra com expressão antiditadura. Depois Timóteo encontrou Brizola, brizolou, foi um dos grandes entusiasta da eleição de Lula, tornou-se vereador. E depois…

Bom, é isso aí, Companheiros! Viva o Vinil!

“EM BUSCA DE IARA”, DOCUMENTÁRIO COM ROTEIRO E ARGUMENTO DE MARIANA PAMPLONA, CONTA O ASSASSINATO PELA DITADURA DE IARA IAVELBERG

Março 28, 2014

http://www.redebrasilatual.com.br/entretenimento/2014/03/documentario-desmonta-tese-oficial-de-suicidio-de-iara-iavelberg-1741.html/em-busca-de-iara/image_preview

É um caminho simples para entender por que a justiça deve ser feita. Era o mês de setembro de 1971. As três forças armadas, mais as policiais federais, DOPS e Polícia Militar formavam um contingente-repressivo de 200 homens na Bahia, chamado Operação Pajuçara, cujo objetivo era capturar vivo ou morto Carlos Lamarca. Seu consumo se deu com a morte do combatente.

Agosto de 1971, Iara Iavelberg, 27 anos, militante do MR-8, é morta em Salvador. Como ocorria em casos com esse, os homens da ditadura afirmaram que a militante havia cometido suicídio. Uma versão jamais concordada pela família. Foi então que em 2003, a cinegrafista Mariana Pamplona, e o cinegrafista Flávio Frederico, diretor do cinema premiadíssimo, É Tudo Verdade, resolveram iniciar a pesquisa para revelar a verdade sobre a morte de Iara Iavelberg. Tia de Mariana Pamplona. Mariana era o codinome de Iara Iavelberg, na clandestinidade.

Os dois cinegrafistas, que são casados, começaram as pesquisas para a realização do filme que poderia mostra a verdade de que a militante do MR-8 havia sido assassinada e não se suicidado. A família de Iara conseguiu na Justiça que o Cemitério Israelita do Butantã exumasse os restos mortais da ala desonrosa dos que se suicidam. O médico, depois das análises, afirmou que Iara, não poderia ter desfechado o tiro que a matou. A versão oficial caiu por terra.

“Mesmo porquê de qualquer versão dada pela ditadura isentando-se da maioria de crimes é preciso desconfiar”, observou Mariana.

Com essa revelação as buscas por outros documentos se tornaram mais intensas. Foram feitas tentativas para ouvir a presidenta Dilma, que fora amiga de Iara, mas não foi possível.

“Seria um registro histórico, mas não era imprescindível”, considerou Mariana.

Agora, depois de dez anos, o documentário foi exibido. Em Busca de Iara tem a direção de Flávio Frederico com argumento e roteiro de Mariana. O cinema revela a verdade que o povo brasileiro precisa saber para entender melhor a História do Brasil recente. A verdade sobre o assassinato daquela foi a paixão de Carlos Lamarca.

Exposição mostra resistência da imprensa à ditadura

Agosto 6, 2013

da Agência Brasil

Mostrar o papel da imprensa na resistência à ditadura militar instaurada no Brasil em 1964 é um dos objetivos da exposição Resistir é Preciso. A mostra será aberta hoje (6) no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) em Brasília. Organizada pelo Instituto Vladimir Herzog, a mostra apresenta uma linha do tempo sobre o período de 1960 a 1985 com foco em iniciativas de resistência ao regime militar implantado no país em 1964.

Os cartazes, fotos, quadros e publicações da mostra traçam um panorama das diferentes frentes de resistência à ditadura militar e a implantação da censura nas redações, quando as publicações passaram a ser avaliadas pelos censores. “Eles revelam como se lutou na ditadura e o que nós mostramos aqui é uma parte desta luta”, disse Vladimir Sacchetta, um dos curadores da exposição. 

Entre as publicações, revistas de grande circulação, vendidas nas bancas, e jornais de agremiações políticas como O Guerrilheiro, que lançou a Aliança Libertadora Nacional (ALN), organização de esquerda brasileira comandada por Carlos Marighella, um dos principais organizadores da resistência contra o regime militar. Também estão os jornais Classe Operária, que na década de 1970 chegou a ser editado na França, impresso em Portugal e distribuído clandestinamente no Brasil e Novos Rumos, ambos publicados pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Um dos exemplares de Novos Rumos data do dia 1º de abril de 1964, data do golpe militar e convocava a população para uma passeata de resistência à deposição do presidente João Goulart. “Esse não saiu. A redação foi invadida e empastelada pelos militares. Prenderam os trabalhadores antes que eles pudessem iniciar a distribuição do jornal”, disse Sacchetta.

A mostra também faz referência à morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado sob tortura no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em 25 de outubro de 1975, ano em que dirigiu o Departamento de Jornalismo da TV Cultura, emissora pública do estado de São Paulo. Na ocasião, o Exército disse que o jornalista cometeu suicídio. Em março, a família de Herzog recebeu um novo atestado de óbito apontando como causa da morte lesões e maus-tratos sofridos por Herzog durante interrogatório no DOI-Codi.

Clarice Herzog, presidente do Instituto Vladimir Herzog, idealizador da exposição, destaca a riqueza de detalhes com que esse período da história do Brasil é contado. “É a primeira vez que a história está sendo mostrada dessa forma, com todo esse conteúdo. Estamos contando o que aconteceu com imagens fortes, depoimentos. O material está riquíssimo e é uma homenagem a todos que morreram [vítimas da ditadura]. Está muito emocionante”.

Na avaliação de Sacchetta, a exposição serve para os jovens conhecer melhor as lutas pela reconstrução democrática, ocorridas nas décadas de 1960 a 1980. “Ela é importante porque mostra quão feio foi esse período de retrocesso no país. Acho que o recado que ela passa é: cuidado com o retrocesso e mostra a importância de valorizarmos e conhecermos a nossa história”, disse. A exposição fica em Brasília até 22 de outubro e depois segue para outras três capitais: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.

A Gênese da flor…

Março 28, 2013

Se deu no horto mais pavoroso
De jardins queimados prematuros
Quanto ao chumbo
Entrelaçado está a flor
Pois bem pesado
Faz a coroa pressionar
O caixão no momento
De baixar a cova
Em sete palmos de oração

Flor de Chumbo- Glauber Rocha

 

Os 25 anos sem Henfil e sua constante presença

Janeiro 4, 2013

henfil mãe betinho brasil ditadura

Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente

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