Archive for the ‘Patrimônio Cultural’ Category

Festa do Divino de Paraty agora é Patrimônio Cultural Brasileiro

Abril 5, 2013

da Agência Brasil

Festa do Divino de Paraty  coroação

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou hoje (3) o registro da Festa do Divino Espírito Santo de Paraty, no Rio de Janeiro, como Patrimônio Cultural Brasileiro. A celebração é uma manifestação cultural e religiosa, de origem portuguesa. Em Paraty, é uma celebração que faz parte do cotidiano dos moradores.

Segundo a presidenta do Iphan, Jurema Machado, o registro de bens imateriais tem características diferentes do tombamento. “As manifestações culturais  mudam ao longo do tempo e isso não significa que elas percam o valor. O registro não significa uma tentativa de mantê-las intactas, mas fazer com que elas continuem existindo”. O reconhecimento deve, segundo a presidenta, dar maior visibilidade à celebração. Festa do Divino de Paraty  Rio de Janeiro ImperadorAcrescentou que o Iphan será um parceiro na busca de apoio material para a realização da celebração.

A Festa do Divino é realizada todos os anos. Inicia-se no domingo de Páscoa. As manifestações e rituais ocorrem ao longo da semana que antecede o Domingo de Pentecostes, considerado o principal dia da festa.

Festa do Divino de Paraty Rio de Janeiro enfeites

Oscar Niemeyer, o conatus político do viver criativo

Dezembro 6, 2012

Oscar Niemeyer architect arquiteto brazil brasileiro

Oscar Niemeyer não está preocupado com sua idade. Ele sempre carregou o si um conatus político, onde sua potência de criação sempre afirmando a vida, nunca deixando de reagir com o novo e a todo momento produzindo artisticamente sua existência. Também foi um homem de seu tempo, presente nas transformações e criações de nossa sociedade. Um político que com sua potência criadora participou de

Há muitos adjetivos para descrever Niemeyer, mas nenhum consegue em seu corpo de qualidades envolver uma pessoa cujo a existência foi repleta de vivências tão ricas e importantes para o Brasil e o mundo. Não pelo tempo cronológico de 104 anos (e quase mais um) que esteve presente, mas pela intensidade de sua presença.

OSCAR, O POLÍTICO

Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir,Oscar Niemeyer, Jorge Amado

Simone de Beauvoir,Oscar Niemeyer, Jean-Paul Sartre, Jorge Amado

Niemeyer e Israel Pinheiro conversam com Fidel Castro no Palácio da Alvorada, em abril de 1959

Niemeyer e Israel Pinheiro conversam com Fidel Castro no Palácio da Alvorada, em abril de 1959

Oscar Niemeyer PCB Roberto Freire

Oscar Niemeyer e Roberto Freire PCB

Além de sua transformação das sociedades através da arte, Oscar como homem político, produtor de composições com o corpus democrático. Não apenas político por sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) do qual deixou em 1991, mas por seu posicionamento social e engajamento em diversas causas.

Sua convicção na mudança que lhe fez arquiteto, assim como lhe fez comunista. Esta luta pela liberdade e pela não aceitação das imposições do capitalismo que o fizeram proibido de trabalhar e morar nos Estados Unidos e posteriormente deixar o país durante a ditadura militar. Seu comunismo sempre foi na prática cotidiana em não aceitar imposição de uma cultura cultuadora da morte e da sabotagem da vida por uma alienação da importância de cada um nas práticas cotidianas.

Oscar Niemeyer e Fidel Castro

Oscar Niemeyer e Fidel Castro

Envolvido em encontros que aumentaram sua potência democrática, Niemeyer esteve ao lado de Fidel Castro, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Lula, Jorge Amado, Luís Carlos Prestes, Hugo Chávez, Ulisses Guimarães, Dilma Vana Rousseff, entre diversos outros nomes políticos.

Artistas participam duma passeata contra a repressão aos estudantes. Rio, 1968.da esq. p dir.Carlos Scliar, Helio Pellegrino, Clarice Lispector, Oscar Niemeyer, Glauce Rocha, Ziraldo e Milton Nascimento.

Artistas participam duma passeata contra a repressão aos estudantes. Rio, 1968.Carlos Scliar, Helio Pellegrino, Clarice Lispector, Oscar Niemeyer, Glauce Rocha, Ziraldo e Milton Nascimento.

OSCAR, O ARTISTA

Oscar Niemeyer

Sua carreira como artista começou com seu ingresso na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1929, e que dois anos depois seria dirigida, por Lucio Costa. Lá ele se formou arquiteto e participou de uma palestra de Le Corbusier. Seu primeiro grande trabalho foi o Ministério da Educação e Saúde, e foi seguido de outra obra que aconteceu quando ele conhece o prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek (JK), em 1940 e assumiu o projeto da Pampulha. Na mesma década recebe reconhecimento internacional e projeta a Sede da ONU junto com outros arquitetos.

Seu grande impulso foi o convite de JK para a construção de Brasília em 1956, sendo ele nomeado diretor da Escola de Arquitetura da recém-criada Universidade de Brasília – UnB, cargo que manteve durante três anos e que terminou com protesto e pedido de demissão junto com vários acadêmicos devido o golpe militar. Impossibilitado de produzir devido as linhas duras da ditadura, Oscar ganhou o mundo, trabalhando em Paris e várias cidades da Europa durante 10 anos.

Oscar Niemeyer e Gilberto GilOscar Niemeyer Brasília

Oscar Niemeyer (de frente) conversa com funcionários do Departamento de Arquitetura da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), em Brasília.

Oscar Niemeyer com funcionários do Departamento de Arquitetura da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), em Brasília.

Desde criança Oscar desenhava no ar e sua produção continuou até o dia de ontem, quando foi interrompida. Seus traços produziram uma estética única que está presente em todo o mundo nos cinco continentes e em diversos prédios de importância mundial a Sede do Partido Comunista Francês, a Mesquita de Argel, o Centro Cultural Le Havre e vários outros. A simplicidade dos traços e curvas além da presença mais humana nas construções são características da obra de Niemeyer.

OSCAR, HUMANO

O arquiteto Oscar Niemeyer participou de ensaio da Beija-Flor de Nilópolis no sambódromo do Rio

O arquiteto Oscar Niemeyer no ensaio da Beija-Flor de Nilópolis, Carnaval 2012

Como Oscar sempre soube que a vida não é algo divisível, sendo diversos percursos continuos, ele nunca caiu no conto da melhor idade, e não soube o que era ser estigmatizado de velho. É claro que seu corpo sentiu as mudanças fisico-químicas comuns aos seres humanos, mas devido a sua persistência no ser ele nunca deixou de produzir sua vida e sua arte, pois só assim nutria a existência.

Muitos podem criticar sua existência, mas dificilmente conseguirão alcançar a livre produção e o gozo de vida que Niemeyer sempre teve. Mesmo que digam sobre seus habitos como o tabagismo, Oscar estava presente e nunca negou a vida. Com sua vida ativou o pensamento, e com seu pensamento afirmou sua vida (Nietzche).

Oscar Niemeyer e Martinho da VilaOscar Niemeyer mostra maquete a Ulysses Guimarães

Lúcio Costa, Israel Pinheiro, Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer observam maquete da Praça dos Três Poderes no Rio de Janeiro, em novembro de 1958.

Lúcio Costa, Israel Pinheiro, Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer observam maquete da Praça dos Três Poderes no Rio de Janeiro, em novembro de 1958.

Um homem eterno em seus traços políticos que semeiou a quatro ventos novas visões da urbes. Oscar com uma caneta ou lápis na mão era capaz de criar uma nova realidade com algumas poucas linhas e curvas. Muitas destas estão concretizadas e outras surgirão, mas ambas o vivificam. Seu fazer continuará presente no mundo quando estes olhos que nos lêem verem os últimos raios de luz, e que estes sejam belos e produtivos como todo o traçado deste arquiteto que brasileiro sempre foi uma parte de nosso povo e nosso tempo, tanto que hoje nos brasileiros e todo o mundo está sorrindo para a celebração vida junto com os dedos curvados e a caneta repousada.

Oscar Niemeyer com o economista Celso Furtado e o antropólogo e amigo Darci Ribeiro em 1987

Oscar Niemeyer com o economista Celso Furtado e o antropólogo e amigo Darci Ribeiro em 1987

Oscar Niemeyer, Gilberto Gil e Lula

Este Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, amante da existência, da transformação do que está constituido e busca se impor, da arte, da mulher, da possibilidade do novo. Seu patrimônio que hoje está presente em diversos paises no mundo nos mostra novas possibilidades de estarmos presente nos espaços e vermos que também podemos modifica-los com o tempo. E este espirito do tempo que com seus minutos, horas, anos impõe o real nos faz perene, muda nosso caminhar, mas mantem muitas construções em pé, principalmente como as de Oscar, que tanto demonstram vitalidade e humanidade. Assim, Oscar conseguiu com seus riscos na tinta e papel renovar, através de uma arquitetura não burguesa e não voltada aos interesses do mercado, uma estrutura massificadora em seus espaços e formas que nos interpelam negativamente. Com a tinta e papel, mostrou que nem sempre a tinta e o papel do capital é o que importa, pois esta apenas carrega linhas duras, enquanto a arte sempre se abre nas linhas de corte. Sempre para o novo, como Niemeyer viveu.

Brazilian architect Oscar Niemeyer in Le Havre, France

Prédio do Cine Belas-Artes é tombado… falta só o Cine

Outubro 15, 2012

Imagem de outrora que não existe mais. Possibilidade utópica de retorno ou um falso problema?

O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (CONDEPHAAT) aprovou uma ação que havia sido várias vezes postergada: o tombamento do prédio do onde funcionou o Cine Belas Artes, espaço tradicional do cinema na cidade de São Paulo, e que agora é considerado Patrimônio Cultural Paulista. A decisão deve ser publicada amanhã (16/10) no Diário Oficial.Lembrando que o prédio já havia tido seu tombamento negado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico de São  Paulo (Conpresp).

O Cine Belas-Artes não existe mais. Mas o prédio e a memória existem. Nossos leitores acompanharam pelo nosso bloguinho (nas colunas de sábado) a luta do dono do cinema André Sturm contra o proprietário do imóvel que queria o imóvel a todo custo, colocando um preço de aluguel cada vez mais alto. Colocamos aqui as manifestações e luta, além de um pouco da história do cinema, e um povo que foi privado do acesso a cultura.

Para os empresários reacionários aquilo era um sacrilégio: como um espaço dito nobre na esquina da Avenida Paulista com Avenida  Consolação poderia continuar sendo um cinema. Porém hoje estes empresários “sentiram” a importância do imóvel para a história paulista. Assim o proprietário tem o dever de preservar a fachada do prédio, incluindo a visibilidade das vidraças, respeitando-se recuo de 4 metros.

Mesmo com o dono do prédio continuar com a posse, e com o direito de fazer uso do interior do imóvel como bem entender, mas o prédio não poderá ser modificado e nem demolido. Além disso foram feitas uma série de restrições, que futuramente podem auxiliar na instalação de um cinema no local. Hipoteticamente, caso o imóvel venha a ser vendido, a União, o Estado e o Município, nessa ordem, terão direito de preferência para aquisição – e, talvez enfim o espaço do cinema em São Paulo possa renascer da celulose e das imagens… Uma batalha foi vencida. Que no fim vençam as belas artes