Archive for Março, 2024

CORDÃO DA MENTIRA VAI ÀS RUAS EM RECHAÇO À DITADURA, À TENTATIVA DE GOLPE DE 2023 E À BRUTALIDADE POLICIAL

Março 31, 2024

60 ANOS DO GOLPE

O ato, dia 1º de abril às 17h na Maria Antônia em SP, tem o tema ‘De golpe em golpe: tá lá um corpo estendido no chão’

Gabriela Moncau

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

 

Com samba-enredo inédito a cada ano, o Cordão da Mentira é também marcado por intervenções artísticas – Thiago Mendonça

Nesta segunda-feira (1), quando o golpe empresarial-militar no Brasil completa seis décadas, o Cordão da Mentira — bloco que denuncia a violência estatal dos tempos ditatoriais e democráticos — sai às ruas de São Paulo. O ato, organizado por grupos de teatro, musicistas, ativistas e familiares de vítimas de agentes do Estado, está marcado para as 17h em frente ao Centro Universitário Maria Antônia.

Com o mote “De golpe em golpe: tá lá um corpo estendido no chão”, o cordão busca conectar a memória e a crítica dos anos de chumbo, da tentativa bolsonarista de golpe em 2023 e do constante genocídio praticado pela polícia nas periferias. 

“Todos os golpes que a gente viveu ao longo da história do Brasil são contra a classe trabalhadora e aquelas e aqueles que se insurgem contra esse nefasto projeto de nação”, caracteriza o ator e diretor teatral Osvaldo Pinheiro, um dos organizadores do Cordão da Mentira desde a sua criação em 2012. 

“Ditadura continuada” 

Tendo também integrado o bloco em todas as edições, Thiago Mendonça afirma que a pauta principal de 2024 é “como os 60 anos do golpe refletem no cotidiano brasileiro”.   

A data chega, justamente, enquanto o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) implementa na Baixada Santista a mais letal operação institucional da Polícia Militar paulista desde o massacre do Carandiru, em 1992. Apenas na fase mais recente da Operação Verão, intensificada em 7 de fevereiro após a morte do sargento da Rota Samuel Wesley Cosmo, a polícia matou 53 pessoas. Somada com a Operação Escudo, do ano passado, a letalidade chega a 81.  

“A lógica dos esquadrões da morte se tornou uma forma cotidiana do Estado agir sobre as periferias, como contenção de qualquer possibilidade de revolta em relação à extrema desigualdade social que a gente vive no país. Esse é o centro da discussão, colocando em destaque o massacre que a gente está vivendo agora no litoral paulista”, destaca Mendonça. 

Débora Silva fundou o Movimento Independente Mães de Maio como reação a outro dos tantos massacres cometidos desde a redemocratização. Os chamados Crimes de Maio, ocorridos em 2006, não foram uma operação institucional como essa de agora, mas igualmente cometidos por agentes do Estado. Entre 12 e 19 de maio daquele ano, ao menos 429 foram mortas. Entre elas, o filho de Débora Silva. Nos dias que se seguiram, a cifra aumentou.  

“Não se trata de ‘remoer o passado’”, diz Silva, se referindo a uma fala recente do presidente Lula (PT) sobre os 60 anos do golpe, em que diz que a ditadura “já é passado” e que “é preciso tocar o país para frente”. Trata-se, ressalta ela, “de dizer que o presente não vai aceitar essa ditadura continuada”.  

Dezoito anos depois, os Crimes de Maio ainda não foram solucionados. Também por isso, serão pauta do Cordão da Mentira. “São anos permeados por um passado sombrio. Vários inquéritos foram arquivados, não teve responsabilização. E o judiciário vergonhosamente usa sua caneta para pedir o arquivamento de crimes não investigados. E assim eles nos matam de novo, quantas vezes for possível”, denuncia Débora Silva.  

“Escovar a história à contrapelo”  

“Nós nunca saímos da rua. E estaremos na rua de novo, para dizer basta”, garante militante. Para ela, “a memória é o carro chefe para nos conduzir ao pertencimento. E um país sem memória é um país que cai ladeira abaixo”.

Na visão de Pinheiro, mais conhecido como Osvaldinho, o Brasil vive um projeto de apagamento de histórias e memórias “muito bem feito, a ponto de a grande maioria da população não estar muito ciente da gravidade dos fatos. Por mais que a coisa aconteça muito perto, é como se aquilo não fizesse parte, não lhe dissesse respeito”.

Citando uma frase do filósofo Walter Benjamin, Osvaldinho diz que “é preciso escovar a história à contrapelo. No Cordão essa é a nossa tentativa. De não naturalizar que essas vidas tenham tombado por causa de um projeto excludente”.

“E fazemos isso de muitas formas. Às vezes através de uma canção, uma cena, uma performance. E não se utiliza só do drama, mas tem momentos cômicos, com uma pitada de sátira e por aí vai”, explica.

Participam da ala musical do Cordão os músicos Douglas Germano, Roberta Oliveira, Bel Borges, Renato Martins e Selito SD, entre outros. O samba enredo do Cordão da Mentira neste ano cita o genocídio palestino cometido por Israel na Faixa de Gaza, a seletividade racista do encarceramento em massa e homenageia militantes das lutas sociais brasileiras.

Edição: Matheus Alves de Almeida

O TESTAMENTO DE JUDAS 2024!

Março 30, 2024

 afinsophia  30/03/2024 –

                                                   O TESTAMENTO DE JUDAS 2024!

PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG E BLOG ESQUIZOFIA.

Companheiras e companheiros, Eu, Judas Iscariotes, em mais um Sábado de Aleluia, estou aqui no Brasil, este país que tanto amo pela Potência de seu Povo, “outra vez, sem ser novamente”, como afirma o revolucionário e engajado compositor e cantor Gonzaguinha, filho do Rei do Baião, Gonzagão.

Estou aqui, no estado do Rio de Janeiro, justamente no território do Complexo da Maré, porque foi onde nasceu uma das mais ilustres, probas, insignes, corajosas, inteligente, ética e engajada personalidade feminina da História do Brasil. Estou aqui, no Complexo da Maré, porque a História exige como o singular território para anunciar o meu Testamento 2024 esta FAVELA!

Antes de iniciar minhas lembranças às pessoas que merecem por seus feitos sendo em suas superioridades, como afirmação da Vida, ou em suas inferioridades, como formas de traição da Vida, quero dizer para todos o que penso de quem seja a socióloga, Marielle Franco, depois de 6 anos de seu assassinato ocorrido no dia 14 de março de 2018, junto com seu assessor, o companheiro, Andersom Gomes,  por grupos de psicopatas, inclusive, como agentes do estado.

Quero, também, lembrar, em função do terror que temos vivido, que embora seja judeu, não tenho qualquer semelhança e nem cumplicidade com os judeus-nazistas comandados pelo psicopata Netanyahu, apoiado, principalmente, pelos EUA, que em prática genocida, já mataram mais 32 mil palestinos, sendo a maioria crianças, mulheres e idosos. E, além do mais, sou judeu, mas luto pela causa palestina que é a Terra do meu melhor e mais justo companheiro, Jesus Cristo, que viria para esse testamento, entretanto, teve que ir até à África participar de um Congresso Sobre A Paz Mundial, que os  EUA, a Inglaterra e outros países europeus não pretendem.

Continuando, quero afirmar que o assassinato de Marielle Franco, não se reduziu simplesmente em um caso nacional, mas transmutou-se em um caso internacional, pois mexeu com velhas estruturas das formas de relações humanas, comportamentos-condicionados e passividades-mundiais como normalidade da pós-modernidade em forma de satisfação-indiferente.

Em função de todas essas mutações provocadas por Marielle Franco durante esses seis anos que possibilitou novas formas de grande parte da população mundial perceber e pensar o mundo em sociedade de forma diferente, Marielle Franco não é mais fêmea, mulher, negra, lésbica, filha, mãe, vereadora, feminista, Mas TRANSMARIELLIZAÇÃO! Um SER que ONTOLOGIZOU sua EXISTÊNCIA além de suas particularidades individuais. Principalmente às impostas pelo Estado-Burguês, cujo o único objetivo é controlar, tiranicamente, os são Potências-Vitais. Força-Ativa.

 O SER-TRANSMARIELLIZAÇÃO é UM DEVIR! Uma HECCEIDADE! A VONTADE DE POTÊNCIA DA VIDA! A MATÉRIA DE VARIAÇÃO CONTÍNUA DE CRIAÇÃO DO NOVO COMO A FILOSOFIA! OU, como diz o filósofo, Nietzsche: A VONTADE DE JUSTIÇA! Não a justiça como Poder Judiciário em forma de enunciação jurídica criada por homens e mulheres outorgados pelo próprio estado como autoridades maiores em Lei. Mas, A JUSTIÇA COMO VIDA SUPERIOR! COMO VIDA POTÊNCIA-GRANDEZA!

Agora, diante desse Povo alegre, corajoso, trabalhador, “que não corre da raia a troco de nada”, como afirma Gonzaguinha, vou iniciar meu Testamento de 2024!

1 – Para a companheira, Marielle

Que sempre luta pela Vida

Deixo-lhe como lembrança

Minha espada querida

Para vencer essa gente

Da sociedade bandida.

2 – Para a companheira, Marielle

Que não tem medo das milícias

Deixo-lhe os sabores superiores

De todas as delícias

Para conhecê-los em todos lugares

Onde aparecerem as malícias.

3 – Para a companheira, Marielle

Que nunca foi próxima de Carluxo e nem Brazão

Deixo-lhe o meu livro de Ética Política:

“Pelo Fim da Corrupção”.

Pois é para o Legislativo

Que corre muito ladrão.

4 – Para o companheiro, Lula

Que depois de quatro anos, Bolsonaro esconder

Deixo-lhe as honras da Lei

Para toda sociedade saber

Quem mandou matar Marielle

E os implicados prender.

5 – Ao companheiro, Lula

Que conhece o Direito Constitucional

Deixo-lhe o livro, A Politeia, de Platão

Pelo sentido republicano da Polícia Federal.

6 – Ao companheiro, Lula

Que em sua bondade trata bem governante-golpista

Deixo-lhe minha tese de pós-pós-pós-pós Doutorado:

“É Impossível Mudar Fascista”.

7 – Ao companheiro, Lula

Que eleva o crescimento do Brasil

Deixo-lhe o fim dos antidemocratas

Com a dor da inveja vil.

8 – Ao intrépido ministro, Moraes

Que vai levar Bolsonaro ao penal logradouro

Deixo-lhe o símbolo da Justiça:

A Chave Cravada de Ouro”.

9 – Aos ministros do STF

Com exceção de Nunes e Mendonça

Deixo-lhes o reconhecimento da Nação

Que nunca viu Justiça em Bonança.

10 – Ao pervertido, Bolsonaro

Que debochou dos mortos na pandemia

Deixo-lhe a lógica-certeza

Que quando morrer o Povo sentirá alegria.

11 – Ao evangélico, Bolsonaro

Que explora a palavra deus

Deixo-lhe o Neo-Tribunal da Inquisição

Para pagar todos os pecados seus.

12 – Ao Edipiano-Bolsonaro

Que não tem um filho diferente

Deixo-lhe o Prêmio Anna Freud:

Como Fazer Sua Prole Demente”.

13 – Ao Narcisista-Bolsonaro

Cujo filho, Renan, o STF fez Réu

Deixo-lhe o Prêmio: “Para Quê Educação?”

Pois é modelo de tirar o chapéu.

14 – Ao ambicioso-Bolsonaro

Que vendeu as joias pertencentes aos Brasileiros

Deixo-lhe o cargo de presidente

Da Cooperativa dos Muambeiros.

15 – Para o inseguro-Bolsonaro,

Que nega nas urnas-eletrônicas lisura

Deixo-lhe a memória do povo

Que sabe que foi eleito na cara dura.

16 – Ao simulado-Bolsonaro

Que sempre fez gênero de valentão

Deixo-lhe o penico de Nero

Para usar na prisão.

17 – Ao inculto, Bolsonaro

Que vive apavorado com a palavra prisão

Deixo-lhe o Dicionário de Rimas

Só com palavras terminadas em ‘ão’.

18 – Para todos bolsonaristas

Que não economizam maldade

Deixo-lhes meu Rock-Metal:

“Como Dói Uma Saudade!”

19 – Para todos os golpistas

Que Bolsonaro chamou de “pobres coitados”

Deixo-lhes as medalhas:

“Orgulho dos Desavergonhados”.

20 – Para os bolsonaristas

Que choram por anistia

Deixo-lhes o sentido psíquico-ético:

“Quem Inventa Mito, Expressa Sua Covardia”.

21 – Para o injusto ex-juiz, Moro

Que será julgado por sua corrupção

Deixo-lhe a sobriedade dos juízes

Para sua justa cassação.

22 – Para a Comunidade LGBTQI+

Em suas Potências Coloridas

Deixo-lhe as Fluências-Libertárias

Que confirmam os Valores das Vidas.

23 – Para, Micjelle Bolsonaro

Que pretende ser senadora pelo Paraná

Deixo o saber aos eleitores

A diferença do que é uma coisa boa e uma coisa má.

24 – Aos candidatos que para ganhar eleição

Vão usar como cabo-eleitoral, Bolsonaro

Deixo-lhes a certeza inconteste:

Vão pagar caro.

25 – Aos candidatos ao cargo de prefeito

Que não têm de politica intimidade

Deixo-lhes o meu Manual de Democracia:

“O Que É Uma Cidade!”.

26 – Aos candidatos de Manaus,

Que nunca foi uma cidade.

Deixo-lhes meu livro de Esquizoanálise-Política:

“Capital Que Não é Cidade Causa no Povo Ansiedade!”.

27 – Para as esquerdas do Amazonas,

Que perderam a total Potência

Deixo-lhes a Imagem de Marx

Para afastarem a sedutora demência.

28 – Aos membros do PT de Manaus,

Que como partido é pura Solidão,

Deixo-lhes o exemplo saudável:

Façam como Requião!

29 – Aos artistas de Manaus

Que nunca produzem o Novo

Deixo-lhes meu Tratado Sobre As aves:

Para aprenderem como nasce o Ovo.

30 – Aos professores de Manaus

Que continuam anestesiados pela alienação

Deixo-lhes minha Paideia:

Para que tentem lembrar o que É EDUCAÇÃO!

31 – Ao governo do Amazonas

Que de Política sofre de alergia

Deixo-lhe o Medicamento-Revolucionário:

Populus-Populus-Populus: DEMOCRACIA!

32 – Assim, termino meu Testamento 2024

Homenageando o DEVIR-HECCEIDADE TRANSMARIELLIZAÇÃO

O FLUXO-MUTANTE do NOVO

Condensado no QUANTA-DESTERRITORIALIÇÃO

Que atravessa o MUNDO

Para o SER sempre VIDA-PERPETUAÇÃO!

33 – Despeço-me do POVO daqui da FAVELA

Na Opulência e Alegria da Vitalização

Porque o Território onde se Move o SER

É onde a VIDA transborda como VIVICAÇÃO

E é onde meu companheiro, CRISTO,

É MATÉRIA-CONTÍNUA DE CRIAÇÃO!

                           Manaus, 30 de Março de 2024!

DOCUMENTÁRIO,’CHACABUCO’: O MAIOR CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DA DITADURA CHILENA

Março 29, 2024

Em Chacabuco, mais de 1.200 presos políticos foram feitos de reféns. Em novembro, Tebni acompanhou a inauguração do memorial

Redaçãojornalggn@gmail.com

O maior campo de concentração da ditadura chilena. Imagem: Reprodução/TVGGN
O maior campo de concentração da ditadura chilena. Imagem: Reprodução/TVGGN

O correspondente internacional Tebni Pino Saavedra, colaborador do Jornal GGN, foi até o maior campo de concentração da ditadura liderada por Augusto Pinochet no Chile para gravar o documentário disponível no canal TVGGN. Em Chacabuco, mais de 1.200 presos políticos foram feitos de reféns. Em novembro de 2023, Tebni acompanhou a inauguração do memorial em homenagem as vítimas da tortura da ditadura chilena, onde compareceram ex-prisioneiros e seus familiares. Confira o resultado:

EDUARDO PONTIN: LEZEIRA NA SEMANA SANTA E AS CHUVAS NO SERTÃO DO PIAUÍ

Março 28, 2024

Lezeira do povoado Boa Vista (2023) | Foto: Eduardo Pontin

Série Piauí Cultura Regional (18)

Lezeira na Semana Santa e as Chuvas no Sertão do Piauí. 

por Eduardo Pontin

A Lezeira durante muitas décadas foi o principal divertimento de comunidades rurais do sertão do Piauí, mais especificamente na região Centro-Sul. Brinquedo simples e agregador, vem perdendo espaço nos últimos anos para festas movidas a música da indústria cultural, além de outras distrações, como streamings e aplicativos que desviam a atenção da juventude das tradições de seus antepassados. A dança de roda acontece preferencialmente durante a Semana Santa, na Sexta-Feira Maior.

Mas fora todas as dificuldades que uma brincadeira centenária como esta enfrenta para manter as suas atividades, neste ano apareceu uma inusitada: as fortes chuvas. Pros lados do povoado Boa Vista, zona rural de Picos e do Quilombo Mutamba, em Paquetá, devido a cheia do Rio Itaim, 2024 vai passar a Semana Santa sem a tradicional Lezeira que amanhece o dia.

O inverno neste ano na região Centro-Sul do Piauí estava fracassado, muitos nem plantaram e outros chegaram a perder o que haviam plantado, por causa da falta de chuvas. Entretanto, do começo de março pra cá as chuvas começaram de forma intensa e não pararam mais. O povo correu para plantar novamente e ao que tudo indica vai haver milho verde e feijão ligeiro pra quem não se perdeu nos cálculos acompanhando as nuvens do céu.

.Fim de tarde no Piauí ficando bonito pra chover | Foto: Titico de Atrás da Serra

Mas Lezeira grande na Boa Vista e na Mutamba, não vai haver! Com o Rio Itaim de nado, nem carros, motos ou animais o atravessam. Moradoras do povoado Passagem Funda, Biria e Preta são dançadeiras de Lezeira até o amanhecer e todos os anos comparecem a tradicional Lezeira nessas comunidades. Mas neste ano também vão deixar de brincar. Assim como os moradores dos povoados Angical e Torrões, que estavam contando os dias para dançar a Lezeira na Sexta Maior.

Boa Vista e Mutamba têm um relacionamento fraternal, com muitos parentes comuns entre as duas comunidades rurais. Por essa razão, os integrantes da roda de Lezeira de um se confundem com a da outra. Porém, para que esse encontro ancestral possa acontecer, é preciso que os moradores desses lugares atravessem o Rio Itaim, o que na atual circunstância está impraticável.

“O Itaim Véio não tá brincando, não”: estrada que liga Boa Vista a Mutamba está tomada d’água | Foto: Zé Melin da Boa Vista

Entretanto, os participantes da Lezeira não ficam se maldizendo. Com aquele determinismo resignado característico de quem vive em comunhão com a natureza, afirmam: “tudo é na vontade de Deus! o que Deus faz, está bem-feito”. Como diria o escritor Mário de Andrade, o paulista que mais amou a cultura nordestina, “mas o Nordeste é assim: água de menos, água de demais…”. Em 2025 a Lezeira voltará a ser realizada na Semana Santa na Boa Vista e na Mutamba, como ancestralmente vem acontecendo há muitas décadas. Afinal, no Nordeste o inverno não é uma estação do ano, é um estado de espírito.

Boa Vista é reduto de grandes mestres e mestras de Lezeira: Seu Chico Guilherme, Véim de Vicente, Zé Forró, Lorimar, Domingo, Dona Hosana, Seu João Biato e Zé Melin.Raimundão da Mutamba observa a cheia do Rio Itaim | Foto: Gilmário de Raimundão

Primeiro cantador de Lezeira e primeira pessoa da região Centro-Sul a ser certificada Mestre de Cultura Patrimônio Vivo do Piauí pelo Governo do Estado, em 2021, Raimundão da Mutamba não desanima. Mesmo sem a presença dos irmãos da Boa Vista e dos povoados vizinhos, pretende arrebanhar o povo do quilombo, como Dona Dominga e Seu Godelo, para dançar ao menos duas rodas de Lezeira. Raimundão disse que a Lezeira neste ano não vai ser afobada, mas que vai dar pra brincar um pedaço. E até já preparou os versos que vai cantar:

A cheia do Itaim
Deixou o povo de nado
No Quilombo da Mutamba
Tá todo mundo ilhado

Março já foi simbora
Abril já vem chegando
O milho está pendoado
E o feijão já está botando

A tradição em se brincar a Lezeira na Sexta-Feira Santa é algo muito simbólico. Nessa tradicional dança de roda piauiense, os ancestrais de seus participantes são evocados nos cantos, na pisada firme no terreiro e no entrelaçamento das pessoas da comunidade, num congraçamento que só a Lezeira da Sexta Maior é capaz de proporcionar

.Lezeira no Quilombo Mutamba (2023) | Foto: Eduardo Pontin

WALNICE NOGUEIRA GALVÃO: SINAIS DOS TEMPOS

Março 27, 2024

Já já, seguindo a curva da tendência no cinema, anuncia-se para a série policial o happy end de praxe, mas inteiramente subvertido

Os Perigos de Pauline

Sinais dos tempos, por Walnice Nogueira Galvão

Quem é aficionado de séries policiais não deixou de perceber o quanto são sensíveis às alterações nas relações entre os sexos. Assim vêm, devagarinho, ao mesmo tempo espelhando e promovendo sua transformação.

O protótipo, fixado pelo cinema mudo, era Os perigos de Paulina, mais filme de aventuras que policial, em que a imagem-mor é a da heroína amarrada como uma trouxa, abandonada sobre trilhos de trem. Dessa sina cruel, naturalmente, um espadaúdo heroi virá salvá-la. Bons e inocentes tempos…Inocentes? Esse era o modelo ideal apresentado para o comportamento feminino.

Em outra direção já iria a veterana das séries policiais contemporâneas, a campeã de popularidade Law and Order SVU, que subsiste há mais de 20 anos. A protagonista Olívia Benson, antes de galgar as alturas, começou como auxiliar do parceiro masculino:  auxiliar secundária, ou subalterna, papel reservado à mulher nas décadas anteriores. O enredo acompanha a carreira dela, que entrou pelo posto mais baixo e foi ganhando  as patentes, até terminar como chefe de divisão.

Com o passar do tempo, as séries foram substituindo o casal por duas mulheres, dando lugar à sororidade, às vezes cheia de alfinetadas e farpas ferinas bem divertidas. Começaram a surgir séries femininas, com títulos como As investigadoras, ou semelhantes, ou então com os nomes das duas (Rizzoli & Isles). Entre as recentes, Bright minds e Deadly tropics. Nelas, no lugar do casal central há um par de mulheres-detetives.

A exemplo do cinema, em filmes que antes eram raríssimos e chocantes, veríamos ainda o advento de séries policiais com um detetive gay, que  depois evoluiriam para duplas gays, homens ou mulheres.

Já já, seguindo a curva da tendência no cinema, anuncia-se para a série policial o happy end de praxe, mas inteiramente subvertido, em que duas mulheres se casam de papel passado. Ou dois homens.

Por outro lado, quem são as protagonistas modernas? Dentre várias, todas interessantes por diferentes razões, selecionamos a sueca Saga Sorén, de A ponte, a italiana Petra da série que leva seu nome e a francesa Candice Renoir que também é título. Enquanto personagens, têm em comum a inteligência superior, que ultrapassa todos ao redor, e um forte senso de justiça. Para alegria das espectadoras, as séries capricham no humor, enquanto não menosprezam nossa inteligência..

Saga é a detetive-chefe da divisão de Malmö, na Suécia. Sua contrapartida é Martin, o policial de escalão equivalente em Copenhague, na Dinamarca. A série intitula-se A Ponte, elo de ligação entre os dois países onde um crime é cometido, por isso cabendo a ambos a jurisdição. O entrecho acentua o contraste entre os dois policiais. Revertendo o estereótipo, Saga, que é de difícil convívio, mantem-se celibatária e praticante do sexo casual. Já Martin se casa várias vezes, tem vários filhos e trai todas as esposas.

Petra é italiana, de Gênova, e tem no parceiro, Monte, um bom amigo. Aqui também se aciona o mesmo contraste: ela é adepta do sexo casual, inclusive teorizando a respeito, e o parceiro, viúvo, apaixona-se com frequência e até se casa. Ela procura não chamar a atenção. Veste-se com trajes indistintos quando à cor e ao corte (calças compridas, casacos longos, cor escura beirando o negro), penteia-se, ou melhor, não se penteia, deixando os cabelos soltos sem artifícios. Vive sozinha, a não ser pela presença de uma tarântula de estimação, que cria há vários anos. Talvez seja maldade desconfiar de que é metáfora para um companheiro, que substitui…

Quando então surge a francesa Candice, superando tudo isso, a alegria das espectadoras aumenta. De inteligência ímpar, como sempre nestas novas protagonistas, é exuberantemente feminina: rechonchuda, tem quatro filhos (sem marido, é claro, marido só atrapalha), é namoradeira mas não enjeita amores de passagem. Tem preferência por cor-de-rosa nas roupas e nos acessórios: celular, chaveiro, carteira profissional, tudo cor-de-rosa..Em sua casa, só ela não cozinha: as panelas ficam por conta do ex-marido, do namorado, do filho.

Chegadas a esse ponto, mal podemos esperar pelo que o futuro das séries policiais nos reserva.

Walnice Nogueira Galvão é Professora Emérita da FFLCH-USP

Walnice Nogueira Galvão

INSTITUTO ANELO LANÇA ‘MUNDO AZUL’

Março 26, 2024

Música inédita expõe com afetividade a vivência e as dificuldades do autismo, com versões em videoclipe e animação.

Redaçãojornalggn@gmail.com

Um projeto sobre o autismo liderado pelo Instituto Anelo, que há 23 anos promove a inclusão social pela música em Campinas, envolve 18 músicos, profissionais de produção e divulgação, entidades, pais e pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no processo de lançamento da música inédita “Mundo Azul”. A canção será lançada em todas as plataformas digitais em 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, e terá mais duas versões: em videoclipe, com lançamento agendado para 9 de abril, e outra acompanhada de uma animação, cujo lançamento será em 16 de abril. O projeto conta com os vocais de Luccas Soares, fundador do Instituto Anelo, da cantora Aline Ramos e participação especial de Amanda Maria, finalista do programa The Voice.

Segundo Luccas Soares, a inspiração para a música veio da vivência com seu filho João, de 4 anos e diagnosticado com TEA. Porém, em conversas com pais de crianças autistas atendidas nas aulas do instituto, ele percebeu potencial para um projeto maior, que promovesse conscientização falando sobre “as dificuldades, desafios e, acima de tudo, sobre amor”. “Trocando com muitos pais, vi que se identificaram, que a música era além de casos individuais”, afirma. De forma afetiva e lúdica, mas realista, a ideia é expor a vivência das pessoas envolvidas com esse “mundo azul” (cor que simboliza o autismo), e assim estimular também a reflexão sobre a necessidade de ações para a inclusão social não só dos autistas, mas em extensão de todas as pessoas consideradas “atípicas”, que têm algum transtorno ou deficiência.

Sobre a situação que o despertou para a composição, o músico conta que aconteceu após uma noite insone dele e de sua esposa Geiza, devido à agitação do filho. Pela manhã, ambos cansados, se depararam com um menino sorridente e os buscando para brincar no balanço. “Eh, João, se fosse fácil, não seria você”, reagiu Luccas, pinçando logo esse trecho – Se fosse fácil, não seria você – para iniciar uma nova letra. Uma situação que também indica um dos grandes desafios enfrentados pelos pais de autistas – a própria saúde mental. “Não tenho vergonha de dizer que tive depressão devido à privação do sono, algo muito difícil de enfrentar, e nesse processo comecei a compor. Entre os casais, pais de atípicos, é muito comum que  tenham depressão. Não é só a criança que precisa de cuidados, os pais também.”

Mas, para Luccas, a dificuldade que “mais dói” aos pais de autistas é a batalha pela inclusão escolar. “A maioria das escolas que visitamos, e foram muitas, não estava preparada para atender. O mais triste é que muitas não estavam nem interessadas em saber mais, em preparar professores. E quando a gente procura escola pública, elas proíbem a entrada de acompanhante terapêutico (AT). É uma grande polêmica, pois as unidades proíbem, mas não providenciam pessoas capazes de dar suporte aos nossos filhos. E a educação é uma necessidade básica. Se a escola não incluir, quem vai?”, questiona, ressaltando que a luta dos pais pelos AT é também uma forma de proteger seus filhos de casos de violência dentro da escola, que infelizmente são relatados e atingem principalmente as crianças com maior dificuldade de comunicação. 

“Penso que as escolas deveriam, assim como tem alvará de funcionamento, avcb, ter também o selo de credenciamento de inclusão. Assim, nós, pais de crianças  atípicas, não perderíamos tanto tempo em busca de escolas inclusivas”, sugere Luccas Soares, para o poder público. Luccas é pai de gêmeos, João e Rebeca, sendo que sinais como atraso no desenvolvimento da fala e ações repetitivas do menino, não observados na irmã, levaram os pais a procurar profissionais de saúde e ter o diagnóstico de TEA. 

A gravação do videoclipe contou com autistas atendidos no Anelo, Instituto Ser e Paica (Programa de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente), de Campinas, em situações cotidianas de atendimento. Também foi contratado um time para produzir uma animação para a música. Para viabilizar os custos, o projeto conseguiu apoio de verbas sociais do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Unimed Campinas. “Nosso foco é conscientizar, mas, sobretudo, homenagear os familiares, que vivem esta realidade. Sem romantizar, e também não dramatizando, a música busca mostrar esse amor de uma forma real”, conta Luccas. 

Com arranjo alegre, ” Mundo Azul” traz ainda, em um trecho da letra, a frase “Eu te amo, meu amor” cantada em mandarim (Wǒ ài nǐ, Qīn’ài de), indicando duas linguagens diferentes entre pessoas que se amam.  Para isso, os músicos contaram com a contribuição de Jia Sun Costa, professora de mandarim, que ensinou e treinou a pronúncia correta no idioma estrangeiro. Ao se referir ao filho na canção como “Meu mundo azul”, o autor também buscou incluir  o girassol, uma simbologia comum a diversos tipos de deficiência, não só o autismo.

Fundado em maio de 2000, na periferia de Campinas, o Instituto Anelo é um projeto intergeracional de ensino gratuito de música que já atendeu mais de 5 mil alunos em seus programas, sendo que muitos deles tornaram-se músicos profissionais e professores, no Brasil e fora.

Sobre o Instituto Anelo: anelo.org.br | facebook.com/institutoanelo | instagram: @instagram | YouTube: Instituto Anelo Oficial | Twitter: @AneloInstituto | Linkedin: Instituto Anelo.

LONDRINA SE PREPARA PARA RECEBER O FESTIVAL QUIZOMBA DE CULTURAS TRADICIONAIS

Março 25, 2024

CULTURA

    O evento está marcado para os dias 10 a 14 de abril, com foco no Abril dos Povos Originários

    Mayala Fernandes

    Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

     

    Festival celebra povos tradicionais, populares e originários – Foto: Coletivo Quizomba / Londrina

    Em abril de 2024, o Festival Quizomba de Culturas Tradicionais chega em Londrina e traz consigo uma explosão de cores, sons e tradições. Com o intuito de celebrar e honrar a rica herança cultural do Brasil, o evento reunirá artistas de todas as partes do país em uma celebração única das culturas tradicionais.

    A primeira de três edições está marcada para acontecer de 10 a 14 de abril, com foco no Abril dos Povos Originários, e promete uma programação cheia de atividades imperdíveis. Serão realizadas oficinas, debates, exibições audiovisuais, além da já tradicional festa de encerramento.

    O Festival Quizomba de Culturas Tradicionais é um projeto realizado pelo Coletivo Quizomba e a Vila Cultural Alma Brasil, em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e fomentado pelo Programa Funarte de Apoio à Ações Continuadas 2023. Seu objetivo primordial é proporcionar aceso e apreciação às expressões artísticas e culturais enraizadas na tradição oral, com influências africanas e indígenas, que desempenham um papel fundamental na formação da identidade cultural brasileira.

    O Festival é dividido em três edições que serão realizadas em abril, julho e novembro. Cada etapa será marcada por experiências com mestres e mestras da cultura tradicional brasileira, culminando com um grande encontro em novembro.

    Nessa primeira etapa, o evento tem a confirmação da presença da rapper indígena e Katu Mirim, da guardiã da cultura popular paraibana Mestra Penha e da DJ Luciana Telles.

    Além das atividades principais, haverá o Quizombinha, com atividades voltadas para as crianças, proporcionando um espaço de diversão e aprendizado através de contação de histórias.

    Todas as atividades serão gratuitas e devem ocupar múltiplos espaços da cidade, a atividade final da edição de abril irá acontecer no gramado em frente à Vila Cultural Alma, em Londrina.

    Mais do que um simples evento local, o Festival Quizomba de Culturas Tradicionais é guiado por uma perspectiva cultural crítica, com foco nas culturas contra-hegemônicas, corpos e saberes historicamente marginalizados no Brasil. É um convite para todos se juntarem em uma celebração diversa, criativa e festiva, onde os povos tradicionais, populares e originários são os protagonistas.

    Fonte: BdF Paraná

    Edição: Pedro Carrano

    CINE NINJA INDICA: ANIMAÇÕES DIRIGIDAS POR MULHERES

    Março 24, 2024

    26/03/2024 –

     POR CINE NINJA

    Mulheres ainda são minoria no comando de produções animadas

    Foto: Divulgação/“Òrun Àiyé – a criação do mundo”

    Um estudo da USC Annenberg Inclusion Initiative, divulgado em 2019, trazia o dado de que apenas 3% das animações produzidas entre 2007 até o ano da publicação, eram dirigidas por mulheres.

    A falta de diversidade também se reflete nas narrativas apresentadas. De acordo com a Rolling Stone Brasil, entre 2007 e 2018, apenas 17% dos filmes de maior bilheteria tinham histórias sobre personagens femininas, e apenas três representavam uma mulher não-branca como protagonista.

    No Cine NINJA Indica desta sexta-feira (22), apresentamos cinco animações realizadas por diretoras mulheres. Assista, prestigie, curta e divulgue o cinema feito por ELAS!

    “Òrun Àiyé – a criação do mundo” (2015)

    Direção: Jamile Coelho, Cintia Maria
    Onde assistir: Itaú Cultural Play

    Quando começaram a desenvolver este curta, as diretoras Jamile Coelho e Cintia Maria pensavam em fazer uma animação experimental e sem diálogos. O projeto foi mudando até finalmente chegar à história de uma criança que ouve o avô narrar a criação do mundo pelos orixás. Como resultado, tanto o público adulto quanto o infantil puderam ser contemplados pelo filme.

    “Bao” (2018)

    Direção: Domee Shi
    Onde assistir: Disney+

    Sofrendo com a ausência do filho, uma mãe volta a ver sentido na vida quando um dos bolinhos que preparou ganha vida. Ela então começa a cuidar da criatura dando-lhe todo o amor e carinho. Mas, de forma inesperada, ele cresce e ganha independência, deixando sua criadora triste mais uma vez.

    “Guaxuma” (2018)

    Direção: Nara Normande
    Onde assistir: Vimeo

    Neste curta autobiográfico, a diretora Nara Normande relembra os anos que passou na Praia de Guaxuma, em Alagoas, e a relação com sua melhor amiga, Tayra. Utilizando diferentes técnicas de animação e emprestando sua própria voz à narração, ela recria o universo da infância e aborda temas como amizade, amadurecimento, memória e perda.

    “Menina da Chuva” (2010)

    Direção: Rosaria
    Onde assistir: Itaú Cultural Play; Vimeo

    A cor tem papel narrativo fundamental neste curta de apenas seis minutos, que, sem utilizar diálogos, diz muito sobre o processo de descoberta da própria identidade. No universo do filme, todas as interações se dão apenas entre personagens e objetos de uma mesma cor, o que representa um problema para a carismática menina do título. Sem encontrar crianças, brinquedos e espaços que se pareçam com ela, a protagonista sente-se sozinha e incapaz de pertencer a qualquer lugar. Até que uma mudança no tempo traz novas possibilidades.

    Trailer indisponível.

    “A Ganha-Pão” (2017)

    Direção: Nora Twomey
    Onde assistir: Prime Video

    Uma corajosa afegã de 11 anos se passa por menino e encara o trabalho pesado para sustentar sua família após a prisão do pai.

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    DE UMA POSTAGEM NA INTERNET AO MUNDO DA MODA: TRAJETÓRIA DE PRETA RARA É DESTAQUE NO BEM VIVER NA TV

    Março 23, 2024


    CULTURA

    ASSISTA

    Neste mês de março, o programa destaca experiências de mulheres em diferentes áreas

    Redação

    Brasil de Fato | Recife (PE) | 23 de março de 2024 –

    Preta Rara, rapper e historiadora, fala sobre a marca Pesadona Fit, no programa Bem Viver na TV – Reprodução/ Instagram Preta Rara

    Tudo começou despretensiosamente. Em Julho de 2016, Preta Rara fez uma postagem nas redes sociais com a hashtag “Eu, empreagada doméstica”. Largou o aparelho e foi tocar outras atividades. Quando olhou novamente o celular, percebeu que a publicação tinha “bombado” nas redes.

    O sucesso da postagem abriu os caminhos para o mundo literário. Hoje, Preta Rara escreve, canta, compõe e agora lidera a própria marca de roupa – a Pesadona Moda Fit.

    Ela conversou com o Brasil de Fato, no programa Bem Viver na TV, e falou sobre a concepção das obras literárias, a experiência de viver entre três cidades, o lançamento da marca e também sobre a importância de produzir “conteúdos que incomodam”

    “Foi quase na criação da página que eu criei esse termo, gerando incômodo. Eram as pessoas que não aceitavam coisas que eram ditas como ‘normais’ ou como era ‘mimimi’. Ou era ‘brincadeira’, né? Então, a geração do incômodo, acredito que quando você tá com uma pedra dentro do tênis, você não vai ficar andando um quilômetro com aquela pedrinha. Você vai parar e tirar essa pedra”.

    “Eu sempre gostei de coisas bonitas, de roupa bonita. Então me dava uma afliçãozinha chegar na academia e ver as meninas com as roupas coloridas e tal, e eu não tinha como utilizar aquelas roupas, como usar aquelas roupas, procurar e não achar”, explicou, descrevendo as motivações para a criação da marca.

    “E aí foi que surgiu essa ideia da pesada da moda Fit, tem um mês só minha lojinha online do site, e eu começo a empreender como várias pessoas no Brasil começando a empreender pela necessidade, sem muita grana para poder investir”.

    Na entrevista, Preta Rara também fala sobre o sucesso no mundo literário e do impacto político da hashtag “Eu, empregada doméstica”. Ela explica que o projeto ajudou a redescobrir as outras mulheres que antecederam a batalha dela no mundo literário.

    “Eu não estou sozinha nessa. Ao meu lado existem seis milhões de trabalhadoras domésticas que em sua grande maioria são mulheres pretas. Não seremos mais silenciadas porque agora somos nós.”

    Neste mês de março, a luta e a resistência de muitas mulheres pelo país é destaque no Bem Viver. O programa também apresenta o Sarau das Pretas, em São Paulo, e o Roçado das Marias, do MST, em Pernambuco. Tem também a atividade das makotas, mulheres que são conselheiras e responsáveis por cuidar das casas de Axé.

    Quando e onde assistir?

    No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar aqui.

    Na TVT: sábado às 13h30; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

    Na TV Brasil (EBC), segunda-feira às 6h30.

    Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET.

    Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET.

    Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital.

    Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital.

    Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET.

    TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17.

    Sintonize

    No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.

    O programa também é transmitido pela Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.

    Edição: Geisa Marques

    FUÁ DO GUEGUÉ LANÇA ‘SUCESSO DA ZEFINHA’ NAS PLATAFORMAS

    Março 22, 2024

    Produzido por Guegué Medeiros e Fi Maróstica, single conta com a participação especial da autora Anastácia

    Redaçãojornalggn@gmail.com

    O Fuá do Guegué convida Anastácia no single Sucesso da Zefinha, composição de 1981 da cantora e compositora pernambucana, que chegará nas plataformas digitais no dia 29 de março. O forró abre os caminhos para o disco que será lançado no segundo semestre, da banda que celebra a música brasileira e, em especial, a música e a cultura popular nordestina, trazendo além do repertório autoral, versões de clássicos do cancioneiro popular.

    “Há muito tempo eu ouvia sobre o Fuá do Guegué mas pensava que era um grupo de teatro. E então, eu tive a oportunidade de ver um show em São Paulo, e aí eu fiquei maravilhada. São músicos de primeira linha e importantes para a cultura e para a música brasileira”, conta Anastácia. E conclui, “fique de olho, porque vai ser um disco de ponta”. 

    O Fuá do Guegué é formado por Guegué Medeiros (bateria), Salomão Soares (piano), Lau Trajano (baixo), Danilo Moraes (voz e guitarra), Rafael Beibi (voz e triângulo), Dido Trajano (voz e zabumba) e Olívio Filho (sanfona), artistas que carregam o desejo de espalhar para o mundo a alegria e os ritmos de uma das festas mais tradicionais do Brasil, o Forró.

    Idealizado e comandado por Guegué Medeiros, baterista, percussionista e produtor cultural, o Fuá do Guegué tem conquistado o público com um Forró que tem “um pé na serra e a cabeça no meio do mundo”! Em formato de baile, o grupo se apresenta há dois anos, toda semana, em espetáculos lotados na Casa de Cultura Os Capoeira, e contou com a participação de diversos artistas como Toninho Ferragutti, Vanessa Moreno, Anastácia, Mayana Neiva, entre muitos outros.

    Conheça: https://fuadoguegue.com.br/

    Ficha Técnica – Single “O Sucesso da Zefinha”

    Participação especial e Voz – Anastácia

    Danilo Moraes – Voz e Guitarra

    Dido Trajano – Zabumba

    Guegué Medeiros – Bateria 

    Lau Trajano – Baixo

    Rafael Beibi – voz e triângulo

    Salomão Soares – Piano

    Vanessa Moreno – voz

    Produzido por Fi Maróstica e Guegué Medeiros

    Gravado entre os dias 27 e 29 de novembro de 2023 na Gargolândia

    Técnico de gravação- Thiago Baggio

    Voz da Anastácia – gravada em 19 de Janeiro  de 2024 no estúdio Parede-Meia por Rovilson Pascoal e Raphael Vecchione

    Mix e master – André “Kbelo” Sangiacomo e Juninho Costa