Archive for Julho, 2021

FILHA DE BELCHIOR ESTREIA NOS PALCOS COM SHOW EM HOMENAGEM AO PAI: “COISAS QUE APRENDI NOS DISCOS”

Julho 31, 2021

Escrito por Redação.

Vannick Belchior realiza o concerto “Coisas que aprendi nos discos” e demarca os primeiros passos da carreira musical

Vannick Belchior promete noite dedicada à memória e legado do artista
Legenda: Vannick Belchior promete noite dedicada à memória e legado do artista

A música e poesia de Belchior (1946-2017) continuam causando fascínio e admiração. Homenagens, debates, livros, entre outras iniciativas buscam decifrar o legado deixado pelo cearense.

No próximo domingo (1º de agosto), às 16h, a obra do compositor será celebrada por Vannick Belchior. A filha do cantor estreia carreira nos palcos com o show “Coisas que aprendi nos discos”.

A noite promete um verdadeiro passeio por clássicos de Bel. Pelo menos 17 faixas compõem o repertório, o que garante temas como “Velha Roupa Colorida”, “Tudo Outra Vez”, “Apenas um rapaz latino-americano”, “Alucinação” e “Como Nossos Pais”.

CONEXÃO

A ocasião é duplamente especial: além do primeiro show oficial como cantora e intérprete, o evento simboliza o contínuo mergulho de Vannick Belchior na compreensão tanto do artista como do pai. 

“Tive que entender e compreender muita coisa, superar muita coisa para tocar na obra dele e em relação ao cantar. Chega no momento certo da minha vida”, explica. https://www.youtube.com/embed/RR-WsSnvXPo

Aos 24 anos, a caçula e única nordestina entre os filhos do poeta se diz animada com o começo. Graduada em direito, ela tem a mesma idade de Belchior quando este partiu rumo ao Sudeste com o sonho de cantar. 

As comparações terminam aqui. O objetivo de Vannick é aprimorar ainda mais o canto e desenvolver os próprios projetos no futuro, compartilha a cearense.

MEMÓRIAS LATENTES

Vannick tinha 10 anos quando Belchior escolheu ausentar-se socialmente. As vivências com o pai são guardadas com imenso carinho. 

“Tenho memórias das apresentações. Cantava desde criança e ele queria me levar, sabia do meu amor pela música. Cheguei a ir para alguns shows dele. Minhas memórias são muito latentes”, descreve a cantora.

“Coisas que aprendi nos discos” tem direção musical de Tarcísio Sardinha, músico e produtor cearense que já gravou com grandes nomes da música nacional, entre eles Belchior.

“Sempre vai existir esse elo, essa coisa da comparação. É um autoconhecimento acerca de questões internas, quanto a relação afetiva do pai. Vou me abrindo para isso”, finaliza Vannick Belchior. 

ENTREVISTA NA VERDINHA 

A cantora será a entrevistada desde sábado de Daniella de Lavôr no Conexão Verdinha, a partir das 8h da manhã. Um show particular para os ouvintes com direito a histórias, bastidores e muita emoção. Não perca! Sábado, no Conexão Verdinha, a partir das 8h da manhã.

SERVIÇO

Show “Coisas que aprendi nos discos”, de Vannick Belchior.

Dia 1º de agosto (domingo), às 16h, na Cervejaria Capitosa (Av. Recreio, 1210 – Lagoa Redonda)

O QUE SE PERDE QUANDO O ACERVO DE UMA CINEMATECA QUEIMA?

Julho 30, 2021
  1. CULTURA

ABANDONO

Além do patrimônio material, 4 toneladas de documentos históricos, cópias de filmes e objetos, perdemos a história

Flavia Guerra Terra| 30 de Julho de 2021 às 11:31

Em julho de 2020, o Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) moveu ação na Justiça contra a União por abandono da Cinemateca – Reprodução

No início da noite desta quinta-feira os noticiários de TV mostravam as chamas que consumiam o galpão da Cinemateca Brasileira localizado na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo.

Nas redes sociais, o desespero tomava os que, mais cientes do valor imensurável do acervo, vêm protestando e alertando sobre a atual situação da Cinemateca há pelo menos um ano. Nos sites de notícias, informações urgentes sobre o incêndio que atingiu o primeiro andar do galpão de cerca de mil metros quadrados.

As chamas, segundo o Corpo de Bombeiros, consumiram de 300 a 400 metros quadrados. “São três salas, de arquivo histórico, duas delas de arquivo de filmes, uma delas, segundo informações do efetivo que trabalha na Cinemateca, de arquivo impresso, também histórico. Não sabemos se isso tem cópia. Uma parte foi queimada e estamos tentando levantar o que é possível resgatar”, afirmou à CNN a tenente responsável por ser a porta-voz do Corpo de Bombeiros. “O térreo, que tem um grande acervo também, não foi atingido”, completou.

Segundo a tenente, os bombeiros civis que trabalham no local informaram que “o princípio de incêndio ocorreu por conta de uma manutenção” que ocorreu na quinta-feira (29).

 “Uma empresa terceirizada contratada pelo governo federal para fazer a manutenção da climatização do local. Eles estavam utilizando um equipamento para fazer a manutenção do ar condicionado. Não se sabe se houve uma falha neste equipamento, mas por conta desta manutenção ocorreu o princípio de incêndio”.

“Os bombeiros civis da brigada de incêndio tentaram apagar com os extintores do local, porém não conseguiram por conta do material ser muito combustível e o fogo se alastrou muito rapidamente. Mas a causa em princípio seria esta, da manutenção da climatização”, explicou a tenente.


Rolos e cópias de filmes importantes foram perdidas no incêndio que atingiu cerca de 300 metros quadrados do local / Divulgação

Já a dimensão histórica, cultural, material do que foi queimado não pode ser mensurada.

O que se perde quando o acervo de uma Cinemateca queima?

Durante os momentos de dúvida e desespero de quem sabe o valor do patrimônio cultural do audiovisual e da História (esta com H maiúsculo mesmo) que o órgão abriga, muita informação foi passada e repassada.

O que se apurou foi que de material físico devem ter sido perdidos rolos de cópias de filmes (ou matrizes secundárias), parte da produção dos filmes realizados pelos alunos da ECA (Escola de Comunicação e Artes da USP), cerca de quatro toneladas do acervo documental de toda política pública do cinema brasileiro.

“São documentos históricos do Instituto Nacional de Cinema, do Concine, da Embrafilme e da Secretaria do Audiovisual. Além disso, há objetos como equipamentos cinematográficos que iriam fazer parte do museu da Cinemateca”, como informou o cineasta Roberto Gervitz, coordenador do Grupo de Trabalho Cinemateca da APACI – Associação Paulista de Cineastas, além de um dos coordenadores dos atos SOS Cinemateca Brasileira em 2020.

Os vários atos na frente da Cinemateca Brasileira também foram realizados e contaram com a organização do grupo Cinemateca Acesa e da rede S.O.S Cinemateca Brasileira de ex-funcionários da instituição.

“Perdemos 60 anos de história, toda a memória da política pública de apoio ao cinema”, afirmou ao Estadão Carlos Augusto Calil, atual presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca e ex-diretor da Cinemateca Brasileira e ex-secretário de Cultura de São Paulo.

“Toda documentação estava lá. Esta documentação nós salvamos na época da Secretaria do Audiovisual estava no último andar da Embrafilme. A gente acabou conseguindo tirar esta documentação de lá, ela foi tratada na Secretaria. Depois, quando a Secretaria acabou isso foi para o MinC (Ministério da Cultura), eu e Gustavo (Dahl) fomos no MinC e conseguimos levar esta documentação de volta para a Ancine e tratamos finalmente na Cinemateca. Conseguimos contratar uma empresa para fazer a limpeza da documentação e ela foi para a Cinemateca. Pelo visto, é justamente esta documentação que está aí”, comentou Vera Zaverucha, que é  especialista em legislação de cinema, além de ter sido diretora colegiada da Ancine, em que também exerceu o cargo  de assessora-chefe do Diretor Presidente. Vera também foi secretária do Audiovisual.

“Pode ser que haja material do Canal 100 também no galpão. Não sei se já havia sido feito cópia disso ou se estava ainda para ser analisado”, completou.

Na lista de outros possíveis materiais que podem ter sido perdidos, ainda há parte do acervo de Glauber Rocha, que foi doado pela família do cineasta, entre outros documentos, cópias de fotos e afins.

“Este tipo de sinistro, se há um monitoramento constante, pode ser minimizado, pode ser combatido muito rápido. Nesta proporção que foi o incêndio, é muito difícil que algo em papel tenha sobrado. É uma tragédia”, afirmou Débora Butruce, presidenta da ABPA (Associação Brasileira de Preservação Audiovisual) e também profissional de preservação.

Tragédia Anunciada

“Foi uma tragédia anunciada. A gente cansou de falar. Na verdade o que acontece lá é que não tem brigada permanente de incêndio, como há na sede da Vila Mariana”, comentou Gervitz.

Este foi o quinto incêndio que a Cinemateca sofreu desde sua fundação, nos anos 1940, ainda como Primeiro Clube de Cinema de São Paulo, criado por nomes como Paulo Emílio Sales Gomes, Décio de Almeida Prado, Antonio Candido de Mello e Souza, entre outros, com o objetivo de promover o estudo do cinema como produção artística independente com a realização de debates, conferências, projeções, entre outras atividades.  O primeiro incêndio ocorreu foi em 1957. E, como também afirmou Calil e funcionários da Cinemateca, o material que estava no primeiro andar foi justamente o que sobreviveu a uma inundação ocorrida no local em 2020. Como também disse Calil, “o que a água começou o fogo terminou.”

Material precioso

Dito isso, nem mesmo havia sido contabilizado o tamanho do estrago da enchente e o fogo destruiu pelo menos uma parte considerável do material que restou.

“A gente ainda não tinha conseguido mensurar o tamanho da primeira tragédia de 2020. Foi quando a crise que se instalou logo depois já se prenunciava. E depois veio a pandemia. Vai ser difícil falar com exatidão o que se perdeu porque o local era um lugar de transição, onde materiais eram tratados para irem para seus depósitos definitivos, mas até onde sabemos são estes acervos documentais e cópias de filmes”, explicou Débora Butruce.


Imagem de uma das salas do galpão da Cinemateca Brasileira após o incêndio desta quinta-feira / Divulgação

No entanto, estas cópias não são originais, mas muitas vezes se tornam as únicas, dependendo do estado em que as originais estão. Estas cópias são também importantes para a difusão e circulação dos filmes, além de não ser nada fácil, barato e rápido fazer cópias em película nos dias atuais.

“Fora isso, para o processo de restauração, os negativos e as cópias são essenciais. Isso porque foi na cópia é onde foi impresso fotograficamente o que foi estabelecido. O negativo tem muitas possibilidades, é um material original que, dependendo de como se revela, da marcação de luz, pode ir para um lado ou para outro. Ele tem possibilidades fotográficas. A cópia é o resultado das escolhas de um negativo. Então ela é um material super importante. Além de termos de difusão e acesso, ela também guarda característica de uma obra. É um material único neste sentido”, explicou Débora.

Crise e descaso

O incêndio é só parte de uma crise mais profunda da Cinemateca Brasileira, que se acentuou infinitamente durante o último ano, quando foi fechada, seus funcionários (super especializados e raros de se encontrar no mercado) foram demitidos, teve seu fornecimento de luz ameaçado de ser suspenso, entre outros problemas.

Entre protestos da população e dos profissionais do audiovisual, ampla cobertura da imprensa, reuniões entre representantes de órgãos como A APACI, o poder público, audiências, debates, o fato é que a Cinemateca segue fechada e sem uma definição para que volte a funcionar como se deve, como é obrigação do Governo Federal e como a população merece. Afinal, é um órgão público.

“Este patrimônio é de todo mundo. Não é só do audiovisual. É patrimônio brasileiro”, observa Débora Betruce.

A Policia Federal foi acionada para apurar o que de fato aconteceu. Mas o certo é que o que aconteceu é também resultado deste longo processo de descaso e crise, que está longe de acabar. Certo é que perdemos, com isso, parte importante de nosso acervo, nossa história, da história do audiovisual brasileiro. As perdas, portanto, como já dito, são incomensuráveis. 

‘ESCREVER É UM ATO DE RESISTÊNCIA’, DIZ POETA AO PROGRAMA BEM VIVER

Julho 29, 2021
  1. PODCASTS
  2. BEM VIVER

CULTURA

Para poeta Maurício Simionato, escritores e artistas que se mantém neutros em situações extremas, apoiam os opressores

Da Redação29 de Julho de 2021 às 12:35

Ouça o áudio:Play58:121:00:16MuteDownload

Maurício Simionato é jornalista e poeta e lançou seu terceiro título, “O arado de Odara” – Divulgação

Precisamos falar sobre amor. Sem amor a gente não existe, sem arte também não

Para o poeta Maurício Simionato, que recentemente lançou o livro “O Arado de Odara, uma Distopia Tropical”, escrever é uma forma de resistência política. A última obra do autor reúne 92 poemas que discutem o Brasil dos tempos atuais, em especial a dor coletiva da pandemia, a onda de negacionismo, as fakenews, a intolerância, o aumento da pobreza e a crise política que toma conta o país.

“Acho que escrever poesia é persistir na existência. Apesar de tudo, eu vou continuar escrevendo poesia e fazendo arte. É um meio de mostrar que a gente continua resistindo. É uma forma de resistência”, disse em entrevista a edição de hoje (29) do Programa Bem Viver. “Eu testei a potência da escrita poética diante desse quadro de negacionismo e de genocídio. Não foi intensão de fazer manifesto, mas acabou se transformando em um, porque os poemas têm características que se encaixam. Há um protesto ali, uma tentativa de se revolucionar.”

Na opinião do escritor, momentos de desordem social e política, são extremamente duros para a sociedade e exigem que as pessoas estejam presentes em debates e reflexão para superar a crise e uma das formas de fazer isso é por meio da arte.

:: A arte é nossa cura ::

“O artista é chamado a se manifestar no momento que a gente vive. Quem quer se manter neutro esta apoiando a ultradireita e o neofacismo, que sta tentando destruir tudo o que foi feito no país. Tem pessoas morando na rua, passando fome, mais de 500 mil mortes por falta de vacina… Como vamos vai ficar neutros em uma situação dessa?”, questionou.

Para ele, é possível aproximar atos do cotidiano com a luta contra a crise social e política que o país enfrenta. É, segundo o escritor, um “trabalho de formiguinha”, feito aos poucos, devagar e com muita persistência.

“Fazer poesia é rechaçar o medo. Minha poesia tem o objetivo de trazer o sonho, a esperança. Fiz questão de não deixar o amor de lado. Precisamos falar sobre amor. Sem amor a gente não existe, sem arte também não”, pontou. “Eu falo de amor no sentido humanitário, de ser solidário, de ajudar o próximo. Vamos amar a revelia.”

Enem tem menor número de inscritos

A edição de 2021 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem o menor número de inscritos em 13 anos. São pouco mais de 4 milhões de inscrições, número que chega a ser a metade da edição de 2014, quando 8 milhões de jovens participaram do Exame, maior registro de inscritos na prova. O Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior, tanto nas universidades públicas como nas privadas, por meio de bolsas de estudo.

:: Estudantes de escolas públicas adiam sonho de cursar ensino superior via Enem; leia relatos ::

A vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Júlia Aguiar, que assumiu o cargo na semana passada, pontuou que a redução de financiamento para o ensino público, iniciada em 2016, influência na desistência dos alunos em participar do exame. Ela lembrou que a pandemia também trouxe uma série de impactos para a educação.

Júlia reforçou que o governo federal não atuou de maneira efetiva para minimizar os efeitos negativos da Covid-19 nos estudantes: não houve um plano de retomada segura das aulas, não foi pensada uma estrutura para manter as aulas de forma remota e faltou diálogo com entidades estudantis para discutir o adiamento do Enem 2020.

Resistência

O militante Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Galo, foi ontem (28) prestar depoimento na delegacia de polícia em São Paulo para se defender de um pedido de prisão temporária pelo incêndio a estátua do bandeirante Borba Gato, no bairro de Santo Amaro. O protesto ocorreu no último sábado (24), durante os atos contra o governo do presidente Jair Bolsonaro.

Manifestantes colocaram dezenas de pneus em volta da estátua do bandeirante Borba Gato e puseram fogo no material. A imagem impressionou: era como se o monumento estivesse incendiado, com uma fumaça preta densa que podia ser vista a quilômetros de distância do local.

Galo foi preso temporariamente e deve permanecer detido por cinco dias, prazo que pode ser ampliado por mais cinco dias. Além dele, a esposa, que não participou do ato, também foi presa.

:: Juíza manda prender Galo e esposa por fogo em estátua de Borba Gato; casal tem filha de 3 anos ::

Ele já era um personagem nacional desde julho do ano passado, quando ele protagonizou os atos dos entregadores por aplicativo contra empresas como Ifood e Uber. Galo integra o movimento entregadores anti-fascistas, grupo referência na luta por direitos trabalhistas dessa categoria.

Derrubar ou atear fogo em estátuas que homenageiam figuras contraditórias da História é um ato de protesto que vem sendo praticado em dezenas de países. Normalmente são nomes vinculadas ao período escravagista. Borba Gato, por exemplo, é conhecido por ter feito fortuna, na segunda metade do século 18, ao caçar indígenas pelos sertões do país para escravizar essa população.

A nova Transamazônica

A possível reconstrução da BR-319, considerada a Nova Transamazônica, rodovia emblemática do período da ditadura civil militar, volta a ganhar fôlego no governo Bolsonaro, para atender aos interesses do agronegócio. Ela começou a ser construída na década de 1970 para ligar Manaus a Porto Velho, em um trecho de quase mil quilômetros que corta a Floresta Amazônica.

:: “Nova Transamazônica”: reconstrução da BR-319 começa sem estudo de impacto ambiental ::

Sem qualquer etapa regulamentar do processo de licenciamento ambiental, o governo já está transportando maquinários para a rodovia. Sua construção afeta diretamente 11 Terras Indígenas.

A BR-319, assim como a transamazônica, nunca foi devidamente finalizada, mas ajudou a acelerar o desmatamento da floresta. Ela foi concluída, mas mais da metade da rodovia nunca recebeu asfalto.

Maxixe

Além de ser um alimento extremamente versátil, o maxixe é rico em proteína, cálcio e vitamina C, servindo como um importante item no plano alimentar de atletas de alta intensidade. Típico da região nordeste, o alimento que faz parte do grupo das hortaliças e é caracterizado por ser redondo possuir pequenos espinhos por fora.

:: Conheça o potencial do maxixe, rico em vitamina C e proteína ::

As opções de receita são bem variadas: o maxixe é usado no preparo de moquecas, é consumido cru em saladas e até suas folhas podem ser preparadas como um refogado. No Nordeste, uma das receitas mais tradicionais é a maxixada. Conheça mais sobre ela na edição de hoje do Programa Bem Viver.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

Sintonize

O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.

Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS) e Rádio Cantareira (SP).

A programação também fica disponível na Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas: Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o programa Bem Viver de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da nossa lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: radio@brasildefato.com.br.

Edição: Sarah Fernandes

LUEDJI LUNA:”O AMOR É FUNDAMENTAL PARA RECONSTRUÇÃO DA NOSSA HUMANIDADE”

Julho 28, 2021

OUÇA E ASSISTA

A cantora e compositora baiana traz reflexões sobre a afetividade da mulher negra, suas referências e trajetória

Marina Duarte de Souza, Isa Chedid e José Eduardo Bernardes – Julho de 2021.

Ouça o áudio:Play25:5430:02MuteDownload

Luedji fala sobre a trajetória, novo trabalho com literatura e faz reflexões da afetividade da mulher negra presentes no álbum “Bom é Estar Debaixo D’Água” – Danilo Sorrino

Amor é essencial às mulheres negras para construir um outro imaginário onde possamos superar a dor

No Brasil de Fato Entrevista desta semana tem a presença da cantora e compositora baiana Luedji Luna, que, para além de fazer ecoar a voz das mulheres negras na música, traz mais uma marca como escritora, desta vez, na literatura. Luedji é uma das colaboradoras na obra Quilombellas Amefricanas, Coletânea Poética, em dois volumes, organizada por Ana Rita Santiago, Cláudia Santos e Mel Adún — lançados pela Editora Ogum’s Toques, no final de junho.

Luedji começou a escrever ainda na adolescência, para se expressar no mundo e fazer escoar, em catarse, as dores que sentia com o racismo sofrido em silêncio num colégio particular. Aos 17 anos, a escrita se tornou canção e ela se transformou na artista que canta as próprias letras. Da referência dessa criação, veio o convite para ser parte da coletânea, que reúne mais 22 narrativas de mulheres “amefricanas”.

“Conceição Evaristo (escritora e linguista) tem uma expressão que eu acho que diz muito sobre a escrita que eu faço, a música que eu faço e eu acho que diz muito sobre a narrativa das mulheres negras de um modo geral, que é a palavra escrevivência. É impossível ter a nossa arte, a nossa escrita, a nossa produção intelectual, não atravessada pela experiência individual e coletiva ao mesmo tempo. Se eu não tivesse vivendo ali naquele período, da adolescência, um contexto de opressão, de silenciamento, talvez eu não tivesse a necessidade de escrever”, relembra a cantora.
 
Seja em bases sonoras ou impressas, Luedji traz reflexões sobre a afetividade das mulheres negras, marca que também se faz presente no disco  gravado entre o Brasil e o Quênia, Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água.
 
O trabalho mais recente de Luedji fala com maturidade sobre amor, desejo e prazer como possibilidades de superação do racismo, da dor e da solidão. Entre as referências da obra estão nomes como a própria Conceição Evaristo, Marisol Moabá, Dejanira Rainha Santos Melo, Tatiana Nascimento, Nina Simone.

O álbum veio em um momento de aceitação do amor como base fundamental para reconstrução da humanidade das mulheres negras.

“Falar de amor é essencial para as mulheres negras, construir um outro imaginário e narrativa, onde a gente possa superar o racismo, a dor, a solidão. Quando se pensa em afetividade das mulheres negras, diretamente se associa à solidão das mulheres negras, que é um tema super importante, mas não é só isso. Esta experiência é diversa, plural, está ligada à dor, mas está ligada ao prazer, ao desejo diverso. Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água veio num momento muito importante, onde eu já aceitei que o amor é uma demanda.”

Não à toa, o álbum faz referência à água, elemento ligado a Oxum, orixá da matriz africana ligado ao amor, à feminilidade e à maternidade, vivida recentemente pela artista.

Tem muito esta lógica, quando você não se sente digna de ser amada e incorpora esta lógica de que mulheres negras não são amadas, você acaba estabelecendo uma relação de negação deste amor. Eu vou negar o amor, vou negar experenciar o amor, cantar, escrever de amor. Eu ressignifiquei isso e esse disco é um retrato deste momento onde eu nego a negação do amor e aceito o amor como parte fundamental para reconstrução da nossa humanidade. A primeira coisa que o racismo nos fez foi destituir essa humanidade: não se ama coisa. Então, falar de amor, escrever sobre amor, e cantar o amor é o modo também de dizer que nós somos humanas.”

Confira alguns trechos da conversa:

Brasil de Fato: Luedji no teu álbum Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água, você gravou parte dele no Quênia e outra no Brasil. Como essa vivência no continente africano te influenciou nesta produção?
 
Luedji Luna:
 A África sempre foi uma busca. Eu estava atrás desta África no álbum Um Corpo No Mundo, me questionando qual daquelas Áfricas que eu pertencia, que eu poderia chamar de minha. Foi um disco com uma composição de músicos da diáspora e da África também. Tinha um músico de Cuba, um violonista que era filho de imigrantes congoleses, que era o François Muleka, tinha Rudson Daniel, que era baiano como eu, tinha o Kato Change, que acabou se tornando o produtor desse meu novo disco e que é o do Quênia, e o Sebastian Notini, sueco, radicado na Bahia, e com essa relação super estreita com a África também. 

Já nesse segundo trabalho, depois de rodar com Um Corpo No Mundo e escutando várias coisas também. Eu percebi o movimento mundial de voltar a olhar pra música moderna africana, para música contemporânea, digo até o pop. Grandes nomes da música norte-americana, por exemplo, estavam voltando o seu olhar para as grandes estrelas do continente africano. 

Tivemos aí o Black is King, da Beyoncé, Jay-Z, enfim, várias personalidades dando atenção pra esse movimento do Afrobeats, do Afrohouse africano. E eu estava ouvindo muito essa galera e estava nessa pesquisa, eu gostava do som também, de dançar, etc. 

E o Kato Change é um músico que eu conheci na Bahia, que participou de Um Corpo No Mundo e que em África trocava com todo esse pessoal, tinha de fato uma expertise para trazer essa modernidade.

Um Corpo No Mundo estava buscando uma África ancestral e o Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água eu queria trazer a África de agora. O que está acontecendo lá? Eu vou pra lá, vou ver e vou chamar o Kato, que nesses anos todos a gente estreitou nossa relação, ele veio pra turnê nacional, foi para turnê internacional e é um irmão, a gente se compreende muito bem musicalmente.

Escutar essa África nesse disco foi intencional, porque eu já estava nesse movimento de escutar muito, de buscar essa África de hoje e fui pra lá, com a banda dele [Kato], inclusive. Montei essa banda base que foi gravada toda lá no Quênia, teclado, bateria, baixo, guitarra e aqui no Brasil eu gravei a minha voz e gravei sopros, percussão. Enfim, alguns elementos que entraram depois. 

Foi uma experiência maravilhosa, eu considero já Nairóbi, meu país, amo demais aquele lugar. E o Kato acabou se tornando um parceiro pra vida.

Um Corpo No Mundo estava buscando uma África ancestral e o Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água eu queria trazer a África de agora.

É importante destacar que você, inclusive, nesse disco, privilegiou as parcerias e a equipe de trabalho é majoritariamente negra. Qual a importância disso também? 

Eu gosto muito de ser coerente, assim, né? Com o meu discurso, com a minha trajetória de vida. Eu sou filha de militantes, sou de Salvador e nunca me imaginei fazendo música de modo diferente.

O meu trabalho seja ele o artístico, seja o trabalho indireto, que é ser cantor e o tanto de coisa que a gente tem que fazer indiretamente para consolidar essa carreira de cantora, ele é afirmativo por natureza. Obviamente, tem pessoas brancas na minha equipe, mas o fundamento é esse desde o início. 

Minha produtora, gestora, assessora de comunicação, técnicos, músicos, sobretudo, que é o que em tela, todo mundo está vendo, eu faço questão de priorizar pessoas negras, mulheres também. Mas de modo geral, homens e mulheres negras me acompanhando, porque a gente nunca se questiona porque quando a gente vê uma cantora, seja preta, seja branca onde estão os músicos negros?

Para além da percussão, porque na percussão, às vezes, a gente até encontra, por que sempre quando a gente entra no set de audiovisual, de cinema, os profissionais são brancos? Por que quando a gente vai assistir uma apresentação numa banda, os músicos, os técnicos são brancos? Quer dizer que não existem esses profissionais? 

Trabalhar com pessoas negras entra dentro da lógica do afeto também.

Eu sei sim que é desleal, não sei se é culpa do artista necessariamente, mas existe é sem essa falta de iniciativa por contemplar essa cadeia negra faz com que pessoas negras não tenham tanta experiência e não consigam adquirir tanto a técnica. Mas alguém precisa arriscar, ser ponta de lança e dar esta oportunidade para que a gente construa uma cultura diferente. 

Acho que trabalhar com pessoas negras entra dentro da lógica do afeto também. Nós não estamos acostumados a nos relacionar com pessoas negras nesse lugar da hierarquia, e essa lógica da hierarquia é uma lógica que será que cabe pra comunidade negra?

Então, tem uma série de atravessamentos, trabalhar com pessoas negras tem questões, tem traumas, ego, tem um monte de coisa, mas também tem muita competência e muita vontade. E é muito bonito perceber que o meu público e as pessoas, de um modo geral, percebem que por detrás do meu trabalho tem esse viés político de abarcar o meu povo.

Eu percebo que muitas pessoas que trabalham comigo, para além de ser um cachê e ter uma relação, de fato, trabalhista, ela se apropria do trabalho. Isso é muito bonito, porque o modo que a gente está construindo essa cultura diferente, a gente também constrói uma nova maneira de trabalhar, que possa ter mais escuta, que possa ter uma comunicação menos violenta, que essa hierarquia possa ser um pouco mais mitigada, e é diferente o resultado.

Percebo que tudo que eu lanço as pessoas sentem tanto porque tem a alma de cada pessoa ali, seja músico, seja técnico, seja produção e isso é difícil de conseguir quando só se trata de dinheiro, quando é a relação que tá ali só pautada num valor econômico é muita coisa se perde pelo caminho. 

Você pode falar um pouco sobre sua ligação com Salvador, sua terra natal? Mesmo agora, morando em São Paulo, você traz a cidade no álbum e no videoclipe Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água. Como foi crescer ali e próxima da militância dos seus pais na cidade?

Salvador aparece nesse trabalho, aparece no filme, porque foi lá que eu me constituí, constituí meus amores, toda a minha subjetividade e me constituí politicamente. Salvador importa muito na minha construção como um indivíduo. 

Meus pais se conheceram num contexto de militância, seja ela partidária, seja movimento de bairros, os ambos de bairros periféricos vizinhos um do Alto das Pombas, o outro no Calabar, que eram comunidades atravessadas por uma área burguesa que era a Barra.

Então, eles se conheceram nesse movimento negro, movimento de bairro, movimento partidário ambos universitários, estudando e querendo uma vida melhor e uma sociedade melhor também.

E eu fui uma filha super planejada, desde que eles se casaram. Ao ponto de eles me darem o nome africano, eu fiquei um tempinho assim sem nome, porque tinha que ser ‘o nome’. Luedji foi uma rainha do povo Lunda, que hoje compreende Angola e Congo, e eu acho que foi muito proposital ter colocado o nome de uma rainha, disputar esse imaginário, disputar, de fato, espaços de poder, uma filha que veio para disputar espaços de poder e fui criada nesta perspectiva.

Estudei em bons colégios, em todo momento vendo meu pai e minha mãe se mobilizando. Meu pai no Steve Biko, minha mãe também. Convivendo muito pequena e vendo toda todo o movimento negro de Salvador constituído, Silvio Humberto, do Steve Biko, Vilmar Reis, Valdeci Nascimento. 

Meus pais são de uma geração em que existiam poucos negros na dentro da universidade. Esses nomes todos que eu citei, foram a primeira geração da família que entrou dentro da universidade. Foi essa geração que instituiu, que lutou, construiu a política de cotas. Eu vi tudo isso acontecer muito pequena, o Ilê Aiyê, enfim, tudo aquilo acontecendo naquela cidade e vivendo a minha vida de criança, de adolescente obviamente, mas sempre com uma consciência muito já consolidada desde muito nova.

Uma filha que veio para disputar espaços de poder. Fui criada nesta perspectiva.

Quando decidi fazer música foi algo assim que pegou todo mundo de surpresa, porque meus pais eram, vêm da profissão formal, ambos funcionários públicos, que agora estão aposentados. E eu também estava me preparando pra seguir essa mesma trajetória do funcionalismo público e me peguei artista. Hoje eu percebo que pé de manga só dá manga, entendeu? Eu não posso fugir de uma história que me formou muito, que é muito constitutiva e importante, que bom e que sorte que eu tive!

Porque quando eu vim pra São Paulo, eu me deparei com muitas pessoas negras que ainda não se sabiam negras. Hoje muitas pessoas negras que só foram descobrir que eram negras já com 20 e poucos anos, já mais velho e eu tive a chance de viver em uma cidade onde ser negro estava dado praticamente, eu tenho a sorte de vim de uma família que tinha uma consciência negra muito grande e me educou para ser, praticamente, uma arma de guerra. 

Tem os prós e os contras de você ser uma criança com tanta consciência. Vvocê perde um pouco a inocência, a ludicidade. Porque meu pai era muito categórico comigo, eu assistia Xuxa, porque todo mundo assistia Xuxa, só que meu pai me fazia refletir porque não tinha nenhuma paquita negra, entendeu?

Nada era tão simples assim. Mas eu agradeço porque eu já cresci velha. Já cresci com esse olhar crítico para o mundo. Agradeço muito, porque nasci nessa família, nessa cidade. 

Eu sou uma cantora negra. Fico pensando qual era o sonho da minha avó? Qual era o sonho dos meus pais? Eles são de uma geração que fizeram o que tinha que ser feito, que era estudar e conseguir um emprego, trabalhar, cuidar dos filhos e fazer militância. Eu sou de uma geração que eu faço o que eu quero, eu vivo um sonho.

Quando eu observo minha própria trajetória eu vejo que a gente evoluiu muito enquanto movimento negro. Tudo que esta geração colhe e que a do meu filho colherá é fruto dessa luta histórica desde quando o movimento negro surgiu até as outras vertentes que foram surgindo no meio do caminho. E, sim, temos que credibilizar a militância de internet, que é tão importante quanto a militância da rua. Não quero ser tão “Poliana” assim, mas a gente está colhendo os frutos de uma luta histórica, nada mais.

Eu tenho a sorte de vir de uma família que tinha uma consciência negra muito grande e me educou para ser, praticamente, uma arma de guerra.

Edição: Rodrigo Chagas

LIBELU – ABAIXO A DITADURA: FILME MOSTRA ONDE ESTÃO JOVENS QUE FORAM ÀS RUAS CONTRA GENERAIS

Julho 27, 2021
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ENTREVISTA

Liberdade e Luta surgiu como tendência estudantil universitária em 1976 e fez História

Giorgia CavicchioliBrasil de Fato | São Paulo (SP) | Julho de 2021.

Grupo ganhou fama ao retomar as palavras de ordem “abaixo a ditadura” – Divulgação

Em 1976, surgiu uma tendência estudantil universitária histórica: Liberdade e Luta. Ela acabou se tornando um adjetivo entre 1970 e 1980. Libelu era sinônimo de radicalidade e, para os que pensavam diferente, de inconsequência política. O grupo foi impulsionado por uma organização clandestina internacionalista e ganhou fama ao retomar as palavras de ordem “abaixo a ditadura”.

Passadas quatro décadas, o filme Libelu – Abaixo a Ditadura mostra onde estão e como pensam aqueles jovens trotskistas que foram às ruas contra os generais. De acordo com o diretor Diógenes Muniz, era preciso dar destaque a essa época da História política do Brasil

“A maior parte das narrativas sobre resistência ao regime militar que chegava para gente da minha idade era centrada na luta armada. Ou então, avançando no tempo, sobre as greves operárias do ABC. Entre uma coisa e outra, era como se houvesse um vácuo”, explica.

:: Cinco filmes e livros para ajudar a entender a ditadura militar no Brasil ::

Segundo ele, é de se admirar que o grupo conseguia fazer uma leitura política do que estava acontecendo naquele momento. Para Muniz, é muito difícil de conseguir explicar com clareza o que está acontecendo historicamente quando o indivíduo faz parte daquele momento.

“Formular e agir politicamente no aqui e agora não é tão simples assim. A projeção da Libelu no fim dos anos 1970, acredito, é também fruto desse exercício político bem feito por parte dos seus quadros”, afirma.

Libelu – Abaixo a Ditadura está disponível nas plataformas: NOW, Vivo Play, Oi Play, Google Play, iTunes, Apple TV e YouTube Filmes.

Leia a entrevista completa:

Brasil de Fato: Conte um pouco de onde veio a ideia de falar sobre o tema 40 anos depois.

Diógenes Muniz: Tenho 35 anos, então sou de uma geração que cresceu no pós-ditadura. A maior parte das narrativas sobre resistência ao regime militar que chegava para gente da minha idade era centrada na luta armada. Ou então, avançando no tempo, sobre as greves operárias do ABC.

Entre uma coisa e outra, era como se houvesse um vácuo, aqui não seria justo completar com “historiográfico”, mas certamente um vácuo de atenção ou de importância atribuída. Da turma que refunda o DCE [Diretório Central dos Estudantes] da USP [Universidade de São Paulo], ocupa as ruas em 1977, com o AI-5 ainda vigente, e luta pela recriação da UNE [União Nacional dos Estudantes], o episódio mais famoso era a invasão da PUC [Pontifícia Universidade Católica], em São Paulo, pelas tropas do Erasmo Dias. Ou seja, muito pouco para o tanto de vitórias políticas que eles acumularam.

Entendi que havia muita coisa pra pesquisar sobre essas pessoas e o que elas viveram naqueles anos. O fascínio aumentou conforme fui entendendo que a Liberdade e Luta se tornou uma coqueluche sem sequer ser a maior tendência estudantil daquela época, ou a que ganhava mais eleições pro DCE. Como pôde então um grupo pequeno e radical gerar tantas figuras públicas, e tão diversas, como Palocci, Magnoli, Arbex, Bucci, os Melo, os Turra, a Laura Capriglione, o Giannetti da Fonseca? O filme nasceu um pouco dessas dúvidas.

Como foi o processo para a realização do documentário? Para achar os personagens, fazer contatos?

Todo o processo de feitura do filme durou cerca de cinco anos. Eu e a Bianka Vieira, a assistente de direção, pré-entrevistamos dezenas de pessoas que viveram os acontecimentos daqueles anos, além de pesquisadores que estudaram o período. Íamos “fichando” cada entrevista e cruzando os relatos orais com os documentos que nos davam ou que encontrávamos pelo caminho.

Falamos não só com ex-libelus, mas com gente que tinha feito parte da Refazendo e da Caminhando, outras tendências estudantis que disputavam politicamente com a Liberdade e Luta. Tivemos acesso aos arquivos do jornal O Trabalho, o que foi muito generoso da parte deles… Sobretudo se considerarmos que é um filme feito “de fora”, por alguém que não milita na corrente O Trabalho, do PT.

É importante citar ainda três pesquisadoras que já tinham se detido, na academia, sobre o Movimento Estudantil da segunda metade dos anos 1970: Angélica Müller, Mirza Pellicciotta e Jordana de Souza Santos. De toda a pesquisa que fizemos, considero o programa em que o Mino Carta entrevista Josimar e Ricardo Melo, em 1979, na TV Tupi, o mais importante. A fita estava na Cinemateca e conseguimos chegar nela pouco antes do fechamento de seus arquivos, que seguem até agora inacessíveis, um absurdo criminoso.

O que você percebeu em comum entre todos os personagens? Tem algo em comum em relação ao que eles pensam hoje em dia? Ou são figuras completamente diferentes?

Felizmente, não encontrei nenhum ex-libelu que se tornou bolsonarista 

Alguns deram uma guinada à direita ao longo da vida, mas há quem permaneça trotskista até hoje. Acho que a graça de ouvi-los falar em 2021 é essa: cada um elabora sua trajetória política e de vida de uma maneira. Em comum, todos sentem orgulho por terem participado da resistência à ditadura militar, independentemente do que aconteceu depois. Felizmente, não encontrei nenhum ex-libelu que se tornou bolsonarista.

Por qual motivo acha importante falar sobre o tema hoje em dia, em um momento em que o Brasil vive uma grande crise democrática com Bolsonaro?

O filme traz esses militantes… e aí é importante falar da OSI, a Organização Socialista Internacionalista, que impulsionava a Libelu… que souberam fazer a leitura de conjuntura daquela época e formular ações a partir dela. Pode parecer óbvio que, sob uma ditadura, é necessário se organizar e ir pra rua gritar “abaixo a ditadura”.

Formular e agir politicamente no aqui e agora não é tão simples assim 

No entanto, fico angustiado quando noto como é difícil descrever o que estamos vivemos. Alguns falam em democracia rarefeita, ditadura gasosa, desdemocratização e por aí vai… Formular e agir politicamente no aqui e agora não é tão simples assim. A projeção da Libelu no fim dos anos 1970, acredito, é também fruto desse exercício político bem feito por parte dos seus quadros.

Por qual motivo você acha que falar sobre movimento estudantil é algo tão atual hoje em dia? Você nota alguma diferença entre os jovens daquela época e os de hoje em dia?

Acho que as semelhanças entre a época retratada pelo filme e hoje são superficiais. Os momentos históricos são bem diferentes, me parece. Eles viviam os estertores da ditadura. Nós convivemos com fascistas declarados no poder ameaçando o resto do país abertamente, todo dia, sem sofrer maiores consequências.

Em todo caso, falando sobre movimento estudantil, juventude e militância: vai ser interessante reencontrar daqui a 40 anos os membros do Movimento Passe-Livre que começaram a enorme revolta popular de 2013 ou escutar os secundaristas que ocuparam as escolas públicas em 2016. Digo isso porque parece que viver esses momentos de explosão política no olho do furacão deixa marcas pro resto da vida.

Assista ao trailer do filme:https://www.youtube.com/embed/eteZQgsfsqc?rel=0

Edição: Rebeca Cavalcante

PERO VAZ, BENTO TEIXEIRA, NÍSIA FLORESTA: COMO COMEÇOU A LITERATURA NO BRASIL

Julho 26, 2021
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CONTURBADA HISTÓRIA

A primeira obra brasileira que se tem notícia, Prosopopéia, foi do poeta Bento Teixeira, escrita em Olinda

Aroldo VeigaBrasil de Fato | São Paulo (SP) | Julho de 2021.

A primeira notícia que se tem da escrita em território brasileiro deu-se através da famosa carta de Pero Vaz de Caminha – Reprodução

Quando a frota de Pedro Álvares Cabral desembarcou no Brasil, em abril de 1500, encontrou um povo ágrafo, que sequer conhecia a existência da escrita. A primeira notícia que se tem desta atividade em território brasileiro deu-se através da famosa carta de Pero Vaz de Caminha, na qual eram narradas ao rei de Portugal as singularidades da nova terra.

:: Artigo | O que os nomes das ruas, avenidas e monumentos dizem sobre nossa história? ::

O que não se comenta, em relação a tal carta, é que a real motivação de Caminha, ao escrevê-la, era pedir a Dom Manuel que libertasse o seu genro, Jorge de Osório, do exílio em que se encontrava por ter roubado uma igreja e ferido um padre. Caminha, a bem da verdade, nem era o escrivão oficial da esquadra. O verdadeiro escrivão, Gonçalo Gil Barbosa, acabou nem chegando ao seu destino. O pedido do substituto, entretanto, só foi acatado após a sua morte.

E assim ficou registrado o primeiro ato ligado à literatura em solo brasileiro. E se você pensa que este desconserto foi apenas um fato isolado, na conturbada história da nossa literatura, está muito enganado.

A primeira obra brasileira que se tem notícia, Prosopopéia, foi do poeta Bento Teixeira, escrita em Olinda e publicada em Lisboa no ano de 1601, já que não havia gráficas no Brasil naquela época. O autor morreu em Portugal, onde cumpriu pena por ter matado a própria esposa, em vingança por ela o ter denunciado à Vara Eclesiástica da Inquisição, posto que ele era judeu.

Gregório de Matos

Em seguida, veio o caso de Gregório de Matos, o Boca do Inferno, acusado de não prestar reverência às autoridades religiosas e de satirizar a elite da época. Matos também teve problemas com a Promotoria da Inquisição. Naquele tempo, as publicações eram proibidas na Colônia, e como os seus textos eram transmitidos apenas através da literatura oral, sua biografia é incerta e repleta de lacunas. O processo inquisitório contra Gregório não prosperou, mas o escritor acabou exilado em Angola, onde combateu uma conspiração militar e acabou ganhando o direito de voltar ao Brasil. Morreu em Recife, vítima de uma febre que, ironicamente, contraiu no país africano.

:: Nísia Floresta, precursora do feminismo no país, tem obra lançada pelo Senado Federal ::

Já no que se refere à literatura feminina, o primeiro registro no Brasil se deu com Nísia Floresta e o livro Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens, publicado em 1832. Nísia foi poeta, teve eloquente participação na imprensa e revolucionou a Educação brasileira ao ensinar, para meninas acostumadas com aulas de bons costumes, matérias como história, geografia e matemática. Natural do Rio Grande do Norte, a escritora sofreu influência do antilusitanismo, e passou a abordar temas como o machismo e as injustiças contra os escravos e os índios, o que, em meados do século dezenove, impressionava pelo seu caráter vanguardista.


Nísia Floresta é a escritora pioneira no país com o livro Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens / Reprodução

Nísia Floresta também é considerada a precursora do movimento feminista no Brasil. Nunca cumpriu pena nem morreu de uma forma inusitada, mas seus feitos lhe renderam ataques misóginos nos jornais da época, insinuando que a escritora mantinha relações promíscuas, inclusive com as próprias alunas. O que chama atenção, no caso de uma personagem tão importante para a literatura e a educação brasileira, é o fato de ela ter sido sentenciada ao esquecimento.

*Aroldo Veiga é professor e escritor, autor do livro “Trono de Cangalha”.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Vivian Virissimo

10 ANOS SEM AMY WINEHOUSE: O OCASO PREMATURO DE UMA ESTRELA

Julho 25, 2021
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MÚSICA

Para quem acompanhara sua espiral descendente, a morte da cantora, há dez anos, não foi surpresa. Ainda assim chocou

Redação DW| 25 de Julho de 2021.

Fãs homenageiam Amy Winehouse nos dez anos de sua morte na antiga casa da cantora britânica no norte de Londres na sexta (23) – Tolga Akmen / AFP

A morte prematura de Amy Winehouse abalou os quatro cantos de Londres: afinal, o amor da cantora pela cidade sempre fora um pilar de seu trabalho criativo. Ela era especialmente apegada ao bairro de Camden Town, ao ponto de, em 2008, dedicar seus cinco prêmios Grammy a esse lar eletivo.

Dez anos após sua morte, ainda se encontram lembranças de Amy por toda Camden e outras partes do norte da capital britânica, onde ela passou grande parte da infância e dos anos de formação, e que contribuíram para moldá-la como artista.

A família também desempenhou um papel importante em seu desenvolvimento musical, expondo-a, desde pequena, a várias influências de meados do século 20. Sua avó, Cynthia, trabalhava como vocalista profissional, e o pai, Mitch, era fã do “Rat Pack”, grupo informal de cantores americanos que incluía, entre outros, Frank Sinatra, Dean Martin e Sammy Davis Jr.

Leia também: Mulheres que existem e resistem contam suas trajetórias na luta antirracista nas Américas

Cynthia se apresentava em locais como o lendário Ronnie Scott’s Jazz Club da Frith Street, no Soho, mas também, simplesmente, na sala de estar na família. Amy cantava junto, ou imitava as vozes nos discos que o pai tocava, de Dinah Washington e Sarah Vaughn a Billie Holiday e Frank Sinatra. Foram influências fortes: sua voz costumava ser comparada à da “Lady Day”.

Camden Girl

Winehouse tinha apenas 19 anos ao fechar seu primeiro contrato fonográfico. Embora mais tarde ela viesse a fazer turnês pelo mundo, durante os anos formativos seu mundo de girava em torno de Camden Town.

Tanto partindo da casa da família, em Southgate, no norte de Londres, como da escola de música e artes cênicas que frequentava, era fácil para ela chegar àquele polo criativo, famoso por seus locais de música e sua ousada cena artística.

Ao se tornar uma estrela de rock famosa, Amy adotou o visual rockabilly típico de Camden, com um penteado colmeia que ia desafiando a gravidade. Uma fonte de alimento artístico para ela era a energia dos pubs e palcos locais, como a Hawley Arms ou a Dublin Arms, por onde tantos mitos musicais haviam passado antes dela.

Libelu – Abaixo a Ditadura: filme mostra onde estão jovens que foram às ruas contra generais

Segundo consta, porém, foi também lá que adquiriu, em parte, o comportamento autodestrutivo que levaria a sua derrocada. Muitas vezes chegava em casa de madrugada, cambaleando, vinda dos bares e pubs onde ficara conhecendo substâncias ilícitas.

Se ocasionalmente até desmaiava em banheiros, em outros dias ela ia para atrás do bar e ajudava a distribuir canecos de cerveja. Para Amy, era importante ser percebida como uma garota do lugar, e não como uma estrela mundial.

Hoje em dia, todos esses pubs e outros locais de Camden a recordam, exibindo suvenires que vão de listas de números musicais a álbuns autografados da cantora.

Morte longamente anunciada

A descida de Amy Winehouse à autodestruição foi bem documentada: paparazzi a seguiam por toda parte, tentando fazer sucesso com fotos sensacionalistas da superstar se comportando de modo escandaloso. As câmeras não deram folga nem mesmo quando, em 2011, ela se internou pela segunda vez na conhecida clínica de reabilitação Priory, no sudoeste londrino.

Sua morte por intoxicação alcoólica, semanas mais tarde, aos 27 anos de idade, pode não ter sido exatamente uma surpresa, mas ainda assim deixou traumatizada a comunidade de Camden. Hoje, os fãs continuam indo até a casa dela, na Camden Square nº 30, para visitá-la e depositar flores e outros tributos.

Muitos admiradores de Winehouse ainda lutam para compreender sua espiral de autossabotagem. O amigo e confidente Tyler James, que vivia no mesmo endereço na época de sua morte, afirma que ela simplesmente sucumbiu à pressão de ser uma celebridade.

“Amy nunca quis ser famosa, ela queria ser uma cantora de jazz”, escreveu no recém-lançado My Amy: The life we shared (Minha Amy: A vida que partilhamos), um relato revelador da amizade de ambos.

Mistério inescrutável

James também parece atribuir à família pelo menos parte da culpa pelo resvalo na dependência de drogas, sugerindo que a marca icônica da artista se transformara num negócio familiar que precisava ser mantido, a todo custo, como uma engrenagem bem lubrificada.

O livro despertou a cólera dos Winehouse: como afirmaram em comunicado, ele conteria inexatidões fatuais, por exemplo a alegação de que Amy tomava antidepressivos desde os 14 anos de idade.

Contudo, outras testemunhas confirmam que ela passou por uma fase árdua na adolescência. Recentemente, Catriona Gourlay, outra amiga da cantora, sugere que ela estaria confusa quanto à própria orientação sexual. A família anunciou que contará seu lado da história de Amy num documentário da BBC.

Mas será que ele lançará alguma luz sobre quem foi, verdadeiramente, Amy Winehouse, e quais eventos de sua vida a levaram ao abuso de drogas? O mais provável é que a verdade sobre seu ocaso vá permanecer um segredo complexo, que só ela própria conhecia inteiramente.

Influência indelével na música pop

Desde a morte de Winehouse, diversas artistas, como Lana del Rey e Lady Gaga, seguiram seus passos, ao combinar referências nostálgicas a tempos passados com sons contemporâneos criados pelos mais novos softwares musicais.

“Amy transformou a música pop para sempre. Eu lembro que foi por causa dela que conheci esperança e o sentimento de não estar só. Ela vivia o jazz, ela vivia o blues”, disse Lady Gaga sobre as conquistas musicais da jovem diva.

Acima de tudo, muitos artistas britânicos são gratos a ela por proporcionar um significativo renascimento da música pop nacional, depois que o brilho do britpop de meados dos anos 1990 empalidecera. “Por causa dela eu peguei num violão, e por causa dela eu escrevi minhas canções”, comenta Adele.

Outros artistas britânicos, como Sam Smith, Jessie J ou Florence Welch, do Florence + the Machine, também se beneficiaram do efeito Winehouse: depois dela, os selos fonográficos do Reino Unido voltaram a contratar cantores com vozes grandes e expansivas.

Enquanto as carreiras desses músicos evoluem, também por seus próprios méritos, os dois álbuns de Amy Winehouse, Frank e Back to black, assim como da compilação póstuma Lioness, resistiram à prova do tempo, consagrando-se como obras de arte atemporais, que seguem inspirando ouvintes até hoje.

VÍDEO COM A GINASTA REBECA ANDRADE, EM TÓQUIO, COM O FUNK “BAILE DE FAVELA”

Julho 25, 2021

MOSTRA VIRTUAL: PELA JANELA

Julho 24, 2021

Te convidamos para assistir dia 24 de julho, sábado, às 18h a *Mostra Virtual da Oficina de Foto-Video-Escrita Pela Janela.* Foram produções incríveis!

Estamos ansiosos para esse encontro!

*DATA:* 24 de julho
*HORÁRIO:* 18h
*ONDE:* A mostra será transmitida AO VIVO pelo *Canal do Cuidado Que Mancha no YouTube*!
Link: https://www.youtube.com/watch?v=ZfjubJQIZwA

****Este projeto foi contemplado no edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, da Secretaria Estadual da Cultura – SEDAC/RS – e Fundação Marcopolo, com recursos da Lei Aldir Blanc nº 14.017/20.
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VÍDEO: APESAR DE VOCÊ, DE CHICO BUARQUE, PELA MÍDIA PROGRESSISTA BRASILEIRA

Julho 24, 2021