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A CONCRETUDE DA POLÍTICA HOMOAFETIVA EM “VESTIDAS DE NOIVA”, DOCUMENTÁRIO DA CINEASTA GABRIELA TORREZANI E FABIA FUZET

Novembro 30, 2015

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A composição afetiva de duas pessoas, sejam heterossexual ou homossexual, transcende as leis criadas pelos homens, como moral de estado civil. Porém, como a sociedade jurídica-policial tem grande força sobre os indivíduos com suas imposições apresentadas como normais e oficias alguns casais tendem a aceitá-las, não por concordarem, mas para uma espécie de proteção ou demonstração de são livres até para concordar sem se submeter.

Assim, ocorre com casais homoafetivos, onde a composição afetiva é fundamental para suas uniões como fator de felicidade, mas que pede o benefício da lei. Casar e ter um nome do outro e direitos estabelecidos pelo Estado. Caso contrário, não os teriam. Mas existem casais que casam para vivenciar o ato de casar com seus ritos e cerimônias. É ocaso da cineasta Gabriela Torrezani e seu amor Fabia Fuzeti, que tinham uma união de 17 anos e não precisavam da formalidade, mostrado no documentário, Vestidas de Noiva, concebido pela primeira que conta, também, com as declarações de vários casais homoafetivos.

“Isso fez com que a gente se questionasse: por que casais homoafetivos não estão se casando com frequência que a gente gostaria, agora que podemos?

O mais relevante é dar visibilidade aos casamentos homoafetivos. É uma maneira de desmitificar, quebrar tabus, mostrar que é um casamento como qualquer outro e que é importante, sim, que casais homossexuais se apropriem de seus direitos.

O filme é otimista, é romântico, é feliz. Queremos que os espectadores saiam da sala com a certeza de que o preconceito fere pessoas que só querem ser felizes e amar. O preconceito deve ser combatido.  

Achamos importante que pais, famílias que tenham membros homossexuais assistam o filme e entendam que as pessoas devem ser respeitadas e apoiadas por elas”, observou Gabriela.

capa_DVDO documentário tem 50 minutos e estreou em novembro, será exibido gratuitamente em instituições, universidades, cines-clubes e organizações-não-governamentais.

GRUPO INQUÉRITO LANÇA O VÍDEO-CLIP “EU SÓ PEÇO A DEUS” AMBIENTADO EM 1850

Novembro 29, 2015

faf593be-4546-4214-b255-5dedf033c5adO vídeo é dirigido por Levi Vatavuk e foi lançado na sexta-feira no Cine Olido, no centro de São Paulo. A narrativa-musical encontra-se ambientada em Minas Gerais, na Casa Grande de 1850, mostrando as crueldades impostas aos escravos pelos capatazes a mando dos patrões. Esses escravos eram capturados e torturados quando não eram assassinados.

Mas o vídeo não é só uma narrativa do século XIX brasileiro dominado pela ganância dos latifundiários. Ele, sim, um contraponto em relação à violência atual que domina o Brasil, principalmente, a violência contra os negros.

Leia o texto da música Eu Só Peço a Deus.  

“Não conta com a gente pra assinar seu jornal.

Vocês descobriram o Brasil, né?

Conta outra, Cabral.

É um país cordial, carnaval, tudo igual.

Preconceito racial, mais profundo que o pré-sal.

Tira os pobres do centro, faz um cartão postal.

É o governo trampando, Photoshop social.

Bandeirantes, Anhanguera, Raposo, Castelo

São heróis ou algoz?

Vai ver o que eles fizeram.

Botar os nomes desses caras nas estradas é cruel.

É o mesmo que rodovia Hitler em Israel”.

O CD foi lançado em outubro de 2014 e conta com uma dedicação a poetisa Carolina Maria de Jesus e Martim Luther King respeitados personagens que se dedicaram a combater o racismo.

Se você tiver R$ 9,99, você pode comprar o CD. Mas se não tiver e conseguir um computador você pode baixar, mesmo que não seja caboco. Seu terreiro é o site do artista.

Veja e ouça o teaser .

TRÊS POEMINHAS DO FILÓSOFO HEIDEGGER TOCANDO DE LEVE NAS QUESTÕES DO SER

Novembro 28, 2015

martin-heidegger-2O filósofo alemão Martin Heidegger autor de várias obras filosóficas, entre elas o bem conceituado Ser e Tempo, que serviu de base de estudo de outros filósofos, faz parte do contexto de filósofos conhecidos como existencialistas ou filósofos das existências.

A questão fundamental de seu pensamento é a busca da revelação do Ser resumido no sentido do Dasein, o Ser-Aí, experiência como Verdade do Ser. Ou ainda o Mit-Dasein: o Ser-Aí-Com. Mas a perscrutação de sua filosofia como método é a fenomenologia. Daí que é fenomenologicamente re-vigorado o sentido de Alétheia – o velado e o não-revelado, o que aparece e o que se oculta.

Na tentativa da revelação do Ser, Heidegger, perscruta a linguagem pela linguagem. Fazer o Ser falar ou se mostrar pela linguagem. O que significa ir além da linguagem. Rachar as palavras para que elas revelem o que tem de essencial como princípio ontológico do Ser.

Assim, é a linguagem como método ontológico, que leva Heidegger ao tratado metafísico do poetizar.

Os poemas aqui apresentados não têm títulos. Os títulos aparecem apenas como indicação topológica escolhida por esse Esquizofia.

 Martin-Heidegger-2 (1)                                 CANTAR E PENSAR…

Cantar e pensar são os troncos

                         vizinhos do pensar

Eles crescem do Ser e alcançam sua

                                          verdade.

A sua relação dá a pensar o que

                                          Hölderlin

Canta das árvores da floresta:

“E desconhecidos uns aos outros eles

                                                  Ficam,

o tempo que eles permanecem em pé,

                          os troncos vizinhos.”

 Martin Heidegger                  PENSAR PROFUNDAMENTE

Toda coragem do coração é a

              Ressonância ao apelo do Ser,

que reúne nosso pensar no jogo do mundo.

No pensar cada coisa torna-se

                               Solitária e lenta.

Na paciência prospera a

                                 magnitude.

Quem pensa profundamente, deve

                     Profundamente errar.

 heidegger6               TOPOLOGIA DO SER

O caráter poiético do pensar é ainda

                                               oculto.

Onde ele se mostra, assemelha-se por

                                                   Muito

tempo à utopia de um meio-poético

                                  entendimento.

Mas o poetar pensante é na verdade

                           a topologia do Ser.

Ela diz a este o lugar de sua essência.

Os três poeminhas foram extraídos da obra Da Experiência do Pensar, publicado em 1969 pela Editora Globo.

VIVA O VINIL! – “A CHORADEIRA DO CASADO”, CORDEL DE JOSÉ COSTA LEITE

Novembro 27, 2015

P1010543Estamos em 1979 no Estúdio Conservatório Pernambucano de Música para apreciar a gravação da bolacha-crioula do cordelista famoso, José Costa Leite. Não precisa escrever que é joia raríssima, relíquia da discografia popular brasileira.

O cordel é a poética, lírica, épica e dramática do Nordeste.  Liricamente canta o amor, epicamente as lutas e dramaticamente altercações, discussões e diálogos. A gravação de literatura de cordel foi uma ultrapassagem dessa arte em seu processual comunicativo.

P1010544A gravação de cordel permitiu o seu aficionado fazer uso tecnologicamente de outro sentido: a audição. No primeiro momento a literatura de cordel, como espetáculo, é apresentada através da palavra falada. Depois ela é apresentada como palavra escrita impressa em folhetos papel jornal. Assim, a diferença entre a escutada em bolacha-crioula é da ordem da tecnologia fonográfica, já que antes voz e ouvido mantinham relação direta.

P1010546O cordel trata do chamado discurso popular que é constituído de valores que permeiam algumas formas de relação cultural-social. Muitos destes valores estão cheios de preconceitos, mas que são apresentados pelos cordelistas sem a intensão de fortalecimento dos mesmos.

Exemplo, O Homem Gosta de Mulher e Mulher Gosta de Dinheiro. No primeiro momento é uma clara discriminação contra a mulher. Mas, se desdobrarmos o endereçamento muda. A mulher gosta de dinheiro. Como gosta de dinheiro trabalha para consegui-lo. O impulsiona a interrogativa. O homem gosta de mulher por que ela é mulher ou por que ela tem dinheiro. Se for ele se presenta em duas situações: uma ele é lerdo para conseguir dinheiro; outra ele é um explorador por gostar do dinheiro da mulher. Mudou tudo. Como no capitalismo quem tem dinheiro é tido como competente, a mulher, por ter dinheiro, é mais competente que o homem que gosta de dinheiro, mas é ineficaz para consegui-lo. Por isso ele usa a lábia para conquista-la como se fosse superior.

O cordel O Satanás Reclamando a Corrupção de Hoje em Dia mostra sua força política. A bolacha-crioula foi gravada em 1979, em plena a ditadura civil-militar que se tomava como honesta. O que significa que ela apregoava a não existência de corrupção. Depois veio o período de abertura democrática com ela os governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma. Ainda hoje se tenta combater a corrupção, mas como Satanás é o primeiro ente na Terra, porque veio das temperaturas quentes onde nenhum outro ser vivo poderia se originar, ele sabe muito bem das relações do homem. Sabe que a corrupção é antiga, como sabe quais os governos do Brasil que a combateram e os que não combateram. Ele sabe que a ditadura, Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique não combateram. Inclusive, sabe que Fernando Henrique lhe protegeu. E sabe muito que foi nos governos Lula que o combate à corrupção começou e que tomou força nos governos Dilma.

P1010550 P1010553 P1010556 P1010557 P1010558Esse Satanás de José Costa Leite reclama da corrupção em um presente que se liga com um passado e um futuro mostrando que é o homem que deve combate-la, já que foi ele quem a criou e se beneficia financeiramente. E que Deus, nem ele Satanás, tem qualquer responsabilidade sobre ela. “Quem pariu Matheus que o embale”, diria ele. Mesmo com personagem jurídico da Lava Jato afirmando que Deus está ajudando no combate à corrupção. Esse personagem jurídico não sabe que o homem perdeu sua semelhança com Deus desde o tempo do Paraíso. De Deus só restou ao homem à imagem. O que não ajuda no combate à corrupção. Corrupção é real, não é superstição.

De formas, que esse cordel de José Costa Leite carrega partículas políticas capazes de levar o ouvinte à ultrapassagem de seu estado de coisa em relação à corrupção no Brasil. E tudo, ainda, carregado por um humor revolucionário. O que é singular no cordel.

Essa bolacha-crioula A Choradeira do Casado, volume 2, faz parte da Coleção Cordel que a Gravadora Continental divulgou na década de 70.

LADO – A

A Choradeira do Casado/O Satanás Reclamando a Corrupção de Hoje em Dia/O Frei Damião Sonhou com o Padre Cícero Romão.

P1010559LADO – B

Não Há Quem Saiba Entender O Coração de Uma Mulher/Beijo de Mulher Bonita e Carinho de Mulher Feia/Homem Gosta de Mulher e Mulher Gosta de Dinheiro.

P1010560VIVA O VINIL!

O tigre tâmil e o terror dentro da França

Novembro 26, 2015

divulgação

O filme, sobre a imigração ilegal e o asilo político, narra a fuga de três pessoas dos horrores da violentíssima guerra civil do Sri Lanka.

Léa Maria Aarão Reis*

O filme francês Deephan – O refúgio, ganhador da Palma de Ouro deste ano no Festival de Cannes, não é um filme excepcional embora original, digno – diria obrigatório – de assistir, neste momento em que acompanhamos, com pasmo, o horror do terrorismo que vai se generalizando sob as suas mais diversas formas, e o espetáculo dantesco dos refugiados rejeitados vindos de países devastados pelas guerras criadas por governos ocidentais. Deephan foi recebido cercado de polêmica pela crítica de Paris, meses atrás, embora a mídia tenha recomendado o filme de Jacques Audiard, cineasta de 63 anos, ex – roteirista, montador de cinema e detentor de vários prêmios Cesar, o maior troféu do cinema francês: “Este seu sétimo longa metragem é audacioso e possui todas as qualidades para ganhar a atenção do público,” comentaram os jornais.

Sem dúvida. No Brasil, Deephan estreou sem grande alarde. Abriu espaço para uma enxurrada de babaquices cinematográficas como Grace, princesa de Mônaco e mediocridades. Filmes assemelhados às telenovelas no objetivo de hipnotizar e descerebrar as sociedades – ou o chamado ‘grande público’, como gosta a crítica de cinema.

O filme, sobre a imigração ilegal e o asilo político, narra a fuga de três pessoas dos horrores da violentíssima guerra civil – guerrilha marxista contra governo -, no seu país, atual Sri Lanka, antigo Ceilão. Um guerrilheiro deserta do conflito e se torna um dos milhões de imigrantes sem passaporte. Imagens pungentes que o ‘grande público’ vai se acostumando a ver, todas as noites na tela do seu conforto, à medida que o tempo passa e os horrores se sucedem, cada vez mais se comovendo menos.

Estas pessoas são o tigre tâmil (aguerrida minoria étnica da ilha) chamado Deephan, que abandona a guerrilha dos tigres tâmeis depois de ter a família dizimada pelo exército do governo; outra, uma jovem desesperada, praticamente em estado de choque, Yalini. A terceira, a pequena Illayaal, de nove anos, órfã de pais mortos nas batalhas. Os três, desconhecidos uns dos outros, se fazem passar por uma família de modo a ter direito ao passaporte de refugiados que garantirá a entrada na França. Lá, são designados para morar em um projeto habitacional popular, um complexo do HLM (habitation à louer moyen**), nos arredores de Paris. A produção, falada em idioma tâmil, foi rodada por Audiard no conjunto Coudraie, em Poissy, a 20 quilômetros da capital, construído nos anos 60 para alojar funcionários da Simca.

Mesmo sem falar francês, Deephan consegue emprego de zelador de um dos prédios do conjunto. Yalini, o serviço de empregada doméstica no apartamento de um tio do chefe local do tráfico de drogas. A menina entra para a escola e é quem se adapta mais rápido e melhor à nova realidade. Mesmo mal se conhecendo, os três, juntos, tentam reconstruir suas vidas atingidas pela guerra em um país em paz. Vão descobrir que a nova realidade não é tão idílica como fantasiam e que o terror também existe dentro da Europa com as suas diversas faces.

O filme é protagonizado por Jesuthasan Antonythasan, ator, escritor e ativista político com trajetória semelhante à do seu personagem. Antonythasan também lutou com os tigres da Libertação da Pátria Tâmil (seu codinome era Maniyan) quando adolescente, antes de partir a França onde entrou há 22 anos.

Ainda garoto, porque era conhecido pela sua inteligência no lugarejo onde nasceu, escapou do destino das crianças de 11 anos: ir para Colombo, trabalhar. Anthonythasan foi mandado para a escola pública onde estudou.

Kalieaswari Srinivasan e Claudine Vinasithamby fazem a mulher e a menina. É a primeira vez que trabalham como atrizes. Naturais do Sri Lanka, são excelentes, de uma espontaneidade cheia de frescor. Em Cannes, os três levaram também os prêmios de interpretação.

Na maior parte da sua narrativa, Deephan é um filme realista com forte engajamento social; espécie de documentário com entradas da ficção. É mais um filme de Audiard com a marca do seu cinema: a insegurança ocasionada pelo medo, o terror, o amor e a vingança, mas com ênfase na força e na capacidade dos seus personagens, desventurados, marginalizados ou desassistidos de se reerguerem sempre, sempre e sempre.

Ao assistir este filme do diretor de dois outros festejados e premiados filmes, Ferrugem e osso (2012) e de  O profeta (2009,) é imperioso registrar outra produção, Made in France, de Nicholas Boukhrief, de 53 anos, nascido em Antibes, cuja estreia marcada para Paris, semana passada, foi cancelada por motivos óbvios. Conta a história de jornalista francês se infiltrando em uma organização fundamentalista que planeja um ataque em Paris para semear o terror no coração da cidade. Premonição de arrepiar. Além da estreia, prevista em 100 salas, também foram retirados da cidade os cartazes que substituía um rifle AK-47 pela Torre Eiffel.

Recentemente, o Cahiers de Cinéma publicou matéria sobre um suposto “vazio político” no cinema francês. Não é o que parece no cinema de Audiard – o recorte que ele faz no seu Deephan tem como fundo o pano político – nem em Made in France.

Na vida real, os tigres tâmeis, hoje, são um grupo que trabalha no Sri Lanka na esfera política mais que na da guerrilha. Mas a sua militância continua advogando uma política “anti-imperialista (…) contra os neocolonialistas, o sionismo, o racismo e outras forças reacionárias.”

*Jornalista

**Habitação social

A vida imita a arte: o dia que Drummond previu a tragédia de Mariana

Novembro 25, 2015

drummond1Do Portal Vermelho, Mariana Serafini

O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade foi considerado um dos mais influentes do século 20. Ao longo de seus 85 anos publicou mais de 30 livros de poemas, e quase 20 de prosa, além de integrar antologias poéticas e produzir histórias infantis. Porém, não imaginava que ao publicar o poema Lira Itabirana estaria prevendo um dos maiores, quiçá o maior desastre ambiental da história do Brasil: o rompimento das barragens da Vale- Samacro em Minas Gerais.

Há dias o Brasil vive uma de suas maiores tragédias, a irresponsabilidade da empresa Vale-Samacro pode resultar no fim do Rio Doce que com seus 853 km de extensão banha os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

A Vale-Samacro (antiga Companhia Vale do Rio Doce) foi instalada na região no início da década de 1940 e muitas empresas, atraídas pelas reservas de ferro, se estabeleceram na cidade natal do poeta, Itabira. Poucos anos antes de sua morte, em 1984, Drumond publicou o poema que parece ser o retrato do desastre que destruiu o Rio, antes doce.

Herácilito não poderia ser mais certeiro ao afirmar que "um homem não pode entrar no mesmo rio duas vezes”. Pode ser que os brasileiros nunca mais entrem no Rio Doce assim, doceLeia o poema na íntegra:

“Lira Itabirana”

I

O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

II

Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

III

A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

IV

Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

“PAUÊ – O PASSO DE UM VENCEDOR”, DOCUMENTÁRIO DE ALESSANDRA PEREIRA E FÁBIO CAPPELLINI MOSTRA A LUTA DE PAULO CHIEFFI

Novembro 24, 2015

b8cdf1e6-a761-4ed3-aabe-a92be467cdd7Como diz a História Natural, a Natureza cria indivíduos e gêneros, o homem cria divisões, ordens, classificações. O que significa, a Natureza é a Substância cujos predicados são apresentados pelos modos de ser de cada indivíduo e gênero. O homem define as funções de todos em relação à sociedade que sua vez estabelece os critérios julgadores que definirão quem é necessário, capaz, normal, incapaz, desnecessário e anormal. Ou, em alguns casos, deficientes. Tudo com relação à manutenção da sociedade que, em nosso caso, é a sociedade capitalista que tem seu modelo de adequar às pessoas. Força de imposição.

Em 2000, Paulo Eduardo Chieffi tinha 18 anos quando andava nos trilhos de trens, em São Vicente, litoral de São Paulo, quando sofreu o acidente que lhe tirou as duas pernas. O jovem perdeu parte de sua naturalidade que até então estava adequada às exigências da sociedade com seu modelo classificador. Paulo Eduardo Chieffi diz, quando transportado pelos bombeiros para o hospital, que quer viver muito. Ele sabia, aos 18 anos, o que é viver em uma sociedade, como a nossa, assim, como seus componentes. Ele que viver, mas viver com naturalidade.

É o que o documentário Pauê – O Passo de um Vencedor, dos cinegrafistas Fábio Cappellini e Alessandra Pereira, conta. A capacidade de superação de Paulo Eduardo Chieffi que recorrendo à tecnologia tornou-se um biamputado. Não fico nisso. Passou a treinar e passou a ser um triatleta que o levou a conquistar o título de campeão mundial de surfe, categoria Cancún, no México. Agora é pentacampeão do Troféu Brasil de Triathlon, bronze no Pan-Americano entre outros títulos nas modalidades natação, ciclismo e corrida. Mas ele não é só atleta, é também palestrante e escritor. Escreveu a obra Caminhando Com As Próprias Pernas.

O documentário traz também depoimento de atletas de vários esportes, musico e escritor. O surfe em sua vida já era uma prática comum. E foi ele que primeiro lhe motivou a luta da superação. Sua mãe, depois do acidente, lhe disse que as pessoas iam lhe ver de acordo como ele encarasse e se impusesse na vida. Foram as palavras impulsionadoras.

“O que minha mãe me disse com certeza foi o fator determinante para o restante da caminhada. Foi o que me deu compreensão e certeza de que eu seria uma pessoa normal”, disse Paulo Eduardo Chieffi.

Paulo Eduardo Chieffi, antes do acidente, fazia uso de seu corpo natural para a prática de esportes relacionados à sua constituição. Nada que fosse criação do homem. Andar, nadar, se equilibrar é da natureza. Porém, esse corpo naturalidade, foi abalado. Veio, então, a prótese: a simulação do natural que permitia as práticas naturais: nadar, andar, se equilibrar. Assim, ele se torna um ser eficiente capaz de atos necessário a sua condição ontológica de existente.

O documentário é de 2013 e tem 72 minutos de duração.

Veja o trailer.

“DUBLÈ DE ELETRICISTA”, DOCUMENTÁRIO PRODUZIDO PELO SINDICATO DOS ELETRICITÁRIOS DE MINAS GERAIS

Novembro 23, 2015

7491454b-9208-4e80-8ac3-ae91c33c5c01Através de narrativas e depoimentos de trabalhadores da Companhia Energética do estado de Minas Gerais O documentário Dublê de Eletricista, produzido pelo Sindicato dos Eletricitários do estado de Minas Gerais com parcerias com a Faculdae de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, A Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista, Centro de Referência da Saúde do Trabalhador de Piracicaba e o Ministério do Trabalho, mostram as formas como os trabalhadores realizam suas funções, os perigos que passam os trabalhadores terceirizados que não conhecem a profissão e a questão do treinamento do pessoal.

“Eles não têm o treinamento que nós temos, não têm cuidados que nós temos. Tem muitos casos de pessoas que vêm, por exemplo, da construção civil e já está subindo na rede elétrica e correndo risco.

A eletricidade pressupõe que as pessoas sejam bem treinadas, e isso não acontece nas empresas terceirizadas. As empresas terceirizadas pegam o trabalhador, levam ele para fazer um treinamento que na verdade é muito mais um trabalho de persuasão do instrutor que diz ‘Olha, quando eu trabalhei eu fazia isso e aquilo, você vai fazer você se vira’”, disse o eletricista Marco Aurélio

Para o dia 25 os trabalhadores tem indicativo para iniciar grave para reivindicara campanha salarial, fim da terceirização e estabelecimento de concursos públicos.

CLEMENTINA DE JESUS – CENAS RARAS, DOCUMENTÁRIO PARA TEMPO DE CONSCIÊNCIA NEGRA

Novembro 22, 2015

Os cantores e compositores, Elton Medeiros, Beth Carvalho, Turíbio Santos, Hermínio Bello de Carvalho, entre outros, falam sobre a talentosíssima e revolucionária da música brasileira Clementina de Jesus.

Clementina de Jesus é uma personagem sublime da música e da luta negra por sua identidade.

Ouça, se informe e se deleite com Clementina de Jesus nesse documentário da TV Brasil, o único canal de televisão democrático do país.

“UMA BELA NOITE NEGRA” PROCESSUAL DA AFIN PARA O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Novembro 21, 2015

DSC02208LIVRE É QUEM LUTA

O negro nasceu livre,

mas o branco lhe escravizou.

O negro lutou contra o branco

e sua liberdade conquistou.

O branco, ainda nega sua cor,

Só que o negro agora é doutor.

DSC02178 DSC02183 DSC02185 DSC02187 DSC02188 DSC02194 DSC02195 DSC02196A Consciência Negra é a dimensão política ontológica Negritude. Negritude é o devir-negro que se movimenta como sujeito produtor não só de sua história, mas, também, da história da Humanidade. A Negritude é a condição que o Negro criou para si quando deixou de ser objeto do olhar do brando para se tornar olhar de si e do branco. Deixou a condição de objeto para ser sujeito-histórico.

DSC02231DSC02225DSC02217DSC02202DSC02199DSC02234DSC02235DSC02242DSC02247DSC02258DSC02267
Nesse entendimento é que a Associação Filosofia Itinerante (AFIN) processa criações comunalidades Negritudes através de seu vetor Afrosofia todos os momentos, e não só em uma data. Porém, ela não se exclui das comemorações do Dia da Consciência Negra. Por tal, todos os anos no dia 20 de novembro ela, promove uma festa Negra em seu Pórtico das Artes no Bairro da Nova Cidade.

Este ano, partindo da influência do ano passado que a festa teve o nome de “Uma Noite Negra”, a festa de agora teve o nome de “Uma Bela Noite Negra”, onde foram mostradas várias expressões artísticas referentes à singularidade-afro. Cinema, dança, canto, poesia, palestras, debates, o boneco Cafuzin e o Boneco Natulis, apresentado pelo afinado professor e ator, Alci Madureira, assim como uma roda de capoeira paresentada pelos praticantes-mirins da comunidade Manduca da Praia. E como não poderia ser diferente, não faltou o mata broca tradicional.

DSC02268 DSC02283 DSC02304 DSC02332 DSC02314 DSC02355 DSC02374 DSC02368DSC02370 DSC02210Foi uma festa digna de Zumbi. Por isso não há como não bradar: Valeu, Zumbi!