Archive for Agosto, 2017

ATO POLÍTICO-CULTURAL PELA PAZ NA VENEZUELA ACONTECE NESTA SEXTA EM SÂO PAULO

Agosto 31, 2017

Com debates, música e culinária típica, organizações brasileiras promovem ação de solidariedade ao povo venezuelano

Vivian Fernandes

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

Ouça a matéria:

Ato brasileiro é em solidariedade ao povo venezuelano e em apoio à Assembleia Constituinte no país - Créditos: Agencia Venezolana de Noticias
Ato brasileiro é em solidariedade ao povo venezuelano e em apoio à Assembleia Constituinte no país / Agencia Venezolana de Noticias

Como demonstração de solidariedade ao povo venezuelano, diversas organizações brasileiras realizam, nesta sexta-feira (1º), o Ato Político-Cultural pela Paz na Venezuela. A atividade, que acontece em São Paulo (SP), terá a participação de lideranças políticas nacionais, além da apresentação de músicos que trazem em seu repertório temas da luta revolucionária latino-americana.

A ação, que é organizada pelo Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela, pretende reunir militantes e entidades que se identificam com a luta anti-imperialista e a defesa da revolução na Venezuela, como explica Paola Estrada, representante da Alba Movimentos (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América): “Nós queremos nos posicionar, colocar, acima de tudo, a luta antifascista e anti-imperialista que nos unifica. Isso é o que está acontecendo na Venezuela, uma ofensiva deste caráter, tanto externo, internacional, de caráter imperialista e intervencionista, quanto interno, na oposição, que tem provocado diversos atos de violência”.

A denúncia dos ataques que o governo dos Estados Unidos vêm fazendo sobre a Venezuela também marca o conteúdo político do ato, como explica o presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges: “No momento em que o fascista Trump fala em ‘opção militar’ contra a nação vizinha e irmã, não podemos vacilar na defesa da paz e das conquistas da revolução bolivariana. Com este espírito, dezenas de entidades convocaram este ato político-cultural”.

Já estão confirmados para o ato o coordenador do MST João Pedro Stedile, representando a Frente Brasil Popular, e o coordenador do MTST Guilherme Boulos, pela Frente Povo Sem Medo. Além de representantes de partidos — como o PT, o PCdoB e o Psol —  e de movimentos populares.

A atividade também conta com apresentações culturais dos cantores e instrumentistas Tiarajú Pablo e Maurício Urzúa e com a discotecagem de ritmos latinos de “Don Ivan”, o LatinidaDj.

Comidas e bebidas típicas venezuelanas estarão à venda na atividade. No cardápio, estão as famosas arepas, os tequeños e o refresco papelón con limón — também com sua versão com rum, o paperron.

Serviço

O Ato Político-Cultural pela Paz na Venezuela acontece nesta sexta-feira (1º), à partir das 18h, no Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo, na Rua Araújo, 216, no bairro da República, na capital paulista.

Edição: Vanessa Martina Silva

LANÇAMENTOS PROMETEM MOVIMENTAR O SAMBA NO RIO

Agosto 30, 2017

por Augusto Diniz

No início de setembro, três eventos no Rio de Janeiro marcam o lançamento de três obras com muito samba. Uma é o documentário sobre Zé Luiz do Império, outra é a coleção de livros de Aldir Blanc (e a festa de aniversário de 71 anos) e, por último, o segundo disco do sambista da Baixada Fluminense Bira da Vila.

​Nesta sexta, dia 1° de setembro, às 21 horas, no Cine Odeon (Cinelândia), acontece o lançamento do documentário “Tempo ê”, sobre a trajetória de 40 anos do sambista Zé Luiz do Império Serrano. O título do filme é nome de um dos sucessos do compositor (com Nelson Rufino). Ele é autor de outros clássicos, como “Todo menino é um rei” (também com Nelson Rufino), “Eu não fui convidado” e “Malandros maneiros” (ambos com Nei Lopes), este último um dos maiores sambas de todos os tempos com uma descrição fiel do jogo do bicho.

O cantor e compositor tem dois discos solos lançados. O documentário foi roteirizado pela filha de Zé Luiz, Aída Barros. O filme integra a programação da 10ª edição do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul. Conheça a página oficial do documentário aqui.

No dia seguinte, 2 de setembro, a partir das 2 da tarde, a rua do Ouvidor (Centro) deve ficar pequena para o lançamento da coleção “Aldir 70” (Mórula Editorial), na livraria Folha Seca, com roda de samba. A data não é por acaso: um dos maiores compositores do País completa no dia 71 anos de idade.

A coleção conta com cinco livros. Dois deles são reedições: “Rua dos artistas e arredores”, que teve um acréscimo com uma cronologia da vida do compositor; e “Porta de tinturaria”, onde foram selecionadas mais seis crônicas publicadas no Pasquim e que não saíram na primeira edição desta obra. Há também o livro “Vila Isabel, inventário de infância” ampliado. Completam a coleção duas obras inéditas em livro: “O gabinete do doutor Blanc: sobre jazz e literatura e outros improvisos” e “Direto do balcão”, reunindo crônicas que o autor publicou em jornais e revistas nas últimas décadas.

A roda de samba deve contar com várias bambas, já que Aldir Blanc é referência musical por parte expressiva deles. Mais informações aqui.

No dia 6 de setembro, no teatro Carlos Gomes (Praça Tiradentes), a partir das 19 horas, Bira da Vila lança seu segundo CD, dessa vez todo autoral. Bira, da Vila São Luiz, em Duque de Caxias, no primeiro trabalho, intitulado o “Canto da Baixada” (2010), reverenciou os compositores da Baixada Fluminense, como Cabana, Osório de Lima, Serginho Meriti (seu parceiro de composições), entre outros.

Agora, com “Em canto”, ele mostra composições próprias com vigorosas letras e um artista engajado. “As pessoas gostam de ser ver nas canções. É preciso retomar isso no samba”, justifica o trabalho. Bira tem composições gravadas por Jovelina Pérola Negra e Zeca Pagodinho. Saiba mais do CD “Em canto” aqui.

COMPANHIA DE TEATRO NEGRAS LANÇA SEGUNDA EDIÇÃO DA REVISTA LEGÍTIMA DEFESA

Agosto 30, 2017

Publicação do grupo Os Crespos foi criada para dar mais visibilidade e debater as artes cênicas negras 

Marianna Rosalles

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

Ouça a matéria:

Apresentação de "Ninhos e Revides – Mirando o Haiti", da Cia. Os Crespos - Créditos: Divulgação
Apresentação de “Ninhos e Revides – Mirando o Haiti”, da Cia. Os Crespos / Divulgação

A Companhia Os Crespos foi fundada em 2005 por um grupo da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP), sob a compreensão de que o teatro negro não recebe o devido reconhecimento no Brasil e de que é necessário, portanto, trazer para o campo das artes dramáticas as questões de raça e negritude.

O grupo tem como eixo central de seus espetáculos o corpo negro como protagonista da cena. O trabalho começou quando um conjunto de estudantes negros se encontrou na universidade, como conta Lucélia Sergio, atriz e cofundadora da Companhia: “Quando a gente estava na Escola de Arte Dramática, a gente reparou que muitas das turmas tinham pouquíssimos alunos negros, até que entraram 5 alunos negros numa mesma turma, de 20 pessoas. Então a gente começou a estudar o que isso significava naquele momento histórico, de 12 anos atrás, e o que era a imagem do negro no teatro brasileiro, como isso se dava, quais os papéis tinham.”

Após anos de trajetória, Os Crespos viram a necessidade de produzir uma publicação sobre a cena negra do teatro. Foi assim que nasceu a revista Legítima Defesa. A publicação, criada em 2014, terá seu segundo número lançado na próxima quarta-feira no Sesc Belenzinho, em São Paulo.

Lucélia explica que a publicação surge de uma demanda histórica do teatro negro: “Há muito tempo a gente queria fazer um trabalho, uma revista, um fanzine, um jornal, alguma coisa desse tipo que permitisse dar maior visibilidade para as produções de teatro negro e conseguisse também elaborar uma crítica sobre esse teatro”.

Outro ponto destacado por ela é a falta de críticos de arte que avaliassem a produção negra e a demanda não suprida por divulgação das peças: “Então a gente faz parte desse cenário cultural mas, apesar disso, os críticos não vão assistir aos espetáculos. Então a gente pensou em construir uma crítica para os espetáculos, que a gente conseguisse discutir a nossa própria criação, e que a gente conseguisse também trocar informações entre os estados dos espetáculos que estavam sendo criados”, conta a atriz.

Com o lançamento da revista Legítima Defesa, o grupo também vai levar ao público uma programação cultural que envolve mesa de debates sobre o percurso do Teatro Negro no Brasil, shows musicais com convidados e intervenção artística da Companhia Os Crespos.

Confira a programação completa: 

Data: 30/08

Local: Sesc Belenzinho, Rua Padre Adelino, 1000 – 3º andar

Telefone para informações: 11 – 2076-9700

Das 15h às 17h  

Mesa de debate: Memória e Ativismo – A história do Teatro Negro e a cena contemporânea.

A mesa propõe o aprofundamento dos temas discutidos na revista com relação ao percurso histórico e ao impacto social e artístico desse teatro durante sua existência, desde 1920. Abordando sua relação com o teatro tradicional e as estratégias de reconhecimento e inscrição artística. Expondo uma perspectiva histórica e contemporânea com a Cia Os Crespos e Leda Maria Martins.

Debatedora – Leda Maria Martins: Poeta, ensaísta, dramaturga e pesquisadora da cultura Negra brasileira. Professora na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. Suas principais obras são: O Moderno teatro de Quorpo Santo, 1991; A Cena em Sombras, 1995; Afrografias da memória: O Reinado do rosário no Jatobá, 1997

Debatedora – Lucelia Sergio (Os Crespos): Atriz, diretora, pesquisadora de estética negra e arte-educadora especializada em relações étnico-raciais. Co-fundadora da Cia Os Crespos e co-criadora da Revista Legítima Defesa.

Mediador: Sidney Santiago Kuanza (Os Crespos): ator, pesquisador de Teatro Negro e produtor. Co-fundador da Cia Os Crespos e do Coletivo Homens de Cor e, também, co-criador da Revista Legítima Defesa.

19h00  

Intervenção Os Crespos com cenas de sua última montagem “Alguma Coisa a Ver com uma Missão”, inspirado no célebre texto “A Missão” de Heiner Müller.O texto convida o espectador para acompanhar a viagem mística de uma auxiliar de enfermagem e uma gari pelo passado. Elas visitam alguns episódios de revoluções negras no Brasil e na América Latina.

19h30 

Abertura do evento e pocket show Dani Nega e Craca. O músico e a MC levam aos palcos seu manifesto musical poético, político e dançante. Craca e Dani Nega fazem a fusão do rap, como palavra falada, com o eletrônico multicultural e experimental. O encaixe surpreendente aconteceu por razões musicais, mas também pelas convicções em comum, o clamor por justiça e anseio por transformações sociais. O som vem acompanhado por projeções de imagens, que cuidadosamente completam a narrativa de denúncias, reflexões e provocações. Craca é incorporado por Felipe Julián, músico, produtor musical e artista visual.

20h10

Apresentação do segundo número da Legítima Defesa e distribuição dos exemplares

20h45

Pocket show Vitor da Trindade e banda. O artista está lançando seu primeiro disco solo, OSSÉ. Composto quase que integralmente, sobre a poesia de Solano Trindade, traz ritmos que refletem a experiência multi cultural do artista dentro da música. Cantor, compositor, percussionista e arte educador, Vitor atua há trinta e cinco anos profissionalmente na música brasileira.

21h30

Encerramento do evento

Edição: Vanessa Martina Silva

MINIDOCUMENTÁRIO APRESENTA TRAJETÓRIA DE MULHERES REFUGIADAS NO BRASIL

Agosto 29, 2017
Lançamento no dia 29 de agosto pontua o término da segunda edição do projeto da ONU ‘Empoderando Refugiadas’, que promove o acesso das mulheres em situação de refúgio ao emprego formal
por Redação RBA.
 
                                                                           REPRODUÇÃO

Refugiadas

Oportunidades de trabalho podem mudar relações familiares, sociais e até percepção sobre relações de gênero

“Nem todo mundo entende o ser refugiado, o estar em estado de refúgio. Não é porque você matou, porque você roubou… Não! Você saiu porque você precisava continuar a viver”. O depoimento da moçambicana Lara faz parte do minidocumentário Recomeços: Sobre Mulheres, Refúgio e Trabalho, que será lançado na próxima terça-feira (29), às 9h30, no Espaço Itaú de Cinema, na Rua Augusta, em São Paulo.

O filme celebra o encerramento da segunda edição do projeto Empoderando Refugiadas, promovido pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU, pelo ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e pela ONU Mulheres. A obra conta histórias de dez participantes da segunda edição desta iniciativa que tem o objetivo de promover a inserção de mulheres refugiadas no mercado de trabalho brasileiro.

Em Recomeços: Sobre Mulheres, Refúgio e Trabalho, essas mulheres dividem com o espectador suas trajetórias na busca por oportunidades para recomeçar a vida em outro país, abordam os impactos que o trabalho traz em suas relações familiares e sociais e refletem sobre a mudança nos papéis de gênero que vivem aqui no Brasil. “Já falei tudo lá pro meu marido. Aqui tem muita lei para a mulher. Não pode jogar na mulher, não pode bater na mulher. Ele só me olha…”, conta sorridente Angel, da República Dominicana do Congo.

Para Razan, que nasceu na Síria, a vinda para o Brasil também trouxe enormes mudanças para sua vida e a de sua família: “Antes eu não podia sair de casa, não podia ter amigos, não podia ficar com meu dinheiro. Agora, tudo pode. Eu saio, tenho amigas, eu tenho meu dinheiro, eu trabalho. Tudo agora pode. Eu estou free”, comemora.

Nesta segunda edição de Empoderando Refugiadas, as participantes se reuniam mensalmente para atividades que abordavam várias questões sobre o mercado de trabalho, empreendedorismo e também sobre direitos e cultura brasileira, saúde e bem-estar. No intuito de aumentar o acesso das mulheres refugiadas ao emprego formal, o projeto age em duas frentes: a primeira é conscientizá-las sobre seus direitos e fornecer habilidades e ferramentas para a independência e empoderamento econômico; a segunda promove a conscientização e sensibilização das empresas para a contratação de refugiadas.

Segundo os organismos da ONU, o mundo vive hoje uma das piores crises humanitárias da sua história. De acordo com o último relatório Tendências Globais do ACNUR, o número de refugiados já é superior a 20 milhões. No Brasil, 9.552 pessoas, de 82 nacionalidades distintas já tiveram sua condição de refugiadas reconhecida, segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Só no ano passado, 32% das pessoas que solicitaram refúgio no país eram mulheres.

“Nós estamos aqui para aportar [do espanhol, contribuir], não estamos aqui só para receber ajuda. Estamos para aportar e crescer como seres humanos”, afirma a colombiana Maria Clara no documentário.

Lançamento de Recomeços: Sobre Mulheres, Refúgio e Trabalho
Quando: terça-feira, dia 29 de agosto, às 9h30
Onde: Espaço Itaú de Cinema
Rua Augusta, 1470, São Paulo (SP)
Quanto: grátis

DOCUMENTÁRIO REVISITA TRAJETÓRIA DA ‘INCONCLUSA’ ANISTIA BRASILEIRA

Agosto 28, 2017

Filme que será lançado nesta segunda-feira, quando se completam 38 anos da lei, discute importância da revisão da norma, negada pelo STF em 2010
por Vitor Nuzzi, da RBA. 
 
                                                                    MEMÓRIAS REVELADAS / ARQUIVO NACIONAL
lei de anistia.jpeg

Lei de anistia aprovada em 1979 provocou protestos, porque não representava os anseios da população

 São Paulo – Em Olhares Anistia, o diretor do documentário, o cineasta e historiador pernambucano Cleonildo Cruz, diz que busca “decodificar e revisitar a luta pela anistia” no Brasil. Enquanto narra o processo político que resultou na Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, o autor quer estimular o debate sobre a necessidade de revisão da norma, algo que o Supremo Tribunal Federal (STF) não permitiu, em 2010, mas que segue na pauta da Corte. O filme, afirma Cleonildo, termina “expondo a multiplicidade de opiniões” sobre o tema e o caminho para buscar uma justiça de transição “que ainda hoje torna a anistia inconclusa”.

O documentário será lançado nesta segunda-feira (28), quando se completam 38 anos da lei, em Recife, seguido de debate com o ex-preso Gilney Viana, o ex-exilado Anacleto Julião e o advogado Fernando Coelho, presidente da Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Helder Câmara. Tem previsão de exibição na última semana de setembro em Minas Gerais e em novembro no Rio Grande do Sul. Em dezembro, será exibido no Museu da Memória e dos Direitos Humanos de Santiago, Chile. Cleonildo também é autor de filme sobre a Operação Condor, sobre a união entre ditaduras sul-americanas nos anos 1970 para perseguir militantes de esquerda.

Aprovada sob protestos pelo Congresso em 22 de agosto e sancionada uma semana depois, a lei teve a peculiaridade de ser discutida e votada ainda durante a ditadura. Em 1979, assumia aquele que seria o último dos generais-presidentes, João Figueiredo. Seria a anistia “possível”, em meio a ofensivas da linha dura contra o tímido processo de abertura política, com atentados a bomba em bancas de jornal e os que aconteceram na seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que matou a secretária Lyda Monteiro, em 1980, e no Riocentro, em 1981, que terminou com a morte de um militar envolvido na frustrada operação.

Militares como o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado como chefe do Doi-Codi paulista e torturador, são ouvidos no documentário. “Não poderia me furtar de ouvir os militares. Pretendo revelar as perspectivas de ambos os lados, extrair de cada fato o contraditório”, diz Cleonildo, que falou com Ustra durante um encontro de militares em Brasília. 

A Lei de Anistia segue sendo usada como argumento jurídico para barrar pedidos de punição de agentes do Estado envolvidos com tortura, morte e desaparecimento de militantes políticos durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Ainda hoje, o país resiste a investigar crimes cometidos durante aquele período.

Ustra repete uma palavra: esquecimento, esquecer. O passado deve ficar para trás. 

Esquecer como?, pergunta-se Criméia Schmidt de Almeida, militante e sobrevivente da Guerrilha do Araguaia. “Ele foi responsável pela tortura de toda a minha família.”

Para o jurista Fábio Konder Comparato, a anistia brasileira foi um “atestado de impunidade para todos os militares e agentes policiais que partiram da repressão”.

Além de Crimeia, Comparato e Ustra, o documentário traz depoimentos da ex-presidenta Dilma Rousseff, do ex-deputado e preso político Adriano Diogo, o também ex-preso Theodomiro dos Santos, o  jurista Ives Gandra da Silva Martins e os procuradores da República Eugênia Gonzaga e Marlon Weichert, entre outros. Com duração de 70 minutos, o filme começa com imagens do julgamento do STF em 2010.

Com produção da Tempus Comunicação, o roteiro é assinado pela jornalista Micheline Américo, que ressalta o conteúdo polêmico do trabalho na atual conjuntura “polarizada” da política. Assim, acredita, as reações do público “podem variar da náusea à empatia”.

Cinco dos 11 juízes que compunham o Supremo naquele 29 de abril saíram: Eros Grau (relator), Ellen Gracie, Cezar Peluso, Ayres Britto e Joaquim Barbosa, que não votou por estar de licença médica. Dias Toffoli declarou-se impedido, porque era advogado-geral da União. Muitos ainda esperam que a Corte reveja a sua decisão – sete votos contra a revisão da anistia e dois favoráveis (Ayres Britto e Ricardo Lewandowski). A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 153 segue à espera, em mais um capítulo incompleto da história recente brasileira.

CINEMA E REALIDADE EM CASA 8

Agosto 28, 2017

Festejamos neste fim de semana a caravana Lula pelo Brasil e a energia criativa do novo cinema produzido no nordeste sem os vícios da influência da TV


 

Da Redação

 
Arte/Carta Maior

 
Há dois meses o projeto Cinema e Realidade em Casa está em cartaz com altos índices de acessos. Mais de 28 mil visualizações de internautas buscando informações sobre os filmes sugeridos a cada sete dias, durante as sete semanas recentes, foram registradas. O projeto procura oferecer entretenimento e promover estímulo à reflexão sobre o mundo de hoje e, em particular sobre o assustador drama econômico, social e político que se desenrola no Brasil com cores cada dia mais sombrias.  Reflexão que se torna madura quando acompanhada de ações concretas e urgentes.
 
Neste fim de semana acompanhamos a caravana histórica do presidente Lula na dimensão cinematográfica do Cinema e Realidade em Casa, iniciada faz uma semana, da Bahia ao Maranhão passando por Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí, Paraíba e Ceará.
 
Impressionante demonstração da potência, firmeza e energia do povo nordestino no encontro com a sua mais vibrante liderança. Na cidade sergipana de Nossa Senhora da Glória, Lula reforçou a necessidade da participação política se dirigindo aos moços. “Eu quero dizer a cada jovem: temos condições para mudar o país. O Brasil será o que a gente quiser que ele seja. Basta a gente participar.”
 
O périplo está sendo fartamente noticiado em influentes jornais estrangeiros e acompanhado pelos seus correspondentes no Brasil passo a passo e in loco. Aqui, ele é noticiado pela velha mídia, no esquema do jornalismo de guerra – no caso, contra um inimigo declarado, mas difícil de vencer. A caravana é noticiada de forma pífia. Sonegam informação ao leitor.
 
Festejamos então neste fim de semana a caravana Lula pelo Brasil e a energia criativa do novo cinema brasileiro produzido no nordeste sem os vícios da influência da cartilha da televisão. Filmes de qualidade, com narrativas potentes e linguagem original. Um desses títulos mais recentes, Aquarius, é um estrondoso sucesso nas telas ao redor do planeta. O filme de Kleber Mendonça é o ‘’bônus’’ cinematográfico deste fim de semana quando costumamos sugerir três produções.
 
Resultado de imagem para tatuagem filme 
Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda, levou sete anos para ficar pronto. Traz consigo uma bagagem de quatro Kikitos ganhos em Gramado, cinco premios no Festival do Rio e menções honrosas. Roteirista respeitado de festejados filmes como Amarelo manga, Baile perfumado e Febre do rato, todas elas produções pernambucanas, Lacerda faz parte do grupo nordestino autor de um cinema de raiz distante da estetização influenciada pela linguagem das novelas globais.
 
Elenco coeso, com um trio de talentosos atores. Irandhir Santos, Jesuíta Barbosa (faz um recruta do exército que seduz e se deixa seduzir pelo personagem de Clécio, vivido por Santos) e Rodrigo Garcia (o Paulette, ex-amante de Clécio). Tatuagem conta também com o reconhecido montador Mair Tavares que trabalhou como assistente de montagem de Terra em transe e Macunaíma,  e montador de Bye Bye Brasil e Quarup, de Rui Guerra. Lacerda é companheiro do diretor cearense Halder Gomes, cujo filme Cine Holiúdy faturou 40 milhões de reais apenas no Ceará. Pagou-se e rendeu 30 milhões antes de chegar às telas do sul/sudeste. Uma proeza. Ele também é do grupo de Karim Aïnouz, de Fortaleza, outro cineasta brilhante, autor de O abismo prateado.
(CLIQUE AQUI PARA LER A RESENHA DO FILME)
 
 Resultado de imagem para filme cine holliúdy
Cine Holliúdy é uma comédia. Legendado em português, é falado em cearês – ou cearense -, o quase/dialeto da região e tem diálogos recheados de palavras e expressões como vixe, macho, ôxente, alfinins, mariolascoxinhas. Detalhe: Gomes penou para levantar fundos e realizar o projeto. Foi rejeitado quatro vezes em editais dos quais participou e só conseguiu concluir a produção em 2012. Depois, foi convidado de Mostras na Ásia,  Europa, Los Angeles e no Uruguai. O público adora.
 
O pano de fundo é a década de 70 com a ditadura civil-militar no país comendo solta. A todo instante alguém indaga a outro alguém: “você é comunista? será que aquele é comunista?” Para obter um alvará e abrir seu cinema poeira, Francisgleydisson, um apaixonado pelo cinema, ouve a explicação do burocrata da ditadura sobre o documento com o nada consta do qual precisa. “Nada consta é quando não consta nada contra o senhor; não constando nada contra o senhor pode receber o nada consta. Aí é que começa todo o processo para tirar o alvará.”

(CLIQUE AQUI PARA LER A RESENHA DO FILME)
 
Resultado de imagem para som ao redor filme
A terceira sugestão é O som ao redor (2013), de Kleber Mendonça. “Um retrato tão cruel como preciso deste Brasil contemporâneo, que assiste à ascensão das classes populares e o surgimento de uma “nova classe média”, escreveu em uma bela resenha quando o filme estreou, quatro anos atrás e publicada no seu blog, o crítico de cinema Luiz Zanin. ‘’Os alicerces da rígida estrutura da sociedade de classes deslocam-se um pouquinho, como placas tectônicas, e mesmo esse movimento mínimo parece suficiente para provocar enorme incômodo nos andares de cima. Por ter intuído e radiografado esse momento, O Som ao Redor se inscreve no reduzido rol de filmes que se transformaram em logotipos da sensibilidade de uma época. ’’
(CLIQUE AQUI PARA LER A RESENHA DO FILME)
 
Resultado de imagem para AQUARIUS FILME YOUTUBE
Sobre Aquarius, quase tudo já foi dito e continua sempre havendo mais  para comentar. Multidões assistiram ao filme cuja resenha de Carta Maior se intitula A energia para continuar a lutar. No jornal britânico The Guardian, Peter Bradshaw escreveu sobre o filme de Mendonça:
“(…) rica e misteriosa história brasileira sobre desintegração social. Metáfora do Brasil com temas sobre nepotismo, corrupção e cinismo.” Para o respeitado crítico inglês “o filme é de resistência e é um pouco um filme de sobrevivência.” Mas “trata-se de um filme sobre a energia necessária para existir. Às vezes cansa, mas há que encontrar mais energia para continuar a lutar.“ O trabalho poderoso de Sonia Braga é um capítulo à parte.
(CLIQUE AQUI PARA LER A RESENHA DO FILME)
 
Antes de assistir a esses filmes vigorosos, repare no espírito resistente e forte do povo nordestino. Uma agricultora de 51 anos viajou da sua cidade, Feira Nova, em Sergipe, para chegar às 14 horas na Praça de Eventos da cidade vizinha de Nossa Senhora da Glória onde começou, cinco horas depois, o ato Sertão com Lula. “Queria ficar na frente, ver de perto”, ela explicou, encostada à grade que separava o público estimado em mais de 10 mil pessoas. Estava a poucos metros do ex-presidente Lula da Silva. Havia conquistado seu objetivo.
 
Por último, lembramos que, na qualidade de Mídia Alternativa, e com poucos recursos, nós estamos lutando pela democratização da comunicação.  Carta Maior está nesta trincheira há mais de 16 anos e hoje depende, integralmente, da colaboração de seus leitores. Para que possamos continuar nesta luta precisamos que você se torne nosso parceiro. (saiba como aqui
 
Confira os filmes desta semana. Não deixe de chamar os seus amigos e parentes para debatê-los e, se quiser, envie um texto para nós, um resumo dessa discussão.
 
Desejamos um ótimo fim de semana, parceiros, e com bons filmes. Na próxima semana esperamos não  sugerir filmes de terror.

* Os filmes Tatuagem e Cine Holliúdy são encontrados no NOW. O som ao redor, em youtube e também no NOW. Aquarius está no Netflix Internacional,  iTunes, NOW e Google Play. Estas produções estão disponíveis em DVD.

Créditos da foto: Arte/Carta Maior

 

 
 

As personagens de animações da minha infância eram queer

Agosto 27, 2017

Elas mexeram com a minha cabeça.

Por Kari Paul

Traduzido por Marina Schnoor

Quando eu tinha oito anos e morava num subúrbio de Michigan, nos EUA, assisti Lindsay Lohan em Operação Cupido pular pelada num lago. Naquele momento, eu tive o que agora reconheço como um despertar sexual primordial. Quando a personagem dela, Annie, tem que nadar pelada depois de perder uma aposta, isso me escandalizou, despertando sentimentos queer que eu não conseguia entender na época. Não lembro o momento exato em que soube que não era hétero, mas lembro cada personagem da minha infância que me fez questionar isso.

Crescendo no final dos anos 90 e começo dos 2000, eu sabia que todas as personagens por quem eu tinha um crush na verdade eram gays — na ficção e na vida real. Na verdade, não lembro de nenhuma representação de mulher abertamente queer quando eu era criança, e só fui conhecer uma lésbica pessoalmente quando tinha 18 anos. Isso provavelmente contribuiu para muitas fanfics secretas que escrevi, além de vários anos desnecessários no armário.

A idade média na qual crianças percebem que são algo diferente de heterossexuais é de 12 anos, segundo o Pew Research Center, e a idade média para se assumir agora é de 16. Uma melhora considerável dos anos 80, quando a idade média para sair do armário era de 21 anos. Hoje, crianças têm mais chance de ver pessoas queer na televisão, com relacionamentos gays presentes em sitcoms mainstream como Modern Family e desenhos animados como Loud House da Nickelodeon.

Segundo um relatório de 2016-2017 do GLAAD, 4,8% dos personagens regulares de séries em exibição no horário nobre nos últimos anos se identificam como gay, lésbica, bissexual, trans e queer — a maior porcentagem da história. A aprovação da comunidade LGBTQ também está em ascensão: a porcentagem de pessoas que apoiam igualdade de casamento era de 30% em 2000, quando desenvolvi meu crush secreto pela Lindsay Lohan. Em 2017, é de 62.

Então sim, as coisas melhoram. Mas ainda assim, entre o Babadook se tornar um ícone queer na Parada Gay dos EUA este ano, e o primeiro “personagem gay” da Disney emergindo na forma do ajudante sexualmente confuso do Gaston em A Bela e a Fera, fica claro que ainda estamos desenvolvendo a representação queer na mídia. Aqui vão algumas personagens que eu tinha certeza que eram queer (na minha cabeça, pelo menos) assim que as assisti quando era menina.

Meu primeiro e mais longo crush da infância nasceu na primeira vez em que assisti Pocahontas da Disney. Meus sentimentos românticos pela Pocahontas não começaram quando a princesa nativa norte-americana beija John Smith, mas quando ela mergulha na cachoeira com sua amiga maravilhosa Nakoma. Na minha versão de fantasia do filme, elas despacham o John Smith de volta para a Europa e vivem felizes para sempre com sua conselheira lésbica sábia, a Vovó Willow.

Kim Possible e Shego, de Kim Possible 

É impossível que Kim Possible e sua nêmesis Shego não estivessem secretamente se pegando. Em toda a série, a tensão sexual entre a combatente do crime adolescente e sua principal inimiga é palpável. Além disso, Shego ganhou seus poderes depois de ser atingida por um COMETA ARCO-ÍRIS. Preciso dizer mais alguma coisa?

Debbie Thornberry, de A Família Thornberry

Com aquela camisa de flanela, atitude apática e calça cargo, Debbie, da Família Thornberry, é a hipster queer original. Essa sapatão provavelmente seria vista no bar lésbico da vizinhança tomando cerveja artesanal e revirando os olhos pra “cena queer”, mesmo participando dela.

Macie Lightfoot, de As Told By Ginger 

O cabelo verde e óculos quadradão da Macie não mentem. Adulta, a Macie se matricularia em design gráfico na Pratt e vocês sempre dariam match no Tinder, mas nunca sairiam pra valer.

LaCienega Boulevardez, de A Família Radical

Sempre tive essa sensação de que a LaCienega não era exatamente hétero. Quando dei um Google pra saber se era a única recebendo vibes gays, topei com uma quantidade alarmante de fanfics e artes retratando o relacionamento de LaCienega e Penny Proud (que não vou linkar aqui porque elas têm 14 anos naquela séria – pelamor, né, gente). Mas vou dizer que meu coraçãozinho de 9 anos batia mais rápido sempre que ela aparecia na tela.

Spinelli, de A Hora do Recreio 

A Spinelli adulta pegaria meu telefone num evento queer mas nunca ligaria.

Reggie Rocket, de Rocket Power

E por últimos, temos Reggie Rocket: uma skatista fodona que parece bizarramente com uma ex minha — provando que não mudei tanto assim desde que era criança.

VIOLETA PARRA: MILITANTE POLÍTICA CHILENA CANTOU A CULTURA E O FOLCLORE DE SEU POVO

Agosto 26, 2017

CENTENÁRIO – A artista multifacetada faria 100 anos em 2017

Norma Odara

Brasil de Fato | São Paulo (SP)

Ouça a matéria:

A artista tinha paixão pelo folclore andino e retratou a cultura em suas composições - Créditos: Arquivo pessoal
A artista tinha paixão pelo folclore andino e retratou a cultura em suas composições / Arquivo pessoal

A canção “Gracias a la vida” é um dos clássicos que eternizou a obra da chilena Violeta del Parra Carmen Sandoval, cujo nome artístico é Violeta Parra. A artista multifacetada faria 100 anos em 2017.

Desde muito cedo, ainda em sua cidade natal, a pequena San Carlos, no Chile, Violeta mergulhou no folclore andino e retratou como ninguém a cultura chilena. Em entrevista para a rádio da Universidade de Concepción, no Chile, em 1960, Violeta fala de sua paixão pela música e sensibilidade de seu povo: “Nas minhas andanças em busca da canção popular chilena, conheci os mais variados tipos de cantores populares. Uma visão mais clara possível, mais sincera possível da alma e dos nossos cantores autênticos”, diz Violeta. 

Filha de uma camponesa e de um músico, Parra ficou conhecida pelo seu temperamento forte e engajamento político. Além de cantora e compositora, também era ceramista, pintora e arpilleira, que é uma técnica de bordado chilena. E foi através desses canais que ela narrou a indignação com as desigualdades sociais, as dificuldades da própria vida e a admiração pelas lutas da juventude da época.  

Toda a  intensidade de Parra, chamou a atenção da cantora Sarah Abreu ainda na infância, ao ouvir as canções da artista colocadas pela mãe, na cidadezinha mineira de Varginha, tão pequenina quanto o povoado de Violeta.  

“Ela tinha essa força de buscar a cultura popular lá no chão, na terra, com um gravador, pesquisando, carregando os filhos e cantando com eles. Deu pra ter uma ideia do tamanho dessa mulher e da importância dela pra música mundial, não só latinoamericana, mas ela tem uma importância política, ela era comunista.”, comenta Sarah. 

O encantamento de Sarah com a obra da artista se transformou em um disco em homenagem a chilena: o álbum Violeta: Terna e eterna traz canções icônicas e tem participação de Tita Parra, neta de Violeta. Assim como Sarah, o músico Milton Nascimento gravou a canção “Volver a los 17”, no icônico álbum “Geraes”, com participação de “La Negra”, como é conhecida a cantora Mercedes Sosa, uma das principais difusoras da obra de Parra. 

Uma das canções da artista eternizadas na voz de Sosa é  a “Me gustan los estudiantes”, que em 2011 foi hino da luta de estudantes chilenos, contra o governo de Sebastián Piñera e a crise na educação. 

Além da música, as artes plásticas fitavam Parra, que foi a primeira latino-americana a ter exposição individual no museu do Louvre, em Paris, no ano de 1964. Lá, ela expôs uma de suas obras conhecida internacionalmente, a “Contra La Guerra”, que retrata a preocupação com as tensões entre Chile e Bolívia e o iminente ataque a Cuba, por mísseis americanos.

Violeta criou um Centro Cultural folclórico, em 1965, no bairro de La Reina, em Santiago, que teve muito sucesso em seus primeiros meses, mas que depois fora abandonado. Anos depois, em 1967, o lugar foi cenário do suicídio da cantora.  

As expressões da artista de múltiplas vidas foram eternizadas pelos filhos dela em 2009 com a criação da “Fundação Violeta Parra”, em Santiago. Em 2012 é inaugurado o memorial Violeta Parra, no edifício conhecido como “La Jardinera”, nome extraído de uma de suas canções autobiográficas. 

Jardineira, costureira, tocadora, desafiadora de limites. Poeta, pintora e agricultora. Como diz o poema do irmão mais velho dela, Nicanor Parra.  

 Todos los adjetivos se hacen pocos

Todos los sustantivos se hacen pocos

Para nombrarte.

Violeta Parra.

 Edição: Camila Salmazio

MOSTRA DE CURTAS USA BOM HUMOR PARA TRATAR DE TEMAS POLÊMICOS

Agosto 25, 2017
28° Festival Internacional de Curtas-metragens traz a São Paulo 365 obras de 55 países. Filmes abordam temas como feminismo, refúgio, protagonismo negro, questões indígenas, entre outros
por Redação RBA.
 
                                                                                                  REPRODUÇÃO
Amazônia

‘Killing Klaus Kinski’, trata sobre um líder indígena da Amazônia que durante as filmagens de ‘Fitzcarraldo’ se ofereceu ao diretor Werner Herzog para assassinar o ator Klaus Kinski

Em tempos nos quais a intolerância está à solta, o bom humor vem em socorro dos cinéfilos para aliviar o peso dos ânimos ultimamente tão acirrados. Começa nesta quinta-feira (24), a 28ª edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo, que exibe até 3 de setembro 365 filmes de 55 países. Com o tema “Humor em tempos de cólera”, a mostra traz obras que usam o bom humor para tratar de temas polêmicos e isso começa já pelo cartaz, assinado pela cartunista Laerte Coutinho, que faz uma sátira sobre o ódio e a falta de tolerância.

O festival é dividido em três partes: as mostras principais Internacional, Latino-americana e Programas brasileiros; os Programas especiais, como a Mostra Infantojuvenil e a Quinzena dos realizadores; e as atividades paralelas, que incluem debates e workshops. Alguns destaques da programação são uma coletânea do coletivo Porta dos Fundos, que aborda a fé e suas implicações no mundo moderno; os filmes cômicos do escritor, jornalista e cineasta José Roberto Torero; o curta Recife Frio, de Kleber Mendonça, e o Dossiê Rê Bordosa.

Entre os filmes selecionados estão alguns curtas premiados, como o chinês Uma Noite Suave, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes, e o português Cidade Pequena, vencedor do Urso de Ouro, em Berlim. O filme chinês dirigido por Qiu Yang apresenta uma noite na vida de uma mãe cuja filha está desaparecida, e o português, de Diogo Costa Amarante, acompanha uma perturbante revelação para Frederico, uma criança que descobre que as pessoas morrem quando o coração delas para de bater.

Muitas das obras trazem claros gritos por liberdade, outras abordam temas delicados como deslocamento, refúgio, imigração, aborto, gênero, preconceito, pessoas com deficiência, entre outros. Um exemplo é a animação Torre, de Nadia Mangolini, que revela as lembranças de infância dos quatro filhos do sindicalista Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político da ditadura militar brasileira. Um dos programas, o Mulheres Negras – Mergulho Ancestral e Mulheres Negras – Identidade Polfônica, traz curtas-metragens feitos por e sobre mulheres negras , além de episódios da série Empoderadas, idealizada pela cineasta paulistana Renata Martins.

Há também filmes com temática indígenas, como o brasileiro Em Busca da Terra Sem Males, de Anna Azevedo, e os colombianos Mãe Natureza, de Jorge Navas, e Killing Klaus Kinski, de Spiros Stathoulopoulos, sobre um líder indígena da Amazônia que, durante as filmagens de Fitzcarraldo, no final dos anos 1970, se ofereceu a Werner Herzog para assassinar o ator alemão Klaus Kinski.

Para a diretora do festival Zita Carvalhosa, os filmes selecionados nesta edição dizem muito sobre o momento que o país vive. “É admirável a rapidez e a inventividade do curta-metragem para detectar as questões urgentes do mundo. Nossa seleção é sempre um retrato do momento que vivemos, mas neste ano notamos uma diferença. O humor, apesar de tudo, vem com força. Utilizado não só como alívio cômico, mas uma ferramenta de reflexão e crítica, nos faz lembrar que é possível rir das situações, de nós mesmos e até do outro, mesmo em tempos de ânimos acirrados e discussões tão polarizadas”, afirma Zita.

Esta edição vai prestar homenagem ao crítico de cinema e diretor francês expoente da Nouvelle Vague, Jacques Rivette, e à Carole Roussopoulos, cineasta suíça que documentou o movimento feminista e a luta das minorias. Além de serem exibidos em 17 salas participantes do Circuito Spcine, os 355 filmes do festival estarão em cartaz em seis salas de cinema da capital paulista: no Museu da Imagem e do Som (MIS), CineSesc, na Cinemateca Brasileira, no Espaço Itaú Augusta, Cinusp, e no Centro Cultural São Paulo (CCSP). Todas as sessões são gratuitas.

28º Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo
Quando: de 24 de agosto a 3 de setembro
Onde: MIS, CineSesc, Cinemateca Brasileira, Espaço Itaú Augusta, Cinusp, CCSP e Circuito Spcine de Cinema
Quanto: grátis
Mais informações: www.kinoforum.org/curtas e www.facebook.com/kinoforum

ANDREI FERREIRA LANÇA SEGUNDO LIVRO DE CONTOS NA BIENAL DO LIVRO ‘A QUEDA DA ASA E OUTRAS PENAS’ REÚNE CONTOS QUE REMETEM À INQUIETUDE

Agosto 24, 2017

 A Queda da Asa e Outras Penas

Jornal do Brasil

Em ‘A queda da asa e outras penas’, Andrei Ferreira apresenta ao leitor contos que, dialogando entre si, perpetuam a inquietude. São textos que, do grotesco a ninhos de arte, passam por consciências e identidades. São contos, de fato, mas se introduzem por versos que antecipam uma ou outra atmosfera: antecipa-se tudo quanto se vê do interior de uma gaiola; antecipa-se a passagem de 50 anos; antecipa-se um dilema que se desfez e, por fim, antecipa-se o espetáculo.

>> Editora Alta Books lança edição comemorativa de 20 anos da série ‘Pai Rico’

A publicação estará disponível para a compra pelo valor deR$ 40,00 durante o lançamento, na Bienal. A obra já se encontra em pré-venda pelo site da Editora Multifoco (pelo link: editoramultifoco.com.br/loja/product/queda-da-asa-e-outras-penas), pelo valor de R$ 50,00. 

O livro, prefaciado pela professora Adriana Jordão, doutora em Literatura Comparada pela UERJ, conta com ilustrações de Carlos Valério. O texto de orelha é da doutora em Língua Portuguesa pela UFRJ, Christiana Leal, que ressaltou a “sensibilidade e extrema qualidade literária” do texto de Andrei. “As metáforas interessantíssimas, construídas desde o título da obra, são reflexos de um olhar docemente atento para os episódios da vida”, escreveu ela. 

Sobre o autor

Tudo quanto há em si é (sobre) linguagem: da política à ficção e na ficção à qual subjaz política. Linguista e contista em construção, deu forma, em 2016, a ‘Entre uns e outros trapos’, sua primeira interação em forma de livro. Neste segundo livro, Andrei Ferreira quer propor novas interações, conforme se permite perder asas, para descobrir – ou reconhecer – incômodas, mas necessárias realidades.

Serviço: Lançamento da obra ‘A queda da asa e outras penas’ na Bienal do Livro Rio

Data: 3 de setembro, das 13h às 14h

Local: Estande Editora Multifoco (Pavilhão 3 – Azul) Riocentro – Rua Salvador Allende 6.555

Tags: adriana jordão, carlos valério, lançamento, leitura, multifoco, riocentro, sessão de autógrafos, ufrj