Uma das tirinha mais sacal produzida na América Latina (somada ao trabalho de Maitena, Henfil, Glauco, Adão, Maurício de Souza, Laerte entre muitos outros) está completando seus 50 anos de criação do novo. Trata-se não somente, mas principalmente de uma infinidade de saques que o microcosmos da tirinha de Quino traz.
Como esboçou o filosofo italiano Umberto Eco “Mafalda não é apenas um novo personagem nas histórias em quadrinhos (…) se para defini-la usamos o adjetivo ‘contestadora’ foi para seguirmos a qualquer preço a moda do anticonformismo: Mafalda é realmente uma heroina ‘enraivecida’ que recusa o mundo tal como ele é (…) Na verdade Mafalda tem ideias confusas [mas] de uma coisa ela tem certeza: não está satisfeita (…) Já que nossos filhos vão se tornar- por escolha nossa- outras tantas Mafaldas, será prudente tratarmos Mafalda com o respeito que merece um personagem real.”
Criada em 1964 e publicada pela primeira mês de setembro pelo cartunista argentino Joaquim Salvador Lavada, mais conhecido pelo Quino, Mafalda questionava o mundo e sua estrutura que se desmancha no ar. Enquanto no Brasil o coro comia no Brasil com o golpe militar. Mafalda logo se tornou célebre e ganhou o mundo quando em 1968 já tinha sido traduzida para o italiano, tendo sido traduzida em dezenas de paises quando chegou no Brasil em 81.
Hoje, mesmo com o chamada “fim da produção” da tirinha, Mafalda continua produzindo novos questionamentos e nos fazendo desconfiar de tudo que está pronto, constituido e estabelecido. A criança que faz 50 anos continuará produzindo para sempre jovem e será a menina dos olhos livres das novas gerações.