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Acervo de Milton Nascimento será disponibilizado no portal do Instituto Antonio Carlos Jobim

Maio 27, 2013

da Agência Brasil

Desde a última semana, o acervo do cantor e compositor Milton Nascimento está disponível para visualização e pesquisa no portal do Instituto Antonio Carlos Jobim – www.jobim.org . São cerca de 45 mil itens, entre fotos, documentos, áudios, vídeos e álbuns. O acervo é o mais extenso já digitalizado pelo instituto, que desde 2001 desenvolve projetos de catalogação, conservação e disponibilização de acervos digitais de artistas representativos da cultura brasileira.

São mais de 4.500 fotos do cantor, desde a infância em Minas Gerais, na década de 40, até imagens mais recentes. Os visitantes do portal também podem visualizar documentos como a caderneta escolar de Milton do ano de 1958, quando ele cursava a 4ª série do Colégio São Luís, em Três Pontas (MG); cartas do poeta Carlos Drummond de Andrade e da atriz francesa Jeanne Moreau; letras manuscritas e um cartaz do show El Gran Concerto, que Milton fez com os cantores argentinos Mercedes Sosa e León Gieco, em Buenos Aires, em 1984.

Para marcar o lançamento do acervo digital, a Orquestra de Sopros Pró-Arte fará um show em homenagem a Milton Nascimento, às 20h30 de hoje, no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Com direção de Cláudia Ernest Dias, Fernado Trocado e Raimundo Nicoli, a apresentação tem participação do instrumentista Marcelo Caldi e participação da Companhia Folclórica do Rio de Janeiro, com coreografia de Eleonora Gabriel.

No repertório, nove canções de Milton, entre elas Nada Será como AntesVera Cruz, Morro Velho Canção do Sal, cada uma com um diferente arranjador. No foyer do teatro, parte do acervo estará em exposição.

Criado em maio de 2001 para abrigar a memória e o acervo de Antonio Carlos Jobim (1927-1994), o instituto foi instalado no Jardim Botânico, como um tributo da família e dos amigos do maestro ao amor que ele sempre demonstrou pelo parque. O primeiro acervo a ser catalogado e digitalizado  pelo instituto foi o do próprio Tom Jobim, com 9.435 itens.

Coordenados por Georgina Staneck, outros projetos de digitalização foram implementados pelo instituto, que tem o patrocínio da Vale por meio da Lei de Incentivo à Cultura do governo federal. São eles os dos compositores Dorival Caymmi (4.311 itens), Chico Buarque (5.901 itens) e Gilberto Gil (17.674) e o do arquiteto Lucio Costa (3.977 itens arquivados). Atualmente, encontra-se em processo de catalogação o acervo do instrumentista, maestro e compositor Paulo Moura (1932-2010).

VIVA O VINIL!

Julho 31, 2012

Os discos de vinil sofrem a todo o momento a comparação com o cd e outras mídias. O cd foi escolhido o suporte do mercado devido ao menor custo, capacidade e tamanho. Porém uma das coisas que o cd não consegue superar o vinil é a arte gráfica do vinil. Obviamente a capa do vinil é maior do que a do cd. Porém este tamanho permitia uma série de tipos de incrementos nas capas com capas duplas,com livretos, capa e contracapa acopláveis formando imagens, livro-discos entre outras coisas.

O esta edição do Viva o Vinil trazemos um disco que teve dois formatos de capa lançados: a primeira bem simples como um álbum comum e a segunda que misturava visualmente todo o potencial da arte vinílica. Obviamente estamos trazendo a segunda versão com a capa bem elaborada. Este mesmo disco possui ainda uma versão ao vivo que também é vibrante, mas que tem uma seleção musical bastante distinta.

VIVA O VINIL!    

e

TOQUES ESQUIZOMUSICAIS

ENUNCIAM

MILAGRE DOS PEIXES (1973)

CLIQUE PARA AMPLIAR

Certa vez um poeta amigo meu disse que o que diferenciava Milton Nascimento de outros cantores populares era que ele cantava com a alma e conseguimos sentir a vida presente em suas músicas. Milton tem uma produção musical bastante forte com raizes fincadas nos cantos negros quilombola, nas músicas sertanejas dos confins do Brasil, nos aboios, da música mourisca, dos cantos religiosos católicos, umbandisticos e das musicas rancheiras. E Milton juntou tudo e criou sua música uma música cheia de vida. 

Os músicos do disco são Nelson Angelo, Novelli, Naná Vasconcelos, Nivaldo, Wagner Tiso, Giancarlo Pareschi (spalla), Paulo Moura (sax), Radamés Gnatalli (regência), Daudeth de Azevedo, Paulinho (bateria), Sirlan, Paulinho Batera e contou com Direção Musical do Maestro Gaya e capa de Noguchi. Dentro da contracapa mostrada em cima está um portifólio que contem o disco e as letras impressas em papel colorido dando um belo toque estético.

Veja aqui o outro lado

O disco começa com um forte canto negro em Escravos de Jó que é feito com a participação de Clementina de Jesus num canto forte, cheio da potência produtiva dos negros e instrumentos de percurssão como atabaque (abatás), xequerê entre outros. A segunda faixa Carlos, Lucia, Chico e Thiago (eu sou uma preta velha aqui sentada ao sol) também mostra uma força vinda da força cantada de Milton que vive pela música rodeada de outros cantos. Depois das faixa instrumentais vêm a faixa tema do disco: Milagre dos peixes, que tem uma letra muito ligada a natureza que o homem faz parte e é composta por Milton e Fernando Brant

Eu vejo esses peixes e vou de coração
Eu vejo essas matas e vou de coração à natureza

Telas falam colorido de crianças coloridas
De um gênio televisor
E no ardor de nossos novos santos
O sinal de velhos tempos
Morte, morte, morte ao amor

Eles não falam do mar e dos peixes
Nem deixam ver a moça, pura canção
Nem ver nascer a flor, nem ver nascer o sol
E eu apenas sou um a mais, um a mais
A falar dessa dor, a nossa dor

Desenhando nessas pedras
Tenho em mim todas as cores
Quando falo coisas reais

E no silêncio dessa natureza
Eu que amo meus amigos
Livre, quero poder dizer

Eu vejo esses peixes e dou de coração

O lado A do disco termina  Apesar deste lado possuir apenas uma música que não seja instrumental, sentimos ele como uma unidade, onde as faixas se acoplam uma na outra criando uma unidade de disco

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Lado B começa com a faixa Pablo 2 (A festa), uma música instrumental leve e bela com uma composição vocal que tem em sua festa a presença de Maurício Mendonça e Gonzaguinha (que também aparece em Hoje é o dia de Del Rey.  E como o nome diz o disco continua festejante da nossa produção por aqui. O disco que prima por uma bela instrumentalidade e um coro que envolve qualquer silêncio.

Logo em sequência vem Tema dos Deuses e Hoje é dia de del rey cujo o toque de violão é marcante. A última sessão de cinema e Cadê tem uma bela percurssão sendo que esta última tem a letra de Milton com o músico e cineasta de Moçambique Ruy Guerra. Por fim temos Sacramento e Pablo. Esta última Milton nos envolve em um universo onírico da infância em uma letra que mostra o envolvimento da criança com o mundo, e principalmente sua ligação onde ela percebe que também é natureza.

Pablo (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)

meu nome é pablo
como um trator é vermelho
incêndio nos cabelos
pó de nuvem nos sapatos
meu nome é pablo
nasci num rio qualquer
meu nome é rio
e rio é meu corpo
meu nome é vento
e vento é meu corpo
incêndio nos cabelos
pó de nuvem nos sapatos
como um trator é vermelho
pablo é meu nome
meu nome é pedra
e pedra é meu corpo