Posts Tagged ‘peinture’

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Setembro 7, 2012
Haia, 2 de junho de 1882

Ela sente ter dito (c. 1875), KEENE


She was Sorry She Spoke , Nova York, The Metropolitan Museum of Art

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR.

Van Gogh nesta carta descreve a Theo as gravuras em madeira que possui:

“GRAVURAS DE MADEIRA QUE VINCENT POSSUI

1 Pasta Tipos populares irlandeses, mineiros, fábricas, pescadores, etc., na maioria pequenos esboços a pena.

1 pasta Paisagens e animais, Bodmer, Giacomelli, Lançon, a seguir algumas paisagens determinadas...

1 pasta Trabalhos do Campo de Millet, a seguir Breton, Feyen Perrin e lâminas inglesas de Herkomer, Boughton, Clausen, etc.

1 pasta Lançon

1 pasta Gavarni, completada por litografias, nenhuma rara.

1 pasta Ed. Morin

1 pasata G. Doré

1 pasta Du Maurier, muito cheia

1 pasta Ch. Keene …”

Charles Samuel Keene foi um pintor, ilustrador, humorista e músico inglês. Ele foi um ilustrador do periódico satírico da classe média Punch, onde trabalhou entre 1851 e 1890,e que mostrava aquilo que o poeta Baudelaire chamou de “Vida Moderna”. Ele também fez desenhos da vista de Londres, quadrinhos e pintura de paisagens.

Nascido em Hornsey em 10 de Agosto de 1823, filho de Samuel Browne Keene, um procurador. Educado em Ipswich Grammar School até seus 16 anos, ele mostrou desde cedo tendências artísticas. Dois anos depois ele estagiou com um procurador de Londres, mas, a ocupação se mostrou incompatível, e ele foi removido para o escritório de um arquiteto, Mr Pilkington, e chegou a estudar arquitetura e direito.

Seu tempo livre era gasto em desenho histórico e assuntos náuticos em aquarela.Para estas ninharias sua mãe, a quem energia e senso comum ele era herdado, logo encontrou um comprador, através de quem ele conheceu os Whymspers, os xilogravuristas. Isto levou a ele ser relacionado como aprendiz durante cinco anos. Seu primeiro desenho conhecido é o frontispício, assinado “Chas. Keene” de “As aventuras de Dick Boldhero em busca de seu tio” (The Adventures of Dick Boldhero in Search of his Uncle…Darton & Co., 1842). Quando terminou seu aprendizado, foi contratou como atelier um porão , até 1900, entre Strand e Rua Holywell, e logo trabalhou duro para Illustrated London News. Nesta época ele foi membro da Sociedade dos Artistas em Clipstone Street, posteriormente se mudou para o atelier Langham e trabalhou no jornal Once a Week.

Em Dezembro de 1851, graças a sua amizade com Henry Silver, ele fez sua primeira aparição no Punch e, após nove anos de trabalho fixo, foi chamado para sentar na mesa dos famosos. Foi durante o período probatório que ele primeiro deu evidência destas transcendentes qualidades que fez seu trabalho em Otice a alegria e o desespero de seu irmão artesão. No começo, em 1859, o serviço eram requisições, e como a série mais notável neste periódico nas ilustrações para Uma Boa briga de Charles Reade (posteriormente renomeado The Cloister e The Heart) e Evan Harrington de George Meredith. Há uma qualidade de convencionalidade nestes primeiros que desapareceu completamente nos trabalhos posteriores.

Em 1858 Keene, que foi dotado de uma boa voz e que foi um admirador entusiástico da velha música, se juntou a ” Jermyn Band,” posteriormente mais conhecida como ” Moray Minstrels.” Ele também foi por um bom tempo membro do Coral Leslie, da Sacred Harmonic Society, dos clubes Catch, Glee e Canon  e do Coral Bach. Além disso ele também foi um laborioso tocador de gaita de foles, do qual instrumento ele trouxe junto uma considerável coleção de espécimes. Por volta de 1863 inaugurou o Clube de Arte em Hanover Square. No ano seguinte quando John Leech morreu, o trabalho de Keene em Punch encontrou oportunidades mais amplas. O maior dos artistas modernos de sua classe, Menzel, descobriu a arte de Keene, e se tornou um assinante do Punch unicamente para apreciar semana após semana este trabalho de seu irmão artesão. Em 1872, Keene, que, embora possuida um grande senso de humor, não mensurou o distanciamento de si como um bufão, e cujos desenhos não foram consequentemente engraçado o suficiente para “atrair o público amante de risada, foi venturoso demais de conhecer o Sr. Joseph Crawhall, que teve durante muitos anos juntou incidentes humorosos que ouviu ou observou, ilustrando-os como lazer.Estes foram colocados sem reservas a disposição de Keene, e para sua inspiração há ao menos 250 de seus mais bem sucedidos desenhos no Punch.

Em 1879 Keene se mudou para um novo endereço em 239 King’s Road, Chelsea, que ocupou até sua última doença, andando diariamente para sua outra casa na 112 Hammersmith Road. Em 1881 um volume dos desenhos de Punch foi publicado por Messrs Bradbury & Agnew, com o título de “Nossas pessoas. Em 1883 Keene, que tee até então sido um homem forte, desenvolveu sintoms de dispepsia e reumatismo, e em 1889 eles aumentaram em grau alarmante, e os dois últimos anos de sua vida foram passados em sofrimento agudo suportado com grande coragem. Ele morreu sem se casar, após uma vida tranquila, no dia 4 de Janeiro de 1891 em Londres, e está enterrado no Cemitério Hammersmith.

Keene,que nunca teve nenhum treinamento regular de arte, foi essencialmente um artista dos artistas. Ele tem um lugar de destaque entre os artesãos ingleses em preto e branco, embora seu trabalho nunca foi apreciado em seu real valor pelo grande público. Sem dúvida a principal razão disso era sua inconvencionalidade. Ele desenhava seus modelos exatamente como os vias, não como ele sabia que o mundo queria ve-los. Ele encontrou beleza e romance suficiente em tudo a sua volta, seu trabalho no Punch, humor suficientemente sutil na natureza tomada em seus momentos mais humorísticos para satisfazelo.

Ele nunca pediu a seus modelos para sorrirem forçados através de uma coleira de cavalo, como Gillray fez, ou os colocou nas maneiras da companhia, como costume de Maurier. Mas Keene não era só um brilhante desenhista, como agua-fortista ele também foi considerado, no entanto o fato que seus pratos numerados não são mais do que cinquenta. Suas impressões são raras, e dificilmente meia duzia deles são conhecidos. Ele olhava-os somente como um esperimenteo em um difícil mas fascinante meio. Mais na opinião dos especialistas eles bastam para o colocar entre os melhores aqua-fortistas do século XIX.Além dos fronstispícios de alguns livros de bolsos da Punch, somente três, e não são os melhores, foram publicados. Escrevendo em l’Artiste em Maio de 1891 que poucos leram, Bracquemond disse “Pela liberdade, a largura de seus desenhos e execuções, estes pratos devem ser categorizados entre os aqua-fortistas modernos de primeira classe”.

Keene foi criticado por ser hostil as mulheres. Como seu amigo, M. H. Spielmann apontou “Em uma diração sozinho ele falhou, ou escolheu falhar- na beleza facial ou de retrato, elegância e respeitabilidade.” De acordo com Spielmann, somente três vezes que Keene “incluiu uma bela mulher foi para acentuar a feiura de todas suas outras mulheres na pintura”. Keene teve um interesse particular na vida da classe trabalhadora. O artista Frederick Leighton argumentou que “entres os documentos no futuro para o estudo da classe média e da vida humilde, nenhum será mais significativo do que os esboços vívidos deste grande humorista”.

Charles Samuel Keene- Auto-retrato. Tate Gallery.

Percebe que a atenção ao detalhe e o tamanho pequeno vem do trabalho de ilustrador de periódicos vitorianos. Ele está sentado com seu cavalete no atelier, com suas roupas sempre nada convencionais. Aqui ele está com um colete justo e uma camisa larga.Seu cabelo com tufos está dentro do chapéu. Seu olhar nos faz sentir como se fossemos seu modelo.

Charles Samuel Keene- Lady in Elizabethan dress (c. 1875), Museu Britânico

Charles Samuel Keene- Man seated in wooden chair (c. 1875)
______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Agosto 31, 2012
Haia, 2 de junho de 1882

O jovem solteiro queridinho (c.1865) , DU MAURIER


The-The pet young batchelor parson,  , Londres, Courtauld Institute of Art

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR.

Van Gogh nesta carta descreve a Theo as gravuras em madeira que possui:

“GRAVURAS DE MADEIRA QUE VINCENT POSSUI

1 Pasta Tipos populares irlandeses, mineiros, fábricas, pescadores, etc., na maioria pequenos esboços a pena.

1 pasta Paisagens e animais, Bodmer, Giacomelli, Lançon, a seguir algumas paisagens determinadas...

1 pasta Trabalhos do Campo de Millet, a seguir Breton, Feyen Perrin e lâminas inglesas de Herkomer, Boughton, Clausen, etc.

1 pasta Lançon

1 pasta Gavarni, completada por litografias, nenhuma rara.

1 pasta Ed. Morin

1 pasata G. Doré

1 pasta Du Maurier, muito cheia”

George Louis Palmella Busson Du Maurier foi um artista, ilustrador,cartunista, humorista e escritor francês. Suas ilustrações para a revista satírica Punch eram comentários agudos a sociedade vitoriana inglesa e que também marcou época e criou expressões linguística no inglês. George foi um amigo muito próximo do escritor Henry James (irmão do psicologo William James)

Nascido em Paris em 6 de março de 1834, cujo pai Louis-Mathurin Du Maurier foi um britanico naturalizado de uma família fugiu da França durante o Reino do Terror e que se fixou em Londres. Em Peter Ibbetson, o primeiro de seus três livros que deu a Maurier posteriormente uma reputação como romancista quase tão grande quanto ele teve como artista e humorista por mais de uma geração, o autor conta em forma de ficção a história de sua singularmente feliz infância. Ele foi levado para Londres aos 3 ou 4 anos, e passou em Devonshire Terrace dois anos incolores; mas vagas memórias ele guarda deste tempo sobre um jardim francês e uma casa  amarela com persianas verdes e telhado de mansarda em ardósia. Nesta casa, em Passy, com  seus pais ele passou sete anos de vida tranquila. Logo Du Maurier vai para uma escola em  Paris e em 1851 passa a estudar química no University College em Londres. Mas esta não era  mesmo sua profissão, e no ano de 1856 ele foi a Paris, no Quartier Latin desta vez, no  centro do mundo da arte no qual em Trilby, quarenta anos antes, ele estava produzindo com  caneta e lapis. Então ele decidiu viajar para Bélgica e Holanda, experenciando Antuérpia em  1857, quando trabalhara no atelir de van Lerius, quando teve um dos grandes infortunios de  sua vida- a perda gradual da vista esquerda, acompanhada por sintomas alarmates na direita.  Foi um período de trágica ansiedade, com medo de perder também a visão do olho direito. Logo ele tem que abandonar a pintura e se dedicar apenas ao desenho devido a esta perda.

Felizmente isto não aconteceu e a nuvem sombria estava logo mostrando sua borda dourada, no  natal de 1858, mas logo veio a lastimável cópia inválida de “Punch’s Almanac”, e com ela o  começo de uma era em sua carreira.Sem dúvida o estudo deste Almanac, e especialmente os  desenhos de Leech, lhe acendeu a ambição de fazer nome como humorista gráfico; e não foi  muito depois de seu retorno a Londres em 1860, quando se dedicou a aprender desenho e esboço, que ele enviou sua primeira contribuição (a maneira de Leech) para Punch. Suas caricaturas gentilmente satíricas era principalmente visando a crescente classe dos novos ricos (nouveau riche) e os estetas liderados por Oscar Wilde. Suas ilustrações e desenhos para periódicos são considerados seus melhores trabalhos.

Mark Lemon, que era o editor de Punch, apreciou seu talento, e com a morte de Leech em 1865 o apontou como sucessor, aconselhando-o com sábia discrimanção a não tentar ser “tão engraçado”, mas “empreender o negócio de forma leve e graciosa” e o “tenor romantico” da companhia cantava enquanto Kelle “o baixo magnifico cantava as canções”. Estes papeis dos dois artistas continuariam a ser apresentado até o fim com suas canções cômicas inspiradas principalmente na vida dos meios rústicos e das classes médias, enquanto  o negócio em si decretava quase exclusivamente em “boa sociedade’.

Na década de 1860 além dos esboços para Punch ele contribuiuu seriamente para Once a Week e  Cornhill Magazine. Após seu casamento com Miss Emma Wight Wick em 1862 eles se mudaram para  uma casa espaçosa e agradável perto de Hampstead Heath, de onde fez vários desenhos. Pouco  antes de morrer se mudou para uma casa em Oxford Square e em 1866 ele arremeteu uma nova  linha em suas admiráveis ilustrações para “Jerrold’s Story of a Feather”. Em 1869 realizou  uma uma longa-estimada aspiração, a ilustração de “Thackeray’s Esmond”, e em 1879 desenhou  para 12 vinhetas adicionais, fazendo ainda no mesmo ano ilustrações para Ballards.

Com frequência ele mandava belas e graciosas pinturas para a exição da Sociedade real dos  pintores de aquarela, para a qual foi eleito em 1881. Em 1885 aconteceu a primeira exibição  de seus trabalhos na Sociedade de Belas Artes. Logo ocupado na prática artística, passando  seu lazer em intercursos sociais co seus amigos e em casa com a família, ouvindo os novos  cantores e músicos, vendo as novas peças, em uma vida feliz. Ele morreu de repente no dia 8  de outubro de 1896 (embora haja estudos que comentam ter sido no sexto dia) e foi enterrado  no Cemitério (ou adro) St. John-at-Hampstead. Ele deixou dois filhos- o mais velhoMajor Guy  Du Maurier, um soldado que ficou conhecido em 1909 como autor da peça militar “Uma casa de  britânico” (An Englishman’s Home), e o mais jovem, Gerald, um conhecido ator, e três  filhas incluindo as escritoras Angela du Maurier e Dame Daphne du Maurier. Sua outra filha Sylvia Llewelyn Davies inspirou a mãe dos garotos na história do Peter Pan de J.M.Barrie.

Como escritor ele publicou três obras com tons autobiográficos de sucesso primeiro serialmente Harper’s Magazine e em 1897 integralmente: Peter Ibbetson (1892); Trilby (1894); The Martian (1897). Dentre os ilustrados destaque para “Owen Meredith’s Lucile” (1868) e “The Book of Drawing-room Plays” de Henry Dalton; “As in a Looking-glass”, de F. C. Phillips (1889); Luke Ashleigh, de A. Elwes (1891). Seu primeiro livro foi adaptado para o cinema em 1935 em um filme americano com Gary Cooper.

É impossivel evitar sua comparação com Leech e Keene. Como Keene, embora a técnica deste outro fosse melhor, Du Maurier era um esbocista muito mais acabado que John Leech, mas em outros respeitos ele tinha menos em comum com o jovem do que com o velho humorista.Maurier era um homem muito sensitivo e envolvido em seu trabalho e sua família.

George du Maurier- Two Children in the Snow, Washington, NGA
______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Agosto 28, 2012
Haia, 2 de junho de 1882

A garota no portão (1889) , CLAUSEN


The Girl at the Gate  , Londres, Tate Gallery

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR.

Van Gogh nesta carta descreve a Theo as gravuras em madeira que possui:

“GRAVURAS DE MADEIRA QUE VINCENT POSSUI

1 Pasta Tipos populares irlandeses, mineiros, fábricas, pescadores, etc., na maioria pequenos esboços a pena.

1 pasta Paisagens e animais, Bodmer, Giacomelli, Lançon, a seguir algumas paisagens determinadas...

1 pasta Trabalhos do Campo de Millet, a seguir Breton, Feyen Perrin e lâminas inglesas de Herkomer, Boughton, Clausen, etc.”

George Clausen foi um pintor, aquarelista e gravurista inglês conhecido por suas paisagens e cenas da vida rural e provincianas, além de nus e naturezas mortas. Ele foi fascinado pelos efeitos de luz e com frequência expôs em seu trabalhos figuras contra o sol. Com gravura ele trabalhou com água-forte, meiatinta e ponta-seca. Além de ser simpático ao movimento modernista, foi considerado um pintor naturalista e em geral pintou ao ar livre ou como diziam seus conterrâneos britânicos outdoors.Nascido em Londres em 18 de abril de 1852, George era filho do pintor e artista decorativo George Johsen Clausen que imigrou da Dinamarca e de uma mãe com descendência escocesa. Estudou na Escola St. Mark e aos 14 anos ele começou seus estudos como aprendiz de desenho em Messrs Trollope, uma firma de decoradores londrinos. Enquanto esteve lá atendeu aulas noturnas em na Escola Nacional de treinamento de arte (National Art Training School).

Seu primeiro trabalho artístico foi a decoração da porta da casa do artista Edwin Long. Com encorajamento de Long  Clausen obteve uma bolsa de estudo nacioal de dois anos na Escola de arte South Kensington (South Kensington School of Art) onde ficou entre 1867 e 1873 com  grande sucesso. Então decidiu aprimorar o treinamento na Academia de Antuérpia. Logo se torna aprendiz de Thomas Derrick (que se tornou seu sogro) e posteriormente estudando brevemente com Joseph Henri François van Lerius. Um de seus estudos das vilas de pescadores da costa holandesa produziu”High Mass at a Fishing Village on the Zuyder Zee” (1876) que foi bem recebido na Academia Real.

Nesta época Clausen fez suas primeiras incursões para Paris e e seu trabalho demonstrou ocasionalmente interesse em pintores como Whistler e William Quiller Orchardson. Foi porém, o tema rústico  de John Robertson Reid e Léon Lhermitte que o preparou para seu primeiro encontro em 1880 com o Salon Naturalista de Jules Bastien-Lepage. Naquele ano, o trabalho “Catadores de Feno” (Hay Gatherers) de Lepage foi exibido na Grosvenor Gallery em Londres, onde Clausen o admirou. Além disso admirou durante toda vida a arte de Millet, Degas, Manet, Corot e Thomas Hardy. Ele frequentou a Academie Julien em Paris onde estudou arte.Logo ele passa a trabalhar no estúdio de Edwin Long, R.A., e subsequentemente em Padis com Bouguereau e Robert Fleury.

Em 1881 ele se casa com Agnes, a filha de George Webster of Kings Lynn. Uma expedição de pintura para a colônia dos artistas em Quimperlé, Britânia, em 1882 enfatizou suas novas alianças; lá fez uma impressionante sequência de trabalhos de campneses como seu trabalho famoso “Trabalho de inverno” (Winter Work).
 
Ele se tornou um dos primeiros pintores modernos de paisagem e da vida camponesa, influenciada em certo ponto pelo pré-impressionistas de quem ele compartilhou que a visão da luz é o assunto real da arte de paisagens, e assim se tornou um precussor do movimento. Suas pinturas sobressaem na representação da aparência das coisas sob mancha da luz do sol, ou em um sombrio abrigo de um celeiro ou estábulo. Sua pintura “Garota no portão” foi adquirida pelo estado pela Chantrey Trustees e está agora na Tate Gallery. Em 1891 ele se muda para a cidade de Widdington, Essex, e demonstra um grande interesse pelo movimento e atmosfera).

Entre 1891 e 1905, os cinco filhos de George estudaram em Newport Grammar School que tinha como diretor William Waterhouse, cujo o retrato pintado por Clausen ainda está pendurado na biblioteca da escola.

Ele foi eleito associado como Royal Academy em 1895 (onde se participou da reforma do critério de seleção), e a partir de 1904 como professor de pintura deu uma série memorável de palestras para estudantes de escola,- publicados como “Seis palestras sobre pintura” (1904) e “Metas e ideais em Arte” (1906). Além disso em 1909 se tornou membro da Guilda de Trabalhadores em arte, Sociedade Real dos Aquarelistas (1898) e do Novo Clube dos artistas ingleses (1886) junto com Henry Herbert La Thangue. Clausen respondeu as perdas duras que ocorreram no Fronte ocidental em 1916 na Primeira Guerra pela pintura, Manhã Jovial (Youth Mourning). Mais tarde na guerra ele foi comissionado para pintar “Na fábrica de armas no Arsenal Woolwich” (In the Gun Factory at Woolwich Arsenal).

O sucesso como comissário de guerra o levou a rebeber diversos convites para pintura de mural, notavelmente “English people reading Wycliffe’s English Bible” para as Casas do Parlamento em 1926. Em 1927 ele se torna cavalheiro da coroa britânica. Durante a década de 1930 continuou a exibir regularmente na Academia Real e ao contrário dos pintores de sua idade respondia livremente ao espírito dos novos tempos. Sua filha Katherine Frances Clausen nasceu nos Estados Unidos e também se tornou pintora ativa na Inglaterra e Irlanda. Em 2 de novembro 1944, aos noventa e dois anos, Claussen parou sua produção.

SOBRE A OBRA

Esta pintura foi pintada em Cookham Dean, Berkshire, onde George Clausen morava. Mary Baldwin foi a modelo para a mulher no portão. Ela era natural da vila de Cookham Dean e trabalhava como babá da família Clausen. O pintor foi um dos “naturalistas rurais”, uma jovem geração de predominantemente pintores franceses treinados que pintava cenas do cotidiano, no fim do século XIX. Como outros neste grupo Clausen era fortemente influenciado pelo pintor Jules Bastien-Lepage, que pintava em um estilo parecido.

Percebe um claro naturalismo neste quadro feito em uma direção decorativa e atmosférica, com uma preocupação nas condições da luz, e o jogo prismático dos objetos contra o sol. Além disso o estilo de Clausen difere do impressionismo pois mantêm a integridade da forma.

Na obra fica claro a simplicidade do ambiente rústico e as atividades campestres produzidas pelo homem. Vemos as belas pinceladas luminosas que Clausen usou nas imagens do fundo, e uma grande claridade no semblante triste da mulher, que é retratada em um naturalismo fotográfico com grande perfeição, inclusive com a suavidade do movimento de sua mão que toca a cerca e as flores que rodeiam o terreno, sendo visitadas pelas borboletas.
A posição da garota é de destaque em relação ao trabalhador e a senhora que esta em segundo plano, sugerindo um distanciamento.
George Clausen- Auto-retrato (1895) London, National Portrait Gallery
George CLAUSEN- The haymakers,1903, National Gallery of Australia
George CLAUSEN -Twilight-Interior (Reading by lamplight), 1909, National Gallery of Australia______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Agosto 24, 2012
Haia, 2 de junho de 1882

Um poleiro de pássaros (c.1885) , GIACOMELLI


A perch of birds , Baltimore, Walters Museum

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR.

Van Gogh nesta carta descreve a Theo as gravuras em madeira que  possui:

“GRAVURAS DE MADEIRA QUE VINCENT POSSUI

1 Pasta Tipos populares irlandeses, mineiros, fábricas, pescadores, etc., na maioria pequenos esboços a pena.

1 pasta Paisagens e animais, Bodmer, Giacomelli, Lançon, a seguir algumas paisagens determinadas...”

Hector Giacomelli foi um pintor, aquarelista, gravador em metal e colecionador francês. Ele é bastante conhecido por pintar pássaros e ilustrar livros sobre pássaros. Sua coleção era muito extensa e compreendia gravuras do meio do século XIX

Ele nasceu em Paris no dia 1 de abril de 1822. Filho de um italiano que ensinava canto, ele começou sua carreira como gravador antes de se tornar desenhista industrial para uma ferraria e joias. Quando tinha 30 anos, uma grave doença o força a distanciar de Paris. Ele começa a desenhar as plantas, os insetos e os pássaros dos arredores de sua casa de campo.

De volta a Paris, ele se apaixona pela obra de Auguste Raffet, e então publica o catalogo comentado em 1862. Ele trabalha com Gustave Doré, para aquela que compõe os ornamentos de “A santa bíblia segundo o paroco vulgar” em 1866. Ele contribui com desenhos em diversos jronais, como Le Monde Illustré, Le Magasin pittoresque e L’Illustration. Ele ilustra também títulos privados os livos que pertencem a bibliófilos bem afortunados.Ele é um dos organizadores de “Exposição de estampas do século (Exposition des estampes du siècle) em 1887 e da seção retrospectiva das belas artes da Exposição Universal de Paris (Exposition universelle de Paris) de 1889.

Ilustrador entre outros de Jules Michelet, André Theuriet, François Coppée etAlfred de Musset, Giacomelli é também um colecionar reputado. Ele possui a mais bela coleção de estampas conhecidas do século XIX. É um apaixonado, um delirante, um enraivecido. Quem ão tem o olho de Giacomelli vê uma gravura de qualidade superior e não enxerga nada. ” Escreveu Henri Beraldi.

Émile Zola escreu que “Sr. Giacomelli tem uma fineza incrivel. Imagine a leveza das gravuras inglesas menos a seca e a dureza. Ele desenha com com uma agulha, mais com uma agulha que tem todo o vigor e toda a amplitude do pincel. É fina e gorda de uma só vez, muito flexivel e muito fechada, admiravelmente acabada e enquanto isso muito larga. Sr. Michele não poderia escolher um melhor artista para ilustrar “O pássaro”. Ele encontrou neste artista as qualidades raras que demandam esta difícil tarefa”.

Giacomelli ilustrou aunda livros de Louis Desnoyers como As desventuras de Jean-Paul Choppart (Les Mésaventures de Jean-Paul Choppart,1865); de Jules Michelet como O pássaro(L’Oiseau, 1867), e O inseto (L’Insecte , 1875); André Theuriet : Os ninhos (Les Nids,1879), Sobre bosques (Sous Bois,1883), Nossos Pássaros (Nos Oiseaux, 1886);de François Coppée como Os meses ilustrados (Les Mois illustrés,1891) e de Alfred de Musset como A história de um melro branco (Histoire d’un merle blanc, 1904)

Ele parou de produzir no dia 1 de dezembro de 1904 em Menton.

______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Agosto 21, 2012
Haia, 1 de maio de 1882

Vacas próximo da água (1885) , ROELOFS


Cows near water , Rotterdam, Museum Boijmans Van Beuningen

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR.


Van Gogh está em Haia, e cada vez mais se aprofunda nas técnicas artísticas e tem um entendimento maior sobre os sentidos da arte. Nesta carta ele faz uma reflexão sobre a pintura e desenho com seus materiais e técnicas:

” Eis o que penso sobre o lápis de carpinteiro . Os velhos mestres, com que teriam desenhado? Certamente não com um Faber B, BB, BBB, etc, etc., mas com um pedaço de grafite bruto. O instrumento do qual Michelângelo e Dürer se serviram provavelmente era muito parecido com um lápis de carpinteiro. Mas eu não estava lá, e portanto não sei de nada. Sei, no entanto, que com um lápis de carpinteiro podemos obter intensidades distintas das destes finos Faber, etc.
O carvão é o que há de melhor, mas quando se trabalha muito, o frescor se perde, e para conservar a precisão é preciso fixar sem demora. Para a paisagem é a mesma coisa; vejo desenhistas como Ruysdaël, Van Goyen, Calame, e também Roelofs , por exemplo, entre os modernos, tiraram dele um ótimo partido. Mas se alguém inventasse uma boa pena para trabalhar ao ar livre. com tinteiro, o mundo talvez visse mais desenhos à pena.
Com carvao mergulhado na água pode-se fazer coisas excelentes, pude ver isso com Weissenbruch; o óleo serve para fixação e o preto torna-se mais quente e mais profundo. Mas é preferível que eu faça isto daqui a um ano e não agora. Eu digo a mim mesmo, pois não quero que a beleza se deva a meu material e sim a mim mesmo.”

Willem Roelofs foi um pintor, esbocista e gravurista holandês conhecido como o precursor da conceituada “Escola de Haia” que foi caracterizada por um grupo de pintores que se concentraram na atmosfera e no jogo de luz da natureza. Sua pintura de paisagem sofreu influência da Escola de Barbizon, e o pintor foi um importante intermediário entre a arte holandesa e belga. Por sua importância na arte flamenca ele é considerado pai do impressionismo holandês.

Nascido em no dia 10 de março de 1822 na cidade de Amsterdam (apesar de haver registros de Haia).Ele começou a pintar e desenhar desde cedo e por influência de seu pai ele passou a estudar com Abraham Hendrik Winter em Utrecht. Logo ele cresce e é ensinado por Hendrik Van de Sande Bakhuyzen os elementos de pintura e ele posteriormente em 1839 na estudou na Academia de Haia. Seus primeiros trabalhos pertenciam ao estilo dominante da pintura naquela época, Romantismo, que representava a natureza em seus detalhes. Paisagens dramáticas como “Tempestade aproximando” mostram a grandeza e poder da natureza.

Em 1847, o pintor funda a sociedade de pintores Pulchri Studio e passa a viver em Bruxelas e forma uma ligação com a Escola francesa de Barbizon e os progressivos pintores de paisagem de Haia. Estes encontros lhe influenciaram na pintura ao ar livre e representando a total aparência da paisagem, céu e nuvens fidedignas a natureza. Ele principalmente pintou as paisagens holandesas com belos céus, vacas e lagoas.

A partir de 1850 se dedicou também a gravuras e em 1852 se torna membro da Academia Real de Amsterdam, além de co-fundador e membro da Société royale belge des aquarellistes (Sociedade real belga de aquarelistas, 1856) e membro da Sociedade Internacional dos Aquafortistas (Société internationale des aquafortistes). Junto com Cesare Dell’Acqua e Frans Stroobant foi membro do juri da competição de água-forte organizada pelo ‘Journal des Beaux-Arts et de la Littérature’ (Jornal de Belas artes e literatura, 1873).

Em 1887 ele volta a Holanda para educar seus dois filhos Ele deixou dois filhos, Willem Albertus Roelofs e Willem Elisa Roelofs, na arte, sendo que ambos se tornaram pintores e gravuristas. Ele chegou a conhecer Van Gogh e o incentivou a continuar seus estudos de pinturas.

Ele morreu em 12 de maio de 1897 Berchem, na Antuérpia . Ele teve diversos pupilos holandeses como Paul Joseph Constantin Gabriel, Paul Gabriël, Alexander Mollinger e Hendrik Willem Mesdag e Jan Hendrik Weissenbruch. Além de artista há registor do pintor como entomologista, especialista em besouros, uma atividade que também lhe tornou reconhecido

SOBRE A OBRA

Um grupo de vacas é refletida na água. Prados verdes se estendem pelo horizonte. Um enorme cinzento e nublado céu ocupa mais da metade da tela. Os artistas de Haia, da qual Roelofs foi um dos precursores, foram inspirados nas pinturas de paisagem da Era Dourada dos pintores flamencos.

Eles retrataram a paisagem cotidiana da Holanda com leves pinceladas, enfatizando o horizonte distante e os céus nublados holandeses. Nesta pintura embora não percebemos um pouco da rica hidrografia do país (um delta inundado) percebemos a vegetação e o clima do país.

As três vacas da frente contrastam com uma ponto branco, azul e marro no meio do rio que se assemelha a um cavalo. Neste quadro que provavelmente foi pintado ao ar livre, não notamos a presença humana, porém frente a potência da natureza nem sentimos esta falta.

______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Agosto 17, 2012
Haia, 1 de maio de 1882

Estudo da natureza próximo Villeneuve (1855) , CALAME


Study from Nature Near Villeneuve , Londres, Victoria and Albert Museum

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR.


Van Gogh está em Haia, e cada vez mais se aprofunda nas técnicas artísticas e tem um entendimento maior sobre os sentidos da arte. Nesta carta ele faz uma reflexão sobre a pintura e desenho com seus materiais e técnicas:

” Eis o que penso sobre o lápis de carpinteiro . Os velhos mestres, com que teriam desenhado? Certamente não com um Faber B, BB, BBB, etc, etc., mas com um pedaço de grafite bruto. O instrumento do qual Michelângelo e Dürer se serviram provavelmente era muito parecido com um lápis de carpinteiro. Mas eu não estava lá, e portanto não sei de nada. Sei, no entanto, que com um lápis de carpinteiro podemos obter intensidades distintas das destes finos Faber, etc.
O carvão é o que há de melhor, mas quando se trabalha muito, o frescor se perde, e para conservar a precisão é preciso fixar sem demora. Para a paisagem é a mesma coisa; vejo desenhistas como Ruysdaël, Van Goyen, Calame…”

Alexandre Calame foi um pintor e gravurista suiço especializado em paisagens, principalmente em cenas dos Alpes suiços e outras montanhas. Sua pintura foi bastante reconhecida em todo continente euroupeu e se caracterizou por um amplo estudo da natureza, como em suas paisagens de tempestades, rochas e vendavais. Ele foi influenciado pelo movimento romântico.

Nascido em 28 de maio 1810 em Vevey filho de um entalhador de mármore. Em 1813 muda com sua família para Neuchâtel, sob o regime do governo da Prussia. Lá ele passa sua infância e ainda criança perdeu a visão de um olho, porém isto não atrapalho em nada em sua vida e carreira.

Após a falência de seu pai, a família se muda para Genova em 1824, onde o jovem Alexandre encontra emprego como atendente bancário. A morte de seu pai em 1826 o deixa como o único responsável para o sustento de sua mãe. Para conseguir pagar as despesas e dívidas deixadas pelo pai, ele coloriu gravuras dos Alpes Suiços para lojas de estampas. Um empregado bondoso, percebendo o talento do rapaz, lhe forneceu um pequeno estipêndio para iniciar sua formação artística em 1829 estudando com  o pintor e gravurista François Diday em Genebra.

Assim ele passa a produzir gravuras e em um ano passa criar suas primeiras e timidas pinturas a óleo. Extremamente dedicado, ele faz um grande progresso e consegue ter condições de casar em 1834 com a música Amelie Muntz-Berger, uma pupila de Franz Liszt.

Sua primeira exibição no Salon parisiense é em 1835 e dois anos depois visita Paris, onde se familiariza com pintores de paisagem contemporâneos (principalmente da Escola de Barbizon) como Jules Dupré e Théodore Rousseau. No verão de 1838 ele viaja para Holanda trazendo impressões de Haia e Amsterdam do trabalho do grande pintor de paisagem holandês Jacob van Ruisdael que muito lhe interessou. No ano seguinte seu quadro “Tempestade em Handeggfall’ foi bastante notado no Salon de Paris, ganhando uma medalha de ouro de segunda classe que lhe deu reconhecimento e logo rendeu uma medalha de ouro de primeira classe no Salon de 1841 com “Vista do Vale de Asarca” que foi comprada pelo rei Louis- Philippe. No ano seguinte recebe a Legião de Honra por “Storm-Beaten Oaks (Waldstetten)”. Sua fama lhe rendeu muitos pupilos de toda europa em seu atelier. Em 1843 faz uma turnê pela Itália com um cortejo de seus discípulos,e que foi imortalizada com “Viagem em Zigzag” (Voyage en zigzag, Paris, 1844) de Rodolphe Toepffer, um dos clássicos do livro ilustrado dos românticos.

Em 1845 sentiu que superou seu professor Diday. Charles Baudelaire, em sua resenha do Salon deste ano, brincou que uma vez houve um único artísta na personalidade escondida sobre os nomes de Diday e Calame, mas desde então “se nota que ele usou o nome Calame nos dias quando suas pinturas sairam bem”. Logo ele saiu para viagens pela Inglaterra (1850), Alemanha e Holanda (1852) e Mediterrâneo (1853). Ao exibir na Exposição Universal de Paris de 1855 teve um de seus quadros chamado Lac des quatre cantons comprados por Napoleão III. Apesar de provicilidade de seu meio e do quase exclusivo tema suiço de sua arte, Calame conseguiu um supreendente grau de reconhecimento mundial, atestado pela sua eleição para oito academias nacionais e abundante honras das cortes da Russia, Prussia, Bélgica e Holanda; somente a imprensa crítica francesa o ignorou. Nos últimos anos de sua vida, sua produção foi pesada e sua frágil saude estirada pelas muitas comissões para a clientela comercial e aristocrata. Profundamente religioso como calvinista, de temperamento taciturno e melancólico, compulsivamente industrioso ele sofre de frequentes doenças e envelheceu prematuramente.

Enfraquecido pela pleurisia, ele parou de produzir na cidade francesa de Menton em 19 de março de 1864.Seu corpo foi enterrado no cemitério Plainpalais. Sua biografia foi escrita por Eugene Rambert.

Ele foi pai do pintor e agua-fortista Arthur Calame e teve diversos pupilos como Gustave Castan, Alfredo D’Andrade, Alfred De Knyff, Claude Sébastien Hugard de Latour, Ascan Lutteroth, Niklaus Pfyffer, E. Wake Cook e Robert Zünd.

SOBRE A OBRA

Esta pintura é um grande exemplo das paisagens montanhescas de Calame. A presente composição combina um dos grandes sucessos, o representação da cena idílica do lado (aqui Lago Lucerne), com a representação dos Alpes, que aparentam ser o principal tema em sua obra. Esta pintura não aparenta se a versão terminada, mas um estudo preparatório que Calame retrabalharia no atelier.

Percebe o cuidado da vegetação e hidrografia característica da região, além do cuidado com a proporção do quadro, pois onde as árvores são maiores há menos água e céu para constrastar na paisagem, havendo também uma árvore bastante pequena no meio das maiores. O reflexo das árvores na água é sublime e mostra uma noção de profundidade e perspectiva, revelando um caminho pela mata.Um fato interessante é que no alto a direita aparenta haver um vulcão na montanha maior.O quadro é assinado na parte inferior esquerda com A.Calame

Ernest Hébert- Portrait of Alexander Calame (1850)

Alexandre Calame- Mountain Lake (1840) National Gallery of Art Washigton D.C.

______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Agosto 14, 2012
Bruxelas, 06 de abril de 1882

THOMAS HOOD

GRANDES NOMES DA LITERATURA E ARTE



Van Gogh mostra um interesse pela arte e já demonstra um potencial artístico. Em sua carta a Theo faz analogia com poemas de um conhecido poeta britânico:

“Se eu encher meus portfolios com estudos eu conseguirei meu dinheiro valer deles posteriormente. Eu preferiria ganhar posteriormente um pouco mais do que eu ganho agora. Eu preferirira ver que eu sou igual a minha profissão do que a pressa em vender um desenho pela graça de Deus.O desenho anexo foi esboçado após um largo estudo que tem mais expressão de sombra. Ha um poema de Thomas Hood, eu acredito, que conta de uma grande senhora que não pode dormir de noite pois durante o dia, quando ela sai para comprar uma túnica, ela ve uma pobre costureira pálida, tísica, emaciada, trabalhano em um quarto sem ar. E agora ela se condolesce de remorso sobre sua saúde e acorda de noite em pânico.Resumindo é uma figura feminina branca, incansável no escuro da noite.”

Segundo historiadores da literatura, Van Gogh mistura dois poemas de Hood:  ‘The lady’s dream’ and ‘The song of the shirt’. Desta forma a equipe deste blog propos uma esquizo tradução deste último poema que está na íntegra abaixo.

A canção da camisa (The song of the shirt)
[Primeiramente publicado em Punch, ou the London Charivari. 16 Decembro de 1843.]

Com dedos cansados e gastos,
Com pestanas pesadas e vermelhas
Uma mulher sentou, em trapos inmulheraveis,
Juntando sua agulha e linhas-
Costure! Costure! Costure!
Na pobreza, fome e sujeira,
E ainda com a voz de um timbre doloroso
Ela cantou a “Canção da Camisa’

“Trabalhe! Trabalhe! Trabalhe!
Enquanto galo está gabando arredio!
E trabalhe- trabalhe- trabalhe,
Até as estrelhas brilharem através do teto!
É Oh! ser escravo
Junto com o Turco bárbaro,
Onde a mulher nunca tem uma alma a vender,
se este é o trabalho cristão.

“Trabalhe- trabalhe- trabalhe
Até o cérebro começar a nadar;
Trabalhe- trabalhe- trabalhe,
Até os olhos estarem pesados e turvos
Costura, e nesga, e tira,
Tira, e nesga, e costura
Até sobre os botões eu dormir
E costurar-los em um sonho!

“Oh, homens, com irmãs queridas!
Oh, homens, com mães e esposas!
Não é o linho que você está usando,
Mas a vida das criaturas humanas!
Costure! Costure! Costure!
Na pobreza, fome e sujeira,
Costurando de uma vez, com uma linha dupla
Um Sudário como também uma Camisa.

“Mas porque eu falo de morte?
Aquele fantasma osso medonho,
I quase temo sua forma terrível,
Parece tanto comigo mesmo-
Parece tanto comigo mesmo,
Por causa dos desregrados eu mantenho;
oh, Deus! qual pão deveria ser tão querido
E carne e sangue tão barato!                     40

“Trabalhe- trabalhe- trabalhe!
Meu labor nunca marca;
E quais são seus pagamentos Uma cama de palha,
A casca do pão- e trapos.
Aquele telhado despedaçado- este chão nu-
Uma mesa- uma cadeira quebrada-
E uma parede tão branca, minha sombra eu agradeço
Por as vezes cair lá!

“Trabalhe- trabalhe- trabalhe!
Do desgastante bater pra bater,
Trabalhe- trabalhe- trabalhe,
Como prisioneiros trabalham para o crime!
Tira, e nesga, e costura,
Costura, e nesga, e tira,
Até o coração estar doente, e o cérebro insensível,
Como também a mão desgastada.

“Trabalhe – trabalhe – trabalhe,
Em uma fraca luz de dezembro,
e trabalhe – trabalhe – trabalhe,
Quando o clima está morno e brilhante-
Enquanto debaixo das calhas
O taciturno engolir preso
Como se para me mostrar suas costas ensolaradas
E me provocar com a primavera.

“Oh! Mas para respirar a respiração
mas o doce da primavera e prímola-
Com o céu acima de minha cabeça,
E a grama embaixo dos meus pés;
Para apenas uma curta hora
Sentir como eu costumava sentir,
Antes eu sabia os infortúnios do querer
E da caminhada que custa uma refeição!

“Oh! mas para uma curta hora!
Uma trégua entretanto breve!
Nenhum lazer abençoado para Amor ou Esperança,
Mas apenas tempo para Mágoa!
Um pequeno choro aliviaria meu coração,
Mas em sua cama salgada
Minhas lágrimas devem parar, para cada gora
Impedir agulha e linhas!”

Com dedos cansados e gastos,
Com pestanas pesadas e vermelhas
Uma mulher sentou, em trapos inmulheráveis,
Juntando sua agulha e linhas-

Costure! Costure! Costure!
Na pobreza, fome e sujeira,
E ainda com a voz de um timbre doloroso-
Aquele seu tom poderia alcançar o Rico!
Ela cantou esta “Canção da Camisa’

Thomas Hood ou Tom Hood foi um humorista, poeta e gravurista britânico. Por seu trabalho literário é considerado um dos maiores escritores da Inglaterra. Ele participou de um círculo intelectual que reuniu diversos poetas e artistas.

Nascido em Londres no dia 23 de maio de 1799, filho do vendedor de livros Thomas Hood. “Após ser um cidadão do mundo”, escreve em seu livro Reminiscências literárias (Literary Reminiscences), ” a melhor coisa tem de ser nascido cidadão da maior cidade do mundo”. Com a morte de seu pai, Thomas se muda com a mãe para Islington, onde o garoto teve um professor que apreciava seu talento e “fez que ele sentisse impossível em não ter interesse em aprender enquanto ele parecia interessado em ensinar”.E com toda dedicação, Hood conseguiu sua primeira tarefa literária de revisar para imprensa uma nova edição de Paul e Virgínia. Admitido logo depois por um amigo em uma empresa contábil, ele “transformou seu banco em um Pegasus nas três pernas, cada pé, é claro, sendo um verso”; mas a profissão incomada afetou sua saude, que nunca foi forte, e ele se mudou para se cuidar, onde teve uma vida ao ar livre, se tornou um grande e indiscriminado leitor, e contribuiu para artigos humoristicos e poéticos para jornais e revistas provinciais.

De volta a Londres em 1818 ele se aplicou assiduamente na arte da gravura, na qual adquiriu a habilidade que após anos se tornou um assistente valioso aos seus trabalhos literários,  e permitiram a ele ilustrar seus vários humores e modos pela profusão de que não somente repetiam ao olho as impressões do texto, mas, sugestinando analogias divertidas e contrastes, adicionou consideravelmente ao sentido e efeito do trabalho.

Em 1821 Sr John Scott, o editor de London Magazine, foi morto em um duelo, e o periódico passou para a mão de alguns amigos de Hood, que propuseram que ele fosse sub-editor. Este posto lhe apresentou a literatura da época, o levando a se associar com Charles Lamb, Cary de Quincey, Allan Cunningham, Proctor, Talfourd, Hartley Coleridge, e a poeta camponesa Clare.

Ele se casou em 1825 e “Odes and Addresses” – seu primeiro trabalho literário – foi escrito em conjunção com seu cunhado Sr J. H. Reynolds, o amigo de Keats. “The Plea of the Midsummer Fairies” (O pedido do Solsticio das fadas, 1827) e um romance dramático, Lamia, são desta época. Porém ele era conhecido como um humorista, e o público, que aprendeu a esperar piadas, rejeitou este livro. Havia muita poesia nos versos, além de rima e observação precisa na prosa destes trabalhos. Em 1830 ele publica uma série de “Comic Annual”, uma publicação anual popular na época, que continuou durante anos.

Com o tempo aprimora a sua técnica com uma escrita mais simpres e suas descrições tolas menos frequentes. Ele começou uma revista com seu próprio nome, para qual ele conseguiu a assistência de muitos homens literários de reputação e autoridade, mas que foi principalmente sustentado pela sua própria atividade intelectual. De sua cama, da qual não levantava, ele conduziu este trabalho com uma energia surpreendente, e lá compos poemas imortais como “Canção da Camisa’, “A ponte dos suspiros” e a “Canção dos trabalhadores(Song of the Shirt, Bridge of Sighs e Song of the Labourer) que mostravam o profundo interesse humano pelo tempo, e transportava para o campo da filosofia social. Não são expressões clamorosas de raiva e das discrepâncias e contrastes da humanidade, mas singela, imagens solenes das condições da vida, que nem políticos nem o moralista pode negar existir.

Hood foi associado com Athenaeum, começando em 1828 com J. Silk Buckingham, e foi um contribuinte regular pelo resto da vida.Sua doença prolongada lhe trouxe circunstância restritas, recebendo pensão do governo britânico pelos seus serviços literários. Mesmo após sua morte em 3 de maio de 1845, sua esposa  continuou a recebe-la.

Seu poema “The song of the shirt” foi rodado no cinema em um filme de D.W. Griffith.

______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

A pintura deleuzeana de Francis Bacon

Agosto 7, 2012

CLIQUE PARA AMPLIAR

Francis Bacon- Tourada (c.1965)

Francis Bacon- Duas figuras deitadas na cama com atendentes (Two figures Lying on a Bed with Attendants), 1968

Francis Bacon- Tríptico

Francis Bacon- Três estudos do corpo humano (Three Studies of the Human Body), 1967

Francis Bacon- Estudo para uma cruxificação (Study for a crucifixion), 1963

Francis Bacon- Homem ligando a luz (Man Turning on the light), 1974

Francis Bacon- Após Muybridge- Uma mulher esvaziando uma tigela de água e criança paralítica (After Muybridge- Woman Emptying a Bowl of Water and Paralytic Child), 1965

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Julho 27, 2012
Bruxelas, 2 de abril de 1882

Monte Pierreux (c.1865) , CASSAGNE


Mont Pierreux  , Melun, Musée de Melun

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR.


Van Gogh está em Haia, e cada vez mais se aprofunda nas técnicas artísticas e tem um entendimento maior sobre os sentidos da arte. Nesta carta ele faz uma reflexão sobre a pintura:

” A pintura é uma profissão que , tanto quanto, por exemplo, a de um ferreiro ou a de um médico, permite ganhar o suficiente para sobreviver. Um artista, em todo caso, é diametralmente oposto a um aposentado, e, como já o disse, se queremos estabelecer algum paralelo, há mais analogias com o ferreiro e o médico. Lembro-me muito bem, quando você me escrevia a este respeito, que antes, quando você me dizia que eu deveria me tornar pintor, eu achava isto muito fora do propósito e não queria nem ouvir falar a respeito.
O que acabou com a minha dúvida foi a leitura de um livro compreensivo sobre  perspectiva, de Cassagne: o A.B.C. do desenho, e o fato de que oito dias depois eu desenhei o interior de uma pequena cozinha com fogão, cadeira, mesa e janela, tudo em pe e em seu lugar, enquanto que antes eu atribuía a um sortilégio ou ao  acaso o fato de um desenho ter profundidade e uma perspectiva correta. Se você tivesse desenhado ao menos uma única coisa como se deve, tomaria um gosto irresistível em atacar mil outras coisas.
Mas fazer  passar este primeiro e único carneiro pela ponte, aí está a dificuldade!”

Armand Théophile Cassagne foi um pintor, aquarelista, esbocista, gravurista e litografo francês. Ele ficou conhecido como “o pintor da floresta de Fontainebleau” pois com grande entusiasmo retratou aquela floresta durante 40anos, além de ser relacionado com a Escola de Fointainebleau.

Nascido no dia 3 de maio de 1823 em Landin. Foi estudante do pintor, escritor e gravurista inglês James Duffield Harding que transpareceu em seu tratamento de árvores e folhagem. Com muito esmero ele produziu mais de 300 estudos, aquarelas e pinturas da Floresta que recentemente em 2007 foram expostas no musée de Melun na exibição “A apoteose da Floresta de Fointainebleau” e mais uma vez o consagrou. Além da Floresta ele também trabalhou com espontaneidade no vale de Chevreuse, nas montanhas do arredores de Grenoble, nas bordas do Rino.

Em 1847 é nomeado expert em escrituras junto aos Tribunais de Rouen. Em companhia do miniaturista Th. de Jolimont, do paleógrafo J.B. Silvestre e do bibliotecário H.Pottier ele estuda os manuscritos da Biblioteca de Rouen.Em 1852, estudando com Violet-le-Duc, ele colabora como dessenhista em certas obras de seu mestre. Em 1853 ele publica La Normandie seguido de L’auvergne em 1857. Neste mesmo ano passa a expor regularmente suas obras no Salon de la société des Artistes français (Salão da sociedade dos artistas franceses) e viaja para Fontainebleau onde fará um curso público de desenho.

Porém ele teve uma grande importância na metodologia da arte, sendo autor de O desenho para todos (Le Dessin pour tous, 1862) Tratado de Aquarela ilustrado (Traité d’Aquarelle illustré, 1877), O Guia do A.B.C. do Desenho (Guide de l’ABC du desin, 1880) e Tratado de perspectiva aplicado ao desenho artístico e industrial ( Traité de perspective appliquée au dessin artistique et industriel, 1884). Como vemos Van Gogh foi um autodidata, que estudou com as obras de Armand Cassagne.

Em 1889 ele é nomeado Oficial da Instrução Pública por suas aquarelas, obras e ensino da arte. Em 1892 expõe pranchas de litografia que lhe valeram uma menção no Salon. Em 1904 instala sua coleção no Museu Cassagne em Melun. No ano seguinte é afetado por uma convulsão e guarda toda sua energia e habilidade.

Ele parou de produzir em 5 de junho 1907 em Fontainebleau, e foi enterrado no Cemitério Norte de Merlun. Um de seus amigos, F. Henriet, escreveu uma crônica sobre Cassagne dizendo: “Ele amava os belos livros, as pinturas dos mestres, as curiosidades de todas ordens… o pequeno museu que ele tinha constituido foi a única distração de sua vida reclusa e laboriosa”.

Fotografia de Armand Théophile Cassagne

______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.

UM CURSO DESEJANTE PARA VAN GOGH

Julho 24, 2012
Bruxelas, 11 de março de 1882

 ALFRED SENSIER

GRANDES NOMES NA HISTÓRIA DA ARTE


Foto publicada na Biografia de Millet escrita por Sensier


Van Gogh como sempre foi um leitor e estudioso da história da arte, comenta sobre a biografia de um artista que sempre admirou: Millet. Com ela ele se sente emocionado:

” Eis algumas palavras que me tocaram e me comoveram muito no Millet de Sensier, palavras de Millet:
“A arte é um combate-  na arte é preciso dar o sangue.”
“Trata-se de trabalhar como muitos escravos: Eu preferiria não dizer nada,  do que me exprimir frouxamente.”
Foi apenas ontem que li esta última frase do Millet, mas antes eu já havia sentido o mesmo,e é por isso que às vezes sinto  a necessidade de me exprimir com um rude lápis  de carpinteiro ao invés de um fino pincel.  “Cuidado Tersteeg! Cuidado!  Você decididamente está errado”.

Alfred Jean Philippe Auguste Sensier foi um poeta, colecionador, mercador, crítico e historiador de arte francês frequentemente ligado a escola de Barbizon devido suas amizade que duraram mais de 30 anos.

Ele nasceu em Paris no dia 25 de dezembro de 1815, filho de um notável bibliófilo e comissário oficial durante a Monarquia de Julho. Alfred fez seus estudos em direito e trabalha em um estudo de advogado. Em paralelo, ele se apaixona pela arte, e coleciona os autógrafos. Em 1843 passa um ano na Itália.

Em 1846 conhece Théodore Rousseau, logo ele se torna amigo, mais tarde, o executor testonial e o biógrafo.Ele também foi próximo de outros contemporâneos, principalmente da Escola de Barbizon como Jules Dupré, Antoine Louis Barye, Constant Troyon, e Narcisse Díaz de la Peña. Ele se ligou sobretudo com Jean-François Millet quem conheceu em 1847.

No dia 1 de abril de 1848, foi nomeado chefe administrativo dos museus no Louvre durante a segunda república. Entre 1851 e sua admissão até a sua aposentadoria em 1 de junho de 1873, ele foi funcionário no Ministério do Interior primeiro como Chefe do Secretariado, e depois na direção de Belas artes e posteriormente na cabine do ministro. Ele estabeleceu uma coleção no seu apartamento na rua Chaptal. Em 1868 ele viaja para a Suiça.

Ele publica uma curta nota sobre Olivier de Serres sobre pseudônimo em 1858, uma tradução anotada do Diário de Rosalba Carriera em 1865 e diversos artigos para as exposições e sobre pintura moderna sobre o nome de Jean Ravenel, se tornando o porta voz da Escolade Barbizon.

Co-fundador da Revista international de arte e de curiosidade com Ernest Feydeau em 1869, ele escreveu regularmente até a cessão da publicação o ano seguinte, notadamente dos ” Souvenirs sur Théodore Rousseau”, reunidos em um volume em 1872. Ele se consagra com “Étude à Georges Michel” em 1873, e depois trabalha em uma biografia de Jean-François Millet (La Vie et l’oeuvre de J.-F. Millet), que de tão extensa que era, sua morte deixa interminada.

Ele é enterrado ao lado dos dois artistas e amigos Rousseau e Millet em Chailly-en-Bière, e seu último manuscrito é completo e publicado em 1881.Ele recebe o título de Cavaleiro da Legião de Honra da França no dia 9 de maio de 1873.

Ele parou suas produções no dia 7 de janeiro de 1877 em Paris.

______________________________________________________________

Às sextas e terças, esta coluna traz obras digitalizadas de outros pintores que influenciaram o pintor monoauricular Van Gogh e obras suas, mas tão somente as que forem citadas nas Cartas a Théo, acompanhadas da data da carta que cita a obra, bem como as citações sobre ela e uma pequena biografia de seu autor. Para outros olhares neste curso, clique aqui.