Jimmy Nelson é um artista que não responde as certezas apresentadas pela antropologia aos povos estudados. Com sua câmara e seus olhos deslocados, ou como poderia dizer o filósofo-psiquiatra, Guattari, olhos transversais ele faz desaparecer a visibilidade estruturada das pessoas. Sua arte chega as evanescências, ao movente, que os rostos escapam das rostidade inscritas pela sociedade com seus enunciados e suas subjetividades definidoras.
Cada rosto é um além do visível que pretendem afirmar os olhos capturados. Olhos que projetam, por antecipação, o que ainda não foi visto e que permanecerá sem ser visto, posto que toda antecipação de imagens-passadas nega o ser a ser vivenciado. Jimmy Nelson ‘desconfigura’ os rostos para permitir que os que querem os olhos para não olhar olhem e saltem a outra dimensão do visível. É quase como se ele nos perguntasse: Para que vocês querem os olhos?
Então, tentemos olhar! Olhemos, já que os olhos não são só para confirmar o social que os poderes nos permitiram olhar. É preciso afirmar os olhos. Ir muito além de sua domesticação. O filósofo Nietzsche, diz, para mostrar que muitas pessoas não olham, que a maioria das pessoas viu uma única árvore, mas acredita que viu toda a floresta mesmo estando diante da floresta.
Pois olhemos! Olhemos as fotos e o vídeo! Rostos do mundo em cada mundo de cada homem e mulher.